Raptada escrita por Jupiter rousse


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hello, aqui estou de novo :)



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300 anos atrás - Vale Secreto

Atrás de um pequeno vilarejo na grande Creta, havia um refúgio secreto para todos aqueles diferentes dos mortais. As árvores esbeltas e robustas se organizavam de maneira dispersa como um labirinto, impedindo a entrada daqueles que não era dignos do refúgio mágico. No centro de tudo, havia um lago de águas brilhantes no qual lindas mulheres de pele esverdeada nadavam com graça e leveza. O céu que o revestia era de um azul puro desprovido de nuvens onde belas fênix cortavam os ares voando livremente. O silêncio era quase absoluto, rompido apenas pelos cascos dos centauros que corriam pelas campinas e pelas risadas das ninfas que os perseguiam.

Afastado de toda aquela calmaria, quase no limite do refúgio encontrava-se uma caverna em forma de concha onde ninguém ousava ir. Nas profundezas daquela caverna úmida e escura bem em seu centro estava sentado um homem coberto por um manto marrom escuro com a cabeça baixa apenas observando o crepitar do fogo da pequena fogueira. Alheio a qualquer som que ocorresse lá fora, a qualquer claridade que o sol emitisse, a qualquer forma de vida.

Nas paredes que o rodeavam havia alguns desenhos que pareciam ter sido feitos  por uma pedra pontuda. Para qualquer um que os visse eles pareceriam desconexos, mas para aquele homem significam o seu destino.

Para qualquer ouvido humano o som leve de passos pareceria despercebido, mas ele sabia exatamente a quem aqueles passos pertenciam. Um leve puxar de lábios em seu rosto assemelhava-se a um sorriso.

— Então, chegou finalmente a hora? - sua voz saiu rouca, o que era de se esperar já que passara os últimos meses sozinhos.

— Quantas vezes já lhe disse Zeus - a voz da mulher tinha um timbre forte e misterioso, seu rosto mostrava uma expressão dura enquanto abaixava o manto branco que lhe cobria a cabeça - Essa sua ansiedade não o levará a lugar algum.

O eco de sua voz na caverna assustaria o mais bravo dos heróis, porém o homem não moveu um músculo sequer.

— Não me venha falar de ansiedade - sua voz agora era raivosa, o tom autoritário daria inveja a qualquer rei - Estou trancado nessa caverna minha vida inteira, você me prometeu Gaia, disse que quando retornasse de sua viagem seria a hora.

A mulher manteve o rosto inexpressivo e se aproximou, em passos lentos, de onde ele estava. O fogo iluminou seu rosto que tinha um tom esverdeado, os olhos que eram de um marrom intenso, os braços descobertos que estavam rodeados por uma espécie de cipó e os cabelos que eram da cor da terra repletos de folhas e flores. Apesar dessa aparência peculiar, o homem não mostrou qualquer sinal de surpresa, afinal ela fora a única companhia que tivera durante todo esse tempo.

— Zeus - a mulher lhe estendeu a mão tocando o belo rosto do jovem, os olhos azuis da cor de um relâmpago a olhavam compenetradamente - Meu filho trouxe tudo que há de ruim para o nosso mundo, ele deixou um rastro de destruição e crueldade, reinou perante o Caos. - a dor e mágoa em sua voz não podiam ser mais claras. - Você é o único que pode impedi-lo e só tem uma chance.

— Eu sei muito bem do meu destino - Zeus se afastou dela, a raiva vindo em ondas ameaçando dominá-lo.

Gaia o olhou ressentida por ter se afastado tão bruscamente.

— A questão é se está preparado para cumpri-lo. - sua voz saiu ríspida, como a de uma mãe que briga com um filho.

 Zeus andou até ela como um verdadeiro deus, a postura impecável e imponente, a cabeça erguida de maneira arrogante e poderosa, os olhos azuis relâmpago determinados e fortes.

— Eu estou pronto para enfrentar Cronos - a voz grave ecoou pela caverna - Vou vingar a mim e aos meus irmãos, trazer paz para esse mundo. Vou jogá-lo no Tártaro onde ele apodrecerá para o resto da eternidade.

 – Não pense que vai ser tão fácil - Gaia o olhou surpresa com a mudança de atitude - Será a coisa mais difícil que fará na vida.

— Sei muito bem disso - ele manteve a cabeça erguida - Mas não vou deixar de tentar.

Gaia não podia contesta-lo, não quando ele traspassava tanta segurança, ela soube naquele momento que Zeus estava pronto. A guerra estava prestes a começar.

45 dias para o solstício  – Olimpo

A enfermaria improvisada era repleta por um clima mórbido e extremamente desgastante para qualquer um que colocasse os pés ali. Haviam milhares de macas enfileiradas com os feridos e ninfas circulavam por entre elas na tentativa de atender a maior quantidade de soldados possíveis.

