Entre notas e acordes. escrita por Dessy Anne


Capítulo 5
Noite de Karaokê




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06/03/2015-Sexta-Feira     

─ Acorda Mandy! ─  A voz doce da Kimmy me despertou. Eu estava no sofá da casa, com uma blusa xadrez me enrolando.  Eu só me lembrava de que o garoto que se sentou comigo na noite anterior vestia aquela blusa, mas não fazia ideia de como tinha ido parar no sofá. Quando abri os olhos e dei uma olhada na casa nem acreditei na bagunça que estava aquela sala: latas, garrafas e copos espalhados por todo lugar, sem contar as caixas de pizza sujas, e alguns restos de comidas pelo chão. Uma verdadeira zona de guerra como diz minha mãe. Esfreguei os olhos e me sentei no sofá. A garota loira estava sentada no sofá a minha frente esfregando os olhos, seu cabelos antes bem arrumado estava uma bagunça e ela vestia uma blusa grande do Lanc e uma calça de pijama. 

  ─ Eu não achei que fossem destruir a casa. ─ Falei me espreguiçando. Dobrei a blusa xadrez e mantive no meu colo, eu precisava de um banho já que exalava álcool pelos poros. 

─ O Lanc acabou de mandar os últimos embora e foi deitar um pouco, seus pais estão na cozinha fazendo comida. Nós duas temos que limpar a sala.   ─ Ela olhou para aquilo tudo e respirou fundo se jogando no sofá.

  ─ Tudo bem, mas vou tomar um banho antes, estou muito mal. ─  Ela só deu um sinal de positivo com a mão e eu peguei a blusa xadrez e subi as escadas tomando cuidado com os detritos pelo chão. Fui até o quarto do Lanc onde minhas coisas tinha ficado no dia anterior. Ele estava jogando na cama com alguma menina que eu nem consegui ver quem era do lado. Só peguei minha mochila e sai dali fechando a porta.  Na casa os banheiros eram incontáveis, mas o meu favorito era o com uma banheira gigante que ficava na suite do terceiro andar. Segui para lá com minha mochila e segurando a blusa xadrez, eu me lembrava do rosto dele perfeitamente, mas ele não tinha me falado nem o nome e nem se estuda na IAMC e eu não me lembrava dele lá. 

Tranquei a porta do banheiro e liguei a torneira de água quente junto com a de água fria para encher a banheira com água numa temperatura agradável.  Enquanto esperava encher peguei meu celular na mochila e liguei com o carregador na tomada abrindo um aplicativo de música. Todo banho meu tinha trilha sonora, não conseguia pensar de outra forma. 

A primeira música a tocar foi Let it Happen do Tame Impala. Me sentei na beira da banheira enquanto coloquei alguns sais de banho com cheiro de framboesa. O Lanc passou a comprar esses depois que eu pedi, ele sempre fazia essas coisas, afinal nós passávamos mais tempo na casa dele do que na minha. Depois de algumas semanas de aulas no meu primeiro ano na IAMC se espalhou um boato de que eu e ele estávamos namorando, mas ele fez questão de desmentir, ainda não sei oque ele fez exatamente, mas ninguém mais falou disso. Desde o inicio sempre fomos amigos, mais que amigos na verdade, quase irmãos mesmo. Quando a banheira se encheu me coloquei dentro dela e comecei a me ensaboar e cantarolar a música que tocava, era Ship to Wreck da Florence And The Machine

  ─ Don't touch the sleeping pills, they mess with my head...─Fechei os olhos e fiquei só sentindo a água morna envolvendo todo meu corpo. Os sais de banho deixavam a espuma rosada o que era bonitinho. Tentei não demorar muito, medindo o tempo com músicas já tinham se passado mais três desde a última e tocava Where Are Ü Now do Jack Ü quando sai da banheira que começava a se esfriar. Me enrolei na toalha e tirei as peças de roupa da mochila para vestir. O celular parou de tocar música e começou a vibrar indicando uma ligação. No visor vi a foto engraçada da minha mãe e atendi enquanto me trocava. 

─ Fugindo do trabalho? ─ Ela tinha aquela voz que era confortável e que ao mesmo tempo parecia que iria começar a rir a qualquer momento.  

    ─ Banho mãe, estou no terceiro andar, já vou descer. ─ Ela só desligou a chamada depois disso,minha mãe não era do tipo de pessoa com muita cerimonia para ligações,ela detestava falar ao telefone, puxei ela nisso. 

Assim que desci o Lanc e a Kimmy riam de alguma piada do meu pai. 

─ Que bom que não temos banheira em casa, a conta de água viria uma fortuna. ─ Ele comentou quando me viu. 

