Damn Cupid escrita por Serena Blue


Capítulo 11
Clarifications and, perhaps, a little help.


Notas iniciais do capítulo

Oi.... *risos*
Alguém aí?
Ainda acompanham essa bagaça aqui?
ME PERDOEM!
Gente do céu, eu juro que não dormi tranquilamente enquanto não atualizasse isso aqui para vocês.
Gzuis, sinto que devo uma explicação..
Mas antes de tudo, QUERO AGRADECER A LINDA, MARAVILHOSA, DIVOSA LYDIA NUNES PELA RECOMENDAÇÃO! Ai, gzuis, eu chorei lendo aquilo. Lydia, obrigada por cada palavra que usou para descrever Damn Cupid ♥ Te devo uns mil obrigadas!
Bom, como sabem (eu acho que já falei pra vocês, mas se não falei vou falar agora) eu estava me mudando para Florianópolis. Então está aí o grande motivo do meu sumiço: mudança!
Essas coisas são horríveis e aconteceu muitas coisas comigo, mas resumindo para vocês:
— tive que arrumar minha casa nova
— meu caminhão da mudança demorou milênios para chegar
— fiquei sem wi-fi por uma eternidade.
isso tudo somado a minha falta de criativade, mas daí depois veio o concurso do fanctions ( a propósito deem uma olhadinha na minha fic hehehe https://fanfiction.com.br/historia/734199/Un_Lucky_Lily/ ) e então (Un) Lucky Lily tomou o meu tempo que eu tinha reservado para Damn Cupid e é isso, demorei para atualizar isso aqui.
Mas agora ACABOU!!!!! Mentira, eu to com + um projeto de fanfic na cabeça que eu to louca pra postar, mas tenho que terminar de escrever o roteiro e ainda tenho que cumprir o desafio da linda Elizabeth Potter (desculpe, Liz, mas eu to morrendo aqui) então eu provavelmente ainda vou dividir meu tempo e imaginação de Damn Cupid com essas duas fics. Sem or, me abana, e gente, eu falo demais.
Enfim é isso, leiam o capítulo e desgustem dele (?)
Nos vemos lá embaixo e PLEASE não pulem as notas finais!



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Chapter XI – Esclarecimentos e, quiçá, uma ajudinha.

 

POV Dorcas Meadowes

 

Eu não sei dizer se sou uma pessoa impulsiva. Na verdade, eu costumava pensar muito bem antes de agir, mas acho que esse ano e depois do que eu fiz, tinha que repensar os meus conceitos. O fato de ter feito o papel da pessoa mais idiota do mundo na frente de Austin nem pareceu ser grande coisa depois que Remus me alertou sobre Marlene. Meus amigos, essa é uma cena rara de se acontecer. Marlene Wood McKinnon podre de bêbada. É lógico que Lene já havia bebido antes, e posso dizer que ela sabe como fazê-lo. Acontece que ela não estava agindo como uma bêbada comum. Marlene estava com a maquiagem borrada ao redor dos olhos, mais quente do que areia da praia ao meio dia, enrolando-se com as palavras e de vez em quando dava arcadas de vômito.

— Lene, o que aconteceu? – pergunto apavorada enquanto tento mantê-la em pé, com Remus me ajudando.

— Não deixe ele me ver assim... Não deixa ele falar comigo... – dizia de olhos fechados e um tanto grogue.

— Ela não tá nada bem, Doritos – observa Remus enquanto eu limpo o suor da testa de Marlene e meço sua temperatura com as costas da mão em sua testa. – Temos que tirá-la daqui.

— Tenho que levá-la para casa – afirmo pegando meu celular e minha carteira de motorista. Ah, não. Eu não trouxe carteira de motorista! Viemos no carro dela que com certeza não está em boas condições para dirigir. – Merda, Remus. Eu não trouxe carteira! Como vou dirigir? Você pode nos levar? O que nós vamos fazer com o carro dela? – eu o bombardeio com perguntas e tento respondê-las por conta própria também.

— Calma Dorcas – põe a mão em meu ombro. – Não dá, eu vim de carona.

— Como ele pôde ter feito isso comigo? – resmunga Marlene enquanto eu pensava em mil maneiras de sair dessa situação.

— Lily! – a luzinha da lâmpada parece acender dentro do meu cérebro. – Ela vai me matar, mas eu preciso fazer isso.

Então eu decido ligar para ela, mesmo que às três e pouca da manhã a essa altura do campeonato. Ela tinha que vir e no momento pareceu ser a única solução possível a se fazer. Remus tentava cuidar de Lene enquanto o telefone de Lily chamava. Os barulhos ao redor ajudavam ao mesmo tempo em que atrapalhavam. Ajudavam a não manter o foco das pessoas na Marlene, estando alto demais eu sabia que ninguém tinha notado ela ali e a loira gostaria que ninguém a visse nesse estado. Porém atrapalhavam, pois eu não conseguia escutar absolutamente nada do outro lado da linha telefônica.

— Alô?— escuto sua voz sonolenta e penso se realmente liguei para o número certo.

— Alô? Lily! Sou eu a Dorcas! – grito tendo à certeza de que não me ouviria dado o barulho aqui fora.

Eu sei, doida. Tenho seu número gravado— responde um pouco mais desperta e eu fico mais aliviada.

— Lily, não se apavora, mas eu preciso que venha para cá! – vou direto ao ponto não podendo demorar mais, pois Marlene balançava a cabeça rapidamente de um lado para o outro com os olhos fechados.

