A Cinderella Story escrita por Queen Of Darkness


Capítulo 18
Capítulo 18




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– Ai cara, eu to nervoso. 
– Mas é claro que você ta nervoso, você vai dizer à sua namorada que você... 
– Oi? 
– Nada. 
– O que vocês tão aprontando, cara? 
– Tom, sério, o que faz... Não, Daniel Jones, se você preza por sua vida, não encoste nisso! 
– Ah Harry, qual é? Tem mensagem da sua namoradinha aqui, é? 
– Deve ser da Eliza. 
– Calem a boca, seus gays! 
– Gente? 
– Harry and Eliza, sitting in a tree, K-I-S-S-I-N-G. 
– O que você ta falando, seu lésbico? E você e a Samantha, hein, hein? 
– Ah, cala a boca você! 
– Harry, você não quer vir aqui continuar me aj... 
– E o que você ta falando, Danny? Sua namoradinha odeia você! 
– A Suzana nem é minha namorada! 
– Então você assume que é a Suzana mesmo? 
– E que ela te odeia? 
– Calem a boca. 
– GEEENT...? 
– E você quer que a gente comece com você também, Poynter? 
– Mas o que... o que eu fiz? 
– É Poynter, você namora minha irmã! 
– Ela nem é sua irmã de verdade, Fletcher. 
– Ninguém te chamou na conversa, Jones! 
– Mas peraí, o que é que tem o Poynter namorar sua irmãzinha? 
– Como o que é que tem? Você ainda pergunta? 
– É Fletcher, o que tem o Poynter namorar sua... irmãzinha
Os quatro meninos, ao mesmo tempo, pararam rapidamente com a discussão e se calaram. Tom, que estava de costas, não havia percebido da onde aquela voz feminina havia vindo, por isso perguntando qual dos meninos estava resfriado o suficiente para soar como uma gazela falando. QuandoHarry cutucou Tom e apontou em direção à porta, o garoto parou subitamente de rir do próprio comentário que havia feito. 
– Voz de gazela, Fletcher? – A voz voltou a falar, e ao que se virava lentamente pelo medo, Tom pôde ver a imagem de uma menina de calça jeans, moletom largo e cinza e batendo o pé calçado por um addidas branco e largo freneticamente no chão. 
– Juh, amor da minha vida – Tom riu sem graça, indo em direção à menina e a abraçando. – Eu tava brincando, eu sabia que era você... 
– Claro que sabia, Tom, claro que sabia – Juliet respondeu, rindo também do amigo, lhe dando um beijo na bochecha e seguindo abraçada à sua cintura em direção aos outros meninos. 
Dougie sorriu assim que a viu rindo e caminhando até eles. Era incrível como ela conseguia ficar linda até com a roupa mais básica e um casaco maior que ela mesma, jeito em que muitas meninas ficariam horríveis. Assim que ela e Tom se aproximaram, Dougie já dava um passo à frente, fechava os olhos e fazia biquinho, obviamente para receber seu beijinho de bom dia. 
– Nem ouse, Poynter – Tom disse, ao que apanhava o primeiro CD que viu sobre a mesinha ao seu lado e colocava em frente ao rosto de Dougie, fazendo então ele beijar a capa do objeto. 
– Ah cara, o Poynter beijou meu CD dos Beatles – Harry reclamou, enquanto apanhava o CD das mãos de Tom, ignorando o fato de Dougie fazer cara de nojo enquanto limpava sua boca. 
– Hehe, o Dougie beijou o Ringo – Danny disse, rindo de modo idiota. – Ele é o mais feio! 
– Sério? – Harry perguntou, enquanto limpava a capa de seu CD com a manga da blusa de Danny. – Eu sempre achei que o George era o mais feio...
– Ah, também – Danny deu de ombros, sem perceber que o amigo usava sua blusa como toalha. – Mas aqui, você tem que concordar que o Paul é o mais bonito! 
– Uh, verdade, nisso eu tenho que concordar – Harry concluiu, balançando a cabeça em afirmação. 
Tom e Dougie apenas observavam a conversa, não acreditando da onde aquilo havia começado e muito menos porque estava continuando, até queJuh soltou: 
– Nossa gente, vocês preferem o Paul ao Lennon? 
Danny e Harry pareceram parar para pensar, entreolhando-se depois e concordando juntos com a cabeça. 
– Nossa, eu me surpreendo cada dia mais com a conversa de vocês – Uma sexta voz disse ao fundo, e ao que todos viraram a cabeça, viramElizabeth se aproximando deles. – Tirando você, é claro – Ela continuou, apontando para Juh. – Eu já me acostumei com as suas conversas... 
