Aquele canalha. Ele feriu os sentimentos de Adan. Se não fosse por ele e aquela puta, meu irmão ainda estaria vivo. Minha mãe não estaria nesse estado, ficando louca. Nada disso teria acontecido. Eu precisava, juro! Meus punhos já estavam serrados. Corri para cima do palco. 

— Seu desgraçado. - nunca havia botado tanta força em um soco na minha vida. Pelo menos aquele moleque levou uma surra que jamais esqueceria. 

— Pare com isso, ele está sangrando. - Kimberly tenta me impedir, subindo correndo em minha direção.

— Ele precisa Kim. Isso tudo é culpa dele! Meu irmãozinho se foi por causa desse garoto. 

— Seu irmão amava o Carter. Acha mesmo que ele iria querer ver a pessoa por quem era apaixonado apanhando assim? 

— Mas... 

— Nada de mas, Theo. Se não vai prestar uma homenagem digna a seu irmão, é melhor não deixa-lo chorando de onde esteja. 

Fico abalado, nunca tinha ficado daquele modo em toda minha vida. Só queria estar em um lugar reservado e chorar lembrando dos bons momentos do meu maninho. Sentia tanta falta dele... 

— Sai daqui moleque, antes que termine de te arrebentar. - seus amigos ajudam Carter a sair dali. Ele estava tão abalado que nem ligava pelos murros que eu dei. 

Respiro fundo. Olho brevemente toda aquelas pessoas ali em volta. Noventa e cinco por cento de todos, sequer conheciam direito meu irmão, e os que conheciam, foram os motivos disso tudo... 

— Quando meu irmão nasceu não pude negar que a inveja veio junto, tudo girava em volta dele e eu sequer recebia o mínimo de atenção. Ele era aquela criança que sabia tudo em poucos anos de vida. Totalmente o contrário de mim. Enquanto Adan era o aluno nota dez da escola, eu sempre ficava de recuperação no fim do ano. Voltei a mijar na cama para ver se minha mãe me dava atenção de novo, mas nada funcionava. Por outro lado tinha meu pai, que sempre nos tratou iguais, até que um dia ele sentou e começou a conversar sério comigo. Explicou detalhadamente o porque Adan precisava de mais atenção, nunca tinha imaginado que iria entender, mas acontece que entendi. Sempre amei meu irmão, desde que nasceu, mesmo que fosse bem la no fundo. Brincadeira! Era bem aparente, só tentava disfarçar. Mesmo que meu estilo fosse totalmente divergente do seu, os melhores momentos da minha vida não eram em torno da pista de skate, e sim os que meu irmão estava junto. As vitórias sobre ele no video game, as guerras de comida, as piadas infames... Cada um desses momentos é como uma lágrima derramada em sangue ao saber que nunca mais verei ele novamente. - respiro fundo mais uma vez.

Lembro-me muito bem de um dia em especial... Nossos pais nos levaram em parque de diversões. Estava na fila da montanha russa durante mais ou menos três horas, faltava apenas duas voltas para minha vez de subir no brinquedo. Acontece que de repente escutei o choro do meu irmão, sem pensar duas vezes, corri para ver o que estava acontecendo. Meus pais tinham ido comprar algodão doce para nós, e uns garotos mais velhos estavam implicando com meu irmão e o fazendo chorar. Mesmo tomando uma surra, enfrentei esses garotos. Tudo foi compensado quando meu irmão me abraçou e disse que eu era seu herói. Meus olhos encheram de lágrimas aquele dia... Assim como agora estão... 

Descanse em paz irmãozinho. Eu te amo...

Desço correndo e abraço Elizabeth com força, que não conseguia parar de chorar...