Lembranças de um amor eterno escrita por Chrisprs


Capítulo 19
O tratamento


Notas iniciais do capítulo

Para mi corazón InesAmazona

Capítulo especial, fala da dor de um tratamento que não somente o paciente, mas também a família, no qual passei por duas vezes com os amores da minha vida, e infelizmente não estão mais aqui fisicamente. Esse capítulo é muito especial, pois vou relatar coisas reais que vivi, e que me fizeram ser mais forte e ao mesmo tempo que me destruíram a alma. Só quem passou por isso sabe o quando doí ver quem amamos passar por isso e ser inútil.



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Um mês depois...

Julia estava linda com sua barriga de quase 6 meses, Helena estava amando ser avó, Eduardo estava deixando seus trabalhos em dia, passava muito de seus dias na universidade na parte da manhã e a tarde, e a noite com Julia e com Collins no Observatório.

Em pouco tempo a vida pareceu ser normal até que o dia de pedir afastamento para o tratamento chegou, Eduardo seria substituído por Nayane em algumas aluas de tutoria do mestrado, por Antônio nas orientações de Doutorado e por um outro professor de Física na graduação e um colega no observatório. As demais pesquisas e orientações ficaria para quando voltasse.

Era quase 20h quando Eduardo entrou em casa, Julia estava na cozinha preparando algo para o jantar, ela estava com um vestido lindo, de alças finas, estava frio naquela noite, mas com a gravidez, o ar estava sempre o "cool", ele entrou colocando a pasta na mesa, olhou em volto e sentiu o cheiro vindo da cozinha, tirou o paletó, desabotoou alguns botões da camisa e foi em direção a cozinha.

Julia estava linda, conversava com a o bebê, na manhã seguinte seria "O" dia, iriam saber o sexo do filho e iniciaria o tratamento de quimioterapia de Eduardo. Ele ficou parado na porta olhando a linda mulher conversando com o filho em seu ventre.

Julia: A mamãe sabe, mas você não pode ficar se mexendo tanto, tem que ser com calma, eu preciso fazer o jantar para o papai, ele deve chegar logo, e hoje a mamãe queria ficar amando seu papai, sabia que vamos ficar um tempo sem nos amar, a mamãe vai ate que dormir em outro quarto por uns dias. – ele observava tudo com carinho, ela estava feliz, mas em sua voz, o tom de angustia e medo. – Agora fique calmo para a mamãe terminar o jantar, e lhe prometo comer muito chocolate amanhã por você.

Ed: Logo cedo, ensinado o pequeno a ser negociador? – ela olha para ele parado na porta. – Oi meu amor!

Julia: Oi amor, é bem... o bebê não para, estou com dor nas costelas já, ele dança dentro de mim. – ela se levantou e foi até ele, lhe dando um beijo desejoso. – Estou fazendo o jantar, talharin!

Ed: Com molho de?

Julia: Com molho à lá Julia! - ela sorri e dá um beijinho e continua. – tinha um pouco de gorgonzola e Brie, daí coloquei vinho branco, e "voilà"!

Ed: O cheiro está magnifique mon cher! – ele abraçou a cintura dela, na verdade abraçou como pode, a barriga já dava sinais que iria começara a atrapalhar. Amor, preciso conversar com você, quero te contar como fico depois de uma sessão de quimio. – ele abaixou o olhar, encostando suas testas, ela segurou seu rosto com as duas mãos e o beijou.

Juia: Eu sei como é! Esqueceu que tenho uma melhor amiga, médica oncologista?

Ed: É verdade Cristina, já te deu o manual?

Julia: Completo! – ela falou num tom triste. – Sei que vamos dormir no banheiro nos primeiro dois dias, já arrumei tudo.- pegou a mão dele e o levou até o banheiro.

Ali mostrou para ele, tinha duas pilhas de toalhas perto do vaso, junto com um balde com um pouco de água e vinagre. Duas garrafas com água, uma dela estava com gelo dentro. Tinha almofadas no chão, e toalhas um pouco maiores, e também um pequeno banco e um cobertor.

Ed: Acho que estou sonhando! Mulher onde você estava da primeira vez que tive que passar por isso sozinho, por que demorei tanto para te achar?