─ Por isso que passo mais tempo aqui do que lá. ─ Eu beijei sua bochecha e ele bagunçou meu cabelo, ele sabia que eu detestava aquilo, mas sempre fazia.  

─ Então, 'vamô' arrumar isso aqui? ─ Meu amigo se prontificou a começar, ligou o rádio e colocou sua 'música oficial de arrumar casa': Wannabe das Spice Girls. Na primeira vez que isso aconteceu tive uma crise de riso incontrolável vendo ele dublando a música e dançando como louco, a mesma crise que a Kimmy começou a ter a ver a mesma cena. Mas dessa vez meu pai se juntou a ele.  

  ─If you wanna be my lover, you gotta get with my friends. Make it last forever, friendship never ends ...─Me juntei aos dois usando a vassoura que peguei em um canto como microfone. 

  ─  If you wanna be my lover, you have got to give. Taking is too easy, but that's the way it is ...  ─ Depois de uma uma cantoria bem sucedida, começamos a arrumar pra valer. Estava tudo muito bagunçado, mas como todo mundo trabalhando duro não demorou mais que uma hora até a casa estar como nova.  Meus pais tinham preparado uma bela lasanha a bolonhesa, com arroz branco e brócolis com queijo ao forno. Eles foram embora depois do almoço, já que iriam viajar por causa de alguma coisa com minha tia Lisandra. Eles não me falaram nada, mas eu já sabia que tinha alguma coisa haver o o atual marido dela, um gringo muito rico. Eu teria me voluntariado para ir até Paraíso com eles, mas eu poderia acabar cruzando com o Gustavo, e isso não séria tão legal, levando em consideração nossa última conversa a mais de dois anos. 

Resolvemos levar a Kimmy para conhecer o 'point da galera' de Monte Carmo nas sexta-feiras, uma lanchonete na praça principal chamada 'La Luna' , administrada por um ex aluno da IAMC que desistiu da carreira de músico depois de um acidente com o pai.  Ele ficou em Monte Carmo e abriu a lanchonete e é sócio do primo na única boate da cidade a 'Carysers'. Na 'La Luna'a atração principal, além dos sanduíches maravilhosos e gigantes, é o karaokê. Nas sextas é o dia do microfone livre, onde cada um pode cantar o que quiser de graça.  Eu nunca tive coragem de cantar nada, o Lanc sempre performava umas músicas nada haver, mas tinha tanta energia que todo mundo se empolgava. A loira estava muito animada enquanto trocávamos de roupas. Mesmo ela sendo mais nova nossos tamanhos de roupas e sapatos eram muito parecidos, então ela me empresou algumas coisas para eu não ter que ir em casa. Afinal ainda não levei todas minhas  coisas em massa pra casa do meu amigo. 

Ainda era por volta das seis quando chegamos na lanchonete. Já estava cheia, e a maioria era de alunos da IAMC, mas tinham alguns alunos da Gunter Institucional e das escolas municipais.  Entramos no lugar e procuramos um lugar pra sentar, como o Lanc era de certa forma amigo do dono do lugar ele conseguiu uma mesa para sentarmos e ver o show de horrores que era um bando de adolescentes bêbados cantando músicas que estavam nas maiores paradas musicais. Eu juro que se alguma bêbada desafinada cantasse Blank Space da Taylor Swift eu me afogava na fonte da praça, eu não aguentava mais a quantidade de covers dessa música e não tinha nem um ano de lançamento. 

Ficamos ali tomando nossos refrigerantes, já que era proibido a venda de álcool a menores ali, logo o Lanc se enturmava com alguém que tinha contrabandeado alguma bebida e misturaria no refrigerante, não me entenda mal, eu não sou nenhuma alcoólatra ou qualquer coisa do tipo. Eu só sou muito mal humorada mesmo, e não aguento enfrentar uma noite cheia de bêbados estando sóbria. Pelo menos passou a ser assim desde a primeira vez que o Lanc me apresentou esse recurso. 

2 anos antes

28/04/2013-Domingo

Era um domingo de noite estrelada, eu tinha feito treze anos dias antes, resolvemos ir na festa de uma menina da IAMC, ela estava fazendo os famosos quinze anos e convidou muita gente da escola que nem conversava com ela. Eu achei que seria uma festa como algumas outras que eu já tinha ido com Gustavo em Paraiso: comida boa, refrigerante e vários adolescentes e pré adolescentes sentados conversando ou dançando alegremente. Mas quando chegamos na casa de dois andares o cenário era completamente diferente: várias pessoas da minha idade e muitas outras mais velhas bebendo vários tipos diferentes de drinks, música no último volume e muitos corpos unidos por metro quadrado. Eu me achava uma criança ainda para aquele lugar, mas o Lanc com apenas um ano a mais dizia que para ele lugares assim já eram normais e pelo visto não era o único já que eu reconhecia muitos rostos ali. 

