Stand by me escrita por Corelli


Capítulo 1
Capítulo Único: Stand by me


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas
Eu aqui de novo com uma fanfic supercorp.
Quanto a outra em aberto, tive alguns problemas técnicos, como uma chuva de granizo que me deixou sem internet por quase uma semana. É por isso a demora, além do semestre letivo na faculdade ter começado. Então, sim eu estou meio sem tempo, mas logo virá a atualização.
É isso então, boa leitura!



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Não foram poucas as vezes que Lena Luthor encontrou-se atrás de pilhas e pilhas de trabalho. Não que não usufrua dos privilégios que a posição de CEO permite, mas existem coisas que só ela pode resolver e desde que assumiu a empresa nunca tinha se visto tão ocupada. Entretanto, esse não é o fato que possui a sua atenção naquela manhã.

Desde que a adorável jornalista, Kara Danvers, tornou-se repórter, a empresária não se conteve em acompanhar os seus artigos nas edições semanais da revista CatCo. E é com a edição mais recente em mãos que Lena percebe que pela primeira vez o nome de Kara não está presente em nenhum dos textos impressos. Com isso, também cruza sua mente a ideia proposta para que o artigo de alerta aos forasteiros interplanetários chegasse ao público. Ideia que foi contemplada pela repórter. Contudo, agora o arrependimento atinge-a como uma bala. As possíveis consequências que Kara pode ter sofrido, surgem como um clarão e, nesse momento, Lena sente-se culpada. Desesperada também é uma palavra que se encaixa, pois a necessidade de saber da situação da jornalista torna-se maior do que qualquer outra.

Logo, os seus dedos digitam o número da loira e, numa rara ocasião, Lena não tem em mente as palavras que dirá para explicar o porquê da ligação.

Lena?— O tom na voz de Kara é duvidoso, parece soar um pouco abatido, mas a empresária só teria essa certeza se a conversa fosse pessoalmente._ Lena?

—Kara..._ a morena, por pouco tempo imersa nas conclusões sobre o estado da jornalista, desperta._ Eu conferi seu artigo no blog... Só queria saber como foi o retorno, se houve algum problema com Snapper.

— Eu fui demitida.

A resposta é tão rápida que deixa a empresária atônita. A demissão era uma das piores hipóteses prováveis e a que Lena considerava a mais equivocada diante dos motivos morais que levaram a jornalista a tal ponto.

— Demitida?_ A CEO associa a palavra ao causador e parece bastante verídico._ Oh Kara, eu sinto muito, é minha culpa. Eu nunca quis que acontecesse...

Está tudo bem, Lena... Não se sinta culpada_ não é algo que a morena possa atender._ São só os princípios de alguém que leva mais em conta a sua reputação do que a vida de cidadãos.

— Eu confesso que uma decisão assim de Snapper não me surpreende, mas se ajuda, Kara, você fez o certo_ são as palavras que Lena consegue oferecer, na esperança de a jornalista sinta-se melhor._ Como você está?

Bem, na medida do possível_ ouve-se um suspiro na linha._ Quero dizer, eu posso conseguir outro emprego, mas... Trabalhar na CatCo era uma parte de mim.

— Hum, eu entendo... O que você está fazendo agora?_ A boca de Lena é mais rápida do que a sua avaliação da ideia.

Eu, huh... Nada, eu estou em casa_ o modo como Kara fala é semelhante ao que usa nas suas desculpas esporádicas, a empresária nota.

— Então, vejo você daqui a pouco.

Está feito. Não há como voltar atrás na sua decisão. Nem tempo para que Kara contestasse ela concedeu. Logo, Lena vai em direção ao casaco e a bolsa pendurados perto da porta, pega-os e sai. A expressão no rosto de Jess é de total surpresa e só aumenta, quando é pedido-lhe que providencie o carro. O trabalho acumulado não é tão urgente e Lena o guardou numa gaveta bem profunda da sua consciência. Não há nada que a impeça de cometer essa pequena imprudência. A não ser que Kara ligue para dizer que não deseja sua companhia. Porém, nunca acontece e Lena segue em frente. Então donuts também parecem uma boa ideia para se concretizar.