Julia: Acho que demoramos a nos encontrar, por que ainda não era a hora, agora é a hora. Estou aqui, e vou cuidar de você para sempre. – Eduardo não aguentou e começou a chorar, caindo de joelhos abraçando Julia pela cintura e chorou copiosamente. Seria cruel demais para ela e o bebê passarem junto com ele por aquele tratamento.

Por um tempo ele ficou ali com Julia, eles conversaram, depois jantaram. Ela estava na cama, recém-saída do banho, ainda secava os cabelos com a toalha quando ele entrou lindo, com a toalha nas mãos, estava nu, ela sorriu para ele.

Julia: Amor, assim você não está ajudando! Olha que se não se cobrir eu vou até aí e te pego de jeito. – Eduardo a olhou e soltou uma gostosa gargalhada e falou.

Ed: Fica ai e olho pra mim, quero ver o seu poder! - ele estava desafiando ela. Ela ficou olhando e quando viu o poder dela sobre ele, e sobre o corpo dele, ela mordeu os lábios e colocou a mãos no meio das pernas. – Julia não! Não faça. – ela abriu as pernas se mostrando para ele, e passou os dedos em sua intimidade. – Mulher!

Gibbs não pensou, foi até ela e a beijou intenso nos lábios e desdeu a mão em seu corpo e depois acariciou sua intimidade, Julia gemeu gostoso ao sentir as mãos dele em seu corpo. Tirou a camisola que ela tinha recém vestido, ela estava linda, os seios mais fartos, o corpo mais arredondado, ela estava sentada a ponta da cama e ele ficou de joelho na frente dela.

***

Eram quase 18h em Baltimore, Cristina estava encantada com seu novo trabalho, a cidade era linda, mas nada como sua casa em Londres, sentia falta de casa e dos amigos, principalmente de Julia, queria ligar para a amiga e contar as novidades, tinha conhecido alguém, mas olhou a hora e pensou que a amiga já estaria dormindo, pois de Baltimore e Londres o fuso são de 6 horas, e em Londres já seria quase meia noite.

XX: Oi doutora, vamos jantar? Hoje por minha conta!. – falou o médico residente Carlos Torres, chefe do departamento de ortopedia do hospital.

Cris: Dr. Torres, eu aceito, com uma condição, nada de tequila essa noite, a bebida é forte e de onde eu venho se toma cerveja.

Torres: Londres, e vocês londrinos não sabem o que é bom! Mas aceito sua condição, com outra condição! Que no feriado você venha para minha cidade ou melhor meu pais comigo passar o final de semana, vamos a praia!

Cris: Aceito! – ele deu o braço para ela e saíram até o restaurante perto do hospital.

Carlos Torres era um homem vivido, charmoso, com sorriso encantador, para não dizer sedutor em nível hard, e pelo que Cris entendeu não saia muito com outras médicas, todas o desejam, além das enfermeiras e pacientes. Era alto, másculo, corpo bem formado e definido mesmo para sua idade, ele era conhecido como o Dr. Delicia. Tinha os cabelos negros com tons grisalhos, barba linda, nem tão grande nem tão rala, na medida. As vezes cabelos grandes, as vezes cabelos bem curtos. O cara era "o cara"!

Conversaram sobre suas vidas, experiencias, Torres contou de seus filhos gêmeos que moravam com a mãe no México, Cris ficou apaixonada por ele assim que sentiu que em três meses sabia mais dele do que o pessoal que trabalhava com ele há anos.

Cris: Você está me seduzindo dr. Torres? - falou com os olhos semicerrados, desejosa, flertando com ele.

Torres: Estou! E está dando certo?

Cris: Até o momento sim! - ele sorriu e chegou bem perto dela e a beijou forte, o homem tinha pegada! - Quer sair daqui?

***

Helena estava pronta, olhou no relógio era quase 7:30, pegou as chaves do carro e foi para casa de Julia e Gibbs, chegou em 15 min, o transito pela manhã não era tão intenso, ficava pior depois das 13h. Estacionou, o céu estava estranho naquele dia, sem cinza, nem azul, ela respirou fundo, saiu do carro, sentiu a brisa em seu rosto com o aroma do perfume de seu marido, sorriu, sabia que Smith estava com ela, sempre, mas naquele dia era especial.