Juliet apenas fingiu uma risadinha irônica enquanto Elizabeth passou, aproveitando para mostrar-lhe a língua quando ela estava ocupada demais cumprimentando os meninos para ver. 
– Então você não deu o bolo na gente! – Harry disse, enquanto cumprimentava a menina com um sorriso que não havia dado o dia todo. Porque será? 
– “Deu o bolo”, Judd? – Juliet repetiu, rindo exageradamente da cara de Harry e Elizabeth. – Que coisa da época de quando minha vó ainda era um brotinho! 
– Poynter, o que você anda fazendo com a minha amiga? – Elizabeth perguntou ironicamente, sem conter um riso quando viu Juliet ficar roxa de tanto rir e não conseguir mais respirar, tendo então que se apoiar no corpo de Tom. – Pára de rir, sua monga! Nem foi tão engraçado assim! 
– Tão engraçado assim? Isso não teve graça nenhuma – Harry respondeu, vendo que, assim como Juliet, Eliza começava a rir exageradamente. – Porque vocês tão rindo tanto? Parem de rir! PAREM! 
– Ok, eu desisto – Tom finalmente disse, levantando os braços como se estivesse se rendendo e se desfazendo do semi-abraço com Juh. – Alguém quer pizza? 
Os três outros garotos, ao ouvirem isso, levantaram a mão rapidamente em concordância e se distanciaram das meninas, sentando no sofá enquanto esperavam que a crise de riso sem motivo delas passasse. 
Demorou em torno de cinco minutos, mas Juliet e Elizabeth finalmente conseguiram se recompor. Limpando as lágrimas por causa de tanta risada, as duas se juntaram aos meninos no sofá; Elizabeth xeretando tudo ao seu alcance e Juliet se jogando ao lado do namorado. E, ao fazer, Dougie apenas manteve seu olhar sobre ela, sorrindo tristemente. Era incrível o modo em que a namorada ria por pouco, do modo em que era alegre e cheia de vida, otimista para tudo... queria ele ser assim. Mas sabia que era até impossível na situação em que estava. E pior, sabia que faria o amor de sua vida perder essa magia feliz que tinha apenas por sua causa, e talvez fosse essa a resposta da pergunta que tanto martelava sua cabeça: porque estava demorando tanto para contar à Juliet o que deveria? 
– Você ta bem, Dougie? – Juliet chamou, fazendo Dougie sair de seu pequeno transe. Ela provavelmente havia percebido seu olhar triste, hipnotizado sobre ela, assim como Harry também havia notado. – Você ta quieto... 
– Ah, eu só to um pouco com sono – Dougie mentiu, fingindo um bocejo exagerado e tentando ao máximo ignorar o olhar reprovador que Harry lhe lançava do outro sofá em frente ao deles. – Você sabe que eu não sou acostumado a acordar cedo. 
– Mas precisa começar a aprender, né? – Ela disse, torcendo o nariz do modo, Dougie pensou, que apenas ela conseguia fazer e parecer a criancinha mais linda do mundo que pedia doce. Ele então, não resistindo, apenas riu baixinho e lhe deu um selinho. – Você vai virar um rockstar e vai precisar acordar cedo para os shows, as sessões de fotos e autógrafos... e coitadas daquelas groupies nojentas se elas ousarem em apenas olhar pra você. – Ela acrescentou, agora franzindo o cenho como se quisesse parecer brava, mas Dougie apenas imaginou a mesma criancinha fofa ainda insistindo pelo seu doce. 
Apesar da pequena distância entre um sofá e o outro, Dougie pôde sentir o olhar de Harry sobre ele, sabendo o que ele queria dizer, agora que Juliet havia tocado no assunto. E, com isso, Dougie sentiu que precisava trocar olhares com Harry, rezando para que ele entendesse aquilo como um pedido de ajuda. E Dougie provavelmente nunca se sentiu tão feliz em ter alguém como Harry, porque o amigo pareceu realmente ter entendido o recado. 
– AAAH, esquecemos de uma coisa – Harry berrou repentinamente, levantando-se do sofá e caminhando em direção a onde os dois namorados se encontravam, puxando Juliet pela mão sem nem explicar nada. Em seguida, puxou Elizabeth, fazendo a menina, que estava completamente absorta em brincar com Danny e Tom e o aparelho de som, levar um susto e tropeçar com o ‘delicado’ puxão de Harry. Fizeram-nas então parar em frente à uma mesa bagunçada e suja por caixas vazias de pizza, garrafas vazias de cerveja e duas sacolinhas. – Compramos o café da manhã de vocês! 
Juliet apenas levantou a tampa de algumas das caixas vazias de pizza e permaneceu calada, pensando. 
