Espelho escrita por Ster Fuyu


Capítulo 14
Desculpe...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ❤️



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Mayc on

—Maycon volte aqui agora-gritou
Sai correndo de casa e fui direto pro parque, sempre vou pra lá quando preciso por as idéias no lugar.

Estou cansado dessa vida, dessa cobrança, estou cansado de ser sempre o culpado da história, meus pais me odeiam e as vezes até eu me odeio.

Sinto falta daquela época.
              ***********
—Joga filho, joga-falou animado
Chutei a bola o mais longe que pude e ela parou direto no gol.
—Eeeeeeeeeee-comemoramos juntos.
Eu amo jogar com meu pai, ele sempre tira um tempinho depois do trabalho pra jogar comigo.
Ele é dono de uma empresa.
—O jantar está pronto-minha mãe disse aparecendo na porta.

Entrei, lavei as mãos e sentei do lado do meu irmão, ele é dois anos mais velho que eu e se parece com minha mãe, tem olhos verdes e cabelo preto, é um pouquinho mais alto que eu, já eu me pareço com o meu pai, ele tem olhos azuis e cabelo castanho.
—Oi-falei sorrindo pra ele
—Oi garoto, como está?-falou bagunçando meu cabelo
—Tô bem, hoje eu tomei sorvete com uma garota-sorri
—Sério?! Que legal, e que garota é essa?
—Let, minha nova amiga, conheci faz pouco tempo, ela ama sorvete-sorri
—Boa sorte garoto, e cuide bem dela
—Eu conheci sua mãe quando tinha a sua idade
—Sério pai?-perguntei animado
—Sim, mas no começo ela nem me dava bola, eu era só um garotinho de 10 anos e ela tinha 12-sorriu
—E esse chiclete grudou no meu pé e eu acabei gostando dele, a gente começou a namorar quando eu tinha 16 anos
—E estamos juntos até hoje
—Juntos e felizes-minha mãe completou
—Eu também vou me casar com a Let, nada vai nos separar, só a morte, é uma promessa.

Continuamos conversando sobre várias coisas e depois eu fui dormir.

Falta poucos dias pro meu aniversário e eu estou super ansioso, pela primeira vez eu vou comemorar meu aniversário com um amigo, é sempre só eu é minha família, mas dessa vez tem a Let.
Eu e ela estamos organizando tudo, ela tem ótimas idéias.

Já se passaram alguns dias e hoje é finalmente o dia do meu aniversário, nunca estive tão ansioso assim para um aniversário.

Chegou a hora da festa, a Let trouxe a irmã mais nova dela, as duas são muito fofas e eu cuido delas como se elas fossem minhas irmãs.

A gente ficou brincando e conversando a festa inteira, comemos bolo, pipoca, salgadinhos, sorvete, foi uma noite incrível.

Quando elas estavam se preparando pra ir embora eu comecei a sentir uma dor estranha no peito, mas ignorei.

Me despedi delas e combinei de encontrar a Let no dia seguinte.

Eu tava subindo as escadas, indo em direção ao meu quarto e a dor ficou bem mais forte, vi alguém vindo em minha direção e apaguei.
—E-ele vai ficar bem doutor?ouvi minha mãe falando

Abri os olhos e comecei olhar em volta, eu tava em um quarto todo branco e aquilo me trouxe um sentimento ruim, fechei os olhos de novo na esperança daquilo ser só um sonho
—Olha...ele vai ficar bem, mas ele precisa de vários cuidados, ele não pode se forçar muito e o mais importante é ele começar o tratamento agora, quanto mais cedo melhor.
Eu escutei várias coisas, mas não intendi quase nada, parece que eu tenho algum problema no pulmão. Não sei bem o que isso significa.

Abri os olhos novamente e dessa vez eles me viram.
—Bom dia garoto, que bom que você acordou
—Cade a Let mãe? Ela deve ta me esperando, você tem que ir avisar eles-falei tentando me levantar
—Calma filho...ela...ela tá bem, e-eu falei com ela...
—Então cade ela? Eu quero ver ela
—Calma garoto, no momento você não pode receber visitas, quando você poder, ela vai ser a primeira a vim prometo
Sorri.

Fiquei uns dias no hospital, fazendo vários exames e tomando vários remédios, minha mãe sempre vinha me ver, eu tava com saudades do meu pai, do meu irmão, da Let, da Pérola.

Hoje eu finalmente ia poder receber visitas, tava super ansioso pra ver a Let.
—Filho olha quem veio te ver-minha mãe falou entrando no quarto e logo atrás a Let
—Let-falei animado
Ela veio até mim e me abraçou forte. Minha mãe saiu do quarto e deixou a gente a sós.
—Senti sua falta...-falou
—Também senti a sua....como tá as coisas?-falei olhando para uma marca vermelha no braço dela
—T-tudo bem-falou cobrindo a marca com a mão
—Hmm como tá sendo ficar aqui?
Eu contei tudo pra ela e expliquei o que eu tinha.

Ficamos conversando até a hora da visita acabar.

Antes de sair ela se virou pra falar comigo.
—Ei, pandinha eu vou cuidar de você sempre, prometo-ela sorriu e eu sorri de volta.

Hoje eu finalmente vou poder ir pra casa.
Estou super animado, arrumei todos as minhas coais e fiquei esperando minha mãe.