O que? Como assim? – eu sabia que ela iria perguntar isso.

— Eu preciso que venha para cá! Para a festa do James! – repito ansiosa.

Lily fica em silêncio do outro lado da linha, provavelmente tentando entender o que se passava e avaliando a situação. Torço para que a sanidade dela ainda esteja dormindo e Lily aceite vir para cá.

Mas por quê? Ficou mais doida ainda?— torna a perguntar depois de alguns segundos e eu quase dou pulinhos aqui do quanto eu estava nervosa.

— Lily! É urgente! A Lene não tá passando bem! Por favor, vem e eu te explico melhor! Vem de carro! – exponho com todas as letras e desligo o telefone. Eu sabia que se falasse a palavra “urgente”, Lily viria. Pedi para vir de carro assim poderíamos sair da festa o mais rápido possível e sem expor Lene tanto assim.

Eu estava contando com a vinda da ruiva.

— Precisamos tirá-la daqui – repito as palavras de Remus e ele a ajuda a se levantar.

— Acho que o quarto do James está destrancado. Ele vai me matar, mas vamos para lá, o ar deve estar ligado e bem fresquinho para ela – explica e eu o ajudo a sustentar o peso de minha amiga.

 - Os outros quartos estão trancados? – estranho colocando um braço de Marlene em volta do meu pescoço enquanto Remus fazia o mesmo com o outro membro.

— Deveriam estar, se o Sirius não destrancou para sair por aí fazendo coisas — ele deduz.

Começamos a adentrar a casa, com minha amiga risonha e triste no nosso meio. Por incrível que pareça, as pessoas ao nosso redor mal notavam a situação de Marlene, pois estavam tão bêbadas quanto ela. A levamos com certa dificuldade até as escadas, com Lene tentando desvencilhar-se de nossos braços a todo o instante, alegando não querer subir para não “vê-lo com ela de novo”.

— Você quer dizer, tipo, sexo? – não acredito que Sirius seria capaz de fazer uma coisa dessas em uma festa na casa de seu melhor amigo, se bem que é do Black que estamos falando e isso com certeza não está fora de cogitação.  

— Exatamente. – Remus ri e acrescenta depois de observar minha expressão: - Sirius tem as chaves... É um pouco complicado, depois eu te explico – diz parando já em frente ao que deduzi ser o quarto de James depois de caminharmos um extenso corredor com várias portas.

Marlene diz algo ininteligível em um breve letargo sob nosso apoio enquanto Remus abre a porta do quarto de James. Ao entrarmos o ar gélido do ar condicionado banha meu corpo e eu sinto um júbilo interior com isso. Sem observar muito bem o ambiente, eu deposito Marlene em cima da cama e Remus fecha a porta, abafando o som lá de fora.

— De quem é esse quarto? – Marlene pergunta risonha – É demaaaaaais – continua exageradamente. – Perfeito para se transar com alguém. – gargalha e em seguida fica com o semblante sério.

— Você já ligou para a Lily? Ela está vindo? – diz Remus ao olhar preocupado para a loira na cama, com os cabelos por sobre o rosto.

— Liguei. Ela vem sim. – respondo convicta. – Pedi para ela vir de carro, pois aí Lily nos deixa em casa com segurança.

— E o carro dela? – Remus indica Marlene com a cabeça e eu tenho vontade de bater na minha testa. Na verdade eu o faço ao me tocar de que não tinha pensado nisso.

— Merda! Esqueci completamente do carro. – lamento segurando minha cabeça enquanto tentava pensar em alguma solução – Ai, Remus, eu não estou raciocinando direito. Esse papel é o da Lily.

— Vocês podem deixá-lo aqui. Tenho certeza que o James não vai se importar – ele sugere.

— Sim, mas Lene terá de vir aqui para buscá-lo depois. Sorte que a Sra. McKinnon não implica muito com esse tipo de coisa. – ficamos um pouquinho em silêncio. Ele recostado à grande estante repleta de livros e eu sentada à beira da cama com Marlene de olhos fechados e parecendo dormir. Dado alguns minutos eu começo a rir da minha desgraça.

— Que foi? – pergunta Remus com o cenho franzido e um pouco risonho por causa da minha risada (?).

— Sabe que – eu ainda estava rindo – foi bom ela ter ficado desse jeito. Do contrário você não teria ido me avisar e eu continuaria com aquele papelão na frente do Austin.  – ao terminar de dizer, Remus também ria da situação. – Ai, eu não sei como vou encará-lo amanhã na aula. – eu lamento e escondo meu rosto em minhas mãos.

— Dorcas, relaxa. Qualquer coisa eu falo com ele explicando a situação e dizendo que você não estava nos devidos eixos da sanidade – ele sorri e eu tento retribuí-lo.

Era mais sério do que parecia afinal eu tinha me comportado como uma perfeita imbecil na frente do cara que eu gosto. E, mesmo que a teoria de Remus funcionasse, o que Austin ia pensar sobre mim? “Dorcas, a chapada destrambelhada que não sabe se portar direito em uma festa”. Eu não tinha escapatória.

— Acho que é um caso perdido mesmo. Deixa para lá, vamos nos concentrar nessa coisa aqui – eu me recupero e tento focar em Marlene. – O que pode ter acontecido para ela ficar desse jeito?

