Raptada escrita por Jupiter rousse


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Meus amoresssss, eu não tenho nem palavras pra descrever tudo que eu to sentindo em estar aqui atualizando a fic e voltando de vez pro nyah!

Primeiro de tudo, a última atualização foi quase de um ano atrás e eu sinto muito mesmo por deixar vocês sem explicações. Acontece que uma pessoa muito próxima da minha família ficou doente, eu a acompanhei em todo processo de cura, todas as consultas, todo tratamento. Foi um período bem dificil para mim e como eu sou uma pessoa 100% emocional, eu realmente não conseguia me dedicar a mais nada que não fosse aquilo. Felizmente, deu tudo certo na medida do possível. Em março mais ou menos, ela terminou tudo que precisava fazer e está bem. De março até aqui, eu tenho tentado reorganizar minha vida, meus sentimentos e como eu lidei com tudo que aconteceu do final do ano pra cá. Foram muitas coisas, infelizmente, que aconteceram ao mesmo tempo e me abalaram bastante. Mas com tempo, a gente vai aprendendo a se cuidar e se sentir bem com você novamente. Eu ainda to nesse momento e parte do que me ajuda a ficar bem, a me sentir bem, é e sempre foi escrever. Então aqui estou eu, dando uma satisfação e uma conclusão para vocês (juro que não é por descaso que eu fico sumida) e fazendo algo que me deixa absurdamente feliz. Bom, BOA LEITURA e a gente se vê lá embaixo!



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Se Atena tivesse tempo para pensar como seria andar em um navio, ela acharia que provavelmente teria enjoo com seu ir e vir. No entanto, mesmo com o mar estava turbulento, fruto de um deus dos mares muito irritado, ela não sentia nada. A não ser raiva.

Continuava trancada naquele pequeno cômodo, ou talvez devesse chamar como o que de fato era: uma prisão.  E a ideia de que passara tantos anos naquela guerra sem ao menos chegar perto de uma captura para ser aprisionada agora pelo deus mesquinho dos mares seria cômica se não a deixasse tão furiosa.

 Poseidon era, então, pior do que ela imaginava. O deus dos mares não tinha qualquer utilidade para ela em um barco e isso a deixava com duas hipóteses: ele afastou a principal estrategista do Olimpo por puro ódio infantil da birra que tinha com Zeus ou porque tinha aliado-se a Cronos. E Atena rezava para que fosse a primeira opção, o Olimpo já tinha dificuldades o suficiente para pensar em alguém tão forte quanto Poseidon juntando forças ao Cronos.

O impiedoso deus dos mares, pai dos terremotos, destruidor de vilas mortais, odiador de Zeus.

Era óbvio que a deusa sabia do quão poderosos os três grandes eram e que deveria ser extremamente cuidadosa na presença de um deles. Se fechasse os olhos podia sentir a aura que ele exalava e Atena apostava que mesmo sem a tempestade retumbante lá fora, poderia senti-la igualmente forte.

 Certa vez, no Olimpo, Zeus a deixou utilizar o Raio mestre sentiu-se tão imponente, tão poderosa que sua essência parecia transbordar e nada no mundo seria capaz de detê–la. Aquele era o tipo de poder que os três grandes possuíam. No entanto, seu pai e Hades jamais haviam ameaçado-a, nunca sua raiva ou força havia sido dirigida para ela. Atena sabia que fora impulsiva e deveria ter calado sua boca, sabia disso em seu íntimo, mas não conseguiu refrear que as palavras saíssem. Cada pequena parte de seu corpo havia sido entregue para aquela guerra, cada pensamento, cada estratégia, cada batalha, cada cicatriz, cada mero esforço… Não podia aceitar o quão indiferente o deus dos mares era. 

Eu queria poder ser indiferente.

Mas pensar naquilo agora era bobagem, apenas tolice de criança. Havia nascido para aquela guerra, era sua moîra, seu destino e não havia nada que pudesse fazer para fugir. O que Atena precisava era se concentrar em traçar um plano de ação, urgentemente. É claro que não era necessário ser um gênio para perceber que uma fuga seria impossível, afinal eles estavam no meio do alto mar pelo amor de Zeus. Estavam cercados pelo domínio de Poseidon e Atena jamais chegaria a lugar nenhum sem que ele soubesse.

