Paraíso escrita por TopsyKreets


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/728408/chapter/1

Paraíso

 

 

Ela não queria abrir os olhos.

 

Não sabia o porquê. Mas tinha medo do que viria a seguir.

 

 

....

 

 

Marco encostou seus lábios nos dela.

Star sentiu o calor do seu corpo. A brisa doce que vinha de algum lugar próximo.

Ela estava muito confortável ali. Sentia o calor do sol lhe queimar as bochechas. Era difícil evitar a vontade de dormir um pouco.

 

— Só mais uns minutinhos, por favor.

— Não, tá na hora. Abra os olhos.

— Eu não quero.

— Por que não?

 

Star deixou uma lágrima escorrer.

 

— Se eu abrir.... Você vai sumir.... De novo.

 

Marco riu e repetiu o beijo, só que dessa vez na testa.

 

— Eu prometo que sempre vou estar aqui. Agora, abra os olhos, tá bem?

 

Finalmente, ela abriu.

Star estava deitada no colo de Marco. Por sua vez, ele estava com o corpo apoiado em um carvalho monumental. Ela podia sentir a grama debaixo dos pés. Ainda estava úmida com a chuva.

E era só isso. Um gramado sem fim, para onde quer que olhasse. E bem no centro, no centro do que mais parecia ser um afresco de Monet, estava o carvalho.

 

E bem debaixo dele, os dois. Abraçados.

Estavam com quinze anos de novo. Não havia marcas da guerra.

 

 

Não havia sentimento de luto.

 

Não havia mais nada. E para ela, não precisava haver.

Estava perfeito do jeito que estava.

 

— Viu – Ele disse – Ainda estou bem aqui.

 

Ela se inclinou e o beijou mais uma vez. Segurou firme na mão dele.

 

— Só pra confirmar. Nunca se sabe.

 

 

....

 

 

— Temos que conversar.

— Espero que seja sobre café da manhã – Disse Star – Eu tô louca por uns waffles.

— Você tem que decidir o que fazer a seguir, Star.

— Eu já disse, sua besta. Waffles.

 

No fundo do seu ser, ela havia entendido. De verdade.

Mas queria que a ilusão durasse um pouco mais.

 

— O que quer que eu seja, afinal?

 

Marco a abraçou mais forte. Escondeu o rosto dentre os cabelos dela. Sabia que se ela o visse chorar naquele momento, talvez não o levasse a sério.

E era muito sério.

 

— Devassa ou rainha. Mercenária ou heroína. Não importa. Pode escolher ser todas elas, ou nenhuma delas. Mas você tem que escolher sozinha. Eu não posso fazer isso por você.

— Então, não existe um grande plano mestre pra mim?

 

Ele finalmente levantou o rosto. Estava encharcado. Mas não conseguiu evitar o riso.

 

— Não, sua anta, não existe plano mestre pra ninguém. Esse é o ponto.

 

 

....

 

 

Era a vez dela esconder o rosto no colo dele. A vez dela de chorar.

 

— Então eu quero ficar aqui. As coisas não precisam mudar. Eu escolho você.

— Star....

— Eu já disse. Eu escolho você. Não me faça te bater. Por que se for preciso, se for realmente preciso, eu vou te surrar até fazer você entender.... Que eu.... Que eu....

 

Não conseguia mais falar. Não poderia. Começou a bater forte no peito de Marco, ao mesmo tempo que não tinha mais forças pra lutar.

 

E pela última vez, os lábios dele tocaram os dela. As lágrimas dele se misturaram as dela.

 

Os sentimentos deles, uma última vez, eram um só.

 

— Tem um alguém que precisa mais de você. Muito mais.

— Quem?! QUEM?! Quem precisa ais de mim do que eu de você?!

— Você vai descobrir. Eu eu vou estar lá pra ver, eu prometo....

 

Marco se levantou. Começou a se afastar. Star tentou levantar, mas não conseguiu.

 

Sem poder me mexer, a última coisa que pôde fazer foi urrar.

 

— VOCÊ PROMETEU QUE NÃO IA ME ABANDONAR!

 

E sem se virar, ele respondeu.

 

— Eu menti.

 

 

....

 

 

Star abriu os olhos.

 

Estava exaurida pelo esforço. Perdera muito sangue no processo. Porém, podia sentir o aperto forte na mão esquerda. Era Tom. Estava sentado na cadeira ao lado.

É até meio redundante dizer que Tom estivesse ao seu lado.

Desde que se casaram, sempre estivera. Ele revelara ser um conselheiro de valor.

 

De dentro de 2 min, passaria a ser também, um pai coruja.

 

A Enfermeira retornou com a criança. Pela primeira vez, Star segurava o bebê nos braços.

Ele era gordinho. De pele avermelhada, pequenos chifres não tardariam a crescer.

Todavia, ele tinha os olhos azuis da mãe.

 

Ela beijou o filho. O primeiro de muitos beijos que estavam por vir.

 

— Ele é a sua cara, Tom.

— Que isso, não condene o menino antes do tempo. Quem sabe, talvez ele fique mais parecido com você quando crescer.

 

 

....

 

 

— Eu sei que nome você quer dar a ele. Tudo bem, vai em frente.

 

Star ficou boquiaberta.

 

— Tem certeza? Certeza mesmo?

— Claro – ele respondeu – Acho que combina.

 

Ainda deitada, a rainha –  mãe ergueu sua prole o máximo que conseguiu.

 

A criança lhe sorriu.

— Meu querido Marco. Seja bem-vindo, amor.

 

 

....

 

 

Marco Diaz, sentado perto da janela, assistira toda a cena.

 

— Sacana, podia ter escolhido nome melhor.

 

E sumiu para todo o sempre, com seu brilho se misturando a luz do luar.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!