Helena: Vamos saber o que é nosso netinho! – a brisa se tornou um vento, ela ficou arrepiada, respirou fundo. Sabia que a partir daquele momento ela não o sentiria mais, sua missão tinha se cumprido. Seus olhos se encheram de lágrimas, ela sabia que ele voltaria, voltaria em forma de amor, e ela o amaria ainda mais. – Te vejo em breve.

Julia estava com a bolsa e uma pasta, era sua pasta de gestante, sempre que ia ao médico ela o levava, Eduardo entrou na sala, sentiu um arrepio era diferente. Pegou a mão de Julia e quando abriram a porta elas estavam ali. Helena e Luiza, conversando com lindo sorriso.

Ed: Filha? O que faz aqui? OI Helena!

Luiza: Hoje saberei se vou ter um irmão ou irmã, garoto espero que esteja ai hein- falou sorrindo colocando a mão na barriga de Julia. – E por que queria estar com vocês, hoje tem a quimio.

Julia: Quem bom que veio, agora vamos que estou com fome! Antes de comer tenho que colher sangue, detesto essa parte.

Helena: Então vamos, você nunca fica feliz sem tomar café.

Luiza: Vamos então, pai podemos ir no Café Bristrô com elas, o que acha?

Ed: ótima ideia!

Os quatro entraram no carro de Eduardo, logo seguiram para a clínica, quando entraram Julia pegou uma fita da bolsa e uma foto e colocou. Todos sorriram Eduardo a beijou e colocou a mão em seu ventre.

Ed: Quando foi isso?

Julia: Três semanas, eu vim sozinha lembre, você teve um reunião, e como o bebê estava bem e virado, eu já sabia que era um menino.

Helena: Mas amor, como assim, não nos contou?

Luiza: Eu estava com você ao telefone no dia Juju e não me disse?

Julia sorriu e entregou a fita para Luiza que fez um lindo laço em sua barriga, Eduardo com lagrimas nos olhos assim como todas ali, sentiram o amor lindo os envolvendo.

Julia: Agora vamos ver ele todos junto e com mais nitidez.

No exame, todos estavam com Julia, seu médico confirmo. Era um menino mesmo. Depois forma tomar um grande café da manhã.

Julia: Amor, você esta comendo demais, sabe que depois da quimio irá colocar para fora. – falou baixinho sussurrando no ouvido dele.

Ed: Eu sei, mas quero sentir o gosto de algo bom antes da quimio, não sentirei nada, nada mesmo, depois dos remédios. – ele a beijou intenso.

Luiza: Oh, tem menores na mesa, olha a "pegação" ai! -eles param de se beijar e começam a rir.

Helena: Hoje vamos ficar juntos os quatro, estarei pendente de vocês!

Julia: Obrigada mãe. Está vendo amor vou ser paparicada....

Luiza: E eu, fico como?

Helena: Vovó te ama, mas sem travessuras!

O café da manhã foi alegre, até quando entraram no hospital, Eduardo entrou sozinho ao consultório, depois estava no quarto, antes da preparação para a quimio. Julia como gravida não poderia ficar com ele, Luiza ficaria ou pensou que ficaria. Eduardo pediu que o sedassem enquanto recebia os medicamentos, eram fortes, ele ficava enjoado e sentia muita tontura, pois afetavam diretamente seu sistema nervoso central.

Helena e Julia estava na recepção, Luiza as mantinha informada de tudo via celular, ela queria estar junto dele, mas não podia ficar.

Duas horas depois, Luiza foi autorizada a entrar noquarto do pai, ele ainda estava sedado, estavam o colocando na cama quando elaentrou. Ela ficou ali cuidando do pai, chorou ao ver pai naquela cama, dormiapara não sentir as complicações de umaquimioterapia.

 Luiza ficou com o pai, bateu foto, fez uma vídeo-chamada com Julia, até que em meio a conversa ele acordou.