✴✴✴

É um bom momento para usar sua super velocidade. Kara agradece a Rao por possuir DNA kryptoniano. Mas, Kara também se amaldiçoa porque esse fato não elimina seu lado desastrado. A jornalista precisa organizar seu apartamento e retirar Mon-El dali, antes que Lena chegue. No processo alguns potstickers que sobraram acabam no chão e o daxamita continua dormindo. Então, a loira desespera-se e tenta aumentar a sua velocidade. Que, para a sua satisfação, funciona. Porém, ainda há um pequeno detalhe. E, no instante seguinte, ele aparece na sala de regata e cueca.

— Kara, o que você está fazendo?_ ele usa uma das mãos para coçar a cabeça.

Ela arregala os olhos pelo atraso que Mon-El está dando e implora para que Lena ainda esteja no início do caminho.

— Eu preciso que você saia_ Kara empurra-o com as mãos de volta para o quarto para que ele se vista._ Pelo menos até a tarde.

Mon-El  mantém-se no lugar com as mãos sobre as da jornalista.

— O que está acontecendo?

— Lena está vindo_ ela diz esperando que o homem entenda e se mova, mas ele só franze as sobrancelhas._ Ela não pode ver você aqui... Muito menos assim.

— Por que não?_ Kara tem a expressão séria._ Quero dizer, por que eu não posso ficar?

— Por favor..._ Na mente do daxamita é quase uma súplica, no conjunto dos grandes olhos azuis e o tom que a jornalista tem, mas ele continua parado.

— Kara... Ela pode ter um convite para outra festa!_ É uma possibilidade que bate na sua cabeça e Mon-El não consegue ignorar.

O olhar da loira se intensifica, então, ele finalmente cede.

— Tudo bem... Mas antes_ o daxamita vira-se, alcança o óculos de Kara sobre a mesa e o põe no rosto dela. Mon-El dá um pequeno sorriso e sai.

Kara, então, suspira. Que Lena demore só mais alguns instantes para chegar. Só o tempo necessário para que não haja um encontro com Mon-El. É tudo o que a jornalista pede para Rao. No entanto, não é atendida. E Kara se pergunta se não foi só a culpa que trouxe a CEO ali, até a sua porta. Secretamente, a jornalista deseja que não. Entretanto, não são pensamentos que consegue ouvir. E, intrigada, Kara também não ouve batidas. não na porta. Um coração um tanto acelerado é o que identifica e por isso sabe que há alguém no corredor. A grande probabilidade aponta para Lena. Mas, por que ela não se anuncia? Teria desistido?

A batida sucessiva quebra seu raciocínio e, então, a jornalista já está prontamente atendendo a porta.

— Lena! _ O sorriso em seu rosto é inevitável e recíproco.

— Kara... Eu espero que não seja muita intromissão_ ela diz e, ainda sorrindo, morde o lábio inferior num gesto que Kara perde-se por alguns segundos.

— Nunca... Huh _ o pensamento que a jornalista deixa escapar traz um leve rubor ao seu rosto e faz com que, nervosa, ajeite o óculos.

— Que tal um pouco de açúcar para fazer o seu dia mais doce?_ Lena ergue o pacote numa das mãos e o estende para a loira.

— Claro, obrigada Lena.

A lembrança de que Mon-El ainda divide o mesmo espaço, atinge Kara. Ela desvia o seu olhar do verde, para conseguir se concentrar em uma solução, então,  direciona-o apartamento a dentro.

— O que você acha de darmos uma volta?_ A jornalista encara a morena, vendo-a arquear uma das sobrancelhas._ Sabe, eu estou precisando tomar outros ares.

— É uma boa ideia_ ela sorri novamente.

— Então... _ Kara invade o lugar ao lado da CEO, no corredor do andar, e fecha a porta atrás de si._ Vamos?

— Vamos_ os olhos mantém-se conectados e a jornalista perde-se outra vez.

