Amadurecer escrita por Lohrah


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Meu Deus, eu não posto aqui há um milhão de anos. Bem, isso precisa ser corrigido (eu acho). Coloquei essa história como terminada, embora eu possa acrescentar mais alguns capítulos... Faz sentido? Enfim, Eu sempre penso em como seria James amadurecendo. No momento, eu só quis que ele passasse de algo pequeno e egoísta - seu suposto amor por Lily Evans - até chegar em coisas mais sérias, como a guerra, o luto, a perda e tudo o que há de nobre. Veja se vale a pena... Até!



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Não era nada como seus pais disseram. Não era nada como os livros mostravam. Não era nada como ele imaginava. Não. Estar apaixonado não eram fogos de artifícios e uma vida cor de rosa, talvez fosse quando correspondido. Mas o amor platônico...

Ele sentiu que todo o ar faltava dos seus pulmões, ácido corroía não só seu estômago, mas todo o seu corpo. Era um sentimento ruim, desesperador. Ele fechava os olhos por alguns instantes, tentando sair dali e fingir, toda noite, que não importava. Não importava que ela o odiava, não importava que ela mal falava com ele, não importava que ela estava saindo com Edgar Bones, da Lufa Lufa. Não importava que seu coração parecia sangrar fora do peito.

Era bem feito. Talvez. Ele sempre zombou de idiotas apaixonados, de garotos sensíveis e sonserinos. Ele foi cruel - embora não gostasse de admitir - com Snivellus no ano passado. Ele não era cruel, os marotos não eram maus, então, por que ele fez aquilo? De alguma forma distorcida e nauseante, foi por causa dela. E também foi por causa dela, em parte, que ele correu para salvar o seboso na noite em que o idiota se esgueirou para o Salgueiro Lutador.

Se ele tivesse a chance de estar com ela do jeito que o outro teve... James não iria decepcioná-la, ele se contentaria com qualquer migalha que ela jogasse. Mesmo que isso o matasse por dentro. Uma risada musical, seguida por uma mais baixa, grave e que lhe dava nojo, o fez apertar os dentes com força. Os nós dos seus dedos estavam brancos, enquanto ele estrangulava as tiras da sua mochila. Aquela não era uma visão que ele gostaria de ter logo de manhã. Não era uma boa visão em nenhum momento do seu dia.

Ele estava exausto. Tão, tão cansado. Seu lábio tinha um corte horrível (cortesia dos treinos intensos que vinham tendo), havia outro em seu queixo e um nas costelas que era o responsável pela sua falta de ar. Mas, não, eles não vieram de jogos divertidos ou amassos quentes. Eles vieram de um lobisomem. Não que isso o fizesse especial, Sirius também estava horrível e Remus... Bom Merlin, Remus parecia ter voltado da morte. Como um zumbi.

Assim, além do seu corpo exausto, seu coração era um idiota e seu cérebro estava em curto. James deveria voltar para a cama e dormir por, no mínimo, três dias. Ele não podia, não, porque ele era um masoquista.

Seus dedos cavaram com força em seu braço, sem se importar com sangue ou dor. Era uma doce tortura vê-la ali, sorridente, olhos verdes brilhantes, com um cara que não era ele. Pads tinha razão, ele tinha sérios problemas. Algumas pessoas o cumprimentaram, sorrisos radiantes, mas ele não estava no clima. Suas mãos começaram a tremer e ele fechou os olhos por mais alguns instantes. Não deveria tê-los abertos, não para encontrar Lily e Bones se beijando.

Ele se levantou de um salto, fazendo o máximo possível para correr dali e ir para o dormitório. Os rapazes estariam lá. Ele estaria seguro, por hora, com seus amigos. Até que sua mente se voltasse para ela e, ele sabia, para os pesadelos envolvendo os dois que viriam. Quase perto da porta principal, ele trombou em alguém, sua mochila caindo com um baque.

James queria gritar. Ele queria bater, explodir, socar alguém. Azarar alguém. Azarar... Ela o odiava por isso, não é? Ele forçou um pedido de desculpas por entre seus dentes, mas a outra pessoa não estava prestando atenção nele. Não. Severus Snivellus Snape estava olhando fixamente para um ponto atrás de James. Não que ele precisasse se voltar para ver, era óbvio para quem o seboso estava olhando. O rapaz de nariz bem comprido estava tenso, suas mãos fechadas em punho, puro desgosto escrito em suas feições.

