Panic escrita por CAIQUE COSTA


Capítulo 1
Quando a notícia se espalha




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— Tem certeza que quer assistir? Olha, eu não quero que você borre suas calças.

— Coloca logo esse filme. Já faz muito tempo que você está enrolando com isso. Eu já falei que não estou com medo.

 

Ethan, o garoto com cabelo loiro, pegou o controle da televisão e deu início a um filme. O Massacre Da Serra Elétrica (2013). Com o passar das cenas, Elliot, o outro jovem, ficou assustado, mas não pediu em nenhum momento para que parasse de rodar o filme. Quando finalmente subiu os créditos, Elliot parecia estar aliviado. Ele realmente detestava assistir qualquer coisa que envolvia terror ou horror.

 

— E aí? Conseguiu perder o medo dos filmes com esse aí? - Ethan mudou sua posição no sofá em que ele e seu amigo estavam sentados. A casa em que estavam era dos seus pais. A mesa de centro da sala estava com caixas de pizzas vazias, um pouco de queijo derretido derramado, e copos com apenas algumas gotas de refrigerante.

— Lógico que não. Não é o primeiro que eu assisto pra perder esse medo, e tenho certeza que também não vai ser o último. - Elliot olhou para Ethan. Ele não parecia tão assustado, mas era possível ver que ele estava incomodado e pensando nas cenas do filme que acabara de ver.

— Olha… - Ele desligava a televisão, que tinha apenas os nomes da produção do filme subindo e subindo. -... Eu ainda não entendo por quê não gosta desses filmes. Não são tão ruins assim. Com o tempo você se acostuma com os sustos.

— Não me incomodo com os sustos. Me incomodo com o fato de que a maioria das pessoas não ligam para as coisas que filmes de terror podem fazer. Qualquer lunático com algum problema psicológico pode ver filmes do tipo e ter ideias para matar alguém. Filmes que tratam de fantasmas, demônios ou espíritos podem até ser menos assustadores, se você parar para pensar.

— Mas é claro! O que pode ser mais assustador? Um demônio puxando o seu pé enquanto dorme, ou um maluco armado, que na maioria das vezes você tem chance de lutar? - Ethan dizia em um tom sarcástico, enquanto se virava para ficar frente a frente com Elliot.

— Óbviamente um maluco armado! Eu não acredito em espíritos ou qualquer outra coisa. Se é para ter medo de algo, pelo menos tenha medo de algo que exista. - Elliot aumentou um pouco o volume da voz

— Falou o cara que tem medo de filme de terror. Por favor Elliot, não se contradiz. Sua mãe não te ensinou a ser assim.

 

Quando as palavras de Ethan acabaram, Elliot se levantou, conferiu se as chaves de sua casa estavam em seu bolso, pegou seu celular e bocejou. Assim que fechou sua boca, um som chamou sua atenção.

 

— Ouviu isso?

— Isso o que?

— A janelas lá de cima estão trancadas? - Elliot ficou um pouco com medo naquele momento. Movendo-se para perto da escada que levava ao andar de cima, ele guardava o celular no bolso.

— Acho que não. Mas relaxa, ninguém iria conseguir escalar sem fazer barulho na parede da casa.

— É melhor eu ir ver, ou eu vou embora, e amanhã você aparece morto. - Elliot sobe as escadas enquanto deixa sua mão sobre o corrimão.

— Ok! Se você achar alguma coisa é só gritar que nem uma menininha como você sempre faz.

— Vai se fuder, Ethan. - Ele chegou ao último degrau da escada.

 

Elliot analisava todas as janelas dos quartos e as do banheiro, quando terminou, viu que todas estavam fechadas. A não ser por uma que estava entreaberta. Logo, ela foi fechada por completo. O garoto estava para descer as escadas, quando deu um tossido rápido, e o toque do telefone foi ouvido.

 

Ethan estava no andar debaixo, comendo alguns biscoitos na cozinha. O tossido não foi muito claro para ele, e quando o telefone começou a tocar, ele foi para a sala novamente para atender.

 

— Espero que não seja você tentando fazer alguma brincadeira, Elliot, ou eu te dou um chute. - Ele dizia enquanto andava em direção ao telefone fixo. Logo, ele o segurou. - Alô.

— Olá. - Uma voz no telefone respondeu. Ela era rouca, e não parecia ser de alguém que Ethan conhecia. - Quem está falando?

— Ethan. Quem é?

— Alguém especial. Elliot está aí?

— Por que você ligou pra a minha casa para saber dele? - Ethan, enquanto falava com indivíduo, subiu as escadas a procura de Elliot, mas parecia que o mesmo não estava mais no andar de cima.