Atena mantinha uma expressão séria e indecifrável enquanto assistia uma ninfa colocar o braço do seu comandante no lugar. O grito de dor foi apenas mais uma voz no meio de tantos barulhos que tumultuavam o ambiente. Com uma aceno de cabeça simples, Atena agradeceu a ninfa que logo tratou de ir atender a outros.

—Você fez a decisão certa, Legder - Apesar de estar veementemente preocupada, a voz da deusa saiu tão fria quanto a expressão em seu rosto - Tivemos baixas sim, mas se você não tivesse explodido aquele templo e metade dos monstros juntos, teríamos perdido muito mais.

Breve como sempre, Atena apenas tocou no braço do soldado e com um aceno de cabeça desapareceu deixando uma leve brisa no ar.

Se teletransportou diretamente para o seu banheiro, estava extremamente exausta. A água quente teria relaxado seus músculos se não estivessem tsols contraídos devido a dor que sentira com a água caindo em seus machucados. Mordendo o lábio inferior a deusa se controlou para não praguejar em grego antigo.

Encostando os braços nos azulejos brancos com arabescos em azul, Atena esticou o corpo deixando as costas propositadamente de baixo d’água. Ignorando os ardidos em sua pele, com cuidado ensaboou-se com os olhos fechados devido ao cansaço. Normalmente, demoraria horas no banho, mas tinha medo que adormecesse ali mesmo se não fosse logo para cama.

A toalha macia foi gratificante em sua pele machucada, o cabelo que estava preso em um coque mal feito soltou-se caindo por suas costas, Atena não pareceu se importar. Em passos leves chegou até sua cama e viu que alguém, provavelmente Hermes, havia deixado o Expresso Olimpiano ali.

Quando deitou na cama repreendeu novamente a vontade de praguejar, pois uma dor aguda lhe atingiu o corpo revestido em machucados. Com um esforço realmente divino para não dormir, Atena estendeu  o braço e seus olhos cinzas logo passaram rapidamente pela capa.

A deusa se sobressaltou, sentando-se em pulo na cama correndo os olhos furiosamente pela notícia, sentindo sua garganta ficar mais seca a cada palavra. “O destruidor ataca novamente”, seguido por uma foto de uma vila mortal completamente devastada. Pelos escombros deixados para trás Atena podia afirmar que era obra de um terremoto. Poseidon, de novo.

A deusa nunca havia o conhecido. Já havia, é claro, ouvido falar inúmeras vezes do temido deus dos mares, capaz de destruir vilas mortais inteiras apenas por diversão, o suposto “tio" que odiava seu pai com todas as forças. Ele constantemente aparecia no Expresso Olimpiano por suas atrocidades contra os mortais.

Pelo que sabia, Poseidon não passava muito tempo em seu Reino subaquático, Atlantis, uma vez lhe dissera Afrodite. Ele vivia navegando no mundo mortal, em um barco com a tripulação dos mais cruéis homens, disseminando destruição entre aqueles que juravam lealdade a Zeus. Nunca sequer havia ido ao Olimpo, nunca os ajudara com a guerra.

Atena o desprezava. Ela dedicara todos os momentos da sua existência, e isso fora muito considerando que a deusa nasceu no mesmo ano em que a guerra começou, lutando pelo o Olimpo. Sua vida era aquela guerra. Passava noites estudando e montando estratégias, dias treinando soldados, horas lutando na linha de frente, e mesmo quando estava exausta, se forçava a ficar na enfermaria para dar suporte aos feridos. Enquanto Atena dava tudo de si, ele jamais havia levantado um dedo para ajudá-los.

Não interessava que sua família precisasse de ajuda, Poseidon era egoísta demais para ligar, um irresponsável que fugia de tudo e todos. Atena não o entendia, não entendia o que poderia levá-lo a agir dessa forma.

Nós com certeza, poderíamos usar alguém tão poderoso quanto ele. A deusa bufou, com raiva.

E havia aquela mínima parte de Atena, que o invejava. O que ela não daria para viver entre os mortais, longe de qualquer princípio de guerra… Di immortales, o que ela não daria para simplesmente conhecer o mundo mortal. Por mais que tentasse, Atena jamais conseguiu convencer Zeus a deixá-la sair do Olimpo. Aquela guerra a consumia por um todo e não havia qualquer escapatória.

Sentindo os olhos ficarem extremamente pesados, Atena se deixou levar pelo cansaço e adormeceu. Qualquer um que já havia visto a deusa lutando, jamais acreditaria que era a mesma pessoa que dormia tão calmamente naquela cama, com os cachos caindo pelo travesseiro, com o peito subindo e descendo pela respiração tranquila e com o corpo tão frágil encolhido e coberto de ferimentos.

 


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Notas finais do capítulo

E ai meus amores? Gostaram? Por favor, comentem, é muito importante saber o que vocês tão achando... Assim eu posso medir quando (e se devo) postar o próximo cap. Inclusive, prometo que o próximo já começa mais "dentro da história". Bjsss



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