– Azeitonas, restos de borda de pizza e... – Ela afastou algumas das outras caixas, apanhando então as garrafas vazias de cerveja e analisando-as. – Nada para beber? Meu café da manhã preferido, Judd! Como você adivinhou? 
– Não, sua besta humana – Harry riu, logo parando ao receber o olhar mortal de Juliet. – Hehe, querida Juh, meu amor, não é isso. A gente comprou no Starbucks, é aquela sacolinha ali. 
– AAAAAAAAAAH, STARBUCKS! AAAAAAH, CARAMEL MACCHIATO, MEU FAVORITO! E... MUFFIN DE BLUEBERRY? – Juliet berrou, pulando ao pescoço de Harry e o abraçando. – Te amo, Harry! 
– É, eu sei, eu sou foda – Ele concordou, sorrindo de modo completamente convencido. 
– Se toca, Judd, você só vai ser foda se acertar no que eu gosto – Elizabeth disse, abrindo uma das sacolinhas enquanto ria da cara que Harry havia feito para seu comentário. – Vejamos, café de... MEU DEUS, VANILLA LATTE E UM COOKIE GIGANTE DE CHOCOLATE? Eu te amo, Harry! 
– Eu sou realmente foda – Harry repetiu, agora sorrindo de orelha a orelha do modo mais convencido que conseguiu, até que Elizabeth lhe agradeceu com um beijo na bochecha, fazendo seu sorriso idiota sumir e as bochechas corarem. 
– Hey, fui eu que escolhi pra você, amor – Dougie se manifestou, estirando o dedo a Harry e sorrindo à namorada que voltava a se sentar ao seu lado no sofá. 
– Ah é? – Juliet perguntou, olhando para Harry como se estivesse ofendida. – Harry, você não é mais foda e eu não te amo mais – Ela estirou a língua, em seguida voltando-se ao namorado e lhe dando um selinho estalado. – Obrigada amor, você que é foda e é você quem eu amo. 
– Estraga-prazeres – Harry murmurou, mostrando a língua ao que Juliet continuava a fingir que estava brava e virava a cara para ele. 
– Só falta você me dizer que o Dougie que também escolheu o meu, Judd – Elizabeth reclamou, a boca cheia de cookie. 
– Não, o seu fui eu que escolhi, Eliza! – Harry respondeu, sorrindo orgulhoso de si mesmo. 
– Ok, você pode continuar sendo foda então – Ela completou, cuspindo metade do cookie ainda não mastigado em sua boca e fazendo sinal de ‘jóinha’ para Harry, fazendo todos rirem. 
– Porca – Juliet disse, fazendo careta para Elizabeth enquanto tomava seu café. – E o Dougie é bem mais foda que o Judd. 
– Nem – Elizabeth respondeu, ainda soltando farelos da comida pela boca. – O Judd é mais. 
Harry, ao ouvir isso, sorriu ainda mais, estufando o peito em orgulho. Danny então enfiou a mão no rosto do menino, tirando o sorriso bobo de Harry e surgindo de repente na conversa. 
– Não precisam discutir sobre isso, meninas – Ele começou, entrando na frente de Harry, roubando sua ‘cena’ e também estufando o peito. – Eu sei que eu sou o mais foda. 
– Há, essa piadinha foi ótima, Jones – Tom comentou, também se intrometendo na conversa. De onde surgia tanta idiotice? – Todo mundo sabe que eu sou o mais foda. 
– Ok Juh – Elizabeth começou, cortando todos os protestos que Danny e Harry estavam prestes a fazer sobre Tom ter-se declarado o mais foda. – Acho que o Dougie pode ser o mais foda. Esses três são muito retardados para serem fodas. 
– Obrigada, Eliza – Dougie respondeu, rindo da namorada que sorria orgulhosa por ele enquanto apontava o dedo para as caras desanimadas dos outros três e berrava a eles: “HÁ, LOOOOOSERS!” 

Após engatarem uma conversa séria sobre quem seria o mais foda do grupo, os meninos finalmente resolveram tocar as músicas já escritas para a gravação – não que realmente quisessem, mas tiveram assim que Fletch encontrou-os rindo com Juliet e Elizabeth no sofá sem fazerem o que ele havia mandado anteriormente – enquanto as meninas assistiam. 
Os meninos entraram na sala de gravação, sendo observados pelos produtores e pelas garotas pelo vidro enquanto começavam a tocar o começo de Broccoli. Alguns dos homens que sentavam à frente de um enorme painel de controle de som – Elizabeth não parava de comentar perplexa sobre a quantidade de botões que continham ali – soltavam às vezes comentários como “eles são realmente muito bons” enquanto balançavam a cabeça em afirmação e, uma vez ou outra, mexiam as pernas e batucavam com os dedos no painel ao ritmo da música, fazendo com que Juliet sorrisse abertamente e levantasse os polegares em direção aos meninos, que levavam aquilo como um bom sinal em relação aos produtores. 