Num ato impensado, ou talvez nem tanto, Kara toma a mão desocupada de Lena, antes de começarem a andar. A empresária é pega de supresa, mas não evita o contato. Ela estuda a expressão da jornalista que parece envergonhada pela atitude própria e fita o chão. Então, Lena resolve brincar, curiosa por qual seria a reação de Kara, e entrelaça seus dedos. Ela vê um mínimo curvar de lábios no rosto da loira e um rubor que sobe a face. Logo, Kara tem de se convencer de que aquela ação sua foi só pelo desespero de sair da linha de um mal entendido e seu coração descompassado está fora de contexto.

✴✴✴

Os dias poderiam ser todos como esse. É um pensamento que Lena guarda. Um desejo camuflado pela falta da presença de um outro alguém que não esteja relacionado ao seu trabalho. E é verdade que a morena está na companhia desse sentimento há algum tempo. Mas, um lado seu grita que se fosse qualquer um outro ali, ela não teria tido aquele pensamento. Um lado o qual explicita que é Kara a responsável por essa diferença e que é ela povoando as suas fantasias de um futuro não tão próximo. Porém, sempre há um contra que pesa a possibilidade da rejeição. E Lena também o escuta. A amizade com a jornalista é uma das relações mais doces e genuínas que a CEO já pôde experimentar, senão a que possui esse título. Perdê-la seria como apagar todas esperanças de não ser só mais uma Luthor. Ter um pedaço de si arrancado e condenar o resto ao fracasso. Portanto, um elo que Lena encontra-se incapaz de romper.

Entretanto, basta um sorriso de Kara, um como aqueles que a morena pensa serem capazes de exaurir qualquer escuridão, que Lena não acessa mais seus contras. Só enxerga-se apreciando, porque é digno de uma obra. E nesse momento, ela pode tê-lo de perto. Ombro a ombro, num banco de uma cafeteria próxima que a jornalista insistiu em entrar. Não que Lena pudesse negar algo a Kara, mas o convite veio com uma dose convincente maior pela aparente razão de que eles produzem os melhores doces que a loira já comeu. Lena também não quer ver a aura brilhante de Kara contaminada por Snapper.

E até esse momento parece estar conseguindo. O pacote de donuts vazio e abandonado numa lixeira pode ser uma prova. A outra a morena julga ser o tão contagiante curvar de lábios.

— Sério, Lena, você não precisa fazer isso _ Kara sorri derretida pela atenção._ Você já fez demais por mim.

— Você também está contando tirar o seu emprego?_ a jornalista está consideravelmente perto e a morena quase se esquece do que pretende dizer._ Então, talvez eu já tenha feito demais_ Lena sorri tentando diminuir o efeito da culpa sobre sua sentença._ Você também já fez muito por mim, Kara.

— Não há a necessidade de me compensar por isso.

— Não é uma compensação, eu só quero que você seja feliz como merece_ a confissão faz Kara sorrir e ajeitar os óculos, constrangida._ E sabe que está totalmente ao meu alcance ceder uma vaga na L-Corp. Principalmente para uma profissional tão competente, segundo Cat Grant_ há um ênfase no nome e a jornalista ri._ Pode ser temporário também, até que apareça algo em um jornal ou revista.

Kara quer dizer que saber da sua importância para a CEO já é algo que a deixa feliz. Que um momento como aquele já é o suficiente para o seu dia se tornar muito melhor. Ter a sua companhia já me faz transbordar, Kara quase diz. Mas, interrompe-se antes de soltar o ar dos pulmões, que logo transforma-se em um suspiro por causa do olhar intenso que recebe. A distância é tão pouca que a jornalista consegue distinguir o tom de verde que tanto  a aprisiona. Consegue definir com precisão o formato dos lábios que sempre sorriem na sua presença. Kara também sente-se inebriada pelo perfume e não quer se afastar, mas procura uma razão para fazer. No entanto, sua mente está limpa. É Lena a única que a loira vê.

— Você aceita?_ A morena pergunta sem se afastar._  Há um lado que é do meu interesse também.... De mantê-la por perto_ a última parte é sussurrada, porque Lena sabe que Kara pode ouvir com proximidade tão grande.

— Então, talvez eu aceite _ o tom é semelhante ao da outra, mas a jornalista soa débil por causa do ar que foge de si._ Seria uma mentira se eu dissesse que esse lado não é recíproco da minha parte.