Meu pai tinha levado nós dois e achei que quando visse o lugar iria me mandar voltar pro carro e até me proibir de andar com o Lanc, mas ai me lembrei que era MEU pai e que isso não iria acontecer. O máximo que ele fez foi sorrir e dizer um rápido 'se divirta'. Naquele momento achei que o lance dos meus pais de deixar Amanda ser livre estava indo longe demais. Eu me sentia assustada antes de entrar naquela casa, eu nunca tinha estado em uma festa daquelas e meu coração palpitava de forma que eu não conseguia controlar. Mas depois que entrei eu percebi que o que eu sentia estava mudando. Passando de ansiedade e medo para pura raiva e falta de paciência com o tanto de adolescente bêbado no lugar. E para piorar o Lanc tinha sumido me deixando do lado de um cara que tentava falar comigo mas não conseguia formular uma frase simples. 

  ─ Sua cara tá péssima, bebe isso.  ─ Ele me estendeu um copo vermelho eu cheirei o liquido e tinha um cheiro forte que me fez fazer uma careta e devolver o copo. 

  ─ NEM MORTA EU BEBO ISSO!─  Tive que gritar para ele me entender. A música estava alta demais. Thrift Shop tocava no repeat já por três vezes desde que chegamos.

  ─Te juro que vai ser mais fácil aguentar esses bêbados depois de uns goles.  ─Ele me devolveu o copo. Eu duvidava muito da sua teoria, mas a raiva que eu estava passando naquele momento me fez tomar coragem e virar todo o conteúdo do copo de uma só vez. Depois de sentir o liquido descer quente pela garganta balancei minha cabeça um pouco rápido demais para tirar a sensação de queimação que sentia e isso só me fez sentir o efeito de seja lá o que era aquilo quase que instantaneamente  ─Eita, tem que ir com calma.

    ─ O QUE ERA ISSO? ─ Eu não sabia o porque de continuar gritando, já que a música tinha abaixado o volume e eu podia ouvir Rabiosa tocando mas era como se estivesse distante. 

─ Não faço ideia, e para de gritar maluca. ─  Ele ria da minha cara, segurou minha mão me puxando por entre as pessoas dançando a música latina. Enquanto atravessávamos o mar de pessoas  eu era lançada de um lado para o outro conforme o movimento dos que dançavam. Chegamos a uma mesa onde muitas bebidas diferentes e alguns doces e salgados estava posicionados.  Um casal arrumava as coisas, eles se pareciam com a aniversariante e suspeitei que fosse os pais dela. E se fossem eu tinha achado pais mais 'loucos' que os meus, afinal eles nunca me deixariam dar uma festa daquele tipo e ainda ficariam para cuidar das coisas. Ok eles me deixariam dar a festa, mas com certeza não ficariam para cuidar mesmo. 

    ─ O que é essa bebida rosa? ─  Apontei para a garrafa com um liquido rosa que me chamou muita atenção, normalmente coisas com a cor rosa tinham o gosto bom. Eu gostava da cor rosa, na verdade era minha cor favorita por mais que não parecesse. 

─ Não sei, vamos experimentar. ─ Ele pegou a garrafa e serviu nossos copos, contamos até três e viramos de uma só vez e para nossa surpresa era muito bom. Ficamos com a garrafa e fomos para o quintal da casa. 

─ Boy you got my heartbeat runnin' away. Beating like a drum and it's coming your way. Can't you hear that boom, badoom, boom. Boom, badoom, boom, bass. He got that super bass ...  ─Eu comecei quase que inconscientemente a cantar a música que tocava e fazia todos dançarem. Eu não era muito fã da Nicki Minaj, mas conhecia a música e os dois copos de álcool já tinham feito bastante efeito sobre mim. 

  ─ Quem vê você assim nem imagina que tem vergonha de cantar e parece até que você gosta de Nicki Minaj. ─ O Lanc riu e me segurou quando eu não vi que tinha dois degraus na minha frente e quase cai na grama. O quintal da casa era muito bonito, com uma piscina que estava lotada de gente e um gramado bem verdinho. Resolvemos ficar sentados em uma espreguiçadeira e terminamos de beber toda garrafa de liquido rosa enquanto conversávamos e riamos muito das pessoas pagando vários micos por causa do álcool no sangue.  