– Que droga, eu queria ouvir eles – Elizabeth comentou em um sussurro mal-humorado ao ouvido de Juliet. – Porque a gente não pode ouvir eles? 
– Porque só quem tem esses fones pode – Juliet respondeu no mesmo sussurro para a amiga, apontando em direção aos megafones que os produtores usavam aos ouvidos. – A gente só consegue ouvir se o cara apertar aquele botãozinho ali... – Ela agora apontou para uma luz que, diferente dos outros botões, não piscava constantemente, apenas permanecia vermelho o tempo inteiro. – Acho que quando ele ficar verde, quer dizer que a gente pode ouvir o que os meninos tão fazendo lá dentro. 
– Eu quero apertar esse botão pra ele ficar verde – Elizabeth voltou a comentar, encarando atentamente o botão, como se, apenas com a força da mente, ele pudesse ficar verde. Juliet apenas balançou a cabeça em sentido negativo e bateu na cabeça da amiga, fazendo-a acordar de seu pequeno transe. 
Após alguns minutos, os meninos já haviam tocado duas músicas e terminavam a terceira. Quando Tom e Danny tocaram o último acorde de Get Over You, os produtores que ouviam pelos fones bateram palmas animadamente, fazendo tanto os meninos como as meninas sorrirem. 
– Muito bom, meninos – Um dos homens anunciou ao microfone, enquanto segurava um botão e olhava diretamente para as figuras dos garotos pelo vidro. – Nós vamos discutir algumas coisas com o Fletch e já voltamos. Enquanto isso, Danny, trabalhe no solo de That Girl. 
Danny bateu continência, abrindo um de seus maiores sorrisos, mostrando todos os dentes em perfeito estado, fazendo com que Juliet e Elizabeth cutucassem uma a outra e soltassem risadinhas. Ninguém resistia ao sorriso de Danny Jones. 
O produtor sorriu e, após apertar alguns botões do painel de som, arrancou os megafones dos ouvidos e se levantou. Todos observaram enquanto um grupo de homens se reunia ao canto da sala e discutiam algo animadamente. As meninas então passaram sua atenção para os quatro meninos ainda dentro da sala de gravação, e os seis adolescentes sorriram uns aos outros quando os olhares se cruzaram. Juliet aproveitou o momento e parou seu olhar em Dougie. Ele ainda sorria como nunca, tinha um certo brilho nos olhos, dando ainda mais intensidade àquela cor que lhe lembrava o oceano. Observou o garoto mexer os lábios, formando claramente as palavras “eu te amo”, e sentiu seu coração e estômago saltarem e se encontrarem dentro do próprio corpo. Era incrível o que ele a fazia sentir. E também sorrindo como nunca, Juliet abriu a boca para respondê-lo, mas parou no mesmo instante. O sorriso que Dougie antes tinha foi desaparecendo aos poucos, fazendo com que o brilho que seus olhos antes tinham se transformasse em algo triste. Juliet sentiu o próprio sorriso murchar, enquanto observava Harry puxar seu namorado para um canto e começar a conversar seriamente com ele. Danny e Tom pareciam alheios à qualquer outra coisa agora, e discutiam sobre as músicas. 
– O que será que os dois tão conversando? – Elizabeth de repente perguntou, provavelmente tão atenta aos dois quanto Juliet, que tentava até uma leitura labial no momento. – Se o Danny e o Tom não falassem tão alto, daria até pra ouvir a conversa deles... 
Elizabeth então se aproximou silenciosamente do painel de controle de som, olhando para os lados para ter certeza de que nenhum dos produtores estivesse por perto, e começou a mexer em um dos botões. 
– Elizabeth! – Juliet chamou, tentando ao máximo gritar em um sussurro, o que era bem difícil. Não queria chamar a atenção de ninguém. –Elizabeth, pare de mexer! Você vai estragar o painel e... 
