Wither escrita por topofilia


Capítulo 1
Living Legend


Notas iniciais do capítulo

oi oi oi estou aqui novamente com um angst dessa vez do menino viktor porque ninguem me convence que ele é nt
espero que gostem!



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Algumas palavras sobre o menino sem cor: talvez seu mundo seja vibrante demais. Talvez ele seja tão cinza que absorveu o azul de sua coroa de flores, que mancha sua mão e tinge sua alma. Talvez ele use aquele suéter amarelo para fingir que aquela tonalidade é sua também.

Talvez ele viveu demais, talvez ele sangrou demais, talvez, talvez, talvez.

Ele está escondido por trás de seu pedido de café naquela loja atrás do rinque; um frapuccino mocha grande sem açúcar ou menta zero gordura extra quente sem espuma, por favor. Seus cabelos longos e brancos estão sempre presos em um coque rígido, sua nuca exposta a geometria dos flocos de neve enquanto ele recita uma redação com a voz infinitamente severa, e macia, também.

Dizem que ele tem mais conquistas do que anos, que é uma contradição viva — que suas mechas prata só são adornadas por medalhas de ouro.

Viktor conta ovelhas de noite, com a esperança que um dia ele adormeça como elas. Ele mata aula todo dia, correndo pelo rio Neva, porque talvez ele ofegue tanto que a fadiga consiga mascarar o que lhe dói. Ele pratica pulos complicados recitando datas da Guerra Franco-Prussiana, porque quem sabe isso não faça dele um pouco menos "ele".

Ele enfeita seu apartamento com bulbos de luz, porque talvez um dia seu sorriso brilhe tanto quanto eles. Gasta todo seu dinheiro com uma pilha de livros em uma língua que ele nunca vai entender, e cada um deles é mais desgastado do que aqueles que ele realmente lê. Passa suas noites bebendo a água dos potes de macarrão instantâneo, porque sua dieta não permite mais do que isso.

Viktor Nikiforov murcha, enfraquece, e desbota, deixa de ter vida, energia, e vigor. Não possui brilho, luminosidade, ou cor. Passa a ser um conjunto de letras, que juntas, pronunciam um som que nunca lhe será familiar. "Viktor Nikiforov", dizem, com inveja abafada, "estrela ascendente, o patinador do século, prodígio incomparável, queridinho da Rússia." 

Ele respira fundo, mas não respira de verdade, e os espinhos de rosas azuladas enforcam-o pelo interior. "Viktor Nikiforov", eles repetem, "lenda viva."


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Notas finais do capítulo

uau
espero que vocês tenham gostado
algum dia eu ainda escrevo alguma historia de yoi com mais de 600 palavras hcjdkn