Quando a gente chegou em casa, meu pai e meu irmão estavam me esperando, eu dei um super abraço neles.
—Seja bem-vindo maninho-sorriu
—Obrigado

Ao longo dos dias eu fui percebendo uma atmosfera bem estranha dentro de casa, minha mãe começou a me dar uma super atenção, as vezes ela nem liga muito pro meu irmão, meu pai agora passa muito mais tempo no trabalho e sempre que eu chamo ele pra jogar ele diz que tá cansando.

Sinto saudades de passar um tempo com ele.

Fiquei na varando de casa esperando ele chegar.
Vi o carro dele vindo de longe e corri para encontrá-lo
—Pai, Pai-corri até ele
—Vamos jogar?-sorri
—Não filho...estou cansado...
—Mas pai você...
—Chega Maycon, será que você não intende?! Você tá doente, tudo mudou agora, você tem os pulmões fracos, não pode fazer quase nada e eu e sua mãe temos que nos matar de trabalhar pra pagar seu tratamento
—E-eu...eu não...-comecei a chorar
—É tudo culpa minha-eu sai correndo.

Fiquei andando um bom tempo sem rumo. Me senti muito mal, sinto como se estivesse atrapalhando minha família.

Depois de um tempo eu comecei a me sentir cansado e comecei a ver tudo embaçado e depois não vi mais nada.

Acordei em casa.
—Filho?...filho me desculpe eu não...
—Tudo bem, já passou...não vamos mais falar sobre isso...

Com o passar dos anos eu e minha família fomos nos acostumando a lidar com isso.
Meu irmão é o único que não entende muito isso, ele me odeio porque sempre que ele quer uma coisa meus pais não podem dar, ele diz que não se sente parte da família porque eu sou o único que recebe atenção, as vezes eu fico super triste por ele, eu não queria ser assim, eu queria ter uma vida normal, eu queria ser um jovem normal.

Eu comecei a trabalhar junto com o meu pai, eu quero ajudar nos meus gastos, não quero ser um fardo para a família.

Hoje eu sai mais cedo do trabalho e fui mais pra casa.
Vou fazer uma surpresa para a minha mãe.

Entrei sem fazer muito barulho, e fui direto pra cozinha.
—Mãe por favor, esse é o meu sonho, eu sempre quis ter um carro você sabe disso, eu nunca te peço nada, faz tempo que você não me dá nada...eu já vou fazer 18 anos...
—Filho...eu sei que você quer muito isso, mas eu não posso...você sabe que...
—Você sabe que eu tenho que cuidar do seu irmão e blá blá blá, já estou cansando disso, é sempre ele, só ele, eu acho que vocês se esquecerem que tem dois filhos...eu odeio ele, queria que ele não existisse.
Eu tropecei e deixei umas coisas cair no chão.
—Maycon-minha mãe disse surpresa
—E-eu...
—Bom eu vou morar com minha vó, já venho planejando isso a um tempo, agora eu já decide, cuide bem do seu filho mãe-disse saindo da cozinha.

Ele subiu pro quarto dele e começou a arrumar as coais dele, eu tentei falar com ele, mas ele me ignorou.

Minha mãe chorou a noite todo e eu me senti muito mal com isso.

Depois de um tempo eu percebi minha família cada vez mais longe de mim, eles mal falam comigo, só sabem dizer que eu tenho que ser um adulto responsável, que tenho que tirar boas notas, fazer uma boa faculdade e ser bem sucedido, cada dia que passa as cobranças só aumentam.
              *************

Hoje eu acordei de sentindo super mal, acho que eu vou ter que ir no hospital, não posso mais fugir da minha realidade.
—Mãe...
—Sim?
—Eu vou pegar o carro do meu pai...hoje eu vou precisar faltar...
—De novo?! Você tá faltando de mais esses dias...você não pode mais faltar, se você reprovar vai ser um semestre inteiro de dinheiro jogado fora-gritou
—É isso que eu sou? Um investimento, um gasto? É só assim que vocês me vêem-gritei
—Não filho, não é isso, é só que...
—Nada, chega....você não precisa mais se preocupar comigo...eu nem sei até quando vou estar aqui...você nem liga pra me mim, eu estou morrendo pouco a pouco e você nem percebe...-gritei
—Como assim?...
—Eu tenho um câncer no pulmão...descubri faz um tempo...
—Q-que?...
—Estou siando-falei indo em direção a porta
—Maycon volte aqui agora-gritou
Sai correndo de casa e fui direto pro parque, sempre vou pra lá quando preciso por as idéias no lugar.

No caminho eu liguei pra Nic, minha amiga de escola, conheci ela no ensino médio, ela é um pouco mais baixa que eu, morena, tem olhos claros e cabelo castanho.
—Eai guri, o que está te incomodado?
—Bom tem várias coisas...mas tem uma coisa que eu ainda não te contei
—Então me conte, sou toda ouvidos
Contei pra ela sobre a piora da minha doença, sobre os meus planos de deixar a faculdade e ir pros Estados Unidos fazer um tratamento. Sobre o medo que eu tinha da Let descobrir. Ela me deu vários concelhos.
—Nic?...
—Hmm?
—Desculpa
—Desculpa por...-interrompi ela com um beijo
Ela ficou paralisada e não correspondeu ao beijo e depois me empurrou.
—Ei qual é o seu problema?-gritou
—Eu...preciso terminar com a Let...mas eu não posso fazer isso...ela tem que me odiar e terminar comigo...
—Você é um completo idiota sabia?! Não conte comigo pra isso-falou indo embora.

Desculpe Let...chorei ao lembrar da cara que ela fez ao me ver beijando outra garota.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo teremos o baile e várias emoções.
Até o próximo ❤️



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