Juliet logo se calou ao que as vozes dos meninos, de dentro da sala de gravação, se tornaram de repente mais altas para as pessoas de fora, que os observavam. Olhou rapidamente para o canto em que os produtores conversavam ainda com Fletch, e suspirou aliviada quando viu que nenhum deles pareceu ter notado ou ouvido nada ‘a mais’. Assim que se virou novamente para Elizabeth, viu que a amiga também havia se virado para os homens ao canto da sala, e logo ao perceber a mesma coisa que Juliet, sorriu e voltou sua atenção novamente para o painel. Com cuidado, ela levou o dedo a um dos botões logo ao lado da luz verde. A mesma luz que antes era vermelha. Com isso, as vozes dos meninos foram, aos poucos, aumentando cuidadosamente, ainda sem muita diferença em como estava antes. Bom, sem muita diferença para quem estava longe, uma vez queJuliet e Elizabeth, que estavam perto do vidro e das caixas de som, conseguiam agora ouvir claramente a conversa da banda. 
Juliet até ia perguntar como que a amiga sabia onde controlar o volume, mas não precisou: percebeu que, bem ali ao lado da luz verde e logo acima do botão, lia-se “volume para a sala de gravação”. E não teve nem o tempo de perguntar também: a voz de Harry fez com que as duas garotas, agora com seus ouvidos colados à caixa de som, se calassem rapidamente e prestassem toda sua atenção na conversa. 
– Cara, quando você pretende contar à Juh? 
Juliet, no mesmo instante em que ouviu aquilo, virou rapidamente sua cabeça em direção à Elizabeth, ainda sem tirar o ouvido da caixa de som. Viu a amiga fazer o mesmo, e em seguida a observou mexer os lábios enquanto perguntava “TE CONTAR O QUE?” de uma maneira extremamente exagerada para que Juliet entendesse. Ela, por sua vez, apenas deu de ombros e voltou sua atenção à conversa. 
– Eu já disse, Harry, eu não sei! – Dougie respondeu de uma maneira ríspida e ao mesmo tempo triste. 
Juliet, ao lado de fora, sentiu seu coração bater rapidamente em sua garganta. 
– Dougie, eu vi o modo como você tava olhando pra ela – Harry continuou, olhando Dougie fundo nos olhos. – E eu sei que é difícil, mas você precisa falar pra ela logo! 
– Ah, sério? Eu não sabia, obrigado por me lembrar, cara – Dougie ironizou, semi-cerrando os olhos em raiva, mas logo abaixando o olhar para o chão. Odiava quando Harry lhe encarava daquela forma, mas ele próprio não estava ajudando em nada. 
– Cara, porque você tá descontando isso em mim? – Harry perguntou nervoso em um sussurro alterado, uma vez que não poderia gritar. – Não é minha culpa se você não tem a coragem suficiente pra contar a verdade pra sua própria namorada, ok? Eu só estou sendo um bom amigo e te lembrando de algo que você TEM que fazer, por mais que não queira. 
Juliet observou de olhos cerrados, tamanha era sua atenção, ao que Dougie suspirava alto e profundamente e finalmente erguia a cabeça, voltando a encarar a face do amigo à sua frente com extrema tristeza. Harry, que antes tinha as bochechas um tanto rosadas pela pequena raiva que sentia de Dougie, fez com que sua expressão ‘murchasse’ até se transformar em um sorriso triste e um olhar de pena que lançava ao menino. 
Naquele momento, Juliet tinha quase certeza de que seu coração não batia mais, apesar de continuar entalado na garganta. Sentia que poderia vomitá-lo a qualquer minuto. 
– Dougie, eu sei que eu fico realmente muito chato te perguntando toda hora quando você vai contar à ela, mas é porque a Juh é minha melhor amiga também e eu temo que você acabe não contando por medo – Harry finalmente continuou, após um pequeno intervalo de silêncio entre os dois. – E eu entendo seu medo, eu realmente entendo, mas... ela precisa saber. Você sabe disso. 
Juliet, mais uma vez, virou a cabeça para encarar Elizabeth, e ao que fez, viu que a amiga já havia o feito e já a observava com um misto de curiosidade e pena nos olhos. Sentiu seu coração, ainda na garganta, voltar a bater, mas agora mais veloz do que jamais havia batido em sua vida. Mas que merda que Dougie tinha medo de contá-la? 
– É lógico que eu sei, Harry – Dougie concordou, sentindo a voz falhar e sair de um modo choroso. – Mas me responde, como que eu devo fazer isso? Agora que eu finalmente tenho ela, como que poderia me ocorrer um modo de contar à ela uma coisa dessas? Como? Porque se você souber de algum jeito, qualquer jeito... eu estou aberto à sugestões. 
– Eu... – Harry pareceu parar um momento para pensar, mas logo suspirou profundamente e fechou os olhos, visivelmente derrotado pela pergunta. – Eu não sei. 
– E sabe o que é o pior? – Dougie voltou a falar rapidamente, como se Harry não houvesse respondido nada à sua pergunta. – Saber que não existe modo de contar, então eu, obviamente por medo, não conto, e acabo deixando ela triste e preocupada por me ver nesse estado, infeliz, pensando e tentando a todo minuto achar um jeito de falar, de explicar pra ela o que vai acontecer. Porque não há nenhuma maneira de eu fazer isso, Harry, simplesmente não há! 