 

  06/03/2015-Sexta-Feira

Desde aquele dia eu notei que realmente era mais fácil aguentar gente bêbada estando bêbada. Nunca descobrimos o que era a bebida rosa. Kimberlly e Lanc estavam se dando muito bem, Nikolai deveria se orgulhar de ter filhos tão melhores que ele. Ela me contou que descobriu sobre o Lanc por acaso durante uma briga dos pais sobre a mãe dele. Aparentemente a mãe da Kimmy achava que o pai dela ainda gostava da mãe do Lanc e por causa disso ele detestava o garoto. A loira nunca gostou de ser filha única e saber que tinha um irmão mais velho para ele foi como realizar um sonho e seu maior medo era de que ele não quisesse conhecer ela. Mas para a sua sorte Lanc também não gostava de ser filho único, ainda mais quando nem via o pai direito. Em dois anos e só vi o Nikolai uma vez e por alguns minutos antes de ele deixar o Lanc na escola e ir para o aeroporto. Naquele dia Lanc chorou, foi  uma das várias vezes que ele fez isso desde viramos amigos. Ele sentia falta do pai e mais ainda da mãe que não via a anos, segundo Nikolai ela tinha abandonado o Lanc com ele e nunca quis saber do meu amigo outra vez. Por isso ver os dois irmãos Carter sorrindo juntos me deixava muito feliz. 

    ─ Por quais motivos está olhando pra gente com esse sorrisinho Mandy? ─ Kimmy me perguntou me tirando dos meus devaneios e me fazendo notar que agora a dupla me encarava.

─ Nada, só estou feliz por vocês dois mesmo. ─ Sorri para os dois sendo sincera. 

─ A gente também te ama ò cabelinho rosa. ─ O Lanc que estava sentado do meu lado me abraçou e a Kimmy riu quando ele bagunçou meu cabelo. Eu tinha pintado ele de rosa claro a poucos meses, e a decisão foi totalmente de um dia pro outro, só acordei, comprei as coisas e pintei.    Todo mundo achou bem legal e segundo minha mãe 'era um sopro de atitude que era a ventania da minha personalidade se aflorando'. Ela tinha dessas de criar umas frases engraçadas e que para mim não faziam muito sentido. Uma garçonete anunciou o inicio da cantoria e a primeira dupla subiu ao palco sob o som de aplausos. As meninas escolheram a Habits da cantora Tove Lo. Eu gostava daquela música, era bem bad mas a batida era muito boa. ─ Já volto, vou batizar isso aqui. ─ Ele pegou nossa garrafa de refrigerante e saiu da lanchonete indo até uns amigos na praça, eu o acompanhei com os olhos pela janela. As meninas cantando eram da minha turma na IAMC, mas eu nunca tinha trocado uma palavra com elas. Quando terminaram todo mundo bateu palmas e algumas pessoas da mesa delas gritavam coisas como 'me beija sua linda' 'quero autografo'.   E nosso show continuou com um cara cantando Team da Lorde. Quando a música começou a Kimmy bateu palmas animadas dizendo que amava aquela música. Lanc voltou com a garrafa quase cheia outra vez e colocou sobre a mesa.  ─Você não tá autorizada a beber isso. Compra outro refrigerante.  ─Ele disse apontando para a Kimmy como se a diferença de idade deles não fosse só de dois anos. 

    ─ Pode ficar tranquilo que eu não bebo algo. ─ Eu ainda ficava surpresa de como ela falava português tão bem, tinha aquele sotaque engraçado, mas era fluente.   Não só em português, a Kimmy era fluente em seis línguas. Pelo que ela me falou a mãe era dessas loucas que enfiam os filhos em mil e um cursos que eles não dão a minima. Mas ela gostava de aprender novas línguas por isso nunca se importou muito.  Ela dizia que era ótimo saber uns palavrões em alemão que era uma língua forte. Dava mais enfase na hora de xingar alguém. Ela me ensinou por exemplo a falar "Du Arschloch" que em bom português é um belo "Seu Cusão!" ─ Vou pegar um hamburguer, querem algo? 

   ─ Eu quero um x-bacon por favor. ─ Pedi, minha barriga começava a dar sinais de fome e não seria legal ingerir álcool de estomago vazio.   