— Eu não sei. Me parece que você estava com ele. Estava, não é?

— Você se enganou, irmão. Ele não está na minha casa. Adeus.- Enquanto estava prestes a desligar o telefone, ele descia novamente, ficando no corredor que dividia a sala da cozinha.

— Se você desligar o telefone eu corto seu pescoço até sentir os seus ossos. - A voz no telefone falava com mais grosseria.

Ethan, naquele momento, arregalou os olhos.

 

— O que você quer comigo e com o Elliot?

— Os dois estão brincando comigo, e agora é a sua vez. É bom não estragar a brincadeira.

— Onde está o Elliot? Quem está falando?

— Fica calmo, Ethan. Seu desespero só vai aumentar se você continuar assim.

— Eu vou ligar para a polícia, é melhor me responder.

— Vai falar com a polícia pelo telefone ou irá andando até a delegacia? Se eu fosse você, iria ver o que tem do lado de fora da sua casa.

 

Ethan se aproximou da porta da frente, colocou a mão na maçaneta, e a girou.

 

— Onde você está? Não tem nada aqui fora, seu merda. - Ele dizia para a voz no telefone, enquanto ia ficando com uma expressão de medo e raiva.

— Eu já não disse para ter calma, seu puto.

— Puto é o seu pai. Me fala o que está fazendo, agora.

 

— Quer mesmo saber?

 

Assim que as palavras do indivíduo foram ouvidas por Ethan, alguma coisa caiu à sua frente. Era o corpo de Elliot. Estava todo ensanguentado, com marcas de facadas no tórax e no abdome. Ethan se abaixou, e com desespero, conferiu o pulso do amigo que já estava morto, na esperança de que ele pudesse ter sobrevivido aos ferimento.

 

Em seguida, quando Ethan levantou os olhos e olhou para frente, uma figura encapuzada tomou a sua atenção. O indivíduo, estava usando uma máscara branca assustadora, e segurando uma lâmina em sua mão. Ethan se levantou e correu, deixando o corpo de Elliot para trás. Ele corria rapidamente, de volta para o segundo andar de sua casa, enquanto o maluco com a máscara o perseguia. Quando terminou de subir a escada, ele correu para o seu quarto, fechou a porta e ficou em silêncio, observando por debaixo porta. Os passos do indivíduo mascarado eram ouvidos. Ele andava lentamente a procura de Ethan. Quando o jovem percebeu que o assassino de Elliot tinha passado do quarto, ele rapidamente abriu a porta e correu para o andar de baixo, olhando de relance e verificando se o indivíduo continuava a o perseguir.

 

Quando desceu todos os degraus da escada, foi surpreendido pela figura encapuzada novamente, que lhe enfiou uma faca em sua barriga. Ethan cuspiu sangue e tentou se afastar, mas recebeu outra facada, que foi seguida de outra e outra e outra. Logo, o indivíduo com a máscara jogou o corpo já morto de Ethan sobre o chão.

+ +  +

 

Naquela manhã, April acordou, escovou os dentes, colocou sua roupa e desceu para tomar café. Assim como qualquer outro dia, ela foi para a escola com o ônibus escolar, que passou na sua casa as 08:30.

 

Já na escola, a garota se sentou em uma mesa no centro do refeitório aberto. A escola de CottonWodd não era tão grande, mas tinha um espaço legal para os alunos ficarem nos raros momentos vagos. April tinha alguns amigos. A maioria, tinham sua amizade desde a infância. Normalmente, todos se reuníam todos os dias na mesa em que April estava sentada. Naquele, não foi diferente.

 

— April, conseguiu responder as questões que o professor de inglês passou ontem? - Logan, o garoto com a pele escura e cabelos raspados que cresciam em sua cabeça, sentou-se na mesa, colocando sua mochila em cima do banco.

— A meu Deus, você também não fez? - April suspirava - Sorte sua que eu consegui copiar da Jodie ontem a noite. - Ela olhava para o rapaz que sentou-se ao seu lado.

— Ótimo! Me passa aí.

— Pega seu livro. Espero que entenda minha letra. - Ela dava uma risadinha enquanto colocava o livro sobre a mesa para que Logan copiasse a lição.

— Se você deixar, eu posso entender o seu corpo todinho, gata. - Logan olha para os olhos de April. A mesma entendia aquilo como uma brincadeira.— Engraçadinho. Bom, começa a copiar, e aí quando terminar me fala.

 

April e Logan se conheciam a pouco tempo, mas eram grandes amigos. Logan sempre se dizia “pegador”, mas April nunca o viu com quase nenhuma garota. Depois de um tempo, faltava 15 minutos para a primeira aula começar. Logo, outras duas pessoas se sentaram sobre a mesa. Eram Leila e Laura. Amigas de April também.

