No inicio do dia Mel se vestiu assustava, tinha memórias osciladas entre realidade e criação, na verdade, temia a realidade, tinha dormido com uma mulher. Na sua cabeça aquilo não tinha nada de mais, mas ao mesmo tempo era errado, a sociedade dizia que não era correto. Via aquela morena despida e suas curvas perfeitas deitada no chão ao seu lado, não acreditava que algo realmente tinha acontecido. Se tocou, passou as mãos nos próprios seios incrédula, em seguida acariciou a própria barriga e sentia que sim, sentia que tinha tido uma noite de amor com Danele.
 ♥ ♥ ♥ ♥
 -Bom dia. –Disse Aurora com um sorriso encaminhando-se para a ponta da grande mesa de café da manhã.
—Bom dia. –Respondeu Gael, Simon que devido aos últimos acontecimentos ficava na casa, e a irmã Sofia.
—Onde se encontra Bruna? –Perguntou em quanto Cida lhe servia um suco. –Depois me procure Cida que quero falar com você.
—Sim senhora. –A mulher então apanhou alguns papeis e entregou nas mãos de Aurora. –Chegaram hoje pela manhã.
—Bruna não desceu, está abalada ainda com a história do garoto não voltar a andar.
 Aurora respirou fundo.
—Depois eu falo com ela. –Dizia em quanto verificava as contas e no meio delas um convite. Seus olhos se iluminaram, sentiu algo que a muito tempo não sentia, seu coração palpitar.
—Você tem muito a agradecer ao tal Marcelo.
—Simon, falando nele, a Mel enviou esse convite para a inauguração do novo consultório.
—Por isso o sorriso?
—Eu heim, nem estou sorrindo.
—Está sim –Respondeu Sofia.
—Não tem nem como tomar café com vocês, vou trabalhar. –Disse levantando-se. –Beijo.
 

 ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
 Daniele se espreguiçou e viu Mel caminhando já vestida de um lado para o outro, levantou-se e aproximou dela.
—O que houve? Está tudo bem?
— Não tem nada de errado, estou com medo da inauguração, só isso. –Disse sem tocar no assunto da noite anterior.
—Fique calma, fizemos tudo direito, não tem como dar errado. –Acalmou-a. –Vamos, animo, coloque aquele sorriso lindo no rosto, vamos abrir essas cortinas.
—Eu convidei a Aurora, e o Marcelo. – Disse em quanto ruía as unhas.
—Você acha que eles podem estar juntos? – Daniele conversava em quanto caminhava pelo local procurando suas roupas, que estavam espalhadas.
—E se nada der certo, a comida não chegar, os convidados de prestigio não vierem ?
 A jovem então a olhou com um sorriso sereno e caminhou em sua direção, acariciou sua face e disse.
—Mesmo que tudo de errado, eu vou estar do seu lado, tudo bem? –E a abraçou forte. Ao notar que a mulher não se sentia confortável perguntou. –O que houve, você está estranha.
—É que você ainda está nua. –Disse tirando uma gargalhada da jovem.
—Tudo bem, vou me vestir, ir pra casa tomar um banho, e nos encontramos na cafeteria da catedral, pode ser?
 Cafeteria da Catedral costumava ser o lugar que Aurora costumava ir, mas Mel não podia ser paranoica, as semelhanças da garota com Aurora só poderiam ser coincidências.
—Claro, as 15:00 horas eu vou estar lá.
—Está ótimo, 15:00 horas né?
 Assim que a garota se vestiu, e as duas deram um abraço de despedida ela deu seu sorriso inocente em quanto ainda segurava a maçaneta da porta para deixar o lugar.
—Desculpa se eu fiz algo que não devia.
—Tudo bem eu não me lembro de quase nada mesmo. –Sorriu tímida com um ar descontente.
—Não se lembra? – Questionou-a desapontada.
—Não.
—Então eu já vou indo. –Disse em quanto enrolava as pontas dos cabelos com os dedos.
—Tudo bem.
—As três né?
—Sim as três.
 Então as duas ficaram se olhando por alguns segundos até que Daniele se aproximou e beijou os lábios rosados de Mel, e em seu ouvido disse baixo.
—Depois eu te lembro.