— Não faço ideia. – ele admite – Ela não brigou com ninguém antes de vir para cá?

— Não que eu saiba. – confesso pensando nos relacionamentos de Marlene e com quem que ela costuma “brigar” para ficar desse jeito. Não pode ser com sua mãe, a Sra. McKinnon é super tranquila. O Sr. McKinnon não mora com a filha para terem uma briga assim de uma hora para outra, quando se encontram é só risadas e boas conversas. Então, eu me lembro do seu complicado namorado. – Ei, você não sabe se Stefan estava por aqui, sabe? Se ele veio à festa...

Remus pesa a pergunta e crispa os lábios.

— Acho que o vi quando fui aos tonéis pegar uma bebida, mas não prestei muita atenção.

— Droga... – eu fecho os olhos já imaginando o pior e balanço a cabeça negativamente.

— Você acha que ele... – Remus acompanha o meu raciocínio vindo até mim com os braços cruzados e deixa a frase morrer.

— Provavelmente.

Mais uma vez o silêncio domina o quarto. Tenho vontade de esganar Stefan pelo o que quer que ele tenha feito e com isso causando o sofrimento de minha amiga. Só ele poderia ser o motivo para Marlene ficar desse jeito e só de pensar em seu coração despedaçado fico extremamente mal. Queria que ela estivesse sóbria para podermos conversar sobre isso.

Marlene nunca foi de sofrer com traições. Desde que eu a conheço (e isso faz bastante tempo), ele é que costumava fazer os homens sofrerem. Nunca chegou a trair ninguém, mas sempre provocava ciúmes e parecia não se importar pelos sentimentos de seus “namorados”. Entretanto, quando começou a namorar Stefan, isso mudou. Ela pareceu realmente gostar dele e depois do primeiro mês, começou a se importar com a relação deles.

— Será que... – a frase de Remus é interrompida quando a porta do quarto é aberta revelando por trás dela, James e em seu encalço a própria Lily em pessoa. Nós quatro nos encaramos por alguns segundos, completamente desnorteados.

James estava com o semblante confuso ao fitar Lene deitada em sua cama e Lily, ao seu lado, estava surpresa com toda a situação. No inicio ela repara no quarto em si, mas depois repousa seus orbes verdes sobre nós.

— Lily! – eu corro em sua direção e a abraço. Ela parece estar estupefata – Eu sabia que viria. Ai, me ajuda, eu não sei o que faço com Lene! – digo eufórica.

— O que aconteceu? Meu Deus, Dorcas, você me deixou maluca – ela diz assim que nos separamos.

— Vocês estão juntos? – Remus estranha ao perceber que os dois ainda estavam estranhamente próximos com as mãos quase a se tocar.

— Não!

— Sim!

Os dois respondem em uníssono.

— Não. – Lily torna a dizer distanciando-se de James. – Acontece que...

— Acontece que a Lily precisou da minha ajuda para encontrar vocês e a gente acabou ficando um tempo juntos por isso – James explica a fitando e ela o encara piscando algumas vezes.

— É-é isso. Mas, enfim, o que vocês estão fazendo aqui? O que houve? – a ruiva vai em direção a Marlene que nesse instante parece despertar com o cenho franzido. Ela nos encara e depois vira para o lado novamente, retomando seu sono.

— É, Remus, o que houve com a McKinnon? – James a examina ressonar baixinho, virada para o lado oposto.

— Eu não sei, ela apareceu assim do nada lá no pátio e eu fui avisar a Dorcas.

— Sim, e daí eu liguei para você, Lily, porque eu não trouxe carteira e a Lene não está em condições de dirigir.

— Mas, por que não chamaram um táxi? – Lily me fita, confusa. – Quero dizer, eu achei que fosse um caso de vida ou morte e o que vamos fazer com o carro da Lene?

— Desculpa, Lily, mas eu também não estou com a minha sanidade intacta e ligar para você foi a coisa mais viável naquele momento – eu tento me explicar gesticulando com as mãos para não me sentir tão culpada.

— Ligar para a Evans foi a coisa certa a fazer, Dorcas. – opina James tentando parecer sério – Era essencial que ela viesse. – eles trocam um olhar e a ruiva parece corar por um instante. – E, com relação ao carro da McKinnon, sem problema, ele fica aqui na garagem até ela vir buscar.

— Resolvido o problema. Agora só esperar ela acordar – diz Remus.

Em seguida, escutamos duas batidas na porta e a mesma abre desta vez revelando Sirius Black atrás dela.

— James? Cara, fiquei te procurando por todo lugar e... – ele para de falar abruptamente quando se depara com todos ali, mas creio eu que, principalmente por avistar Marlene dormindo na cama. – O que tá rolando aqui?

— Probleminhas entorpecentes, eu acho – opina James dando de ombros. Sirius fecha a porta atrás de si e fica examinando Marlene por um bom tempo e quando os dois parecem começar a ligar os pontos eu me apresso em dizer:

— Pois então, a Lene excedeu um pouquinho o limite de bebidas alcoólicas e como ela veio dirigindo não poderia me levar de volta para casa e na hora eu não pensei em chamar um táxi porque a única solução viável foi ligar para Lily para ela nos levar de volta e agora que ela já tá aqui então se não se importam nós precisamos ir para casa. – eu consigo dizer isso tudo rapidamente e sem me confundir com as palavras enquanto gesticulava. 