 

O sorriso que Lena abre abala todas as certezas de Kara. Por que o seu heróico não pode coexistir com um relacionamento romântico clichê? Um que a faz sentir-se como uma adolescente, que rouba o ar de seus pulmões e faz seu coração bater desenfreado. E Kara se pergunta, pois sabe que sempre sentiu-se assim, embora tenha custado a admitir para si, com Lena. Mon-El nunca chegou aos pés do modo como a morena faz a jornalista enxergar-se rendida. Agora, mais do que tudo, Kara quer ter essa certeza sólida.

Então, a loira finalmente cede ao desejo.

Aproveitando-se da proximidade, a jornalista fecha a distância entre as faces num leve encostar de lábios. É mais suave e doce do que já imaginou e ao mesmo tempo dá a sensação de que está à beira de uma explosão. Porém, Lena não se move e isso a assusta. Ela cometeu um erro, deve ser esse o motivo. Logo, Kara se afasta e, constrangida, tenta murmurar uma desculpa. No entanto, é, de súbito, interrompida.

É a morena que toma seus lábios agora. Um beijo mais ávido, todavia ainda lento. Um beijo que explora tudo o que é oferecido, ainda sim aproveitando cada segundo. E as mãos que acariciam seu rosto tão reconfortantes. Já não existe mais o fato de que estão em uma cafeteria, mesmo que numa mesa mais ao fundo. As palavras Super e Luthor são facilmente descartáveis diante desse sentimento.

 

Mas como tudo o que é bom, é efêmero.

 

O contato é quebrado a contragosto de Kara, e também de Lena, porque respirar é uma necessidade. Ambas observam-se sorrindo e a loira não pode dizer se algum dia foi mais feliz. Entretanto, como um meteoro, a realidade atinge seu peito e a traz para a superfície. Kara não pode fazer isso. É preciso resolver-se com Mon-El primeiro.

A jornalista assume uma postura mais séria, enquanto olhos da outra ainda prendem suas ações, curiosos. O verde ainda está tão perto, como também os lábios ligeiramente borrados com o vermelho. Kara sabe que seria fácil  conectá-los em um outro beijo. Essa é sua grande vontade e a loira não quer cumprir o seu dever agora. Porém, seria agir contra os seus princípios.

Ela ajeita o óculos, nesse momento realmente torto, e encara Lena.

 

— Bem, eu, huh... Desculpe-me por isso, Lena _ Kara toma ar e coragem para continuar._ Eu tenho coisas para acertar antes que possamos dar início a algo, eu...

—Está tudo bem, Kara, eu entendo_ a CEO fita suas mãos que repousam no colo e a jornalista não sabe se assimilou bem as palavras.

— Você entende?

— Você está arrependida, não é?_ Lena a encara, estudando o azul por trás da lentes._ Como eu pude acreditar por um momento que seria diferente...

Kara finalmente chega ao ponto que a morena tem. Lena acredita que está destinada a viver solitária. Mas, por Rao, Kara nunca permitiria.

— Não! Não é isso... Eu só realmente preciso resolver algumas coisas _ não há muita fé no olhar que recebe, então, a loira alcança o rosto de Lena com uma mãos e o afaga suavemente._ Me dê essa chance.

 

— Tudo bem... _ Ela diz quase num sussurro.

A jornalista precisa que Lena confie em suas palavras. Logo,  Kara se aproxima novamente e a beija para que a morena tenha essa certeza. É um simples encostar de lábios outra vez, mas ela sabe que passou sua mensagem.

— Até mais tarde_ Kara não sabe o porquê de ter dito isso, mas provavelmente se concretizará, como o que quer.

Então, a jornalista levanta-se e puxa o seu suéter. Ela lança um último olhar para Lena antes de se dirigir até a saída. Como vieram no carro da CEO, o caminho até seu apartamento é a pé  -  Kara poderia ir voando, mas prefere um tempo só com os seus pensamentos  para enfrentar a situação que deixou acontecer com Mon-El  -  o café não fica longe. A jornalista, agora, procura uma solução para que ninguém saia machucado. Mas é inevitável.