Por que ele não está em Atlântida?

Oceano não era um titã simples de lidar. Atena teve o desprazer de encontrá–lo uma vez. Mais esperto do que a média, quase tão poderoso quanto Cronos, completamente cruel e letal. Não fazia o menor sentido que Poseidon estivesse ali, brincando de navegar, enquanto seu reino estivesse sob ataque de um titã como aquele e suas tropas dos mais temidos monstros.

Será que ele é tão egoísta ao ponto de não ligar para seu próprio povo? Seu reino?

 As gotas de chuva caiam impiedosas no chão do convés e a deusa ouvia com clareza o estourar furioso das ondas.

Mesmo que não se importasse, no mínimo havia a questão de poder em jogo. Poseidon não ficaria numa desvantagem tão grande com Zeus e Hades, não perderia uma área de influência tão grande.

Uma coisa não mudava entre os deuses, todos eram arrogantes e orgulhosos. 

— Psiu

 Atena estreitou os olhos, aproximando-se das grades de metal.

— Dafne, certo? - a deusa a estudou com cuidado, não conseguia compreender porque havia tantos mortais naquele navio. Aparentemente aquele era mais um, dentre tantos, pontos de interrogação que se formavam em sua cabeça.

 – Sim, Lady Atena - ela estendeu uma jarra entre as grades de metal - Achei que poderia estar com sede.

E a deusa da sabedoria franziu o cenho com a preocupação da garota, nada daquilo parecia fazer sentido para ela. Atena detestava não saber das coisas.

— Obrigada.

Enquanto a deusa bebia a água, Dafne permaneceu sentada a sua frente.

— Hum… Estamos navegando a horas, por acaso chegaremos a terra em breve?

Desde a discussão que tiveram mais cedo, o formoso capitão - e sua mente pingou com ironia ao acrescentar aquele elogio -  não havia saído da cabine e Atena imaginava o porquê.

— Devo responder ou lhe entregar de vez o plano de rotas do navio?  - a morena mordeu um pedaço de maçã como se não estivesse nem um pouco incomodada por estar na presença de uma deusa e ainda por cima, estar sendo debochada com uma deusa.

— O plano de rotas seria excelente - Atena respondeu com um leve puxar de lábios.

Repousou o copo no chão, vendo o restinho de água balançar conforme o navio se movimentava. Dois marinheiros passaram carregando duas caixas de madeira e, novamente, observou que aquela tripulação não fazia o menor sentido. Nas inúmeras vezes em que lera os relatos sobre os destroços de Poseidon no Expresso Olimpiano, Atena imaginara uma tripulação de monstros terríveis, talvez semi-deuses ou piratas. Certamente, não esperava uma quantidade absolutamente diversa de pessoas, desde crianças até mais velhos trabalhando normalmente. Parecia a vida de um pequeno vilarejo, cada um tinha sua função e a sua rotina, todos pareciam se conhecer e interagir… Claro, Atena nunca tivera a oportunidade de conhecer o mundo mortal, mas havia desenvolvido um pequeno hábito de observá–los do Olimpo nas raras horas vagas.

Dafne agora tinha os cabelos encharcados pela chuva, mas sequer parecia se importar o que levou Atena a crer que talvez o humor do capitão não fosse tão bom assim e que aquele tipo de surto era normal. A deusa tentou novamente.

 – Poderia, ao menos, me dizer que horas são?

Era óbvio que pelo inclinar do sol tratava-se do meio para final da tarde e dali a algumas horas escureceria. Na verdade, era bem impressionante que fosse possível ver o sol pela quantidade de nuvens carregadas que cobriam o céu. Depois de mais uma mordida na maçã, Dafne não hesitou em levar os olhos ao leste para respondê–la. E Atena conteve um sorriso satisfeito.

Algum tipo de conhecimento marítimo ela tem.

— Por volta das quatro - mas quando voltou a olhar para Deusa novamente, a garota estreitou os olhos - Mas você já sabia disso.