 

Ed: Parem vocês duas de falar de mim, eu ainda não morri, estou aqui! Seu tom de voz era de bravo, Luiza sabia que a mudança de humor do pai iria ser afetada.

Luiza: Calma pai, Julia não pode ficar aqui por conta do bebê, estou falando com ela só isso.

Ed: Desliga isso, Luiza, vamos, desliga e saia daqui.

Julia: Luiza passe o celular para o zangão! - Luiza entregou o celular, ou melhor deixou na cabeceira apoiado e saiu.- Oi Amor, sei que está bravo, sei que foi sedado, e que o gosto em sua boca é horrível, mas estou aqui, e não vamos a nenhum lugar. Mesmo que nos mande, então zangão lindo que amo, não fique assim. Luiza ficou o tempo todo ai com você, eu não posso entrar, e sabe o por que, assim que estiver autorizado vamos pra casa.- ela faz uma pausa e solta a respiração pesada. - Eduardo olhe pra mim. Eu te amo, nós te amamos, e vamos ficar com você sempre e para sempre!

 

Eduardo a olhou e deixou uma lagrima percorrer seu rosto, depois de um tempo ele voltou a dormir, ficaram no hospital até as 21h, Julia conversou com Cristina, falou do bebê que era um menino, e a amiga ficou feliz, depois contou que Gibbs pediu para dormir enquanto dava início ao tratamento. Falou da mudança de humor dele, Cris disse que só tente a piorar, mas que tudo se ajeita na vida.

Eduardo estava no banco de trás do carro junto com Julia, ela segurava as mãos dele, Helena conduzia-os para a casa, Luiza estava quieta, da primeira vez o pai a obrigou a voltar a estudar, e para não ter confrontos com ele, preferiu ficar quieta.

Gibbs entrou em casa sem proferir uma única palavra, foi direto para seu quarto entrou no banheiro e tomou um longo banho, espera de pijama na cama quando Helena bateu na porta e ele autorizou.

Helena: Olá, sei que não sente gosto, mas aqui está um chá, tomamos na Espanha, para nos deixar melhor. Boa noite meu querido, vai ficar tudo bem. – ele a olhou tentou sorrir, mas a tristeza era maior, ele a viu sair.

Luiza entrou logo depois, entrou beijou o pai e sussurrou.

Luiza: Eu te amo. Vou estar no meu quarto se precisar de algo. Boa noite pai. – ele beijou sua testa e a viu sair.

Eduardo até que tentou tomar o chá, mas não conseguiu se sentiu enjoado demais, tinha um espeto atravessado na garganta, assim pensou. Momentos depois Julia entrou, estava linda, a luz da maternidade a fazia brilhar, e ele só sentia raiva de si mesmo e da maldita Cassiopeia.

Julia: Amor, vou tomar um banho e já venho me deitar com você, estava corrigindo as provas, amanhã entregarei as notas finais, e como combinamos Priscila vai assumir minha turma. – ela tirava a roupa na frente dele, tentava deixar tudo normal.

Ed: Quero que sai daqui Julia! – falou em tom sério.

Julia: O que?

Ed: Não me faça repetir! – se levantou debilitado e foi para o banheiro.

Gibbs, se ajoelhou na frente do vaso e colocou tudo pra fora, até a alma. Julia foi atrás, pegou uma toalha umedeceu, pegou uma garrafa de água e sentou ao lado dele. Eduardo já não tinha mais forças, mas com nojo dele mesmo gritou com ela.

Ed: SAIA DAQUI JULIA, VAI EMBORA. ME DEIXA!

Julia: Não vou sair, pode me mandar mil vezes, pode me xingar, me fazer chorar mas não sairei do seu lado! Espero ter sido clara Eduardo Gibbs!- seu tom era forte, sincero e cheio de verdade e amor.

Eduardo chorou em seu braços, estava frágil, o tratamento só estava começando, teriam longas noite depois das sessões naquele banheiro.

E assim foi a noite toda, Julia passava gelo nos lábios de Eduardo depois de uma crise de vômitos, tinha vezes que a crise era tão intensa que ele chegava a desmaiar, e ela mesmo com o barrigão ficou com ele a noite toda, ali ao seu lado. 


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