✴✴✴

Há uma hora Kara chegou no seu apartamento, e, contudo, está sozinha. Mon-El aparentemente ainda trabalha e esse é o provável motivo de sua demora. É bom e ruim ao mesmo tempo uma vez que a jornalista pode se preparar melhor para o que está por vir, mas também um anseio de ver tudo isso resolvido e estar com Lena, consome-a por dentro. E nesse instante Kara percebe que existem muitas coisas em que ainda não pensou. Qual seria a opinião de Alex sobre isso? E do restante do grupo? Lillian ainda é uma fugitiva. E a jornalista ainda não se sente segura para revelar sua identidade à morena. São, mesmo, muitas questões para acertar. E maioria implica, mais uma vez, sua confiança. Mas isso não é algo que Kara quer ter em sua mente agora.

Primeiro os seus próprios sentimentos e o erro sobre conformar-se. Mon-El.

A jornalista, de início, chegou a conclusão de que estava apaixonada. De que era ele com quem deveria estar. Apenas deveria. Era muito mais fácil imaginar-se com alguém tem uma origem parecida. Que é quase tão invulnerável quanto. Era o que Kara poderia ter. E a conformidade não incomodava tanto. Não enquanto evitasse pensar em como seriam esses momentos com outra pessoa. Em como eram as tais borboletas no estômago. Então, Lena fez-se mais presente e Kara soube. Mas manter o daxamita na mesma posição era mais confortável. Todos os confrontos que ocorreriam davam tanto medo. Porém, são notáveis as consequências de ter escondido-se por trás do que temeu e não há como remediá-las. Kara deve enfrentá-las.

De um modo estranho, o seu pensamento é atendido no segundo seguinte. A jornalista percebe há alguém chegando na sua porta. E é Mon-El.

— Kara! Estou em casa_ ele diz mais alto do que suficiente e a localiza no sofá._ Pizza para hoje?_ O daxamita chacoalha levemente as mãos que seguram a caixa.

— Eu, provavelmente, diria sim agora, mas..._ Kara senta-se adequadamente no estofado._ Nós precisamos conversar.

O homem senta-se também e põe a comida sobre as pernas, permanecendo calado. A loira sabe que ele espera que inicie o assunto.

— Eu sei que nós talvez pudéssemos funcionar juntos, você sabe, como um casal de heróis alienígenas ou algo assim... Era o que poderia se esperar, era o que eu esperava, mas..._ Kara suspira._  Não era o que eu queria. Eu me enganei achando que estava apaixonada, porque pensei que era tudo o que poderia conseguir... E me conformei com isso. Porém não é_ a loira observa o semblante dele um pouco caído._ Você não vai dizer nada?

— O que você espera que eu diga?

Mon-El não parece surpreso e isso deixa Kara confusa.

— Que está chateado? Que estou tendo uma crise? Eu não sei.

Agora é o daxamita que suspira. Ele desvia seus olhos por um momento para, então, encarar a jornalista.

— Eu pensei bastante que fosse acontecer... Mas, francamente, Kara, eu gosto de você, nunca me senti assim com outra pessoa, então, eu queria aproveitar o tempo que restava e, huh..._ Mon-El tem uma das mãos puxando de leve o cabelo da nuca._ Talvez esse tenha sido o meu grande erro, porque eu estava privando você do mesmo. Sendo egoísta. E se o que eu temia finalmente aconteceu, eu não posso continuar com isso.

Kara não esperava uma resposta sincera como essa. Ela mesma não teria agido assim. E a jornalista está aliviada que Mon-El é diferente. Ela o vê tentar um sorriso e sente-se mal com isso, pois mesmo que tenha o rejeitado, o daxamita ainda quer ser melhor por ela.

A loira, logo, o puxa para um abraço.

— Ainda podemos ser amigos?_ Ela sussurra quando Mon-El retribui seu gesto.

—Claro que podemos... Eu não vou te perder tão fácil assim_  ele ri fraco e há uma longa pausa antes que queira falar novamente._ Você gosta de Lena, não é?

A jornalista não tem consciência de como ele chegou a essa conclusão, mas não é de tanta importância nesse instante.

— Sim, eu gosto.

Mon-El se afasta, olhando no azul de Kara, e sorri.