– Claro que existe maneiras de você fazer isso, Dougie – Harry respondeu, tentando de alguma força incentivar o amigo. Sabia que era difícil, mas era também necessário. 
– Desculpe te desapontar, mas não, não existe uma única maneira boa de contar, Harry – Dougie rebateu, deixando-se levar pela frustração e até por uma certa raiva. – Como que existe um jeito bom de contar à sua própria namorada que você está indo embora do país, hein? “Hey babe, tenho que me mudar da Inglaterra por alguns vários meses, tchau”. Que tal? Assim é bom o suficiente? 
– Dougie... 
Qualquer que seria o resto da frase de Harry, ninguém pôde descobrir, uma vez que fora cortada por um barulho estranho vindo de fora da sala de gravação. Os quatro garotos ali dentro viraram as cabeças no mesmo instante para ver que o tal barulho havia sido causado por Juliet, que havia acidentalmente derrubado a caixa de som que segurava contra o ouvido. Mas não fora a cena do aparelho caindo que fez as atenções serem voltadas apenas para ela, e sim pelo fato de que a menina encarava, pelo vidro, diretamente nos olhos de Dougie, sem vergonha de chorar abertamente para quem quisesse ver. 
– Não... – Dougie sussurrou automaticamente para si mesmo ao observar a cena. Sentiu seu coração despencar, caindo até que encontrasse seu estômago. Ela havia ouvido. – Não, Juh... 
Antes que pudesse dizer ou fazer qualquer outra coisa, Dougie observou a imagem por detrás do vidro de sua namorada sair correndo estúdio a fora. Sem precisar pensar, ele logo saiu do estúdio na velocidade mais rápida em que suas pernas agüentavam, deixando seu cérebro guiá-lo – por mais que o mesmo não estivesse funcionando muito bem no momento. A figura de Juliet chorando enquanto lhe encarava fundo nos olhos parecia remoer em sua cabeça a cada milésimo de segundo, não o ajudando a conseguir pensar direito, e também em seu peito, fazendo com que sentisse seu coração bater rápido e apertado, bombeando o sangue com rapidez extrema para o corpo e, conseqüentemente, fazendo com que a ponta de seus dedos começassem a formigar estranhamente. Se não fosse essa a explicação, a única coisa que conseguia imaginar que fosse era pela necessidade em estar, naquele exato momento, segurando sua namorada e lhe dizendo que tudo estaria bem, que ele nunca a abandonaria. 
Parando de correr por alguns instantes, Dougie permitiu-se curvar, apoiando as mãos nos joelhos, sentindo o peito subir e descer tamanha era sua dificuldade em respirar. Seus olhos percorreram toda aquela rua deserta, imaginando como que ele mesmo havia ido parar ali. E, então, percebeu que não havia sido seu cérebro que o guiara, e sim seu coração: aquele lugar, exatamente sobre as gramíneas verdes e molhadas pela chuva do parque St. James, onde semanas antes havia passado o começo do namoro com Juliet, encontrava-se a mesma sentada no banco mais afastado do local.Dougie sentiu seu peito encher-se com uma mínima esperança, e deixou seus pés lhe levarem até onde sua namorada encontrava-se curvada, abraçando as próprias pernas contra o peito, que se movimentava constantemente devido ao choro. 
– Juh – Dougie começou, sem saber ao certo o que dizer. Sentou-se vagarosamente ao lado da namorada no banco, encostando delicadamente uma de suas mãos em seu ombro e a outra em seus cabelos. 
– Por quê, Dougie? – Ela perguntou, permanecendo com a cabeça afundada entre seus joelhos e, portanto, fazendo com que sua voz saísse abafada. Aquilo pareceu fazer com que o aperto no peito de Dougie doesse ainda mais. – Por quê? 
– Desculpa Juh – Ele respondeu, ainda sem palavras. Observou Juliet levantar lentamente a cabeça, encarando-lhe com aqueles olhos verdes marejados e vermelhos e o rosto inchado e extremamente corado. Aquilo definitivamente fez parecer com que tudo estivesse desmoronando. Automaticamente, Dougie segurou a menina pela cintura, puxando-a para si e a abraçando o mais forte que conseguiu. – Me desculpa, me desculpa, por favor. 
Juliet, ao sentir os braços de seu namorado a apertando de modo carinhoso e desesperado, passou os braços ao redor de seu pescoço e enfiou a cabeça em seu pescoço, chorando ali mesmo enquanto sentia seu perfume. Não era possível que a única coisa que lhe fazia bem, a única coisa que finalmente dera certo em sua vida estava indo embora. Não podia ser possível. 