 Todos me encaram por longos segundos até Remus se pronunciar:

— Vai ser meio difícil com ela dormindo.

— Alguém precisa carregá-la. De preferência um de vocês três. – Lily aponta para Sirius, James e Remus que encontravam-se estáticos apenas observando nossa amiga em seu estado vulnerável.

— Beleza! – Sirius junta as mãos em frente ao peito – O Remus leva ela.

— Acho que não vai dar muito certo... Eu não estou com o equilíbrio perfeito depois de algumas cervejas – ele se explica coçando a nuca e troca um olhar comigo esperando que eu confirmasse e eu o faço. Era verdade, nós dividimos bastantes copos à beira da piscina.

— Então o James. – volta a sugerir.

— Nope.  Vai que ela acorda e começa a me estapear? Você tá mais acostumado com o gênio dela. – diz dando-lhe tapinhas nas costas e eu não contenho um sorrisinho.

— Merda – Sirius pragueja baixinho. – Saiam daí – começa a abrir caminho em direção ao corpo inerte de Marlene. Pois então, meus amigos, o que veio a seguir me surpreendeu. Eu pensei que Sirius a pegaria de qualquer jeito para poder se livrar logo daquilo, todavia não foi esse o ocorrido. Sirius a sustenta delicadamente em seus braços másculos, preocupando-se devidamente com o seu pescoço para não ficar em uma posição desconfortável. Ela remexe-se um pouco e parece despertar por um brevíssimo segundo.

— Segura ela com cuidado – pede Lily com demasiada preocupação.

Sirius a encara com os olhos crispados. Era evidente de que ele estava tomando o devido cuidado.

— Onde você estacionou seu carro, Lírio? – assim que James chama Lily pelo apelido íntimo “detestável”, de acordo com ela, eu a encaro já prevendo uma possível briga, mas para a minha surpresa novamente naquela noite, ela não o xinga.

Lily estala o pescoço desconfortavelmente quando o responde:

— Na frente do portão.

E então nós fomos. Fomos até o Fiat Uno vermelho de Lily estacionado na frente do portão que não estava mais tão lotado de carros como quando eu e Marlene viemos. Mesmo Sirius indo na frente com Marlene em seus braços, ambos não atraíram muita atenção, o que me deixou aliviada pela minha amiga que com certeza não gostaria de ser vista tão vulnerável nos braços de Sirius Black.

Lily e eu nos despedimos dos meninos antes de deixarmos a festa. No caminho eu tentei explicar a ruiva o que eu supostamente pensava que teria acontecido com Marlene e Stefan. Lily ficou irritada com O’Brien como toda boa amiga ficaria, mas tínhamos um problema maior para nos preocuparmos: levar Lene para sua cama.

Ao chegarmos à casa dos McKinnon, esta se encontra vazia indicando que Karen McKinnon ainda estava trabalhando no hospital em seu plantão. Acordamos Marlene com dificuldade e a colocamos debaixo do chuveiro, com um banho gelado. Depois da ducha, ela pareceu melhorar.

— Valeu manas, mas eu falo com vocês amanhã. – e dizendo isso foi direto para o seu quarto, jogando-se na cama já em um sono profundo por causa do puro cansaço e da dor de cabeça. Eu até tentei impedir, necessitando urgentemente de explicações, mas Lily alegou de que ela precisava descansar e que conversaríamos mais tarde na escola.

Mas não foi o que aconteceu.

Depois que Lily me deixou em casa, foi a minha vez de ser atingida pelo esgotamento. Porém, o cansaço emocional foi mais brutal do que o físico. A adrenalina pura que passei na festa do James, desde o momento da minha fatídica conversa com Austin até o estado crítico de Marlene, foi intensa. E, por isso, foi impossível ouvir o despertador tocar ao amanhecer.

Acordei em um súbito depois de sonhar que Austin estava gargalhando da minha cara, assim que escreveu em um outdoor imenso a seguinte frase: “Dorcas Meadowes, a virgem chapada e mais retardada que irão conhecer.” Esse sonho ficou me atormentando até o presente momento.

Eu não tinha ideia de como iria encará-lo depois do ocorrido, e mesmo que eu conseguisse fazê-lo, esse não era o melhor dia para isso. Já que eu me encontro com os cabelos despenteados presos em um coque alto feito às pressas, olhos um pouco borrados pela maquiagem e a boca seca. É definitivo: eu vou fazer o cara querer se suicidar.

O sinal do fim do primeiro período finalmente toca e os alunos são liberados para irem às suas salas. Ajeito minha mochila no ombro e caminho em direção ao terceiro andar junto todos os outros estudantes. Eu estava um pouco desconfortável e queria que tudo isso não fosse verdade. Anseio por encontrar Marlene na aula a fim de finalmente esclarecer o ocorrido de ontem, mas, ao adentrar a sala de cálculos não a encontro.

A cadeira que ela costuma sentar está vazia e isso me preocupa, quero dizer, Lene nunca faltou à aula depois de uma festa. Entro, contida, e vou em direção a minha carteira depositando meus pertences ali. Procuro por mais rostos amigáveis e não os encontro. Dado mais alguns segundos, para a minha felicidade, Remus chega ao recinto me fitando de imediato. Aceno para ele e o mesmo vem em minha direção.

— O que aconteceu com você? – ele pergunta sentando-se à mesa a minha frente.

— Me atrasei. – isso era óbvio.