 – Sabia? - a deusa ergueu uma sobrancelha com o rosto inexpressivo.

 – Quer saber a quanto tempo eu navego - inclinou de leve a cabeça dando mais uma mordida na maçã, parecia ponderar se a próxima informação seria prejudicial -  Ou talvez quem me ensinou.

Ela não parece ser prisioneira, na verdade ninguém aqui pareceEntão sim, intrigava muito a Atena saber o que ela fazia ali, tratou de rebater com outra pergunta.

— Onde está sua família?

Pareceu ter atingido um ponto delicado, pois Dafne se mexeu levemente em desconforto.

Essa é minha família -  seu tom foi tão cortante que a deusa se surpreendeu novamente com a audácia daqueles mortais.

— Aprendeu a navegar aqui então - e a conclusão era um tanto quanto óbvia, deixando bem claro que Dafne havia optado por contá–la por algum motivo que Atena não saberia dizer. A mortal parecia relaxada demais em sua presença, nem um pouco intimidade e bem atenta ao que revelar e quando revelar.

Era astuta e Atena se pegou pensando de que poderia ser sua filha. Mas é claro, que a principalmente estrategista e guerreira do Olimpo não teria tempo para bobagens como aquela.

Arqueou as sobrancelhas em surpresa quando a ouviu responder.

— Não consigo pensar numa forma melhor de aprender do que com o Deus dos mares. - ela deu de ombros com um leve sorriso de maneira quase fraternal. - E não é como se Poseidon desperdiçasse qualquer oportunidade de falar sobre o mar.

 E aquilo atingiu Atena com tanta surpresa que a deusa teve certeza que seu rosto a denunciou. Jamais, de todas as vezes que o tinha imaginado, poderia pensar em Poseidon ensinando uma adolescente a navegar. Tinha algo na forma como ela falava dele… não era só de maneira respeitosa, mas havia também admiração e até um pouco de… carinho?

Não fazia sentido aquele tipo de devoção, não quando ele havia a segurado com tanta violência e a jogado numa prisão qualquer. Como alguém poderia desenvolver carinho por um ogro daqueles?

Certo, você não foi exatamente respeitosaMas ele não deixava de ser um bruto e egoísta.

E aquela informação fez Atena ficar ainda mais confusa, pois a forma com a qual Dafne o descreveu o fez parecer um pai orgulhoso. E que tipo de pai orgulhoso deixa seu reino desprotegido nas mãos de ataques inimigos?

Dafne quase era capaz de enxergar as engrenagens rodando na cabeça de Atena e as sobrancelhas da deusa estavam tão franzidas que quase chegavam a  formar uma linha contínua. Ela não fazia idéia do quanto ela não sabia, do quanto havia sido omitido dela.

— Eu tenho que ir agora - a menina soprou a franja que caia nos seus olhos - Me avise se precisar de alguma coisa.

 Atena não a respondeu, apenas virando de costas e atravessando para o outro lado do cômodo e sentando no colchão surrado que tinha ali. Tinha muito o que pensar.

[...]

 Nenhum outro membro da tripulação ousava entrar em sua cabine, não quando ele estava com aquele humor, mas conhecer limites não era muito o forte de Helena. Na verdade ela os conhecia bem, apenas os ignorava.

— Me deixe em paz - rodopiou o tridente entre os dedos - Não quero conversar.

 A ruiva apenas riu pelo nariz, fechando a porta atrás de si.

— Você nunca quer conversar, Poseidon - revirou os olhos, sentando-se no sofá próximo a porta. - E não é como se eu desse ouvidos à você.

Ele a ignorou. Com sorte, ela vai embora. Uma mentira, ele sabia.

Helena passou os olhos pela cabine, um lugar tão zoneado quanto o próprio Deus dos Mares. Suspirou antes de começar.

— Acha mesmo que a solução é deixá-la trancada num cubículo?

Ele permaneceu da mesma forma, os pés esticados em cima da mesa, recostado na poltrona inclinada, os olhos fechados com fios negros rebeldes caindo por seu rosto. Quase impassível. Quase, porque Poseidon apertou o tridente com tanta força que seus dedos ficaram brancos.