Após um tempo em que deixou-se chorar ali abraçada a Dougie, Juliet finalmente conseguiu controlar os soluços e foi se desfazendo do abraço. Permaneceu com os braços ao redor do pescoço dele, mas seu rosto estava agora a apenas mínimos centímetros de distância do dele. Aproveitou para encarar aqueles azuis em seus olhos que tanto amava, mas que no momento apenas esboçavam um brilho extremamente triste. Ainda encarando-o diretamente nos olhos e acariciando delicadamente seu rosto com os dedos, Juliet tentou achar alguma coisa para falar, mas nada no momento parecia importar além de ficar ali, prestando atenção a cada feição e traço de Dougie. 
– Vocês vão ficar quanto tempo fora? – Ela finalmente conseguiu perguntar, esforçando-se para controlar um soluço que tentou escapar com aquela pergunta. 
– Em torno de... – Dougie pausou, parecendo não querer continuar. Encarou o fundo dos olhos da namorada, sentindo uma imensa pontada aguda e dolorida em seu peito. – De um ano. 
– UM ANO? – Juliet berrou, não conseguindo conter a surpresa e até certo desespero. 
– Eu sei que parece muito, mas a gravação do CD mais a promo... demora um tempo, sabe? – Ele continuou, tentando achar as palavras certas, por mais que nada que dissesse parecesse certo. Abandonar sua namorada não parecia certo. E não era. – E os produtores querem que saia tudo perfeito, porque, segundo eles, nós vamos fazer muito sucesso. 
– Vocês vão, é claro que vão – Juliet concordou, balançando a cabeça freneticamente em afirmação, como se obrigasse a si mesma a acreditar naquilo. – E... e pra onde vocês vão? 
– Dublin – Dougie respondeu em um suspiro pesado. 
– Dublin tipo em Dublin na Irlanda? – Juliet perguntou, mais uma vez não conseguindo conter a surpresa e alterando o tom de voz. Dougie não respondeu nada, apenas concordou com um leve e vagaroso aceno de cabeça. Ela, novamente como se quisesse obrigar-se a acreditar naquilo, fechou os olhos por alguns instantes e balançou a cabeça freneticamente. – Certo, tudo bem, é pra carreira de vocês, e vocês vão conseguir. Era isso o que você queria, certo? Aliás, o que todos nós queríamos... fazer com que a banda ficasse famosa. Certo? – Ela então abriu os olhos e encarou aqueles azuis de Dougie, como se procurasse ali afirmação na própria pergunta. O namorado, mais uma vez, não respondeu, mas dessa vez também nem mesmo concordou; apenas continuou encarando-a com o mesmo brilho triste no olhar. – Certo, Dougie? Diga que eu estou certa, por favor. 
– Você... – Ele finalmente disse, pausando para continuar encarando aquela imensidão verde triste que eram os olhos de sua namorada. – Você está certa, amor. Você está certa. 
– Eu estou certa, bom – Juliet concordou, não contendo mais alguns soluços e mais pesadas lágrimas que agora lhe corriam pelo rosto, enquanto continuava a encarar a expressão triste do garoto em sua frente. – Isso é bom. 
Dougie, ao ver a namorada chorando mais uma vez, voltou a abraçá-la com força, colocando a cabeça dela em seu próprio ombro. Juliet, por sua vez, não reencostou ali e permaneceu chorando, mas apenas segurou o choro e apoiou o queixo no ombro dele, como se admirasse algo que Dougie não conseguisse ver. 
– A gente – Uma voz atrás de Dougie começou, parando para apanhar ar. – A gente estava procurando vocês. 
Juliet, que parecia já estar observando a fonte da voz, levantou-se do banco quando a ouviu se pronunciar, e Dougie pôde girar o corpo no assento para observar as figuras dos outros amigos ali no parque. Observou quando sua namorada correu até eles e pulou sobre Tom, o abraçando forte e pondo-se a chorar em seu ombro como havia feito em Dougie há instantes atrás. 
– Desculpa pequena, por favor – Tom pediu, acariciando os cabelos de Juliet, enquanto a suspendia no ar pelo seu abraço. – Eu ia te contar, eu só achei que o Dougie quisesse fazer isso primeiro, porque acho que ele tem mais direito, e eu... eu... eu não te contei, me desculpa. 
– Cala a boca, Fletcher – A garota sussurrou em seu ouvido, apertando o pescoço de seu amigo com os braços tanto para que não caísse do abraço, como também pelo simples fato de querer abraçá-lo o máximo que podia enquanto tinha a oportunidade. – Eu não preciso te perdoar de nada e você não tem do que pedir desculpas. 
