Flor de cristal escrita por Buch


Capítulo 4
Casos de família


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Espero que aproveitem a leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727991/chapter/4

Os dias transcorriam normalmente na vida de Kurama. Shuichi estava trabalhando dobrado a fim de reconquistar a confiança do pai, que ainda mantinha o mesmo olhar de decepção quando o adolescente chegava em casa. Shiori tentava convencer o marido de que estava pegando pesado com o garoto, mas o patriarca da família estava irredutível, sendo assim, tanto ela quanto Kurama apoiavam Shuichi o quanto podiam.

                - Acalme-se, você não pode esperar que de uma hora para outra alguém recupere a confiança em você dessa maneira. Isso tudo é um processo, leva tempo – falou Kurama enquanto organizava a mesa da cozinha para o almoço.

                - Eu sei irmão, mas no fundo papai nunca me deu um voto de confiança. Desde a primeira vez que errei, ele me condena – argumentou o outro nervoso

                - Mas isso não era motivo para continuar fazendo o que estava fazendo. Você construiu sua fama, agora vai ter que batalhar para descontraí-la – respondeu o irmão mais velho.

                Era comum para os irmãos almoçarem juntos na loja no intervalo de trabalho. Como Kurama morava no mesmo imóvel, aproveitavam o tempo de descanso para fazer a comida ali mesmo.

                - Certo, entendi – falou o irmão caçula – Estou cansado de falar sobre isso, okay? Se importa deu ligar um pouco a TV para me distrair?

                - Bem, não gosto de comer assistindo TV, mas se for importante para você, tudo bem – respondeu Kurama

                Shuichi pensou por um instante e decidiu ligar o aparelho mesmo sabendo que o irmão mais velho não era fã dos conteúdos que passavam na TV. Sentou-se a mesa esperando Kurama se juntar a ele com os pratos de refeição. Kurama deu uma olhada no aparelho ligado e suspirou.

                “...autoridades ainda não possuem pistas sobre o que pode ter ocorrido...”

                — O que está passando? – perguntou Kurama

                - hmmm – começou Shuichu terminando de mastigar – Você não viu? Está em todos os jornais. Foi terrível! Uma família inteira foi morta brutalmente, mas até agora não foi achado nenhuma pista para direcionar as investigações. – falou ele aumentando o som da TV

                “...ainda não foi descartada a hipótese de um ataque de animal selvagem devido as marcas encontradas nos corpos das vítimas.

                - Inspetor, acha mesmo provável que tenha sido um ataque de animal? Bem no meio da cidade? Como seria possível? – perguntou a repórter

                - Não podemos descartar nenhuma hipótese. Os cortes encontrados nos corpos eram semelhantes a garras de animais selvagens – respondeu o inspetor

                Família e amigos ainda estão chocados com os acontecimentos. De acordo com vizinhos, não houve nenhum barulho na casa dos Kosamas na noite dos assassinatos.

                - Não ouvimos nada. Na verdade até estranhamos pois era corriqueiro as brigas entre pai e filho – relatou a vizinha – Sempre ouvíamos eles gritando um com o outro.

                A polícia tem tentado manter as imagens dos corpos em sigilo por respeito a família e também para não atrapalhar nas investigações, sendo liberado apenas uma imagem do quarto da filha mais nova da família, onde foram encontrados os corpos dela e da irmã mais velha.”

                Kurama ouvia a noticia com algum interesse. De certa forma, a maneira como toda a família havia sido assassinada chamava sua atenção.

                Youkais? – pensou ele

                Foi então que seu corpo congelou. De alguma forma aquele quarto lhe parecia muito familiar. Os moveis desordenados, a amplitude do local, a sensação de vazio...

                Só pode ser coincidência

                A imagem ficou apenas por uns segundos na tela, porém parecia-lhe muito mais. Seu coração acelerou, era como se seu lado racional estive travando uma batalha contra seus sentidos. Apesar de tudo, em termos estéticos, não parecia o mesmo quarto, mas a sensação que lhe passou era a mesma. Até que uma frase lhe veio a mente.

