O silêncio permaneceu no quarto durante alguns segundos, até a azulada quebrá-lo:

— Marinette… ela… é da sua turma? — tentou disfarçar.

— Sim, ela é… incrível. Quando eu a conheci, pensei que seria apenas uma amiga, mas, nos últimos dias, eu… não consigo parar de pensar nela, em como ela fica fofa quando está nervosa, não consigo tirar seu sorriso da cabeça. Toda vez que chove eu lembro do dia em que emprestei meu guarda-chuva… — os olhos do loiro brilhavam enquanto falava de Marinette, fazendo a menina corar. — E… Chat Noir? Desde quando você gosta dele? — Ladybug o encarou confusa, como ele sabia que ela rejeitava o gato antes? — Quer dizer… nos vídeos de vocês lutando contra os akumas, parece que você não liga muito pra ele.

— Na verdade, eu sempre gostei do Chat, só… não admitia, para mim mesma.

Por um momento, tanto o loiro quanto a azulada pensaram em revelar suas identidades:

— Adrien…

— Ladybug… — ouviram batidas na porta.

— Adrien? Você está aí? — era Nathalie.

— Eu já vou, não quero causar problemas. — disse a azulada, saindo pela janela.

— Estou aqui, Nathalie, pode entrar.

A mulher entrou no quarto e avisou que ele não teria aula de esgrima no dia seguinte, pois seu professor estava doente. Adrien agradeceu pelo recado e Nathalie se retirou.

O loiro ficou observando a janela pela qual Ladybug saiu.

— Você vai atrás dela? — perguntou o kwami.

— Não, vou falar com a Marinette.

— O quê? Mas a Ladybug acabou de dizer que gosta de você e…

— Plagg, mostrar as garras!

— Não! Espera! — o kwami foi sugado pelo miraculous e, já transformado em Chat Noir, o loiro foi até a casa de Marinette.

Ainda como Ladybug, a azulada observava a parede que antes ficavam as fotos de Adrien. Ela estava muito confusa, é possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?

Chat iria bater na janela para chamar a menina quando viu que a heroína de Paris estava no quarto:

— Ladybug? O que ela está fazendo aqui?

Quando Marinette percebeu que ainda estava com sua roupa de joaninha, desfez a transformação, mas não percebeu que seu parceiro observava tudo do lado de fora do quarto.

— Tikki, o que eu faço? Ele disse que gosta de mim, mas eu tentei esquecê-lo e agora eu gosto do Chat, mas ainda amo o Adrien. Eu não sei o que fazer. — disse a menina, tão nervosa que a kwami nem acompanhou.

— Calma, talvez você…— As duas perceberam um movimento do lado de fora do quarto. — Mari, será que é quem eu estou pensando?

— Acho que é o Chat sim, Tikki. Será que ele viu alguma coisa? — A kwami se escondeu e Marinette abriu a porta da varanda. — Chat Noir? O que está fazendo aqui? — tentou, em vão, disfarçar.

— É você… — disse o loiro, tentando se aproximar, mas a menina recuava alguns passos enquanto tentava se explicar.

— É… ele viu. Olha, Chat eu… ia te contar, mas pensei que ainda não estava na hora e… que você me trataria diferente se soubesse quem eu sou. — ela continuava tentando se afastar dele — Eu… estava com medo. E se você não quisesse mais saber de mim? E se nós não conseguíssemos mais salvar a cidade por conta disso? E se as pessoas ficassem em perigo por nossa causa? E se… — o espaço havia acabado, Marinette estava encurralada, encostada em uma das paredes do quarto com Chat Noir na sua frente que, até agora, não tinha dito uma palavra. — Eu… sinto muito, eu ia te contar, estava até planejan… — Chat a interrompeu com um beijo, a azulada ficou surpresa, pensou que ele não a amaria mais se soubesse quem ela é, mas logo cedeu, levando as mãos até os cabelos do loiro.

— Chat… — disse a azulada, assim que separaram-se, mas foi interrompida pelo gato, que colocou o indicador nos lábios, pedindo para que a menina ficasse em silêncio.

— Plagg, desativar! — falou o loiro, logo sendo envolvido por uma forte luz verde, desfazendo sua transformação.

— Não, Chat! Você não precisa… — a azulada desviou o olhar, pois a luz era muito forte. Logo depois a menina viu quem era seu parceiro.

— Por essa você não esperava não é, my lady? — disse Adrien, mas Marinette não respondeu, apenas o encarava, ainda tentando acreditar no que estava acontecendo. — Então quer dizer que eu me declarei pra você sem perceber? Nossa, isso foi… — desta vez foi Marinette quem calou o garoto, selando seus lábios com um beijo apaixonado. — Uau! E eu pensei que iria te surpreender! — falou o loiro, após se separarem.