— Então, vá pegar a sua garota_ ele diz, vendo o sorriso também no rosto da jornalista que, é claro, está ciente de que Mon-El tirou isso de algum filme.

— Eu vou..._ Kara ri._ eu vou.

O daxamita observa a loira levantar-se e ajeitar as suas roupas. O ar que assume sua face é diferente, quando ela está saindo. É leve, é contagiante. Mon-El, no final das contas, sente-se feliz por Kara. Feliz porque ela também pode sentir-se assim, mesmo que não com ele. Também, provavelmente, por ter-se descoberto maduro.

Ou nem tanto. Talvez a pizza inteira sobre o seu domínio tenha alguma influência.

✴✴✴

Lena não costuma esperar por ninguém nas suas noites de trabalho. Os papéis, raramente alguns funcionários desse turno e às vezes uma ou meia taça de vinho são sua companhia. E a morena teme que essa seja igual a todas as outras. As palavras - e os lábios - de Kara são a sua única esperança, embora possa ligar para ela também, mas a CEO não quer exercer nenhum tipo de pressão.

E, ali, sozinha mais uma vez, não há como bloquear certos pensamentos. A maioria deles leva ao destino que Lena tanto evita. Que um relacionamento com Kara é só mais um como outros que já teve. Uma tentativa frustrada. Um sonho manchado pelo legado de sua família.

Ah, e como Lena quer estar errada.

No entanto, quanto mais o tempo passa a sua esperança vai morrendo. Como poderia ser diferente? Ainda mais num lugar que faz questão de lembrar seus laços familiares? Então, Lena resolve que não deve esperar por nada. Apenas deixar que aconteça, pois depende da jornalista também. Do seu pedido.

De repente, um estrondo muito alto, vindo de fora, chama sua atenção, despertando-a das suas conclusões. A empresária corre até a varanda para ver o que acontece lá embaixo. Uma rua parcialmente destruída é o que nota. Logo, Supergirl lutando com um alien quatro vezes o seu tamanho, também aparecem no campo de visão de Lena. A morena sente um aperto dentro de si vendo a heroína ser atingida algumas vezes. E é inevitável que a antiga suspeita cruze sua cabeça.  A suspeita que acusa Kara de estar por trás da capa e do brasão heroico. Mas, Lena guarda-a no fundo de sua consciência, pois se for verdadeira, é algo para a jornalista dizer-lhe. E para isso ela merece o seu tempo.

O alienígena cai desgastado sobre o asfalto e a CEO assiste uma equipe de agentes entrar em ação. Supergirl, então, some pelos ares. Lena pergunta-se qual terá sido o seu destino. Para a sua surpresa, obtém a resposta.

O telefone do escritório toca e a morena atende.

— Srta. Luthor, Kara Danvers está aqui, devo permitir sua entrada?

Lena sorri por ter estado errada.

— Sim, Jess, mande-a entrar, obrigada.

Kara Danvers, o motivo de sua felicidade e de sua angústia, entra tímida pela porta, com as mãos nos bolsos do casaco.

— Lena?_ Ela soa envergonhada.

Lena dá a volta na mesa e anda até estar frente a frente com a loira.

— Kara... Você veio_  não há como evitar transparecer o que sente.

— Eu não me perdoaria, se não o fizesse_ Kara aproxima-se mais um pouco._ Não posso deixar de viver o que eu quero só porque me impõem limites, Lena, e talvez você não esteja me entendendo agora, mas, eu quero ter o controle da minha vida, não viver só pelos meus deveres, quero realizar os meus desejos, os meus sonhos_ a jornalista suspira e um rubor toma o seu rosto._ E você faz parte deles..._ Kara ajeita o óculos._ Me desculpe por estar falando...

A morena não se contém e toma os lábios da loira. A atitude surpreende Kara, mas ela, logo tem suas mãos repousando sobre a cintura de Lena, apreciando o beijo. E é curto, mas, suficiente para demonstrar a reciprocidade. Lena afasta-se um pouco, para observar a jornalista de olhos fechados.

— Você também faz parte do que eu quero, Kara_ ela vê os olhos azuis tão sorridentes quanto seus lábios.

E pela primeira vez na sua vida Lena Luthor está feliz por ter estado errada.





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