Beirando ao desespero da felicidade escrita por Jack O Frost


Capítulo 1
Olhos castanhos




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Como poderia começar dizendo que estava disfarçado de menino para poder lutar? Na verdade, como poderia puxar tal assunto para seus sentimentos... Seus sentimentos que escondeu por todos os anos que treinaram juntos e lutaram contra. Olhava para seu próprio reflexo no espelho. Os olhos belamente azuis, o nariz levemente arrebitado e os cabelos louros... E curtos. 

Seus belos olhos azuis se estreitavam e pareciam soltar faíscas azuláceas, o olhar se tornava ferino e selvagem... Olhava para o lenço vermelho que mantinha, sempre, em volta do pescoço e o olhar se suavizava. Se soubesse o volume dos seios, que por mais que fosse pequenos, eram escondido por aquele lenço vermelho e roupas grossas. 

Quando seu plano por se vestir de homem viera a tona para seus amigos, todos lhe disseram para tomar o devido cuidado para não ter os sentimentos fraquejados... Como poderia ganhar contra o ruivo agora? Ou treinar do mesmo modo? Depois de...

Era socos de brincadeiras e empurrões no saco de treinamento. Hwoarang ria e socava o saco com bastante força, embora soubesse que ele estava mais brincando do que treinando. O olhar brincalhão e esperto estavam ativados. Quando seus chutes quase tocavam na mesma altura que sua cabeça, ele gargalhava e dava socos no ar enquanto girava com um pé curvado, no ar. Batia palmas para o ruivo e sorria levemente para ele. Pegava uma garrafa de água com gás, o favorito de nós dois, que estava nos bancos e caminhava até ele. Ele parava de girar e deixava que seus olhos castanhos me encarassem de volta, onde ele fazia uma leve "mesura" e ria de leve, puxando a garrafa da minha mão. O suor escorria de sua testa e parecia se localizar na ponta do nariz, onde pingava sobre a camiseta. Olhava para a camiseta branca, toda suada e nada mais a esconder... Ele me olhava de volta e piscava para mim, jogando a garrafa para mim. 

Surpresa, deixava a garrafa cair e totalmente - ou talvez seria tolamente? - sem jeito, escorregava em alguma coisa e, sabendo o que aconteceria, fechava os olhos. O baque do meu corpo contra o chão não veio, o que havia vindo era uma pressão no pulso e logo mais um puxão forte. Abria a boca para gritar de susto - e uma grande quantidade de surpresa -, mas deixava que meus lábios fossem mordido pelos dentes. Ao abrir os olhos, o que foi feito em uma lentidão tremenda, notava que o ruivo me encarava preocupado. A testa e entre as sobrancelhas, estava enrugado.

Queria sumir ou morrer, o que viesse primeiro. 

— Leo, você esta bem?

O empurrava para longe quando seu outro braço me rodeava a cintura e me puxava para mais perto, obviamente querendo ajeitar meu corpo e não com outras intenções... Mas seu braço havia tocado um pouco abaixo do lenço, a cor deste era preto, e havia me assustado com o toque na região que mais escondia. Mas a burrada já havia sido feita, no momento que o empurrava, meu pé tocava na garrafa de água que ainda estava no chão e voltava a cair, dessa vez sem o ruivo para me segurar. 

Conseguia ouvir Hwoarang gritando meu nome, mas o baque já tinha sido dado. E a colisão contra minha costela e minha cabeça já tinha acontecido, era tarde demais para me arrepender. 

Desviava o olhar do espelho e olhava para a roupa que usava. Uma camisa de linho verde, suficientemente larga para esconder a faixa que escondia os seios. Uma bermuda masculina, até os joelhos, preta e sandálias. Na verdade, quando havia entrado na ala de treinamento, havia sido chamado de criança para baixo. A altura não era de um garoto de vinte e três anos, mas a força era suficientemente forte para calar a boca de todo mundo. Hwoarang havia sido um dos que havia implicado, mas logo nos tornamos amigos... 

Olhava para a porta entreaberta e corria porta afora. Esbarrava em alguns competidores e saia pedindo desculpas no meio da corrida. Se ouviam ou não, não me importava nem um pouco. Precisava vê-lo e pedir desculpas pela grosseria. 

Parava em frente a sala de treinamento, a respiração ofegante e as mãos apoiadas nos joelhos. Não queria olhar pelas janelas da porta, mas também não queria ser encontrada daquele jeito. 

Quando ia empurrar a porta com a mão, a mesma se abria e Hwoarang me encarava surpreso. Olhava para os olhos castanhos e tentava sorrir como sempre fazia, mas tudo o que conseguia era um imenso sorriso amarelo. Ele fazia uma careta engraçado, parecendo querer rir, mas se controlando muito. O estilo "bad boy" realmente não combinava com ele.

