Give me love. escrita por MoonPie


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Entao, segundo capitulo pq fiquei meio animada com a historia! Espero que esteja legal...!



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Una abre os olhos, são três horas da manha ainda, mas ela sentiu um impulso de levantar, o que só pode significar que ela tem trabalho a fazer. Levanta e coloca a mesma roupa que usava antes, uma regata branca larga e uma saia jeans desfiada, acrescenta uma meia calça meio velha e rasgada em alguns pontos e um coturno, pega sua bolsa aljava e sua flecha, ajeitando-as entre as asas e sai pela porta, deixando o pequeno apartamento que seu pai mantinha. Olhou o celular e fez uma busca rápida nos mapas para saber aonde ela deveria estar Eros sempre mandava localizações de festas e possíveis locais propícios para um encontro.

No caso de hoje, uma festa subterrânea, quatro quadras daqui. Começou a andar, as ruas estavam calmas e silenciosas, parecia até que alguém havia pausado a cidade e só ela continuava no play. Una não gostava muito de lugares sem ninguém, isso sempre dava a chance de sua cabeça se encher de pensamentos que não eram sobre corações alheios, mas sim sobre ela mesma, ela não gostava desses pensamentos.

Em momentos como esse, ela se sentia mais triste e solitária do que o normal. Vivia em constante mudança de opinião se amava ou odiava o que fazia, ela adorava causar o amor nas pessoas, acertar seus corações e ver a confusão em seus olhos, mas que depois se tornava uma alegria imensa achava hilário quando a flecha não correspondia, ou se quebrava mesmo isso dando certa raiva porque era um trabalho perdido, a pessoa que não tinha a flecha correspondida iria sofrer e vagar pelo mundo ate achar outra pessoa que a curasse. O amor não era fácil, ele era duro e cruel na maioria das vezes, e Una sabia muito bem disso.

Só ser acertado por ela não significava que as pessoas seriam agraciadas com um amor perfeito e sem defeitos nenhum, muito pelo contrario, o amor aproxima tanto as pessoas que revela seus maiores temores, defeitos e problemas, causa dependência às vezes, e a pessoa sente a necessidade extrema de estar ao lado da outra em todos os momentos, mas em nenhuma parte foi dito que isso tudo era algo ruim. O amor é imperfeito, mas é belo. Faz as pessoas sentirem coisas que elas nunca imaginaram, faz com que elas fiquem bobas e alegres ao ver a pessoa amada, faz com que todos se sintam incríveis.  E ela queria se sentir assim. Deuses como ela queria! Mas ela sabia que isso não era possível, seu pai havia deixado bem claro que isso não acontece com seus filhos.

“Amar é sofrer, não amar é sofrer” pensou as palavras de um filme do Woody Allen.

Una retirou uma flecha da bolsa e a analisou, ela era tão bonita! Totalmente feita à mão por ela, palavras em grego antigo entalhadas na haste, com a pena das suas asas na ponta, segundo seu pai era onde estava a fonte de poder, em suas penas. O amor doía, e ela sentia isso, mas não do jeito que queria.

 Já estava na entrada da tal festa, e precisava chegar preparada. Limpou as lagrimas que ela havia deixado escapar, e olhou para os lados com medo de que alguém pudesse ter visto aquela cena, prendeu seus cabelos em um coque mal feito, arrumou seu arco e abriu a porta do clube, que dava direto em uma escadaria que descia infinitamente, ou pelo menos era essa a impressão que passava. Una começou a descer as escadas, com a mão livre roçando na parede de leve, como que para se orientar no escuro. Chegou ao ultimo degrau e levou a mão para frente, tateando encontrou a maçaneta de outra porta, e ao abrir foi inundada pelas luzes fluorescentes e uma batida eletrônica muito alta. Adentrou o recinto e foi caminhando com certa dificuldade entre as pessoas que se mexiam dançando, pulando, se agarrando, ela não pode conter um sorriso, adorava essa modernidade de beijar varias pessoas desconhecidas em lugares como esse e não se importar com nada.