– Tenho sim – Tom insistiu, aproveitando que estava suspendendo a menina no ar para que encaixasse sua cabeça no ombro dela também. – Você é minha irmã, porra, eu tinha que ter te contado. 
– Todos nós tínhamos, Tom – Harry interrompeu, sorrindo tristemente de Tom e Juliet até Dougie, que havia se levantado do banco para observar a cena. 
Elizabeth, no mesmo instante, passou um braço pela cintura de Harry, enquanto o mesmo passava seu braço ao redor dos ombros dela. Ela aproveitou para encostar a cabeça em seu peito e continuou a observar Tom e Juliet. Danny, que não havia dito nada e também apenas observava, abaixou a cabeça e caminhou em passos lentos até Dougie, abraçando o amigo e apoiando também sua cabeça no peito dele. 
– Danny, você...? – Dougie começou, sem saber se deveria abraçar Danny de volta. Por via das dúvidas, deu leves tapinhas em seu ombro, como que para consolá-lo. – Você também está chorando? 
– Eu não sou bom para despedidas, cara – Danny finalmente disse, levantando a cabeça e mostrando aos amigos as duas lágrimas que rolavam de cada olho. 
Todos riram do comentário, observando uns aos outros. Harry e Elizabeth ainda encontravam-se abraçados; Tom havia cruzado os braços ao redor do pescoço de Juliet, abraçando-a por trás, enquanto a mesma limpava as lágrimas e não sabia ao certo se ria ou continuava a chorar; Danny limpava as supostas lágrimas enquanto ainda era consolado por Dougie, que continuava com os leves tapinhas em seu ombro. 
– Hey, que tal se a gente fosse lá pra casa, assistíssemos De Volta Para O Futuro e comêssemos muito brigadeiro? – Tom sugeriu em meio de um silêncio que só era interrompido por soluços e fungadas dos choros. 
– Como nos velhos tempos? – Danny perguntou, fazendo com que seus olhos brilhassem de maneira infantil e idiota. 
– Que velhos tempos, Jones? – Harry rebateu, rindo mais uma vez com os amigos de Danny. – Nós fazemos isso praticamente todo dia! 
– Mas não é como se fôssemos continuar fazendo – Juliet comentou baixinho, franzindo os lábios de maneira triste quando Harry soltou um “outch” e os amigos abaixaram os olhares. 
– Credo, vocês poderiam parar de ser emos? – Elizabeth pediu, arrancando mais risadas dos amigos. – Nós ainda temos tempo, não precisamos chorar tudo antecipadamente! 
– Concordo – Harry berrou, levantando o braço livre para o alto e fazendo os amigos rirem ainda mais. – Vamos aproveitar o tempo que nos resta ao invés de desperdiçarmos ele com choros. Isso a gente pode fazer quando formos realmente embora! E existe telefone pra quê, certo? Tecnologia está aí pra isso, minha gente. 
– Falou bonito, meu caro Judd – Danny concordou, andando em direção a Harry e Elizabeth, enfiando-se no meio do abraço dos dois e passando seus braços em volta de cada um, de modo que os abraçasse. – Quem liga pra Suzana? 
Todos apenas riram mais uma vez, ouvindo Elizabeth concordar e dizer que ligaria, fazendo com que Danny lhe roubasse um beijo na bochecha e em seguida saísse correndo de um Harry enciumado. Tom, percebendo o que deveria fazer, beijou o topo da cabeça de Juliet, sussurrou algo em seu ouvido e seguiu os três amigos, berrando algo como “ligar” e “Samantha”. 
– Hey – Dougie sussurrou, aproximando-se da namorada que já mantinha as mãos estendidas no ar para que ele as apanhasse. Assim que ele o fez,Juliet lhe deu um beijo demorado e, ao que se separou, encostou a própria testa na testa dele, fazendo com que os narizes roçassem. – Você vai me esperar, não vai? 
– E você ainda pergunta, seu demente? – Ela sussurrou de volta, fazendo-o rir baixinho. Os dois então, que antes mantinham os olhos fechados, passaram a observar as faces tão próximas. Juliet passou os braços ao redor do pescoço de Dougie, enquanto ele abraçava sua cintura. – Por quanto tempo precisar. 
– Te prometo que não vai ser muito, minha Cinderella.


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Notas finais do capítulo

Hum... Eu nem demorei tanto assim u.ú
Bejooos ;***
Esse cap é dedicado pra Luh e pra Cris ;D
Meu amor eterno e a minha diliça *---------*



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