Levada pela música,dançava leve como uma pluma,a melodia pulsava em suas veias.Seus cabelos ruivos bailavam ao vento frio,antes, preso por uma fita azul que,por hora,já fora levada pela brisa congelante,e agora,caída sobre o asfalto congelado.

—Mais rápido Angelyne!1,2,1,2,1,2,!

Sra. Lainfond falou,com sua voz  aguda,porém,rouca.Ela devia ser muito bonita,mas agora,o tempo passou e traços envelhecidos marcam seu rosto. Sra. Lainfond balançava suas mãos de um lado para o outro. Angelyne já estava concentrada na música, fazia parte dela.

Ouvir uma voz diferente da música, é como cair de um precipício, acordar de um sonho. No entanto, para ela, foi cair no piso frio. A face desapontada da Sra. Lainfond era entristecedora, pois apesar de sua aparência rigorosa,no fundo ela é uma boa pessoa,e claro,uma ótima professora.

—Por hoje é só Angelyne. Sua performance está ótima,mas se você continuar a se perder no meio da música irá continuar a cair no chão.

—Sim, eu entendo,mas... eu não me perco na música,eu entro nela,eu sinto ela-Angelyne começou a bailar enquanto falava-e...

—E o que?

—Eu me escondo nela... um jeito de fugir da realidade...a realidade já é difícil de mais para mim eu já não à aguento mais - a bailarina já parara de bailar,com lágrimas ameaçando escorrer.

—Desculpe... ás vezes sou um pouco dura de mais,eu entendo o que  você está passando,não é fácil.Quando minha mãe morreu entrei em depressão .Foi uma fase difícil,mas eu já era adulta.Você ainda é muito jovem e lidar com isso deve ser muito pior.Saiba que eu estou aqui sempre que precisar.

Angelyne já não aguentava mais,suas lágrimas começaram a cair.Com apenas 17 anos a vida já estava dura de mais.

—Eu preciso... dos meus pais,colo da minha mãe,do carinho da meu pai -falava com incontáveis lágrimas de dor molhando seu delicado rosto.

Ela se levantou e desabou nos braços carinhosos de sua professora.

Saindo do estúdio de dança, botou seu fone de ouvido no volume máximo, olhou para o céu negro e estrelado. Seu cachecol à cobria com carinho, ainda com o cheiro suave de sua mãe.Depois de andar 3 quarteirões,ouviu um som agudo,semelhante a um miado.Parou de caminhar,fazendo com que o ar frio penetrasse no seu casaco.Tirou seu fone do ouvido,tentou ouvir mais uma vez,mas nada além do som do vento.Dirigiu seu olhar à calçada cinzenta e congelada.

—Meow-mais alto,parecia estar mais perto,vindo da sua frente.Baixou seu olhar aos seus pés e viu um gatinho cinza,um filhotinho.Olhou para os lados e não viu ninguém.Abaixou-se e pegou-lhe delicadamente.Olhou seu pescoço.Sem coleira.

—O que um filhotinho como você está fazendo aqui sozinho? Cadê sua família?Será que se perdeu?-falou enquanto o examinava. 

Olhou para o céu escuro e limpo, com apenas uma pequena nuvem cinza.Sozinha,pequena e perdida,como o gatinho.Inevitavelmente começou a chorar,pois nessa comparação,se identificou.

—Acho que seu nome vai ser nuvem -falou entre soluços -gostou?

E o pequeno gat... Nuvem começou a ronronar.

E assim termina o primeiro capítulo dessa história,com uma gatinho chamado carinhosamente de Nuvem,uma Bailarina com o coração despedaçado e,eu transmitindo essa história à vocês.