Devido aos acontecimentos recentes, com isso quero dizer, acabar com o acordo com Peter, descobrir que posso salvar Allison, ficar presa no caixão e descobrir que minha mãe pode estar viva. A sorte parece que me deixou de vez. Sim eu estava sem saída e desolada, o que fazia o meu primo e os amigos deles ficarem um pouco preocupados, mas a verdade é que ninguém podia fazer nada. Eu precisava de um tempo para assimilar tudo.

Na Echo house, onde minha mãe supostamente havia se suicidado, encontro apenas uma chave em seus pertences, o que ainda não significa nada para mim. Depois descubro que ela estava enterrada em Beacon Hills, mas sua sepultura está vazia, o que significa que ou ela esta viva ou alguém pegou seu corpo (eu estou apostando muito na primeira alternativa). O que estou querendo dizer que tem muito mais aqui do que eu esperava. Estou tendo sonhos com ela desde que eu cheguei e resolvi ignora-los. E agora descubro isso tudo, deve estar tudo relacionado.

Para completar, desde que eu conversei com o Isaac sobre minha família eu tenho desenterrado algumas emoções e lembranças do passado que eu mesma queria esquecer, não que tenha sido ruim, mas porque era uma época muito boa da minha vida que eu não tenho mais, já que meus pais se foram (ou pelo menos um dele). Por isso eu resolvi enterrar isso tudo numa caixinha lá no fundo do meu coração para não me atrapalhar, como já tinha dito a minha magia mexe muito com minhas emoções e tenho que controlá-las a todo custo, e esse foi o jeito mais fácil que eu encontrei.

Contudo, como o Isaac disse uma vez, chega um momento que precisamos enfrentar os nossos medos e acho que não tem melhor hora para fazer isso do que agora.Tá talvez não exatamente agora, afinal já está de noite e já estou no conforto da minha casa, mas de amanhã não passa.

Estou deitada na cama e Margo está perto de mim, lambendo o curativo do meu braço, na verdade parecia que ela estava tentando tirá-lo.

—Ei, para com isso. - Disse afastando a cabeça dela. - Não está doendo, mas essas suas lambidinhas estão começando a me estressar.

Recebo aquela cara de superior de Margo e decido levantar da cama e ir até cozinha, se eu continuar perto dessa gata sou capaz de jogá-la pela janela.

Perdida em meus pensamentos, no caminho da cozinha, esbarro sem querer em alguém, que logo percebo que é Isaac e não sei por que meu coração acelera de nervoso.

— Hey.- Digo meio sem jeito

— Hey- Respondo levando a mão na nuca, sem me olhar nos olhos. Por um momento acho que também está sem jeito.

— Como você está? – Pergunto tentado quebrar o gelo.

— Bem e você?

— Também...- Isso está cada vez mais humilhante de se ver. Mas o que acontecendo com a gente afinal? Bom logo depois de me fazer essa pergunta, lembro-me que depois do que aconteceu no caixão não nos vimos durante um dia, ou seja, nunca falamos do que aconteceu lá dentro. Aí meu Deus será que ele se lembra do beijo? Ok! Agora estou nervosa.

— Isaac ...

—Cassie...

Falamos ao mesmo tempo e deixamos escapar um sorriso. Então acontece novamente. Falamos juntos novamente:

—Pode falar primeiro.

— Nossa o que tá acontecendo? – Digo sorrindo, essa frase é mais para mim do que para ele. Ele sorri para mim, mas mexe os ombros como se não soubesse o que responder então eu resolvo falar primeiro.

—Olha... Sobre o que aconteceu... Me desculpe – Digo gaguejando e tentando desviar o olhar do dele, afinal não sabia qual seria a sua reação, estou com medo de descobrir o que ele está sentindo e isso não me agradar.

— Você não tem que se desculpar, não foi culpa sua.... Aquilo não deveria ter acontecido.- Nunca vi Isaac tão serio quanto agora. E sim não vou enganar o que ele disse me machucou mais do que eu pensei que machucaria. Então, estava errada sobre nós dois, será que eu que imaginei essa ligação que temos? Só eu que sinto essa faísca?

— Uau, não imaginava que você se sentisse assim... Se soubesse, nunca teria feito aquilo...- Disse um pouco magoada e olhando para o chão. A luminária do meu lado pisca diversas vezes e acho que ela me entrega, pois senti que Isaac estava me analisando. Quando levanto a cabeça em sua direção posso confirmar, pois me deparo com seus olhos verdes me encarando e é aí que ele pergunta.

— Feito o que? Espera... Do que você está falando?

— Do que VOCÊ está falando?

— Do corte que eu fiz no seu braço. - Responde apontando para o curativo. AI MEU DEUS o corte! Claro que é o corte!

