Bruges escrita por Marina Pastorino
Os olhos vagavam vazios pela cidade. A torre era alta, enxergava-se o rio, as pontes, as casinhas coloridas e enfileiradas, seguindo a linha de paralelepípedos no chão. Ele deu um longo suspiro, virando-se de costas para a imensidão, correndo as escadas, para chegar ao ponto.
O ponto era escuro, se dividia em dois, abrindo a céu aberto. Seus olhos se guiaram para a lua. Suas mãos ardiam, sujas de sangue, e foi com lágrimas nos olhos que ele caiu, olhando para o céu, pedindo ajuda a qualquer um que o ouvisse, e quando o som rompeu o ar, solto para a noite, seu corpo ficou quente. As lágrimas molharam o tecido que seu rosto pressionava, enquanto dedos entrelaçavam seus cabelos. O afago foi aumentando, enquanto a angústia ia embora. Ele olhou para cima, os olhares se encontrando. A tristeza que os tomava era profunda.
Aos poucos ele ficou de pé, encarando aquele homem para o qual destinara o caixão. Ele o consolava, e agora, o sangue pingava de suas mãos. Não podia, não podia! Era isso, ele não detonaria a bomba, não detonaria a bomba! Seus olhos se fecharam enquanto seus lábios se juntavam, mixando a tristeza e o amor, no sentimento de perda. E foi naquele beijo, que seu amado tomou a decisão por ele, alcançou sua mão e apertou o botão.
E assim, Bruges sumiu.
Fim
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Obrigada