If I die Young (REESCREVENDO) escrita por Baby Blackburn


Capítulo 1
I’ll shine down on my mother


Notas iniciais do capítulo

A decisão de reescrever essa fanfic levou dois longos meses. Ficar em isolamento social me incentivou à voltar a ativa com um dos projetos que eu mais me diverti fazendo. Algumas coisas na história mudaram e outras foram cortadas, mas a essência continua a mesma.
Junto ao retorno da fanfic, resolvi criar uma playlist no Spotify para aqueles que gostam de uma trilha sonora na hora da leitura. Aliás, os títulos são trechos de músicas que vão estar nessa playlist: https://open.spotify.com/playlist/04O8XcjoKxfbXX2Be8rwdR?si=SeA0MQAET6O7qBmI_R9wWA

Caso você tenha lido a antiga versão de If I die Young, espero que goste dessa. Se acabou de encontrar essa daqui, seja bem-vindo.



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Lily viu sua mãe levar o copo de whisky até os lábios pelo o que pareceu a décima vez no último minuto. Observava de longe, sem tentar interferir ou tirá-la de seus pensamentos. Uma nuvem preta havia se instalado sobre o teto da família Potter, se intensificando na última semana. Quanto tempo demora para curar a dor de perder alguém? Era o que a garota constantemente se perguntava ao observar as cascas sem vida que um dia haviam sido habitadas por seus pais. Em menos de 12 horas a morte de seu irmão mais velho, James,completaria três semanas.

A mulher a sua frente nada se assemelhava com a imagem que estava acostumada a ter de sua mãe. Ginny Potter sempre foi uma mulher encantadora e gentil. Dona de um sorriso cativante e mãe de uma família perfeita. Hoje, era apenas uma bagunça de cabelos ruivos e com cheiro forte de álcool. Seus olhos já não mais possuíam o brilho que sempre esteve ali e suas roupas estavam sempre amarrotadas e sujas, consequência das longas horas que passava deitada em sua cama se alimentando apenas de comida congelada. Seu luto não dava sinais de que um dia teria fim.

A família Potter vivia em perfeita harmonia, até que uma bomba caíra em suas cabeças dia 24 de agosto. Ginny foi a primeira a receber a notícia. Suas pernas fraquejaram e seu coração parou quando viu seu filho mais velho sendo levado para dentro do hospital onde trabalhava. Seu menino estava inconsciente na maca, o corpo estava quase completamente queimado e seu braço direito estava em um posição que deixava claro que estava quebrado. Seus olhos se fecharam quando o levaram para longe, e ela pediu para que aquele não fosse seu filho.

Harry estava em casa quando recebeu a ligação do hospital. O telefone caiu de sua mão e sua visão ficou turva. Passava as mãos pelos cabelos enquanto gritava pela filha mais nova, que dormia tranquilamente no andar de cima. Lily foi acordada pelos gritos do pai, ainda meio tonta de sono desceu as escadas checando o horário no grande relógio que ficava na sala. Duas da manhã. Seu pai vasculhava a sala como se sua vida dependesse disso. A garota perdeu parte da visão quando, aos gritos, seu pai lhe contou o que havia acontecido.

Albus, o filho do meio, recebeu uma ligação estranha de sua irmã mais nova no meio da madrugada enquanto voltava para casa. Ele foi avisado de que seu irmão havia sofrido um acidente de carro no início da madrugada, mas, quando chegou ao hospital onde a mãe trabalhava soube que, na verdade, James Sirius Potter já tinha falecido.

Seus olhos voltaram para a sua mãe. Ela continuava a encher o copo enquanto olhava pela janela.

— O que você acha de buscar o papai no trabalho? –Ginny virou seu olhar para a filha, o copo parando na metade do caminho para a boca. –Vocês podem sair para jantar, soube que abriu um restaurante novo ao lado do escritório.

Ginny se esforçou para sorrir, mas tudo o que conseguiu foi uma careta cansada.

— Não prefere que eu faça o jantar para você e Albus? –se levantou colocando o copo na pia e a garrafa de whisky no lixo. Era a sétima na semana. Foi até os armários, na intenção de começar o jantar. Como em todas as noites desde o acidente.

— Mãe...- Lily foi até a mulher, tirando o pacote de macarrão das suas mãos. –Eu e o Al podemos nós virar, já somos bem grandinhos.

A mulher suspirou se apoiando no armário. Seus cabelos embolados caíram em seu rosto cansado. Tentou disfarçar, mas Lily viu quando a mãe limpou uma lágrima que escorria pelo rosto.

— Toda vez que eu perdia um paciente novo, lembrava que aquela pessoa era filha de alguém...-fez uma pausa para tentar recuperar o fôlego que tinha perdido. – Ficava me perguntando como uma mãe acordava todos os dias sabendo que seu filho não estava mais aqui – uma risada sem qualquer sinal de humor escapou de seus lábios, as lágrimas escorriam cada vez mais por suas bochechas coradas. – Mas você continua a sua vida e, por alguns segundos, esquece. E quando lembra, toda a dor que sentiu quando recebeu a notícia volta.

