Diva escrita por Palas Silvermist


Capítulo 7
Capítulo 07 – Tintas, tinteiros, varinhas e roteiros




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As aulas voltaram com tudo em Janeiro. De repente, tudo parecia muito perto, a Mostra, os NIEMs, os últimos jogos de Quadribol, a formatura.

Lily queria aproveitar esse início de semestre para adiantar o máximo possível dos cenários de Mistério no Caribe. Por isso, passou um bom tempo na companhia de Alice, Alex e Sirius planejando tudo e deixando tudo esboçado. Na próxima visita a Hogsmeade, no fim do mês, ela compraria o que precisava.

Os trabalhos da parte cultural eram, de longe, bem mais divertidos do que os acadêmicos, contudo, estes últimos não podiam ser esquecidos.

Lily, Rach e Bela viram que precisariam começar o preparo das poções com dois meses de antecedência e listaram todos os ingredientes para ter certeza que não faltaria nenhum e montaram um calendário para saber o que teria de ser adicionado quando. Pediram para Slughorn um lugar para deixar os caldeirões durante todo esse tempo, e ele disponibilizou uma das salas das masmorras.

Alex, Frank, Remus e Peter separam alguns feitiços que demonstrariam em simulações de duelos. Além disso, teriam de encontrar modelos para serem usados nos feitiços que não queriam mostrar os efeitos em si mesmos. Se tudo desse certo, planejavam eventualmente ensinar algum feitiço para um possível aluno mais interessado que passasse pelo trabalho deles.

Alice, James e Sirius fariam neles mesmos algumas transfigurações mais simples e uma ou outra mais complicada, como transformar sua cabeça em uma de peixe para poder respirar embaixo da água.

Com a aproximação dos exames em junho, as aulas ficaram mais pesadas. Nenhum dos professores parecia mostrar muita consideração pelos fins de semana, que, aliás, já estavam bem preenchidos com todas as coisas extras.

Tumultuando ainda mais sua semana, Alex marcou para o sábado da terceira semana de janeiro o primeiro ensaio da peça de teatro em uma sala desocupada no quarto andar. Alice e Sirius chegaram mais cedo para desconjurar as carteiras; Alex chegaria em cima da hora por causa de afazeres da monitoria.

Aos poucos, todos foram chegando…menos Alex.

—Ela está atrasada. – falou Richard Snow – Logo ela, a monitora irritadinha. Uma vez atrasei dez minutos para chegar à detenção, e ela me prendeu lá por meia hora a mais. – comentou indignado – Parece que ela já acorda pisando em um formigueiro…

—Obrigada, mas teria sido mais simpático ter falado isso virado pra mim. – Alex estava pouco atrás dele com o ombro apoiado no batente da porta – Mais algum desabafo, ou podemos começar? – ela perguntou em um tom de ironia quase divertida.

Richard, bastante sem graça por ter sido pego de surpresa, não disse nada.

—A propósito, - falou Alex entrando na sala – A monitora irritadinha se atrasou para o ensaio porque estava entregando um relatório para McGonagall. Você se atrasou para a detenção por que?

Ele fez menção de falar, mas ela o interrompeu com um gesto.

—Não me interessa, foi uma pergunta retórica. – e levantando a voz para falar com todos os outros – Bom, pensei em passarmos o texto, cada um lendo suas falas para nos familiarizarmos com a história. Na primeira vez pode ser sem entonação mesmo. A partir da segunda, a gente começa a dar vida para os personagens.

Alex não tratou Richard com mais ironias o resto do ensaio. Não era o tipo de pessoa dada a guardar rancor, ou a perseguir alguém. No entanto, também não era o tipo de pessoa que deixava determinada situações passarem em branco, sem uma resposta afiada.

… … … … … … … …

No sábado seguinte, Lily, Rach e Alex foram acordadas por uma animada Alice.

—Andem, vamos a Hogsmeade!

