Tyrion já tinha sido sagrado cavaleiro há três meses, meses que pareciam anos. Muito aconteceu nos dias seguintes ao seu teste. Sua mestra, Scarlet, tinha sumido depois de ser destituída do cargo de amazona de ouro de Leão. Alguns companheiros cavaleiros de prata e bronze tinham desistido dos seus cargos a fim de ter uma vida normal, mas foram poucos. O maior número de deserção aconteceu entre os jovens que lutavam para chegar ao posto de santos. Vários abandonaram o santuário, enviados para famílias que se comprometeram a criá-los por uma polpuda ajuda de custo como contrapartida. O Grande Mestre mais uma vez estava enclausurado em seus aposentos e Santino tomava de conta do que restava para cuidar no santuário.

Apesar do clima confuso que pairava sobre o santuário, o último mês foi bem tranquilo para Tyrion. Apenas fazia suas rondas noturnas para proteção do santuário, normalmente tinha Axell como companheiro, apesar da luta brutal eles ficaram próximos com o passar do tempo, ele era engraçado e um amigo leal. Tentou por algumas vezes conseguir autorização para sua mestra voltar ao santuário, mas o Grande Mestre sempre negava, deixando Tyrion triste por não saber onde ela estava; Santino falava para não se preocupar e que ela estava bem, mas ficar sem noticias o deixava aflito. No mais tudo caminhava bem no santuário.

Era o seu turno e ele estava patrulhando a entrada do santuário. Seu amigo, Axell, estava mais a frente conversando com Tom e Brad, os aspirantes que lutaram contra Santino e se julgavam futuros cavaleiros de ouro. Logo após seu teste eles conseguiram amaduras de prata. Tom se sagrou cavaleiro de prata de corvo, enquanto Brad conseguiu se tornar santo de prata da constelação de águia. Depois que descobriram que Santino era um santo dourado eles perceberam que faltavam muita força para conquistar uma armadura de ouro. Quando George, mestre deles, voltou de missão os fez passar por um teste onde os cosmos deles ressoaram com essas armaduras de prata, os tornando oficialmente santos. O Grande Mestre não gostou nada de saber o que tinha acontecido, já que tinha ordenado que ninguém mais fosse sagrado cavaleiro. Dizem que Santino que resolveu o problema e que George saiu do santuário em missão para não ser punido pelo Grande Mestre. Os garotos quiseram ir com o seu mestre, mas George ordenou que eles ficassem no santuário.

— E ai, Tyrion. Vamos bater um papo? – Chamou Tom acenando para ele.

   —Claro, por que não? - Ao ouvir o chamado do seu colega Tyrion sorriu e se juntou a eles. Tom e Brand estavam sorrindo e fazendo poses para mostrar suas armaduras enquanto Axell gargalhava. Eles demonstravam muito orgulho da nova posição.

— Esses dois vão enlouquecer. – Disse Axell apertando a mão de Tyrion e rindo.

— Deixa de inveja Axell. Você sabe que estou lindo com essa armadura. – Argumentou Brad passando a mão no peitoral de sua armadura. — Estou muito feliz com essa armadura de prata, combina mais comigo.

— Se você diz, não podemos ir contra. – Tyrion falou rindo da brincadeira.

   A conversa continuou e os santos se divertiam. Apesar da grande responsabilidade eram apenas jovens e nesses momentos acabavam por esquecer o peso que carregavam. Algumas horas se passaram e os santos permaneceram conversando até que Brad resolveu patrulhar um pouco e ajudar os guerreiros que estavam em seus locais fixos.

— Tá querendo ser o chefe né? Já entendemos. – Axell disse brincando com o amigo.

   Meia hora tinha se passado que Brad estava patrulhando quando um cosmo apareceu. Era um cosmo diferente, um que nunca Tyrion tinha sentido no santuário. Rapidamente o cosmo de Brad se acendeu chamando atenção de Tyrion e dos outros.

— Uma batalha? – Tom falou assustado? — Com quem aquele idiota está lutando? Droga! – Afobado, Tom correu em direção aos cosmos sem esperar a reação dos seus companheiros.

— Espere, Tom! – Axell gritou para o amigo que não o ouviu e continuou correndo.

— Alguém tem que ir comunicar o Grande Mestre, Santino não está aqui. – Argumentou Tyrion, mas mal fechou a boca e uma explosão fez o chão tremer.

— Droga, vamos Tyrion! – Axell gritou seguindo Tom e sendo seguido por Tyrion.

   Tyrion estava confuso, tudo estava calmo no santuário, não tinham mais inimigos para combater já que Atena teria acabado com todos os invasores para sempre. Com quem Brad estaria batalhando então? O cosmo não era essencialmente maligno, era uma sensação diferente daquela que Tyrion sentia quando era criança ao fugir dos espectros de Hades. Ele sentia tristeza e melancolia nesse cosmo, mas não sabia explicar o porquê. O fato era que o cosmo estava agressivo e maior que o de Brad. Os pequenos cosmos dos guerreiros que estavam patrulhando junto com ele estavam sumindo pouco a pouco.

— Brad, Tom! – Axell gritou ao ver seus amigos.

   Brad estava no chão, seu corpo estava cheio de pequenos cortes. A sua armadura estava intacta, mas saia muito sangue do seu corpo. Tom estava em pé, ainda consciente.

— Saiam daqui! Fujam! – Gritou Tom sem olhar para os seus amigos que estavam atrás dele. — Ele me paralisou!

  Foi só depois que Tom falou que Tyrion percebeu. Um homem estava mais a frente. Usava uma armadura totalmente negra, uma armadura em um estilo que ele nunca tinha visto, com uma capa igualmente negra presa as costas. As ombreiras eram arredondadas e grandes, o peitoral e os braços eram totalmente cobertos, com pequenos sóis negros gravados por toda armadura. Ela terminava em um grande saiote romano negro que cobria até depois do joelho, sendo suas pernas cobertas também pela armadura negra. A única parte do seu corpo que dava para ver era se rosto, que estava sem capacete. Sua pele era muito branca, contrastando com seu cabelo que ia até o pescoço, tão negro quanto sua armadura. Seus olhos estavam cobertos por uma faixa escura e na sua mão estava uma espada no estilo de uma katana japonesa com o cabo branco e a lâmina negra.

— Me enfrentem, cavaleiros de Atena. – Disse o homem, apontando a espada para Tyrion e Axell.