Ele arqueia uma sobrancelha em minha direção.

— Jura? Perguntei o motivo. – diz com um sorriso.

Porque tive pesadelos com o cara de quem eu gosto. Porque eu arruinei uma das únicas chances que eu tinha de ficar com ele. Porque eu sou uma imbecil. Eu não disse essas coisas. Embora Remus fosse a pessoa em quem eu mais confiasse e desabafasse, estava difícil até para mim em admitir essa situação toda que ocorreu na festa e eu não queria compartilhar essa lembrança com mais ninguém além de mim mesma.

Nada demais, eu só decidi ficar um pouquinho mais na cama depois de tudo o que aconteceu ontem e tudo o mais – explico tentando soar convincente e tranquila.

— Tá falando do que houve com o McLaggen e também com a McKinnon? – droga Remus, por que você tem que ser tão esperto?

Mas o que eu podia esperar? Aposto que a escola inteira está sabendo do que houve comigo e com minha amiga. E é claro que Remus não ia deixar isso passar tranquilamente como eu bem gostaria que fosse.

Eu tento desconversar e talvez minha encenação tivesse soado bastante sólida se no segundo seguinte o próprio Austin não entrasse por aquela porta. E então eu desmorono e acabo virando uma enorme poça de vergonha e martírio no chão.

Ele entra descontraidamente na sala, não aparentando nenhuma ressaca ou qualquer coisa do gênero, mas, para a minha surpresa, ao passar por mim ele me fita. Não foi por muito tempo, eu acho, só sei que seu olhar era um pouco... Complacente.

Eu esperava que ele gargalhasse assim que me visse, mas não. Ele sorriu para mim de um jeito fraterno, como se estivesse com certa preocupação em me ver daquele jeito... Ai, meu Santinho dos Amores Não Correspondidos, era só o que me faltava Austin McLaggen ter pena de mim.

Remus claramente acompanhou essa nossa troca de olhares e talvez ele fosse me dar um conselho ou fazer um comentário amigável (como sempre fazia), mas a professora Edna Milcons chegou no exato momento, nos saudando animadamente, e o que eu mais queria ser naquele momento, era um avestruz para enfiar minha cabeça debaixo da terra e nunca mais sair de lá.

~*~

Um fato extremamente curioso: Lily Evans consegue ficar bonita mesmo depois de uma festa. Isso sempre foi verdade, mas daí você deve estar se perguntando “Oras, tecnicamente a Lily não foi na festa do James”, pois é, mas mesmo se ela tivesse comparecido e mesmo depois de uma ressaca bem forte, ela ficaria bonita. Eu sou a prova viva dessa situação.

Lily já ficou três e únicas vezes de ressaca. Depois dos aniversários de quinze anos, meu, da Marlene e o dela própria. E, acredite em mim, no outro dia ela estava intacta. Isso tem a ver, em parte, porque o Sr. Evans não pode nem sonhar que sua querida filha tenha alguma vez ficado bêbada. Lily sabe se cuidar.

O que eu quero dizer, é que mesmo quando metade do terceiro ano parece estar moído e estraçalhado por causa de ontem, eu me deparo com Lily Evans, caminhando tranquilamente pelo corredor, com seus cabelos acaju jogados por sobre os ombros de uma maneira invejosamente comportada e ela por si só, esbanjando graciosidade.

— Como é que você consegue? – eu disparo assim que chego perto dela o suficiente enquanto troca de material em frente ao seu armário. – Quero dizer, que horas você foi dormir?

— Tarde – ela diz suspirando – Acredite, eu não dormi direito e não senti o menor cansaço. A adrenalina de pegar o carro de meu pai no meio da noite ainda não passou. – Lily estremece como se um calafrio percorresse seu corpo, mas logo se recupera.

Ao lembrar do ocorrido, eu sorrio divertida.

— É Lily Sophie Evans... Você realmente se superou dessa vez – digo com um quê de satisfação. – Marlene ficaria orgulhosa e, ai meu Deus, você a viu hoje? – indago abruptamente ao lembrar de que a loira ainda não havia aparecido na escola.

— Eu bem que estranhei te ver sozinha pelos corredores – Lily enruga o cenho, pensativa – Ela não veio à aula?

Balanço a cabeça veementemente em sentido negativo.

— Isso é realmente estranho e... – mas o argumento de Lily se perde no ar assim que uma figura masculina vem ao nosso encontro parecendo preocupado.

Stefan O’Brien apresenta-se ofegante e com o cenho enrugado em aflição. Lily e eu o encaramos esperando alguma explicação para sua atitude e eu automaticamente me lembro da noite anterior e das minhas possíveis suspeitas contra ele, logo, cruzo os braços em afronta. Stefan percebe o meu comportamento e se prontifica:

— Vocês viram a Marlene?

— Curioso você não saber, afinal você é o namorado dela não é? – Lily alfineta com os olhos crispados e ficando mais rígida.

Stefan não pronuncia mais nem uma palavra e encara Lily com o semblante sério.

— Não a vimos hoje – respondo interrompendo o clima tenso – Você tem alguma ideia do que possa ter acontecido? – porém dou continuidade à pressão e Stefan limpa a garganta.

— Olha se eu soubesse não teria vindo aqui perguntar, não acham?

— Ou você sabe e não tem coragem de dizer e está aqui apenas tentando bancar o bonzinho! – me irrito e acabo gritando, atraindo a atenção dos alunos ao redor. Céus, acho que acabei incorporando a própria Marlene.