Ela ficava particularmente feliz nos dias de visita ao povoado.

Quando Alex finalmente abriu os olhos, viu Bela já sentada em frente ao espelho.

—Bela, sinceramente, - disse ela se espreguiçando – como você consegue acordar mais cedo para se maquiar eu não sei.

—Como você pode não reclamar de chegar tarde por estar fazendo a ronda eu não sei. – a amiga respondeu

—Ok, 1X1.

Rachel já entrava no banheiro para escovar os dentes, porém a ruiva ainda não tinha levantado.

—Anda, Lily! – a loira puxou as cobertas dela

—Já vai, Lice. – Lily bocejou – Fui dormir tarde pintando ontem de novo.

Para Alice, um tempo grande demais depois, as cinco tomavam café no Salão Principal

—Preciso passar na Zonko’s. – comentou Sirius – Meus estoques estão bem depletados.

—Gastou muita coisa pra preparar a lama, foi? – alfinetou Alex

—Que fixação com a lama.

—É claro, Flitwick insistiu em me ensinar o contrafeitiço para ajudar a limpar aquela bagunça.

… … … … … … … …

No meio da tarde, as meninas estavam no Três Vassouras conversando. Ao terminar sua bebida, Lily se levantou dizendo:

—Vou até a papelaria. Vejo vocês depois.

De uma mesa mais ao fundo do bar, James viu a ruiva enrolar o cachecol verde no pescoço e sair para a rua. Deu uma desculpa qualquer para Remus, Frank e Peter – Sirius estava em algum lugar do povoado com uma corvinal do sexto ano – e também saiu.

Já não nevava há alguns dias, porém o tempo era frio, e o vento ocasional, cortante. Viu Lily virar a esquina saindo da avenida principal e entrando em uma das perpendiculares. Apressou-se naquela direção. Ele a seguiu por dois ou três quarteirões sem que ela percebesse.

Encontrando o lugar que procurava, Lily abriu a porta fazendo tocar um sininho. Mal a porta tinha se fechado, uma senhora baixinha e gordinha aparentando entre cinqüenta e sessenta anos já se aproximara dela.

—Lily, boa tarde. – disse sorridente

—Olá, senhora Violeta, como vai?

—Bem. A senhorita?

—Bem, também.

A garota frequentava aquela papelaria desde seu terceiro ano.

—Procurando tintas?

—Confesso que não resisto a olhar as tintas, mas o que estou precisando mesmo é de pergaminhos e telas. – ela respondeu

—Qual a medida das telas?

Lily tirou um papel do bolso e o entregou à senhora.

—Estas.

—E os pergaminhos são os de sempre?

—São, sim.

—Então fique a vontade que eu pego isso para você.

—Obrigada.

A ruiva foi para o fundo da loja para ver as prateleiras repletas de tubos coloridos. Se decidia entre dois tons de verde, quando o sininho da porta tocou de novo. Automaticamente, ela virou a cabeça para saber quem chegara. Viu James.

—Lily. – fez ele ao encontrar os olhos dela – Não sabia que estava aqui. – mentiu se aproximando dela

—Vim comprar as coisas para fazer os cenários, quero terminá-los o quanto antes.

—Ah.

—E você?

—Eu? Eu vim… - bateu os olhos na prateleira ao lado – comprar um tinteiro.

Lily franziu as sobrancelhas.

—Tive a impressão de que o vi com um tinteiro novo ainda ontem.

—Viu? Era… do Sirius. – ele disfarçou pegando um tinteiro

—Ah.

Lily voltou sua atenção para as tintas de novo

—Não precisa me esperar. – ela disse ao vê-lo parado ao seu lado

—Não tem problema. – fez ele

Não querendo ser indelicada, ela não recusou.

O que tinha dado nele afinal? Segui-la até ali, inventar histórias...

Finalmente se decidindo por seis tubos de tinta, Lily os levou para o balcão onde a dona do lugar tinha colocado as telas e os pergaminhos.