— AAh corte!- digo caindo a ficha. Agora as coisas estão fazendo mais sentido, tipo o porquê ele estava tão sério.

— É claro que é do corte... Do que você pensou que eu estivesse falando? - disse tentando entender a situação e se aproximando de mim.

Bufei meio sem jeito e disse:

—Do corte também. É obvio. – E assim viro meu belo corpinho em direção da saída da cozinha, não podia mais ficar ali, sem ter vontade de sumir da face da terra. Onde eu estava com a cabeça??

— Espere- Disse pegando no me braço e soltando logo depois quando parei em frente a ele. – Algo me diz que você não esta falando a verdade.

— O que você é agora? Um detector de mentiras? – Disse implicando, tentando arrancar algum sorriso daquele rosto que agora está sereno.

— Digamos que minha audição é melhor do que a sua e...- Disse chegando mais perto de mim, fazendo meu coração palpitar e algumas luzes piscarem. Que merda é essa que esta acontecendo aqui? Nunca senti isso. – ...através dos seus batimentos posso saber quando está falando a verdade ou não. – Disse dando um sorriso de lado e encostando o dedo indicador na direção do meu coração. – Bom as luzes também estão me ajudando. - E com a mesma mão levanta e aponta para as lâmpadas.

Fecho os olhos e respiro fundo e me concentro para tentar controlar um pouco as minhas emoções. Quando abro os olhos novamente me deparo com os olhos de Isaac me analisando novamente, e também vejo que fiz com que todas as luzes se apagassem deixando somente a luz do luar entrando pela janela. Nossa respiração está pesada. Ele coloca a mão onde está meu curativo e percebo que está preocupado.

— Ei, estou bem...- Digo colocando a mão no rosto dele. Fazendo o fechar os olhos com o meu toque.

— Não deveria ter deixado acontecer...- repete – Eu deveria ter...

—Sh... para de ficar se lamentando, ok?- Digo fazendo com que olhe para mim novamente. - Aconteceu por que tinha que acontecer.... Não dá para mudar as coisas, e mesmo se desse, eu não mudaria. – E de repente eu não estou mais falando sobre o meu braço. - Ok, provavelmente eu mudaria algumas coisas... - digo sorrindo o que faz ele sorrir para mim também.

— Sabe, eu vivo tendo esses flashes sobre o que aconteceu.... E em um deles você me dá...

—Um beijo... – Digo automaticamente. – Bom... tinha que fazer você me dar atenção de algum jeito.

— Era disso que você estava falando no início, não é?- Balanço a cabeça afirmando. – Bom, se esse é o jeito que você achou de chamar a minha atenção acha que tenho que te ignorar mais vezes.... - Disse dando aquele sorriso de lado que eu amo e me puxando pela cintura.

Sorrio e me aproximo dele com os olhos fechados.

E do nada uma luz surge no meio daquela escuridão fazendo com que nós dois abríssemos os olhos e nos distanciássemos um do outro.

— Scott? Cara, quase queimou meus olhos!- Diz Isaac percebendo que foi Scott quem acendeu todas as luzes.

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

— Nada. Por que você esta gritando?- Respondo coçando os olhos.

— Esse nada parecia muito como se estivessem se beijando- Disse Malia que vinha logo atrás dele junto com Stiles.

— Não é muito tarde para vocês dois estarem na casa dos outros, não? – Digo me referindo a Malia e Stiles.

—Hey! Praticamente moro aqui, é minha segunda casa... Falando isso você machuca os meus sentimentos. – Reviro o olho com essa resposta de Stiles. E viro minha atenção para meu primo que volta a falar novamente.

— Vocês ainda não responderam...

— Não aconteceu NADA! – O que realmente era verdade. Eles entraram antes que algo acontecesse.

— Mas parecia que estava acontecendo alguma coisa...

— Scott você precisa seriamente de óculos... Isaac estava tirando um cílio do meu olho só isso.

— Só isso?– Pergunta olhando para mim e depois para Isaac que afirma com a cabeça, parecendo mais sem jeito que eu. Chega a ser fofo de ver.

— Só. E se fosse mais alguma coisa... Adivinha só... - digo chegando perto dele. – NÃO É DA SUA CONTA!  Boa noite para todos. - digo por fim indo em direção ao meu quarto.

Que noite longa. Não acredito no que aconteceu e minha cabeça fica passando parecendo um videozinho. Eu e Isaac sozinhos na cozinha.... Antes é claro do meu primo estragar tudo. Qual é o problema dele afinal?

Bom preciso dormir logo, amanhã tenho um dia cheio. Aconchego-me na minha cama empurrando Margo para o lado, essa gata é muito espaçosa. Por fim, vou dormir com um sorriso no rosto que não tinha há muito tempo.