Não pude evitar. Sei que estou sendo impulsiva, como ontem, mas a ideia de ter Stefan traindo a minha amiga ficava cada vez mais evidente e isso me tirava do controle. Eu procuro realmente acreditar no lado bom das pessoas e avaliar a situação através de várias perspectivas, mas algo me dizia que nessa história toda, Stefan era o único culpado então eu não me preocupei em tentar entender o seu lado, pois afinal, não há o que se entender se os meus palpites estiverem certos.

Ele semicerra os olhos e corresponde à altura ao meu olhar instigador e teríamos ficado um bom tempo assim se Lily não pigarreasse e interrompesse o contato visual.

— O’Brien, já ficou mais que evidente que a Lene faltou à aula. Só falta descobrirmos o motivo.

— E pode ter certeza que lhe contaremos – eu termino com um sorriso forçado.

O’Brien acena levemente com a cabeça e nos dá as costas caminhando para o lado oposto. Eu balanço a cabeça em sinal negativo ao ver sua figura se afastar pelo corredor e me seguro para não gritar em frustração. Repudio qualquer forma de traição e não sei se seria capaz de perdoar uma.

A incógnita do motivo pelo qual Marlene teria faltado à aula perdurou até depois do fim das aulas quando eu e Lily decidimos ir até a casa da loira e tirar satisfações. Não tomaríamos essa medida, de certa forma drástica, se Marlene tivesse atendido as quatorze chamadas que Lily e eu enviamos a ela. Eu estava mais que ocupada naquela tarde: tinha quinhentos exercícios de álgebra para resolver, passar em uma lotérica mais próxima para pagar as minhas contas e ainda passear com o Trovão, contudo desde que Marlene decidira simplesmente nos ignorar, eu tinha que vê-la pessoalmente.

Saímos de Stewart e fomos direto para a Rua Das Três Folhas nº 111, mais conhecida como residência dos McKinnon. Era uma casa linda escondida atrás de um alto portão de madeira escura acoplado a muros cobertos por aquela planta denominada de hera-japonesa.

Eu saberia reconhecer a residência de olhos fechados. Nós três costumávamos brincar no imenso jardim dos McKinnon quando éramos crianças e isso acontecia todos os dias. Era estranho pensar que agora não fazíamos mais isso porque havíamos crescido e crescer faz isso com as pessoas: elas mudam. Mudam seus hábitos, sua forma de ver o mundo e seus objetivos. E agora correr descalço pelos jardins à procura de algum ‘tesouro’ não era mais um objetivo relevante para nós.

Assim que chegamos, Lily toca o interfone diversas vezes e só recebemos o silêncio como resposta.

— Meu Deus eu to começando a achar que ela... – mas meu pensamento é interrompido quando ouvimos um “e aí manas” pelas nossas costas.

Eu e Lily viramos abruptamente e nos deparamos com ninguém mais ninguém menos que Marlene Wood McKinnon com seus cabelos loiros molhados, usando sua Short John rosa e com sua prancha de surf agarrada a uma das mãos. Ela sorri displicentemente e nos fita com interesse.

Eu não acredito.

— Você só pode estar de brincadeira com a gente. Eu tenho cara de idiota? – antes que eu pudesse me prontificar, Lily profere colocando os braços na cintura e encarando Marlene com um olhar reprovador.

A loira apenas coça a nuca e caminha em nossa direção para abrir os portões de sua casa, passando direto por eles.

Fiquei estupefata com aquela reação e nós a seguimos.

— Ei, Marlene! O que aconteceu com você? Te ligamos um monte de vezes, você não deu nenhuma notícia! Ficamos preocupadas com o que aconteceu ontem e...

— Relaxa Dorcas. Eu estou aqui, vivinha da silva se não percebeu – responde jogando a prancha no gramado e sentando-se em uma das cadeiras de jardim que tinham ali.

— Ótimo então pode começar a se explicar – manda Lily também se sentando na cadeira defronte a ela. Eu refaço seus passos e no fim nós três estávamos uma de frente para outra.

Marlene faz um coque alto com seus cabelos molhados e suspira profundamente. Eu a avalio. Ela nem de longe parece ser a mesma garota bêbada de ontem à noite. Não tem nenhuma olheira embaixo dos olhos, que a propósito, também não apresentam indícios de que ela havia chorado e seu olhar tem um brilho a mais.

— O que querem saber? – inquire apoiando-se nas costas da cadeira.

— Tudo, Lene! Cristo, o que te aconteceu?! – eu esbanjo preocupação e ela apenas me encara como se dissesse “não é para tanto”.

— Certo – começa suspirando novamente. – Ontem eu flagrei o Stefan na cama com a Heather en-

— Eu sabia! Ah, Lene eu nem sei o que dizer – digo já arrasada e tentando buscar em meu cérebro palavras reconfortantes para proferir a minha amiga, mas Marlene apenas estapeia o vento e balança a cabeça de um lado para o outro.

— Não. Quero dizer, eu deveria saber...

— Como assim? Você não tinha como adivinhar uma coisa dessas e...