— Ele não ia querer que a senhora vivesse uma vida medíocre. Ia querer te ver trabalhando novamente, ajudando pessoas. Ele ia querer nos ver feliz.

— Eu continuo sentindo como se alguém estivesse segurando minha cabeça debaixo da água. Meu peito dói toda vez que acordo, e minha cabeça retorna, durante todo o dia, ao momento em que o vi entrando na emergência... –suspirou, fugindo do olhar de Lily, envergonhada. -Preciso continuar a cuidar de vocês para me lembrar de que eu ainda sou a mãe de alguém.

Aquela frase pegou Lily de surpresa, se esforçou o máximo que pode para segurar as lagrimas e manter a voz firme quando voltou a falar.

— A senhora já cuidou de nós por tantos anos, talvez esteja na hora de cuidar de você e do seu casamento.

O sorriso que Ginny deu não alcançou os seus olhos, mas foi o mais sincero que ela em duas semanas.

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Always you de Louis Tomlinson tocava no notebook em cima da bancada da cozinha enquanto Lily procurava algo para comer. Já passava das 21 horas e seus pais ainda não tinham voltado, o que era um bom sinal, considerando que os dois não tinham um tempo sozinhos desde o acidente.

A garota ainda ponderava se um pacote de bolacha era um bom jantar quando ouvir a porta da frente bater.

— Mãe? – chamou enquanto caminhava até a sala escura. – Pai? 

Parou na entrada da sala olhando em volta. Não havia nada na entrada da casa. A música que tocava em seu notebook parou de tocar e ela ouviu o barulho da porta do armário, onde procurava comida, se fechar. Seu coração disparou, respirando fundo e tentando achar o mínimo de coragem ela voltou para a cozinha. Sentado na bancada, ao lado de seu notebook, estava Albus comendo tranquilamente um temaki.

— Mas que merda Al! – exclamou soltando a bolacha e se aproximando do irmão, que parecia indiferente ao susto que dera nela. –O que faz aqui?

— Eu...moro aqui – disse como se fosse óbvio.

— Não nas últimas semanas – respondeu seca enquanto revirava as sacolas atrás do irmão.

— Mamãe me ligou, disse que a criança estava sozinha em casa e me pediu pra trazer algo decente pro jantar – desceu da bancada para se sentar ao lado de Lily.

— Achei que tinha esquecido o caminho de volta para casa... Faz dias que não aparece por aqui, até coloquei seu quarto para alugar.

Albus soltou uma risada baixa e Lily sentiu seus ombros se livrarem de um peso que nem sabia que carregava. Desde a perda de seu irmão mais velho, qualquer sinal de vida que ela venha a captar de seus pais e do irmão, era uma vitória. Seus olhos passaram a analisar as feições de Albus enquanto o mesmo comia, era como se não o conhecesse mais. Isso doía como o inferno.

Os irmãos Potter tinham uma conexão e companheirismo que, normalmente não era compreendido pelos que viam de fora. Desde muito novos tiveram que aprender a se virarem sozinhos. Ginny e Harry Potter tinham uma vida corrida em seus respectivos trabalhos, o que os impedia de dar atenção para a família.

James abriu mão de boa parte da sua adolescência para cuidar dos mais novos. Guardou sua faceta festeira e que se metia em confusão a cada minuto e trouxe à tona a do irmão mais velho que ajudava Albus com os treinos de beisebol e cantava para Lily dormir nas noites de chuva.

Após anos se mostrando responsável e um aluno aplicado, que se obrigou a aprender álgebra para ensinar Lily, não foi surpresa para ninguém ele ter sido aceito, pelo esforço durante os últimos anos e não pelo sobrenome, para a University College London. O primeiro conflito entre os irmãos veio três anos depois, quando James teve a súbita ideia, apoiada por Harry, de se mudar para os Estados Unidos a fim de cursar seu último ano na San Francisco State University. Segundo ele, seu sonho de um dia se tornar professor poderia ser realizado nos EUA.

Durante o último mês de férias, que foi inteiramente dedicado aos acertos de sua mudança, James não passou tempo algum com seus irmãos e, no dia de sua partida, achou melhor que apenas seu pai viajasse com ele até a nova casa.

Se despediu dos irmãos no aeroporto e embarcou no avião que o levaria até a nova casa, do outro lado do oceano. James não olhou para trás em momento algum.

Um ano sem ele ao seu lado não parecia ter afetado Albus, que se acostumou com a ausência do irmão logo na primeira semana. Lily não poderia ter se acostumado nem que ele passasse cinco anos fora. Para sua sorte, o irmão retornou para a terra natal logo após a formatura.