                “Não me culpe por isso, foi a lua quem me passou essa sensação”

                A frase da garota agora martelava em sua cabeça.

Seria possível se tratar do mesmo quarto? Mas como? Estaria ela envolvida nesse assassinato de alguma maneira, ou seria apenas coincidência?

Apesar de ser uma pessoa extremamente racional, Kurama sabia quando devia confiar em seus instintos, e nesse momento, eles estavam gritando para ele. Algo estava errado.

— Ei Shiuchi, está tudo bem? – perguntou ao irmão mais velho que estava com olhar pensativo

— Ah sim, está tudo bem. Eu apenas estava me perguntando o que levaria uma pessoa a cometer um crime desses – respondeu Kurama

— Verdade, a gente nunca sabe do que as pessoas podem ser capazes – comentou Shuichi enquanto mastigava sua comida.

—---------

O resto do dia transcorreu de forma tranquila. Kurama tentou não pensar muito sobre a situação vivida no almoço, porém sempre que tinha alguma folga nos atendimentos, as imagens daquele quarto voltavam a sua mente. Isso o fez ansiar pelo dia em que veria a garota novamente. Será que se lhe perguntasse diretamente ela responderia? Deveria ir ao parque novamente procurá-la? O que ela poderia pensar?

— Com licença

Kurama saiu de seus pensamentos ao ouvir aquela voz feminina. Logo ele sorriu

— Keiko! – falou ele

Keiko se aproximou do amigo e lhe deu um demorado abraço.

— Bom te ver Kurama! – disse ela se afastando para olha-lo

— Digo o mesmo. Como está Yusuke? Não falo com ele desde o dia em que fui na casa de vocês

— Ah você conhece ele né, está a mesma coisa de sempre – respondeu ela bufando

— Posso imaginar – falou rindo – Bom, venha comigo até a cozinha, irei te preparar um chá

                Mesmo Kurama sendo reservado, sempre apreciava quando a amiga o visitava. Com o passar do tempo os dois foram se aproximando mais. Talvez pelo fato do ruivo ser um pouco mais receptivo e delicado quanto as questões do universo feminino, Keiko passou a procurar seus conselhos sempre que estava com dificuldades no relacionamento com Yusuke. Isso fez com que construíssem um laço de amizade mais forte.

                - Tem certeza Kurama? Não quero te atrapalhar

                - Não está atrapalhando, eu já encerrei os atendimentos hoje. Venha, algo me diz que tem algo a me dizer – falou ele enquanto iam em direção a cozinha.

                Keiko sentou-se a mesa, observando o amigo.

                - Bem Keiko, o que está querendo me perguntar? –falou ele enquanto colocava água para esquentar

                - Sabe Kurama eu gostaria muito que a decoração do nosso casamento fosse feita por você. Eu sei que sua agenda é apertada, mas significaria muito para mim – falou ela um pouco sem graça

                - Você tinha alguma dúvida quanto a isso?- perguntou rindo

                - Bem, eu não queria...

                - Atrapalhar? Que isso Keiko, você e Yusuke são prioridades pra mim. Inclusive, pensei em dar a decoração de vocês de presentes – comentou ele enquanto despejava o conteúdo da chaleira em dois recipientes e levava até a mesa

                - O que? Não, nós iremos pagar pelo serviço. Não poderia aceitar isso Kurama – respondeu ela apressadamente

                - Creio que isso não seja algo do qual vocês poderão decidir.

                - Você é terrível sabia? – falou ela rindo e bebendo um gole do seu chá

                - Terrível não, persuasivo. –respondeu ele rindo de volta

                A dupla continuou conversando por um bom tempo. Keiko contava sobre os detalhes do casamento com entusiasmo. Kurama não podia evitar de sorrir vendo o olhar brilhante de emoção a cada palavra da garota.

                Ela está mesmo feliz

                Foi então que a conversa foi interrompida pelo sino de entrada vibrando.

                - Com licença...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem um comentário, me estimula a escrever :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Flor de cristal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.