— Não. – ela profere novamente interrompendo a frase de Lily. – Ele já andava estranho comigo e a Heather sempre desejou isso então... Só que é sempre um choque quando a gente descobre por isso eu fiquei naquele estado ontem à noite, o que foi um erro já que eu não me lembro de mais nada desde que eu caí na grama do pátio do James. – Marlene morde o lábio inferior e contempla o nada como se estivesse tentando lembrar-se de algo. – Mas enfim, lembro só de alguns lances como, por exemplo, vocês me trazendo até em casa e algo a ver com Sirius Black – ela ri pelo nariz quando diz isso. – E bem, quanto ao fato de eu ter faltado hoje à aula foi só porque eu não coloquei o despertador para tocar e quando acordei já estava mega atrasada, daí eu resolvi ir à praia surfar. Não ia adiantar muita coisa mesmo... É isso. – conclui com um sorriso e depois se levanta começando a tirar a sua roupa de borracha.

— Espera aí, espera aí – Lily apoiou os cotovelos em seus joelhos e cruzou as mãos para frente. – Você não está com raiva do O’Brien?

— Exato. A essa altura pensei que você já estava com um plano de vingança pronto só esperando para matá-lo e furar as bolas dele com um espeto de churrasco. – digo com os olhos arregalados ao notar que Marlene estava tranquila demais para o meu gosto e para os parâmetros de um McKinnon.

Ela gargalha alto ao nos ouvir e deposita sua roupa no encosto da cadeira.

— Quem vocês acham que eu sou? Uma versão feminina do Jack, The Ripper? – ela nos encara divertida e limpa a garganta. – Stefan vai ter o que merece, mas não estou preocupada com isso agora, principalmente depois de uma manhã maravilhosa surfando.

Eu tinha que admitir, não havia nada no mundo que deixasse Marlene McKinnon irritada e de mau humor depois que ela surfava, bom, talvez haja uma exceção se tratando de Sirius Black, e foi pensando nisso que eu arrisquei em perguntar:

— Ah, Lene... Você disse que se lembrava de algo a ver com Sirius Black não é? – começo e então Lily, ao meu lado, tapa a boca com as duas mãos tentando conter um acesso de risos.

— Pai amado, o que tem aquele embuste? – a loira senta rapidamente em sua cadeira e volta-se de frente para mim com o semblante estarrecido.

— Bom, digamos que Black mostrou seu lado cavalheiro ontem e te carregou nos braços até o meu carro para eu e Dorcas te levarmos para casa – revela Lily e eu abraço meus joelhos ao lembrar o momento.

— O QUE?! – Marlene levanta em um súbito. – Credo! Como assim? Que?!— sua voz sai fina ao perguntar novamente.

— Por falar em cavalheirismo dona Lily Evans – interrompo ao me lembrar do momento dela com James e deixo Marlene ainda mais intrigada. – Que momentos foram aqueles entre você e o Potter com ele te chamando até de Lírio e você não fazendo nada? – inquiro com um olhar malicioso. Seria agora que eu saciaria minha curiosidade.

A ruiva inclina a cabeça para trás protestando ao assimilar minha pergunta e então nós três começamos a conversar sobre os ocorridos da festa de ontem. Foi divertido saber que Lily perdera uma aposta para James e ver o quanto as bochechas de Marlene enrubesceram quando ela soube que Sirius a havia levado até o Fiat Uno de Lily assim que revelamos de um modo mais detalhado. Ela nos contou também que eles tinham se encontrado mais cedo e trocado provocações e Lily mais uma vez não quis admitir que gostou quando viu James molhado e só de sunga. Mas, de algum modo, eu não consegui contar a elas sobre o que acontecera entre mim e Austin. Eu ainda estava sentindo uma vergonha alheia para revelar. Contei apenas sobre minhas conversas com Remus e do modo como ele me elogiou no início da festa de uma maneira diferente.

— Espera aí! – Marlene interrompe meu relato parecendo se lembrar de algo. – Se vocês me trouxeram no Fiat Uno, quer dizer que meu carro tá lá na casa do James?! – ela quase sufoca com aquela pergunta e empalidece seu rosto.

— Bom, se ninguém o tirou de lá... – Lily dá de ombros.

— Merda! Eu tenho que buscá-lo antes que a minha mãe volte do plantão! Ela é maleável, mas não a esse ponto. Vai me matar se souber que eu deixei o carro na casa de outra pessoa do outro lado da cidade! – e dizendo isso ela caminha rapidamente para dentro de casa para colocar uma roupa.

Não demorou nem cinco minutos e ela voltou correndo e praticamente nos expulsou de sua casa, trancando o portão atrás de si. Jogou um beijo para nós enquanto se encaminhava para um ponto de táxi.

— Ela é louca – digo sorrindo e acenando para Lene que já sumia de vista ao adentrar um táxi.

— Totalmente – Lily concorda também sorrindo. – Escuta, Doe, eu tenho que ir para casa fazer algumas coisas e provavelmente explicar para o meu pai porque ainda não estou em casa.

— Okay – eu rio ao ver Lily revirando os olhos e fazendo uma careta. – Tenho um bilhão de coisas para fazer também. Nos vemos depois – me despeço e caminho na direção oposta.

Eu tinha amigas loucas, mas que bom que a loucura delas era exatamente como a minha.

~*~

— Dorcas, querida, mudança de planos! – diz minha mãe assim que adentro minha casa e me deparo com ela vestindo a sua roupa de ginástica.

— O que houve? – pergunto depositando minha chave em cima da estante.