— Podemos conversar?

Alguns competidores nos olhavam e se cutucavam, gritavam e batiam em algumas coisas. Jin olhava para nós dois, bufava e virava as costas. 

Hwoarang olhava para os competidores e encarava um a um. Ele voltava a me encarar e dava de ombros para os outros, ele esticava a mão e me oferecia. Aceitava, com muita vergonha do contato, e me ajeitava. 

Ao mordiscar levemente o lábio inferior, notava que estava machucado. Droga, deveria ter machucado quando havia esbarrado pela primeira vez. Começava a seguir o ruivo e ignorava alguns olhares para nós, outras risadas e alguns cutucões no ruivo. Ele apenas sorria e dizia um "Não é nada disso" ou "Cala a boca". Olhava para o corredor e sabia que o lugar mais privado que conseguiríamos, seria o quarto dele ou o meu. 

Segurava o braço musculoso do coreano e o olhava rapidamente, desviando o olhar e corando rapidamente. Céus, acho que preferia morrer agora.

— Vamos para o seu, ok?

Ele não dizia nada contra, apenas assentia e não afastava o braço do toque dos meus dedos. Quando ele voltava a caminhar, lentamente, deixava meus dedos soltarem seu braço e meu olhar cair sobre sua parte traseira. Como nunca havia reparado que o coreano era avantajado ali? Corava com o pensamento e desviava o olhar para algumas meninas que passavam pelo nosso lado e sorriam para Hwoarang e me encaravam de cara feia. Desviava o olhar delas e me concentrava nos ombros largos do coreano. 

"Pelos deuses, de onde esse coreanos tiram esse corpos?" 

Esbarrava no ruivo quando ele parava em frente a uma porta com uma placa de "Stop". Sentia vontade de rir, pois ele não possuía o jeito bad boy. Não mesmo, negativo!

Hwoarang empurrava a porta com o ombro e a segurava com o pé. As botas de motoqueiros pareciam ser sua marca desde quando o havia conhecido, alguns anos atrás. Entrava no quarto e soltava uma exclamação, pois era totalmente organizado...

— Você não parece nem um pouco organizado... - Chutava o pé da cadeira e ouvia o som estridente que ela dava. — Mas olha só para esse quarto! 

Ele assentia e se jogava sobre a cama, olhando para o teto do quarto e - fingindo - me ignorando. 

Deixava que meu corpo se esparramasse na cadeira que havia chutado, minhas costas doíam levemente e fazia uma careta, o que não passava despercebido pelo mais velho. Olhava para ele e sorria, de uma forma abobada. 

— Me desculpe por ontem... - Era somente isso que iria dizer a ele? Nada mais? Bufava para mim mesma, desviando o olhar dele. — Realmente, me desculpe. Acabei me machucando por ser idiota e sendo grosseiro também. Sinto muito, mesmo. 

Hwoarang se sentava e apoiava o rosto nas mãos, o olhar parecia levemente perdido.

— Na verdade, eu estava mais preocupado do que chateado.

Olhava para ele, arrastava a cadeira com os pés e me aproximava um pouco mais, ficando de frente para ele.

— Eu não sei como dizer isso... - Mordia o lábio machucado e gemia dolorosamente, desviando o olhar para baixo. — Eu...

Ele me olhava com expectativa.

— Sou - Ele aproximava o rosto mais um pouco, totalmente curioso. — uma menina. 

Sem saber como reagir depois de dizer tal coisa, me encolhia e fechava os olhos. Conseguia ouvir que Hwoarang se mexia e muito, ouvia sua respiração ser solta e novamente sons de movimentos. Deuses!

Abria um olho e corajosamente, o encarava levemente. Quando ele me olhava de volta, fechava o olho e fingia a mesma posição de novo.

— Olha, se quer usar isso como algo... Não sei. 

Olhava para ele e ficava mais perdida do que já estava antes. Ele havia entendido? Ele já sabia?

— Como?

— Olha Leo, sei que não gosta de tomar banho com outros caras e que também não gosta de ser tocado e agarrado como a maioria dos caras fazem, mas isso é exagero... Se você for gay, eu levo na boa. - Ele parecia tão sincero daquele jeito.

Sem a intenção, escorregava da cadeira e caia rindo no chão, tapava minha boca com a mão enquanto gargalhava tão alto que o prédio inteiro poderia ouvir. Deixava que meu corpo se encolhesse e se esticasse, sem qualquer controle algum. Algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas não me importava. Depois de algum tempo, as risadas iam diminuindo e uma pequena depressão se apossava do meu corpo. Me sentava escorada na parede e olhava para as canelas de Hwoarang.