— O que espere que eu faça? - quase rosnou em direção a ela. - Sirva um banquete a ela por ter me desrespeitado na frente da tripulação inteira? 

— Ah, então esse é o problema? - ela cruzou as pernas, se recostando no sofá com uma sobrancelha arqueada - Orgulho ferido?

Poseidon bateu o tridente com tanta força na mesa que, se o navio não fosse todo coberto em magia antiga, teria feito um rombo no deck. Os olhos dele estavam brilhando de fúria quando se levantou num pulo da cadeira.

— Orgulho. ferido. — ele resmungou entredentes com as narinas dilatadas, as duas mãos fechadas em punho em cima da mesa – Eu não estou com a porra de orgulho ferido, eu só não vou admitir que ela fale comigo daquela forma. - ele começou a andar de um lado pro outro passando a mão enfurecidamente pelos cabelos - Ó a filha do meu precioso irmão que é um rei tão benevolente, não é mesmo? Enquanto eu sou, o que foi mesmo que ela me chamou? Ah sim, COVARDE!

E para terminar seu discurso dramático, arremessou um peso de papel que estava em cima da mesa contra a parede aterrizando, em seguida, no meio das pilhas de livros e tralhas espalhadas no chão. Helena desviou os olhos para o Deus, finalmente entendendo.

— Então é isso que está te incomodando? - ela cruzou os braços quando uma briza fria entrou pela janela.

— Por que você precisa analisar cada maldito detalhe do meu dia? - com o cenho franzido se jogou na poltrona novamente.

— Porque se eu não te forço a falar sobre as coisas, você resolve fazer uma tempestade gigantesca e deixar todo mundo enjoado por horas - explicou como se disse a uma criança - E você não respondeu a minha pergunta.

 Havia passado a última madrugada numa reunião com seus generais, foram horas ouvindo como as baixas tinham sido maiores daquela vez, como o exército estava desfalcado e as trincheiras mal de pé. Problemas, sempre problemas. Estava irritado, cansado e não dormia direito há dias. Tinha apenas mais algumas horas antes que fosse encontrar Dolphin e precisava recuperar suas energias, não tinha tempo para perder falando sobre sentimentos. Mas Lena não parecia entender isso. Ela continuou irredutível, esperando-o pacientemente. Sabendo que aquele era o único jeito de se livrar de Helena e conseguir poucos segundos de paz que fosse, Poseidon suspirou antes de respondê-la.

— Eu não consigo ouvir uma palavra boa sobre ele. Apenas não consigo. - seus olhos brilhavam de raiva - E eu, droga eu sabia que ia ser assim... - ele passou as mãos pelo cabelo de novo - Eu só não, merda.

E Helena sabia exatamente até onde tudo aquilo ia, até onde tudo aquilo tocava nele. O tempo era fatal para alguém tão observadora e tempo, ela havia tido o suficiente.

— Eu sei que não parece muito justo - ela começou devagar, se inclinando para frente - mas o que eu posso te falar e peço que você considere, é de que ela não sabe. Não pode culpá-la por ter um lado da história.

Era difícil descer mais uma mentira, há séculos parecia que estava se afogando nelas. Sim, irônico trocadilho.

— Para alguém tão autoconfiante quanto você, não deveria se esquecer tanto de quem é - e com um sorrisinho sarcástico, ela se virou em direção a porta.

Então, ele ficou só.

 


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Notas finais do capítulo

DIGAM QUE EU ESTOU MATANDO VOCÊS DE CURIOSIDADE, POR FAVOOOOR! Não sei vocês repararam - cof cof - mas essa fic tá muito inspirada num mistério ♥ Isso porque, eu AMO ver como a cabeça da nossa deusa favorita funciona. Oh sim *-* Amo vê-la frustrada, principalmente quando essa frustração tem a ver com um Poseidon muito, hm, misterioso e várias coisas que ela não entende. Como vocês se sentem com esses momentos de descrever como ela pensa?

Enfim, amores, to animadíssima pra continuar essa fic e espero que ainda tenham pessoinhas aqui para continuar ♥ E olá se tiverem pessoinhas novas :)

Beijos ♥



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