—Acho que é só isso, senhora Violeta.

Colocando as tintas em uma sacola, a senhora tentou adivinhar:

—Quem sabe… um peixe colorido?

A moça balançou a cabeça.

—Talvez um beija-flor.

Ela pegou a sacola que a vendedora lhe dava, mas James a tirou de seus braços.

—Pode deixar que eu levo. – ele ofereceu

—Obrigada. Até mais, senhora Violeta.

—Até.

E os dois saíram da papelaria fazendo o sininho tocar mais uma vez.

… … … … … … … …

Por causa do passeio a Hogsmeade, o ensaio daquele sábado foi transferido para o domingo.

Alex passou a manhã estudando no Salão Comunal. Logo antes do almoço, deixou seus materiais em cima da mesa e subiu com pressa para o dormitório. Sem querer, pelo canto dos olhos, viu o que parecia ser Sirius indo em direção à sua mesa. Não deu atenção.

Depois do almoço, os Marotos estavam conversando em frente à lareira. Remus e Sirius ocupavam duas poltronas, enquanto James e Peter estavam esparramados no tapete.

Alex voltou para sua mesa. Tinha ainda meia hora até o ensaio. Foi só conferir uma fala antes de voltar a ler o livro de DCAT… Onde estava o roteiro? Ela sabia que tinha deixado ali.

Levantando pergaminhos e livros, por acaso levantou os olhos e deu com as costas da poltrona de Sirius um pouco a frente e se lembrou… Não foi difícil somar dois mais dois.

Aproximou-se da poltrona dele sem fazer barulho. Remus a viu. Ela colocou o dedo indicador na frente da boca em sinal de silêncio. Remus voltou a atenção para a conversa deles como se não tivesse visto nada.

Com uma rapidez e uma agilidade que Sirius jamais a suporia capaz, ela tirou a varinha do bolso dele ao mesmo tempo que apertava sua orelha. Um centésimo de segundo depois, apontou a varinha para o pescoço do rapaz dizendo:

—Não se debate, que vai doer mais.

—Ai! – ele gemeu – Alex, você ficou louca?

—Onde está o meu roteiro?

—Como vou saber onde você colocou? – ele disse com uma careta

—Onde eu coloquei, eu sei. – ela torceu a orelha dele – Mas você pegou e quero saber onde colocou.

—Ai! Eu não peguei!

Com uma expressão de tédio, ela apertou mais.

—Eu vi. – ela afirmou

Os outros três Marotos olhavam a cena impressionados. Remus jamais imaginava que Alex fosse fazer algo parecido, e James claramente segurava o riso.

—Ai, ai! Está em cima da minha cama. – ele confessou

—Ótimo, então nós vamos lá buscar.

—Solta a minha orelha!

—Solto. Assim que pegar o roteiro.

—Você quer que eu suba a escada assim?

—Você vai subir a escada assim. E não tente nenhuma gracinha. – disse encostando a varinha no pescoço dele

—Você não faria isso. – fez ele – A monitora pegando uma detenção?

—Valeria a pena. – falou com os olhos cintilando – E nem tente fugir. Uma hora você vai dormir, e as escadas do seu dormitório não me cospem pra fora.

Sirius levantou e precisou andar com a cabeça e o tronco pendendo para o lado, uma vez que Alex era mais baixa do que ele e não se dava ao trabalho de esticar o braço.

Subiram as escadas e entraram no quarto. Ela só soltou a orelha dele para pegar o roteiro.

—Eu já disse que não tenho um irmão mais novo. – disse batendo com o roteiro no ombro dele – Então pare de agir como um!

Devolveu a varinha e saiu do dormitório. Sirius riu alto apesar da orelha latejando.

De todo modo, os Marotos tinham de admitir: a garota tinha estilo.

… … … … … … … …

Quando o ensaio terminou, Gustavo, que tinha dado uma passada por lá embora ainda não fosse necessário, ficou para conversar com Alex.