 

— Ora ora, parece que o casalzinho que são só amigos estão juntos novamente. - Laura dizia brincando com April e Logan.— Uh, é hoje, Logan. - Leila diz em seguida, dando uma risada leve.

 

April dava gargalhadas. Não se importava com as brincadeiras que faziam com ela. Com tanto que não se importassem também, com as brincadeiras que ela fazia. Os quatro jovens passaram um tempo conversando, e quando o sinal bateu, eles foram para a sala de aula.

 

Já quando o professor entrou na sala, todos estavam com os livros aberto. Eles estavam aprendendo filosofia. Encontravam-se no terceiro capítulo do livro. April gostava dessa matéria, diferente de Laura, que odiava tanto a matéria, quanto o professor. A aula era apenas uma, e logo saíram para o corredor. Teriam aula de artes em menos de 3 minutos, e precisavam estar na sala no horário. April passava pelo corredor com Jodie e Laura, e logo as três chegaram na sala de aula, onde Logan já estava.

 

O professor estava chegando na sala. Naquela escola, o cara que dava aula de artes era um dos professores mais legais, só que o mais provável a ser despedido pela sua falta de compromisso e pontualidade.

 

— Bom turma, hoje nós iremos trabalhar com palavras e desenhos, então, peguem uma folha e olhem para o quadro, eu vou… - Ele era interrompido pelo som de celulares tocando. Para todos, havia chegado uma notificação. - Olha galera, eu já tenho pouco tempo aqui. Não custa nada deixarem o celular no silencioso para não atrapalhar.

— Ethan e Elliot foram mortos. - Uma voz diz entre os alunos das últimas carteiras.

— O que? - O professor fica surpreso com a notícia.

— Foram mortos a facadas. - Logan dizia assim que terminava de ler a mensagem que assim como todo o resto da sala, tinha recebido.

— Mas como assim? A polícia já sabe disso, né? - O professor continuava a perguntar.

— A polícia ainda não descobriu quem matou eles. Parece que os dois foram mortos e tiveram seus corpos pendurados no teto da casa de Ethan.

— Meu Deus, quem faria uma coisa dessas?

 

April ficou assustada com a notícia de que seus dois colegas de classe foram brutalmente assassinados. Mesmo não sabendo tanto assim sobre os dois, ela os considerava como amigos. Alguns alunos ficaram debatendo sobre o assunto, pensando em quem poderia fazer algo de tamanha brutalidade. Até que George, um dos alunos mais esforçados da turma, resolveu se pronunciar.

 

— É claro que isso poderia acontecer. Esse lugar é o ambiente perfeito para criar um filme de terror. Cidade pequena, cheia de jovens, onde tudo pode acontecer. Agora que os primeiros corpos foram encontrados, só temos que esperar para encontrarmos o resto.

— Como tem certeza de que vai morrer mais gente? - April perguntou ainda assustada.

— Isso é muito óbvio. Sempre tem as primeiras vítimas, depois mais pessoas morrem, e no final, o assassino sai impune, ou morto por alguém que será o herói da cidade.

 

As palavras de George eram um pouco obscuras. Ele não parecia nem um pouco assustado com tudo o que estava acontecendo.

 

+ + +

 

Já ao final daquele dia na escola, April saiu com Logan, Leila e Laura, para encontrar outros amigos em uma lanchonete. Quando os quatro chegaram a um estabelecimento não muito grande, se sentaram em uma mesa onde estavam outros quatro jovens.

 

— Finalmente chegaram. O professor de artes não liberou a gente muito tarde, por quê demoraram? - Jodie, uma garota com cabelos não tão longos e olhos azulados, pergunto olhando em direção ao grupo que se aproximava.

— Leila estava guardando as coisas no armário, e demorou séculos para terminar. - Laura respondia a menina, sentando-se à sua frente. Uma mesa divide dois bancos, que cabiam no máximo cinco pessoas.

— Seu vibrador não cabia lá dentro? Agora entendi a dificuldade. - Jodie brincava com a amiga. As duas eram bem próximas.

— Eu vou enfiar o meu vibrador inteiro em você se continuar com isso. - Leila respondia em tom de deboche.

 

O grupo de amigos permanecia conversando. Não paravam de falar sobre o assassinato de Ethan e Elliot. Era uma grande confusão quando alguém dava um palpite sobre quem foi o assassino ou qual seria o motivo.