— Nada demais, meu bem, só que eu vou sair para dar uma corrida e já vou aproveitar para passar no banco pagar as contas, incluindo as suas – ela sorri depois de colocar a bolsa no ombro. Ela era um anjo. – Pode ficar em casa, isso é claro, depois de passear com o Trovão. Ele me atrapalha nos exercícios.

— Pode deixar mãe, obrigada – sorrio ao pensar no Trovão enrolando a coleira nos pés de minha mãe enquanto ela corre e os dois acabam no fim caindo no meio da pista. Seria engraçado ao mesmo tempo em que trágico.

O fato de ela ter me livrado de pagar minhas contas foi quase como uma benção. O dia lá fora estava realmente esquentando e eu não estava nem um pouco a fim de enfrentar uma fila gigante em uma lotérica.

Por outro lado, passear com o meu cachorro não era nem um pouco exaustivo, logo não me importei de prender a coleira nele e no minuto seguinte voltar para as ruas australianas novamente deixando meus exercícios de álgebra para depois.

Assim que sinto alguns pingos de suor escorrem pelas minhas têmporas, prendo Trovão no meio das minhas pernas e torço para que ele não decida sair correndo pelas ruas afora. Faço um rabo de cavalo alto para o lado direito e em seguida retomo a passeada.

— Olha se não é a Doritos que eu vejo – a voz amigável de Remus soa mesmo ele estando do outro lado da rua. Eu o encaro e sorrio com naturalidade já que não era muito comum nos encontrarmos aleatoriamente por aí.

— Quanto tempo – brinco quando ele chega mais perto.

— Tá a fim de um sorvete?

— Olha, até que não seria má ideia.

Ele ri e juntos caminhamos até uma sorveteria local, mas não adentramos o estabelecimento já que não era permitida a entrada de cães, então Remus comprou dois sorvetes (um de morango e outro de baunilha) e voltamos a caminhar descontraidamente.

Era incrível como Remus sempre estava no lugar certo e na hora certa. Eu gostava de tê-lo por perto e sua presença sempre me animava, embora nesse exato momento eu ainda estivesse pensando em Austin e sobre o que eu faria da minha vida amorosa a partir de agora.

Era incrível também o fato de como Austin parecia ignorar ou simplesmente não perceber os meus esforços para chamar sua atenção. Na verdade, eu me esforçava tanto que acabava comentendo vexames, como o de ontem à noite.

— Por que você está com essa cara? – Remus nota assim que nos sentamos em um banco próximo.

— Que cara? – tento disfarçar meu jeito cabisbaixo.

— Essa cara. – ele aponta para meu rosto e levanta as sobrancelhas para a minha falha tentativa de enganá-lo.

— Não tem cara nenhuma, é a minha cara só isso.

— Ah, Dorcas, eu te conheço tempo o suficiente para saber que está chateada com alguma coisa. Ainda aquele lance com o Austin? – e mais uma vez Remus, eu admiro a sua excruciante capacidade de percepção e repudio minha transparência.

— Acho que estou traumatizada com isso – respiro encarando o meu sorvete de baunilha. – Eu queria realmente não gostar de um cara que é cego demais para perceber o que eu sinto por ele, mas que pena, a gente não manda no coração. Bem que eu gostaria de dar uns tabefes no meu. – desabafo e Remus gargalha com a minha última frase.

Ele coloca um braço em volta do meu pescoço e me abraça de lado. Encosto minha cabeça na curva de seu ombro e nós ficamos por um tempo assim, sem dizer nada apenas lambendo nossos sorvetes e admirando o movimento dos carros a nossa frente.

— Eu vou te ajudar – ele quebra o silêncio e eu levanto o pescoço para encará-lo.

— O que?

— Eu vou te ajudar.

— Como assim? – me separo dele a fim de fitar o seu rosto e captar todas as suas feições para poder decifrar aquela frase fora de contexto.

— Austin é meu amigo, quero dizer, eu converso com ele mais do que você. Posso mencionar você em um de nossos assuntos e saber o que ele pensa a respeito. Resumindo, vou te ajudar a conquistá-lo.

Eu.

Não.

Acredito.

Tinha o melhor amigo do mundo.

Com a ajuda de Remus certamente seria mais fácil. Como ele podia estar tão disposto a fazer isso por mim?

— Ah, meu Deus! Você não existe! – pulo em seu pescoço lhe dando um abraço de urso e ele retribuiu de imediato.

E se algum dia me perguntarem se é possível que anjos venham a Terra em forma de seres humanos? Eu direi que sim.

A prova disso tem nome e sobrenome.

Remus John Lupin.


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Notas finais do capítulo

Hey, again!! Então mi parças, agora a fic vai começar para a Dorcas hahahaha. A fic começa para a Lene no próximo capítulo (se eu não me engano) e a Lily ainda no próximo sucessivamente. AGORA O CIRCO VAI PEGAR FOFO! OPS, FOGO!
Mas então, eu queria saber se vocês tem alguma sugestão para me dar sobre esse trio aí (Remus, Dorcas e Austin) algumas situações que voces queiram ver na fic ou coisa e tal hehehehehe :)
Segundo: voces querem que eu mantenha os apelidos? (Prongs, Padfoot e Moony) Ou eles se chamando pelos nomes tá bom?
E terceiro: amo vocês!
É isso pessoas, pretendo atualizar o + rápido possível, mas nunca se sabe...
Bjussss ♥ e me perdoem por qualquer erro ortográfico - eu não revisei.
Bye, mores.



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