—É verdade que você puxou a orelha do Sirius? – ele perguntou em um meio riso

—Já que ele insiste em se comportar como meu irmão mais novo, eu, como irmã mais velha, fiz o que devia para educá-lo. – ela disse simplesmente

Gustavo riu.

—Parece ser mais seguro morrer seu amigo…

Alex levantou ligeiramente uma sobrancelha.

—Talvez.

Ele balançou a cabeça.

—Até mais, Alex. – ele se aproximou e beijou o rosto dela

—Até mais...

… … … … … … … …

Quando Sirius voltou ao Salão Comunal do ensaio, encontrou Rachel estudando.

—O que aconteceu com a sua orelha? – ela perguntou surpresa ao ver a orelha direita dele bem mais vermelha do que a esquerda

—O nome Alex diz alguma coisa pra você?

A pergunta foi imediata:

—O que você fez?

Onde estava o “coitadinho” que ele tinha escutado no corredor da corvinal que fora com ele a Hogsmeade?

—Por que eu tenho de ter feito alguma coisa, e não a Alex ter feito isso gratuitamente?

—Porque ela tenta ser justa, e você é um Maroto?

—É um complô contra mim agora?

—Não. – ela riu de leve – Tenho uma coisa que talvez te distraia.

Rachel foi até seu dormitório. Desceu as escadas com outro romance policial nos mãos animada para falar com ele. Parou de súbito ao vê-lo no meio do Salão Comunal conversando com uma sextanista com que ele já tinha saído. Seu tom de voz parecia diferente.

Desconcertada, ela voltou para sua mesa discretamente e colocou o livro sob um grosso volume de Feitiços. Demorou um pouco até conseguir se concentrar em sua leitura de novo.

Assim que a sextanista foi embora, Sirius se aproximou sentando na cadeira em frente a Rachel.

—Você foi buscar alguma coisa? – ele perguntou com a voz normal

—Ah, fui. – ela respondeu ainda meio sem graça. – Aqui. – ela lhe estendeu o livro – Talvez interesse.

—Claro que interessa. – ele pegou o livro esbarrando nas costas dos dedos dela – Embora eu ache que vá demorar mais para ler esse com todas as outras coisas pra fazer.

—Não tem problema.

Sirius olhou o relógio.

—Eu tenho de ir. Tenho um encontro mais tarde. – disse levantando

—Claro… - ela forçou um pequeno sorriso

—Obrigado pelo livro, Rach.

—Por nada...

A garota ficou observando ele andar até desaparecer pela escada do dormitório masculino expirando com certo peso. Abaixou a cabeça para o texto de feitiços… Desviou os olhos para sua mão… a parte em que ele havia encostado ainda tinha uma sensação diferente. Sua mão direita parecia… mais leve… Chacoalhou a cabeça e voltou a olhar Um Guia Avançado em Feitiços.

Leu a primeira linha. Foi para a segunda. Não tinha prestado atenção em nada. Voltou para a primeira linha. Duas… Três… Quatro… Cinco vezes. Suspirou cansada colocando as mãos na cabeça.

Por que estava assim? Só porque Sirius sem perceber tinha encostado em sua mão? Só porque ele ia sair com alguém? Só porque… ela gostava dele?

Espera, ela não estava… Não podia…

Não, não e não. Era um engano, só podia.

Só porque seu coração estava acelerado? Só porque estava sentindo o rosto esquentar? Só porque ele era a pessoa de quem ela mais desejava a companhia?

Era definitivamente um erro de percurso, mas não tinha como negar. Ela estava gostando de Sirius Black. Logo quem…


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Notas finais do capítulo

Ois!
Eu preciso dizer que adoro a Alex e o Sirius nesse capítulo, confesso que me diverti bastante escrevendo essa cena. :P :P Espero que vocês tenham se divertindo lendo.
Beijos, Palas



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