La Doña del Rio escrita por Araimi


Capítulo 25
Capítulo 25




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É um daqueles dias em que ela quer ir para casa.

Ela tem menos lugares para ir hoje do que tinha antes.

Bárbara está doente, ela tem estado doente com frequência nos últimos meses. Já está velha.

Ela pode sentir o tempo se esvaindo entre os seus dedos, o relógio vai marcar o fim. Bárbara não quer ir até Paulina, não quer preocupa-la. Ainda hoje não pode ir até Marisela. Não há mais a Velha para cuidar dela. Ela só quer ir para casa, não quer ficar mais tão sozinha. Ela quer pessoas que ela conhece.

Então ela vai para missão.

Os indiozinhos não são mais os mesmos da sua primeira vinda. Aquilo foi há muito tempo atrás. Eles cresceram e seguiram suas vidas, no lugar deles, há outros indiozinhos, tão queridos para seu coração quanto, que a recebem com alegria, fazendo festa, gritando seu nome. Ela distribui os doces, mas se cansa daquela tarefa mais rápido do que costumava, entregando a saca para um dos mais velhos e pedindo que ele repartisse. Ela entrega o presente do aniversário que perdeu e brinca com Maria, a menina abusada que atualmente é sua preferida (ela tenta não ter preferidos, mas Bárbara simplesmente não consegue).

Sua amiga missioneira a agradece, como sempre, e logo percebe que ela não está bem, levando-a para dentro de sua casa. Ela repreende Bárbara por nunca ficar parada em um lugar o suficiente para se curar. Bárbara brinca e conversa, mas seus olhos estão pesados e ela quer descansar.
Sua amiga acaba trocando seu rum por chá e depois de lhe dar alguns remédios, ela a deixa só.

Bárbara entra em um sono cheio de sonhos. Ela lembra coisas que já não pensa há anos. Ela sonha com aquela noite terrível e é quase como se estivesse lá, vivendo tudo novamente. Ela quer gritar, quer correr, rápido o suficiente dessa vez. Mas ela não consegue, ela nunca consegue. Ela vê Santos, mas sua visão está borrada. Ela vê Marisela. Ela quer Marisela, quer estar perto dela. Queria ter podido estar com ela todos esses anos. Não deveria ter a deixado para trás.

Bárbara sonha. Uma procissão de imagens e pessoas, coisas que ela viveu e que ela poderia ter vivido. Coisas que ela quer e que nunca pode ter.

Ela não sabe quanto tempo passa nesse estado, parece que são anos, mas é despertada pelos meninos a chamando para brincar. Ela sente que não é a primeira vez, mas não tem certeza. Ela olha para aqueles rostos inocentes e aqueles olhos conhecidos que a olham com carinho. Com dificuldade (parece que seu braço pesa uma tonelada), ela levanta uma mão para acariciar o rosto de Maria. A menina sorri, seu sorriso faltando dois dentes. O menino toca sua testa, sua mão pequena subindo para seus cabelos e ficando lá.

A missioneira entra, colocando os meninos para fora com sua voz dura (sua voz dura é apenas um pouco menos gentil do que costuma ser). Eles não vão muito longe, parando na porta, apenas as cabeças visíveis, olhando para dentro do quarto. Sua amiga abaixa-se perto dela, perguntando se ela precisa de algo. Bárbara precisa de uma enorme quantidade de coisas. Mas, para aquele momento, ela olha para as crianças, para sua maior amiga, e acha não precisa de nada mais.

Ela não está sozinha, está rodeada de pessoas que ela gosta e que gostam dela.
Bárbara fecha os olhos e, pela primeira vez em muito tempo, descansa.


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