A noite em Storybrooke estava calma. Nenhuma ameaça para combater, nenhum vilão para se preocupar. Por incrível que pareça, a calmaria havia tomado conta da cidade. O que Regina achava que não duraria muito tempo, já que nenhuma paz naquele lugar durava. Entretanto, enquanto segurava a taça de vinho nas mãos, encarando o marido, a paz não dominava apenas Storybrooke, dominava Regina também.

Robin cortava os legumes com agilidade, e ela se permitiu observá-lo. Na verdade, ela adorava fazer isso, simplesmente olhar para ele. Ele tinha os olhos atentos no que estava fazendo, a boca em uma linha reta, mostrando concentração. O casaco com as mangas arremangadas até o cotovelo, a blusa preta por baixo. A barba por fazer, e, Deus, seu Robin estava ficando grisalho!

Regina deixou uma risada escapar, chamando a atenção do homem a sua frente. Ele olhou para ela com a testa franzida, o que a fez rir mais. Mas não conseguia parar de pensar que ele ficava ainda mais charmoso com o cabelo ficando branco. 

Era quase difícil acreditar que eles haviam passado por tantas coisas, que o destino havia brincado com eles tantas vezes, mas os dois estavam ali, juntos. Regina conseguia sentir o prazer de estar vendo o amor de sua vida começar a ter cabelos grisalhos, e esse simples pensamento a pegou de jeito. Mesmo com tudo o que passaram, Robin estava cumprindo exatamente o que havia prometido a ela no dia do casamento deles. Ele estava a fazendo feliz, por isso, ela se permitiu sorrir e Robin detectou um brilho diferente no olhar dela.

Pura felicidade.

Ele largou a faca e limpou as mãos num pano, seguindo até ela, que estava sentada num banco em frente a ilha da cozinha. Regina era tão linda, que as vezes Robin se perguntava se ela era real mesmo.  Ele se colocou entre as pernas dela, e com uma sobrancelha arqueada perguntou:

— Do que você está rindo tanto?

— Acho que você está ficando velho para mim. – ela respondeu, rindo ainda mais da confusão que dominou a expressão de Robin.

— O que você disse, milady? – semicerrou os olhos para ela, enquanto depositava suas mãos na cintura da morena.

— Seus cabelos... estão ficando grisalhos. – levou as mãos até os cabelos dele, sorrindo.

— Ah, é mesmo? – ele semicerrou os olhos ainda mais, fingindo-se de ofendido. – Não seja por isso, você tem um aqui, e aqui, e um aqui. – ele zombou dela também, enquanto procurava fios brancos no cabelo dela.

— A culpa desses meus cabelos brancos é todinha sua e dos nossos filhos. – ela se defendeu.

— Sua mentirosinha! – ele repreendeu, apertando o nariz dela entre os dedos. – Nós não estressamos você, não.

— Você me conhece bem demais. – ela revirou os olhos, suspirando. Ele riu, encostando a testa na dela e logo em seguida juntando seus lábios.

— Assim como você me conhece, meu amor. – sussurrou, segurando o rosto dela entre as mãos. – Você é linda.

— Robin... – ela desviou os olhos dos dele, envergonhada. Mesmo depois de tanto tempo, Robin ainda tinha esse efeito sobre ela.

— Então você acha que eu estou velho demais para você? – ele brincou, chegando mais perto dela e roubando um beijo. Não um beijo normal, e sim um que tirou o fôlego de ambos, fazendo-os se separar somente por causa do ar, que se fazia necessário.

— S-seus filhos estão na sala ao lado. – ela sussurrou, ofegante.

— Nossos. – ele a corrigiu, sorrindo. Depositou um beijo em sua testa e se afastou, piscando.

Como se tivesse um sensor, Roland  entrou na cozinha correndo, trazendo um caderno consigo.

— Mãe, terminei o dever. Quer olhar? – perguntou o garoto, se aproximando  e sentando-se no banco ao lado do dela. Regina verificou o dever do seu pequeno, que na verdade não era mais tão pequeno assim. Robin grisalho, Roland crescendo, Henry quase formado. O tempo estava passando muito rápido, e ela não estava nem mesmo percebendo.

— Está ótimo, meu amor. – ela sorriu pro garoto, depositando um beijo nos cabelos castanhos dele. Olhou para Robin e o mesmo a jogou um beijo no ar, e enquanto mandava outro para o marido, ela tinha certeza, nunca se sentira tão feliz em toda sua vida.

Mais tarde, quando ela estava com a cabeça escorada no peito de Robin, enquanto ele fazia cafuné nos cabelos dela, ela se permitiu perguntar, séria:

— Robin, eu tenho realmente fios brancos?