— Mas eu estou com fome! — era a voz de Plagg.

— Não dá pra esperar? — perguntou Tikki.

— Não! — disse o kwami preto indo em direção ao casal. — Adrien, eu preciso de camembert!

— Plagg, cadê sua educação? — o loiro apontou para Marinette com a cabeça.

— Olá, eu sou Plagg, kwami do loirinho apaixonado aqui.

— Plagg! — o reprimiu, fazendo Marinette e Tikki rirem.

— Agora pode me dar o queijo?

— Toma. — disse o loiro, dando um pedaço de camembert para o kwami.

— Isso explica o cheiro de queijo em Adrien e Chat Noir. — falou a azulada, rindo.

— Pois é…

— Adrien, eu queria pedir desculpas.

— Pelo quê?

— Por ignorar os sentimentos de Chat e ter te tratado mal. — disse, referindo-se ao dia em que rejeitou o convite ao cinema.

— Está tudo bem. — disse a abraçando. — Agora você aceita sair comigo?

— Olha, eu só não aceitei antes porque não dá para Ladybug e Chat Noir irem ao cinema, ninguém veria o filme, muito menos a gente, iriam fazer perguntas e querer tirar fotos, não que eu não goste disso, mas ia ser meio estranho dois super heróis no cinema não acha? Ia parecer que não ligamos para a segurança da cidade.

— É, você está certa. Ah, o que você queria me falar naquele dia? Eu tive que ir por conta da sessão de fotos.

— Quer mesmo saber? — o loiro assentiu — Eu ia te entregar um presente e… te chamar para sair. — disse, um pouco corada.

— Sério? — ela assentiu.

— Infelizmente, depois que você foi embora, eu acabei tropeçando, o presente caiu na lama e, logo depois, um caminhão passou por cima.

— Tudo bem, o que era?

— Um chapéu, feito por mim. E… um cartão.

— Cartão?

— Sim… declarando meu amor por você.

— Ainda lembra o que estava escrito? — a azulada assentiu — Então diga.

— O quê? Eu não posso fazer isso.

— Por favor.

— Está bem. — suspirou — Adrien, eu estou tentando lhe dizer isso há muito tempo, mas nunca consigo, e, quando finalmente criei coragem, escrevi um cartão, mas esqueci de assinar. — disse referindo-se ao dia dos namorados, quando derrotaram o Cupido Negro. — Eu… me perdi em seu olhar, fui hipnotizada pelo seu sorriso. Você é tudo para mim, todos os dias penso em sua voz, não consigo mais te ver de longe, quero estar ao seu lado em todos os momentos. Eu não me apaixonei pelo modelo famoso das capas de revistas, mas pelo garoto gentil que me emprestou um guarda-chuva preto em uma tempestade. Eu te amo, Adrien Agreste.

— Nossa! Agora é a minha vez.

— De quê?

— De declarar meu amor por você.

— O quê? Não precisa…

— Marinette, quando te conheci, pensei que nunca passaríamos de amigos, colegas de classe, mas não consigo parar de pensar em você. A cada dia de passa, eu te amo mais. Quando estamos longe, sinto que falta a metade do meu coração, quero crescer com você ao meu lado, olhar em seus olhos e dizer que te amo, eu não sou o garoto que todos pensam que eu sou, por isso, como Chat Noir, sou tão diferente, porque posso ser livre, não preciso ser Adrien Agreste, filho do estilista, modelo, o garoto "perfeito". Você é a única pessoa que conhece e ama meus dois lados. Eu quero estar com você e te fazer feliz.

— Ai, que papo mais meloso!

— Plagg! — Tikki brigou com o kwami, surpreendendo e arrancando risadas de Adrien e Marinette.

— Eu também quero estar ao seu lado, Adrien. — falou a azulada.

— Então… você aceita namorar comigo?

— Preciso responder? — Novamente selaram os lábios com um beijo.

Naquela noite, tudo mudou. Finalmente, os disfarces e as máscaras chegaram ao fim, Adrien e Marinette declararam seu amor um pelo outro e descobriram que, não importa quanto tempo passe, eles sempre estarão unidos. É claro que, como qualquer casal normal, eles teriam que enfrentar momentos ruins, mas, como super-heróis, deveriam deixar seus problemas pessoais de lado para salvar a cidade. Os dois sabem que, um dia, deixarão de ser Ladybug e Chat Noir, mas nunca deixarão de ser Marinette e Adrien e o amor que sentem um pelo outro nunca acabará, pois suas almas são inseparáveis.