Eu não sabia mais o que fazer... Aquilo tudo parecia um pesadelo sem fim e eu não conseguia mais agüentar isso. Quando peguei as minhas coisas e saí por aquela porta, eu devia estar drogada ou coisa do tipo, porque nós dois sabíamos muito bem que um não conseguia viver sem o outro.

Estava anoitecendo e eu sentada em frente ao seu prédio, observando sua janela. Eu sou orgulhosa demais para ir me desculpar, e sabemos disso. Até que então, vi você ir até a sacada, você estava perfeito como sempre. Estava sem camisa, com seus dreads soltos e estava de cabeça baixa, parecia que você estava chorando. O que havia de errado com você naquela noite?

Levantei do banco para ir mais perto do seu prédio e logo vi o que menos queria ver. Uma mulher saiu de dentro do seu apartamento, totalmente semi-nua. Ela te abraçou por trás e sussurrou algo em seu ouvido, te puxando para dentro do apartamento novamente. Eu sabia que você havia seguido em frente, sabia que eu que estava sendo tola de ainda pensar que poderíamos ter algo novamente. Eu só não esperava que, na noite em que eu fosse me desculpar com você, você estaria acompanhado por uma qualquer. Eu estava chorando, tonta e achei melhor me sentar na calçada, e foi o que fiz, sem ao menos me importar com as pessoas que passavam e olhavam. E então senti uma dor insuportável no meu peito, com certeza era meu coração, já partido, se despedaçando ainda mais. Olhei para sua janela novamente e senti uma lágrima rolar ao lembrar da cena que vi.

- É como se um anjo tivesse vindo, e me levado para o céu. Porque quando eu olho nos seus olhos não poderia ser melhor. Então amor, pode ter certeza, eu nunca deixarei você partir. - você sussurrou em meu ouvido, enquanto passava a ponta dos seus dedos pelo meu corpo.

Estávamos deitados na cama, coladinhos graças ao frio que estava naquele quarto.

- Por que você fala como se fosse verdade Tom? - eu perguntei olhando em seus olhos

- E por que você fala como se não fosse verdade Fernanda? - ele perguntou, me fazendo rir em seguida

- Não sei... Isso tudo não parece ser real, sabe? Como se fosse um sonho ou coisa do tipo... - eu disse sorrindo para ele e passando minha mão em seu rosto - ...Eu tenho medo de acordar e ver que tudo isso realmente é um sonho.

- Não tenha medo, querida... - você disse sorrindo também - ...Eu estou aqui. E pode ter certeza, só você domina meu coração e só você será a dona dele, ninguém mais. - você disse dando um beijo em minha testa. - Agora vá dormir ok?

- Ok. - eu disse dando um beijo em seu rosto - Boa noite Tom. - eu disse enquanto fechava meus olhos e me deitava em seu peito.

- Boa noite, meu amor. - você disse baixinho.

Foi a nossa última noite juntos antes de eu ir embora. E essa lembrança me machuca. Cada palavra, cada promessa, pareciam facas que se apunhalavam em meu peito. Agora sim, eu não tinha mais o que fazer. Continuei sentada lá naquela calçada durante a noite inteira. Mesmo que estivesse nevando e um frio ferrado, eu continuei lá.

***

Já estava de manhã e eu não havia conseguido dormir novamente. Eu levantei da cama, vesti um agasalho e sai do apartamento. Quando sai, vi uma moça encostada no muro do prédio. Ela estava branca e estava quase toda coberta pela neve. Fui correndo até ela e me ajoelhei em seu lado. Virei seu rosto para mim e vi que era você lá. Você estava pálida, seus lábios estavam roxos e seus olhos fechados. Peguei você nos braços e te levei para um hospital próximo, a pé mesmo. Quando chegamos, te levaram rapidamente para um quarto para te reanimar. Passaram-se 30 minutos e nada... Eu já estava preocupado. Eu estava andando de um lado para o outro na sala de espera, impaciente, querendo saber notícias suas, mas ninguém sabia de nada. Passaram-se mais 20 minutos e então veio uma médica falar comigo. Nos sentamos nos bancos,um do lado do outro.

- Senhor Tom Kaulitz... - ela falou olhando para o chão. Sua voz estava calma e baixa e eu sabia o porquê, apesar de não querer. - ...Sinto muito, mas não conseguimos reanimá-la.

- Como assim não conseguiram? Não! Não, não pode ser. - comecei a chorar

- Sinto muito senhor. - ela colocou a mão em minhas costas, tentando me consolar.

- Me deixe vê-la, por favor. - eu disse olhando em seu rosto.

- Claro, me siga. - ela disse se levantando

Fomos até um quarto escuro e lá estava você, deitada com um saco preto te cobrindo dos pés a cabeça. A médica tirou o saco preto de seu rosto e você estava do mesmo jeito de antes... Pálida, com os lábios roxos e fria. Comecei a chorar mais ao te ver daquele jeito e meu coração doía.

- Que droga! - eu disse encostando minha cabeça em seu peito.

- Venha senhor. - a doutora disse colocando a mão em meu ombro.

- Me deixe mais um tempo aqui, por favor.

- Tudo bem, mais 5 minutos. - ela disse enquanto saia do quarto, me deixando sozinho com você lá.

Passei a mão sobre seu rosto gelado e pálido, mas mesmo assim, tão perfeito, como sempre foi. Eu não conseguia entender o porquê de você ter feito aquilo.

- É como se um anjo tivesse vindo, e me levado para o céu. Porque quando eu olho nos seus olhos não poderia ser melhor. Então amor, pode ter certeza, eu nunca deixarei você partir... - eu sussurrava para você, enquanto passava a mão em seu rosto e deixava as lágrimas caírem sobre o meu. Dei um beijo em seus lábios gelados e fui saindo do quarto. Quando cheguei à porta, olhei novamente para você - Eu te amo, Fernanda. - eu disse e em seguida, abri a porta e sai do quarto de cabeça baixa.