Foi ate o bar e pegou uma cerveja para ela, deu um gole e sentiu o gosto amargo na boca dela, fez uma leve careta ao engolir e riu de si mesma depois disso. Encostou-se à parede de pedra e passou a observar as pessoas em volta, procurando quais seriam suas vitimas, seu olhar captou logo um casal, eles conversavam ali perto, na mesma parede onde ela estava, firmou os olhos neles e percebeu que sim, eles eram um casal. Estava escuro e seria difícil mirar ali, mas ela sempre acertava. Preparou o arco, puxou a flecha, fixou o olhar na garota baixinha que abraça o pescoço de um garoto bem mais alto, ela estava na ponta dos pés, respirou fundo e soltou a corda, certeiro, como sempre. Já preparou a flecha par e atirou em direção ao garoto, que sorriu assim que foi acertado e beijou a menina. Una sorriu para eles, os olhos ardendo um pouco, olhou para cima para afastar as lagrimas, ela não ia dar uma dessas agora. “Passou. Para com isso.” Ela pensou, e voltou a olhar para as pessoas em volta, se distraindo o suficiente para que as lagrimas sumissem.

Como em um flash, ela visualizou duas meninas indo em direção à porta, e ela sabia que teria de segui-las. Começou a abrir espaço entre as pessoas, tentando chegar à saída, não podia perder as garotas. Sentiu alguém esbarrando nela, o mesmo alguém a puxou pelo braço, querendo se desculpar, ela olhou para a pessoa que a puxava e viu o mesmo garoto de ontem, ela revirou os olhos, não podia acreditar nisso.

—Eei, desculpe por trombar em você! – ele gritou um pouco perto do ouvido dela.

—Tudo bem. – ela gritou de volta, já se virando para ir embora.

—Meu nome é Arth! – ele sorriu para ela. –Acho que já te vi antes.

—Creio que não. – ela respondeu indo embora.

Ele foi indo atrás dela, não ia arriscar perder de vista à garota que tinha visto ontem, ele sabia que era ela. Seria coincidência demais eles se encontrarem de novo e ele deixar isso passar novamente. Tocou no braço dela, fazendo-a parar e olhar pra ele, uma de suas sobrancelhas estava arqueada, como se ela estivesse irritada.

—O que? – ela perguntou, olhando feio para ele.

—Você não me disse seu nome... E eu gostaria muito de saber...

—Acredite você não precisa saber meu nome. – ela deu um sorriso frio para ele, mas isso não o afastou.

O sorriso dela era frio como o gelo, e passava a clara mensagem de que ela o cortaria com os dentes caso ele ousasse chegar perto. Ele se afastou, deu um sorriso triste para ela, que reagiu com um rosto serio e nem um pouco comovido com a tristeza do garoto.

—Tudo bem, foi um prazer te conhecer! – acenou e saiu andando.

Una estava um pouco atordoada com a cena, era muito difícil pessoas interagirem com ela, e quando acontecia ela não sabia reagir ao ocorrido e costumava se mostrar fria e grossa para que as pessoas não sentissem vontade de continuar a interação. Mas esse garoto era a segunda vez já.

“Vamos lá, eu não tenho tempo para pensar nisso. Preciso encontrar aquelas garotas.” Ela pensou, afastando a imagem do garoto da sua cabeça e saindo do lugar.

Assim que fechou a porta atrás de si, a musica sumiu, as luzes desapareceram, e a escuridão total da escadaria a invadiu novamente. Ela olhou para cima, já desanimada, querendo sua cama, e começou a subir.

Ao chegar de volta na rua, seguiu seus instintos e começou a correr na direção da ponte que havia lá perto, e então avistou as meninas, as duas se ajudando a andar, estavam bêbadas e riam alto, Una se aproximou devagar, já com o arco preparado e mirou nas costas de uma delas, na altura do peito, acertando. Repetiu o processo com a outra, e logo as duas garotas se olharam, rindo, e uma foi chegando mais perto da outra, os lábios se encontrando e mais um trabalho concluído.

Ela não ficou pra ver a cena toda, virou as costas e saiu andando. Já tinha chorado demais hoje, não precisava mais disso. Ela só queria sua cama.

                                                ***


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Notas finais do capítulo

Obrigada messsmo quem leu ate aqui! E obrigada a pessoa maravilhosa que deixou um comentario no primeiro cap! Voce fez uma pessoa feliz shsh



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