Diferente do garoto repentinamente fechado e aflito que a família deixou no aeroporto um ano atrás, James voltou mais alegre e, se é que era possível, com um instinto de proteção muito maior pelos irmãos. Conseguiu logo no primeiro mês uma vaga para lecionar na antiga escola e, foi nesse mesmo ano que conheceu Violett McNair, uma das colegas de classe de Albus, por quem se apaixonou instantaneamente. Mesmo resistindo e negando no começo, Lily sabia que a única razão pela qual a garota passava tanto tempo estudando com Albus em sua sala de estar, era pra ver James. O namoro dos dois foi muito bem aceito por todos da família, que a achavam uma garota encantadora.

Albus se afastou de Violett logo após o anúncio, quando a garota passou a frequentar a casa dos Potter como namorada do primogênito. Acabou, consequentemente, se afastando de James e, mesmo tendo ficado anos sem entender, de Lily. Ele se formou em direito na University of Bristol, três anos depois de James. E, por apenas uma noite, o formando pareceu deixar de lado o que quer que tenha feito ele se distanciar dos irmãos. Naquela noite, Lily sentiu como se o mundo fosse apenas deles novamente.

No dia em que Lily recebeu sua carta de aprovação para estudar jornalismo na University of Sheffield, James e Albus se juntaram para a organização de uma festa em comemoração. Os olhares de orgulho que lançavam para a caçula ficariam gravados para sempre na memória dela. No seu primeiro dia de aula, os dois fizeram questão de levá-la até a sua sala, certificando-se de que tinha tudo o que precisava.

Quando James pediu Violett em casamento, a festa foi grande nas famílias Weasley/ Potter e McNair. A euforia em se casar era tanta que esqueceram de procurar uma casa para morar. Lily os convenceu a adiar os preparativos do casamento até terem tudo resolvido com o apartamento deles.

A realidade pareceu ter batido na porta dos noivos no momento em que notaram que a renda dos dois ainda não era o suficiente para dar entrada em um apartamento. Violett, assim como James, se recusava a aceitar um apartamento mobiliado dos pais e sogros. Sendo assim, os dois passaram a economizar cada centavo juntos enquanto ainda aproveitavam as regalias de morar sob o mesmo teto que os pais.

Quanto mais apaixonados Violett e James ficavam, mais os irmãos se afastavam. Os segredos que costumavam contar uns aos outros foram, aos poucos, guardados apenas para si. A confiança foi ruindo e o pilar mais importante da vida dos três foi esquecido. Passaram a ter um relacionamento distante, as implicâncias aumentaram e as brigas se estenderam.

James intensificou a busca por apartamentos, saindo até dos limites de Londres, e passava a maior parte do tempo trancado em seu quarto montando as próximas aulas ou trabalhando em projetos particulares. Albus passou a trabalhar no escritório do pai, indo contra sua antiga vontade de ficar longe do nome que Harry construiu. Lily foi contratada para trabalhar na redação de um jornal local, onde conheceu seu melhor amigo Matteo Nott e seu namorado Scorpius Malfoy. Mesmo com a distância estabelecida entre os três, Lily sempre achava um jeito de quebrar toda aquela tensão, apartando brigas ou mudando de assunto quando a hora do jantar se tornava pesado demais para seus pais controlarem. Todos os esforços dela ainda não foram o suficiente para tornar o que seria seu último ano com James mais parecido com o que eles um dia foram.

— Lily? – A voz de Albus ao seu lado a tirou de seus pensamentos. – Não vai terminar de comer?

Seu prato estava continuava intocado, enquanto o do irmão jazia vazio na pia.

— Como que chegamos até o ponto em que estávamos? – perguntou enquanto afastava seu prato de si, tinha perdido a fome – Digo...o que foi que aconteceu com a gente depois que ele voltou dos Estados Unidos?

— Lily...- suspirou enquanto se debruçava sobre a bancada, a voz suave –Nenhum relacionamento continua o mesmo para sempre. Quer dizer...ele cresceu, passou um ano em outro país...as coisas mudam.

— Não desse jeito. Chegou um momento em que eu não o reconhecia, não reconhecia você. O que foi que aconteceu com aquele James que ensinou pra gente que nossos segredos nos aproximam?

Albus se afastou da bancada como se tivesse levado um choque. O silêncio pairou novamente na cozinha.

— Também se arrepende dos segredos que escondeu dele? – Ao ver a expressão confusa no rosto de Albus, completou – Por que tudo o que consigo pensar é que...eu poderia ter me aberto mais com ele, com você.

O rosto do garoto congelou para depois, suas feições se tornarem sérias.

— Me arrependo mais dos que contei. – Pegou a jaqueta que estava posta no encosto da cadeira que sentara e deu as costas para a irmão, indo em direção da escada. – Ele estava errado, essas drogas de segredos não nos aproximam, ok? Eles só separam a gente. Termina de comer e vá dormir, está tarde e amanhã você volta para o trabalho.

E assim Albus sumiu escada acima, deixando Lily sozinha. Como já tinha se acostumado a ser.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês na quinta que vem! :)



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