James Potter e Severus Snape não tinham nada em comum. Eles não eram amigos, eles acreditavam em coisas completamente diferentes e odiavam diferentes coisas também. Mas ali, naquele momento, tudo o que James viu era alguém como ele. Alguém com os mesmos sentimentos que os dele. Alguém que amava a mesma garota que ele amava. A mesma incrível garota.

Quando, finalmente, Snape olhou para ele, suas feições mudaram de surpresa para desagrado puro (menos do que quando estava olhando para o casal lá). O rapaz resmungou alguma coisa, cuspindo com nojo para o grifinório. James podia ver de longe o que o outro queria. Uma briga. Algo para descontar sua raiva, seu ciúme. E, por mais que ele teria entrado nessa sem pensar duas vezes antigamente, James recuou dois pequenos passos.

Talvez tivesse valido a pena só pelo olhar do Snivellus. Ele parecia crente que James havia sido abduzido ou só recebeu um balaço muito forte na cabeça. Não importava Não importava que o salão inteiro estava olhando para eles, para ele, esperando por alguma piada, alguma brincadeira qualquer.

James se lembrou da sua mãe, seus olhos castanhos ternos e amorosos,seus abraços fáceis e seguros, suas rugas e linhas de preocupação. Ele se lembrou da voz dela, das coisas que ela dizia, sobre como era importante, em tempos como aquele, dar e sentir esperança. Ela dizia que James era bom nisso - ele duvidava. Ele se lembrou daquela noite, dos olhos do seu pai, da dor que havia neles, da notícia que sua mãe nunca mais voltaria. Não haveria mais abraços, sorrisos ternos, afagos carinhosos, não mais a sua melhor plateia, a que mais se divertia com suas pequenas brincadeiras. Havia seu pai, que era um homem bom, mas que vivia dizendo que James precisava crescer. Amadurecer.

Ele teve alguns momentos. Ajudar Remus, ajudar Sirius, ajudar Peter. Mas, era fácil ajudar os três, não era? Era fácil ajudar seus amigos. Sua mãe dizia que ele era um menino bom, um menino generoso. Talvez fosse tempo de viver assim, de viver de acordo com as crenças que ela tinha sobre ele.

Ele arriscou um olhar - apenas um breve e rápido - para trás. Lily olhava, com tensão evidente em seus ombros, para eles. Ela o encarava como se uma segunda cabeça tivesse nascido nos ombros dele. Não que ele pudesse culpá-la. James Potter não recuava.

Ele se lembrou das palavras de Dumbledore, no discurso de retorno, palavras de encorajamento, de confiança, de fé. Ele se lembrou de Regulus Black, das irmãs Smith (as duas morreram de uma forma horrível dias atrás), da neve que caía pesadamente lá fora. Ele amava a neve, assim como sua mãe. Ele amava, amou, sua mãe. Mais do que conseguia expressar, chegava a ser palpável, sólido. Era bom, contudo, ter alguém para partilhar seu luto, mesmo que relativamente menor. Sirius poderia ser um Black, mas ele amou sua mãe quase da mesma forma que James.

Havia uma guerra lá fora. E ele estava ali, sofrendo de coisas ridículas como amor e vontade de azarar o idiota à sua frente. Amor não deveria ser assim. Talvez, e não seria a primeira vez, ele estava fazendo isso errado. Teria que pensar sobre isso. E, ainda assim, pessoas estavam morrendo lá fora. Pessoas estavam sendo torturadas.

Ali, com aqueles pensamentos em sua cabeça, James pensou no quanto ele era pequeno. No quanto sua birra com Snivellus era tola. No quanto seus ciúmes eram estúpidos (Evans não estava casada, ele não perderia a esperança ainda). No quanto ele deveria ser grato. Merlin, ele gostaria que sua mãe o visse agora, todo sério e fazendo o que era certo - ele iria vomitar. Depois disso, ele estaria acordando seus três melhores amigos e eles iriam beber alguma cerveja amanteigada em Hogsmead (sim, eles sairiam escondido). Com um esforço não tão grande quanto ele imaginava, James puxou sua mochila e forçou as palavras por entre os dentes.

"Desculpe, eu não estava olhando".

Amadurecer não era fácil. Ou rápido. Mas era doloroso como o inferno.


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Notas finais do capítulo

Hmmm... Agora eu realmente queria torradas com molho de alho e chá mate. E o que você está comendo nesse instante? Eu também seria capaz de matar por um hot Philadelfia. ♥



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