 

— Está na cara que foi o Sr. Taylor. Eu via o olhar de ódio que ele dava para Elliot e Ethan quando os dois não paravam de falar na aula dele. - Garrett foi o menino que falou. Ele não se interessava muito sobre coisas aterrorizantes, mas, por ter acontecido aquilo em sua cidade, ele tomou um pouco de coragem para comentar sobre.

— Provavelmente foi alguém que tinha algum rancor deles. Algum primo excluído, uma ex-namorada ou um amigo abandonado. - Louise, a outra garota que esperava na lanchonete, disse quando chegava alguns pedidos que o grupo tinha feito.

 

Mason, um rapaz que era bem conhecido na escola, parecia um pouco triste ao meio daquela conversa. April, percebendo um desconforto vindo da parte do garoto, pensou em tentar mudar de assunto.

 

— Mason, por quê está com essa cara? É por causa do que aconteceu?

— Não é por isso. - O rapaz suspirou. - Não consegui a bolsa de estudos. Meu pai disse que isso seria a única forma de eu continuar estudando depois que terminar a escola. Ele não vai pagar minha faculdade.

— E por isso vai ficar com essa cara? Arruma um emprego pra conseguir pagar você mesmo. - Jodie retrucava. Ela não costumava ser tão grossa com as pessoas.

— Nossa, obrigado, você me ajudou muito. - Mason respondia.

— Não precisa agradecer. Mesma hora semana que vem?

 

Os jovens continuavam a conversar. Tanto sobre a bolsa que Mason perdeu, quanto sobre as mortes que aconteceram. Após algumas horas comendo e bebendo, eles foram embora da lanchonete. Ao grupo de oito sair do ambiente em que estavam, a polícia da cidade parou com as viaturas na frente do estabelecimento. Eles disseram que teriam que fazer algumas perguntas a cada um deles. Aquilo fazia parte da investigação para achar o responsável pela morte dos dois estudantes. Não precisavam levá-los a delegacia. O primeiro foi Logan.

 

— Onde estava ontem à noite quando Ethan e Elliot foram mortos? - Perguntou o policial com um bloco de notas e uma caneta na mão.

— Eu estava em casa. - Respondeu Logan.

— E quem pode provar isso?

— Quer o número dos meus pais? Tenho anotado aqui se precisar.

 

O policial levantou os olhos para o garoto, e em seguida, liberou ele. O próximo era Garrett.

 

— Você estava onde, ontem às 22:04?

— Tinha ido ao boliche com meus tios e meus primos. Se quiser provas, ele fica ali na esquina.

 

Depois de fazer mais perguntas ao jovem, ele o liberou. Os outros foram questionados sobre o que fizeram na noite passada também. Logos, todos já tinham ido. Só faltava April.

 

— Onde você estava quando os dois estudantes morreram?

— Em casa, com a minha mãe.

— Você era amiga de algum deles? Sabia onde Ethan morava?

— Sim e sim, mas não era tão próxima deles e muito menos tinha motivos para matar qualquer um dos dois.

— Sei. Bom, tem alguma ideia de quem pode ter feito isso?

— Talvez alguém que não gostasse de nenhum dos dois, ou apenas um lunático por aí.

— Certo. Está liberada. Depois provavelmente iremos fazer mais perguntas a você e seus amigos, então fiquem espertos.

— Você é quem manda.

 

Após o interrogatório, que na opinião deles não era necessário, o grupo de jovens seguiu para casa. Logan, Mason e Garret iriam para a casa de Mason. Eles tinham um trabalho em grupo para fazer para a aula de Biologia. Leila e Louise disseram que iria para a casa de Jodie para fazer “coisas de meninas”, e Laura foi para a casa dela, assim como April. Laura, mesmo sendo um pouco presente nos momentos em que todos se reuniam, era meio fechada, e bem reservada. Apenas Jodie conhecia um pouco a mais ela do que os outros.

 

+++

 

Já em casa, April jogou sua coisas sobre o sofá. Sua mãe a avisou que iria permanecer no trabalho até tarde da noite e ainda não havia chegado.Para April, tinha sido um dia um pouco cheio, e a notícia do que tinha acontecido mexeu muito com sua cabeça. Não pensava que algo do tipo poderia acontecer naquela cidade que pouco se falava em outros lugares. Para relaxar um pouco, ela se deitou no sofá e dormiu por alguns minutos. Depois, foi comer alguma coisa. Ela estava faminta, mesmo depois de comer um hambúrguer e tomar milkshake. Assim que ela se levantou do sofá, se espreguiçou e deu dois passos em direção a cozinha. Porém, seu telefone de casa tocou. Ela pegou o aparelho e atendeu.

 

— Olá. - Ela disse assim que colocou o telefone na orelha.

— Olá, April. - Uma voz rouca a respondeu...

 








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