— Porque acha que não gosto dessas coisas todas que citou? Porque talvez todo mundo notaria que tenho seios diferentes e falta algo entre minhas pernas? Bem, pode ser. - Não o olharia agora e nem nunca.

Ele ficava quieto. Conseguia sentir o olhar surpreso sobre meu pequeno corpo, e por mais que tentasse evitar, não conseguia não me encolher e nem sentir calafrios. Estava apavorada.

— Porque foi fazer isso? - Olhava para cima, por um breve momento. — Sabia que se alguém descobrir, eles podem te agredir feio? Pelo amor de Deus, Leo! 

Virava o rosto para a porta e me encolhia.

— Não tinha escolhas, sabe? Eu queria lutar, minha cidade não tinha nada mais para me fazer lutar e... Eles só pediam por garotos.

— Eles não fizeram nenhum teste e nem te... Tocaram?

Negava, voltando a olhar para ele. Suspirava baixo e me erguia do chão. Esticava os braços para cima e parte da minha cintura ficava a mostra. Quando notava o olhar de Hwoarang, arrumava a camisa verde e desviava o olhar.

— Como você esconde?

— Amarro uma faixa em torno dos seios e uso roupas largas ou grossas. 

Ele continuava olhar para o local da minha cintura, parecendo se perguntar um monte de coisas. Mordia o lábio levava a mão a boca. Gemia um baixo "que merda" e me sentava de volta.

Hwoarang saia de cima da cama e corria para o banheiro. Voltava com um kit de remédios e empurrava minha cadeira mais para frente. Observava o ruivo voltar a se sentar na cama e se inclinar em minha direção. Seus ombros nus faziam meu rosto querer pegar fogo e algo entre minhas pernas se agitar. Quando ele pegava um algodão e começava a cutucar o machucado no lábio, me movia para trás e ele me puxava pelo pulso com força, nossos rostos quase se colavam.

— Dói.

Ele assentia como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Eu gosto de você, Hwoarang. 

Alguma coragem tinha que tirar. E ele era o único ali dentro a saber sobre quem eu era realmente. Ele me olhava rapidamente e voltava a cuidar do machucado, ele nada dizia. O olhar parecia tão focado e tão concentrado que parecia me deixar congelada, mas ao mesmo tempo pegando fogo.

— Eu realmente, realmente gosto de você, Hwoarang.

Ele me olhava, dessa vez mais demorado e sorria de canto. Ele movia a cabeça de um lado para o outro e voltava a cuidar do machucado. Não doía mais, o que era totalmente estranho.

— Estava começando a me sentir estranho por gostar de um homem... Do mesmo tamanho de uma mulher, mas mesmo assim... - Ele não me olhava, apenas continuava a fazer o que tinha começado. 

Olhava para baixo e notava as veias de sua mão, o modo como sua mão não tremia e o mesmo modo que ele parecia tão calmo em confessar algo. Queria ter tido a coragem e a calma de ter dito do mesmo modo... E não de um jeito que beirava ao delírio. 

— O que faremos? - Perguntava a ele, mas não sabia exatamente ao quê. 

— Talvez podemos começar a namorar ou derivados... Mas ninguém pode saber. Continuaremos nosso treinos, mas por favor, pare de me rejeitar na frente de todo mundo. - Olhava para ele, piscando algumas vezes. — Eu tenho um orgulho também, sabe? Mesmo quando vou te ajudar, você me empurra ou fala de um modo grosseiro.

Ele havia parado de limpar o machucado, passava a língua no local quando ficava tempo demais olhando para a boca do coreano. Deuses, o sentimento poderia ser correspondido assim?!

Sem pensar se doeria o machucado ou não, o puxava pela regada e colocava nossos lábios. No inicio, Hwoarang havia permanecido rígido, ele estava tão parado e duro... Mas logo seus braços me puxaram para seu colo e o beijo foi se tornando o beijo dele. Sua língua invadia minha boca sem uma permissão, ele se esfregava contra meu corpo e suas mãos adentravam embaixo da camisa verde. Gemia seu nome e ele afastava o rosto um pouco, sua respiração totalmente ofegante.

— Talvez deveríamos tomar cuidado com isso. - Ele parecia mais gemer do que dizer as palavras normalmente. O canto de seus lábios sorriam. 

Assentia para ele, selando-lhe os lábios levemente. Nem havia notado quando minha mão foi parar em seu pescoço e a outra em seus cabelos ruivos. 

— Meu... - Mordiscava a boca do ruivo, onde o ouvia rir. — Vou sair por agora...

Ele segurava minha mão e olhava para o meio de suas pernas. Ria baixo e saia de seu colo, soltando sua mão da minha.

— Tchau, Hwoarang.

Ele se jogava na cama e suspirava alto.

Ria baixo e corria porta afora.

Estava feliz. Na verdade, estava beirando ao desespero da felicidade. 


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