   ─ Pega um porção grande de fritas com bacon e cheddar também. ─ O Lanc pediu e estendeu o cartão de credito pra ela, que recusou e mostrou que tinha um também. Algumas das vantagens de aguentar Nikolai Carter como pai. E as músicas continuaram a ser cantadas, o Lanc começou a conversar com uma turma que estava sentada perto de nós, eles eram engraçados mas eu estava sentindo muito calor ali dentro, então depois de comer todas aquelas fritas resolvi dar uma volta na praça com a Kimmy. Ela me contava amenidades sobre Oxford e sobre o que esperava de Monte Carmo. Estávamos andando perto da fonte principal quando ela simplesmente parou e ficou olhando com a boca aberta para um ponto na nossa frente.   

   ─ Kimmy? Tá tudo bem? ─ Ela me puxou pelo braço e se sentou em um banco ali perto.

─ Qual o nome dele? ─ Ela apontou discretamente para um trio que estava sentado a alguns metros de nós,imediatamente os reconheci e contei para ela. ─ Gianlucca Riveira, Jonathan Oliveira e Marcos Linhares, os três estudam na IAMC, o Gianlucca e o Lanc não se dão bem e o Lanc se recusa a me contar o motivo. Sei que o Gianlucca faz cinema e os outros dois teatro. Mas pode me dizer o motivo disso tudo? 

   ─ Qual é qual Mandy? 

─ O com o cigarro é o Gianlucca, o de cabelo bagunçado e tatuagens é o Marcos e o outro o Jonathan. 

─ É o Jonathan então. ─ Eu não estava entendendo era nada. Ela percebeupela minha expressão e tratou de me explicar. ─ Eu e ele ficamos ontem Mandy, na festa. Ele é demais. 

─ Não sabia o nome dele? ─  Eu ri da cara de apaixonada dele. 

─ Não, foi uma coisa meio louca. Vou lá falar com ele. 

─ Espera, te falei que o Gianlucca e seu irmão não se dão bem não sei como ele iria te tratar. 

─ Qualquer coisa eu xingo ele em alemão e vai ficar tudo certo. ─ Ela riu e saiu andando até os meninos.   Eu iria seguir ela, mas uma movimentação perto dali me chamou a atenção, perto de uma arvore um casal brigava e o cara parecia bêbado demais. Olhei para a Kimmy e ela estava abraçando o Jonathan, ela ficaria bem. Foi com calma até o casal. Eles eram da IAMC, os já tinha os visto por lá. Ele tinha a cara muito fechada e parecia querer bater nela. 

   ─ Tudo bem aqui? ─ Perguntei quando cheguei próximo o suficiente sem ser notada.  

   ─ Tá sim, 'vaza' daqui que isso não é dá sua conta. ─ Ele falou em tom bem agressivo. Eu o ignorei e olhei para a garota ruiva. 

─ Tá tudo bem mesmo? ─ Fiquei encarando ela que parecia bem assustada. 

─ Vai embora Elliot, você não tá normal. Depois a gente se fala.  ─Ela respirou fundo antes de falar. 

─ Qual é Juddie. Você sabe que eu não sou seu cachorrinho. Não me manda embora assim.  ─Ele estava muito bêbado e até cuspia nela quando falava. 

─ Olha Elliot, ela tá certa, você está transtornado.  ─Eu tentei ajudar, quando falei ele se virou para mim com aqueles olhos pequenos muito vermelhos. 

─ Não te mete ò maluca. Isso é entre eu e minha namorada.

─ Ex Elliot. Ex-namorada.  ─Já tinha entendido tudo, era desses que não aceitavam tomar um pé na bunda. 

─     Nada disso. Isso aqui.. ─ Ele apontou com o dedo para os dois.. ─ Só acabando quando eu disser que acabou.

   ─    Du Arschloch ! ─ Falei alto e ele se virou para mim abruptamente sem entender  que eu tinha dito. 

    ─ O que você falou esquisita? ─  Eu sempre detestei que me chamassem de esquisita.  Eu tinha uma birra com aquela palavra que eu não sabia explicar. Mas quando ele me chamou daquilo eu comecei a xingar até a decima geração dele. Eu devo ter xingado alto demais já que pude ouvir várias pessoas chegando mais perto. ─ Para de gritar maluca, tá chamando atenção.

─ O que? Tá como medinho Elliot? ─ Eu o desafiei. Ele bufou e apontou o dedo na cara da ruiva.

─ Depois a gente se fala, quando não tiver gente louca por perto. ─ E saiu dali, não se antes trombar bruscamente em mim. 

─    Du Arschloch ! ─Gritei mais uma vez antes de ele se afastar e recebi um dedo do meio como resposta. 

  ─ Muito obrigada por me ajudar. ─ A ruiva se aproximou sorridente. Ela era muito bonita e tinha os traços tão delicados e finos que parecia uma boneca. ─ Mas que diabos é isso que falou?   


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Notas finais do capítulo

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