Inquebrável escrita por Larissa Carvalho, MorangoeChocolate


Capítulo 11
Family Tree


Notas iniciais do capítulo

Sim, Nós desaparecemos.
Perdão meus amores.
Aconteceram tantas coisas e a vida ficou super mega hiper corrida. Mas quem me conhece sabe que eu não fujo de uma boa história, principalmente deixo de finalizar uma.
Sou péssima para lidar com falta de fim.
Beijinhos e até a próxima.
Boa leitura! ♥

Obs: Está vindo história nova e original. Quem queeeeeer? ♥



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POV AUTORA

Rose caminhou pelo corredor e se deu conta de que era a única pessoa por ali. Olhou bem para aquela capela e para a maçaneta, cor de ouro, da porta. Respirou fundo e engoliu a seco.

Ela nunca foi muito religiosa como Janine era, mas ainda sim, conseguia ir a uma ou duas missas de vez em quando. Ela se escorou na parede e continuou olhando para os vidros da porta. Tinham grandes anjos de olhos azuis e asas brancas.

— Quer ajuda para entrar? – perguntou um garoto, atrás de si. Rose virou-se tentando fungar e parecer normal, mas ela apenas deixou para lá.

Seus ombros relaxaram e ela sorriu para Adrian.

— Olá, Adrian. – disse, voltando a escorar-se à parede.

— Olá, bebê. – disse ele, sorrindo. Suas mãos estavam no bolso da sua calça de linho cinza e ele tinha um suéter azul marinho. Ele tirou uma das mãos do bolso, por poucos segundos, e ajeitou seu cabelo preto desgrenhado, em sinal de respeito.

Rose suspirou novamente.

— Tia Rhéa pediu para que eu viesse ver como você estava. – disse ele.

— Eu sei. – disse Rose, com a voz levemente rouca. – Eu estou bem. – mentiu.

A garota tinha seus cabelos presos em um rabo de cavalo desgrenhado, com uma calça jeans surrada e uma blusa azul de dois dias atrás completamente amarrotada.

— Posso te contar um segredo? – perguntou, ainda de pé, fitando-a.

Rose olhou de volta, para os olhos sedutores de Adrian e assentiu.

— Se está aqui sozinha é porque quer. – disse ele. – Não importa o quanto fuja de nós, nós sempre vamos encontrar você.

Rose engoliu a seco, sentindo seus olhos queimarem com possíveis lágrimas que ela andou relutando para não deixar escapar. Adrian conseguiu um resquício de sorriso de Rose e por fim, ela mordeu os lábios.

Rose tinha corrido para este lado do hospital depois de sua mãe sorrir para ela e pedir que cuidasse do que lhe foi reservado. Rose pensou por alguns segundos ter sido a herança e todo seu legado. Mas não era isso, era algo bem maior.

Então, como se o tempo parasse, as mãos de sua mãe escorregaram por seu braço tremulo e ela se foi. A máquina que estava ligada a ela, gritou. Assim, como Rose e a Tia Rhéa.

Depois de tudo parecer nublado, Rose fugiu para que não conseguisse escutar mais nenhum lamento de alguém e parou na frente de uma pequena capela em um dos corredores frios e com cheiro de gaze. 

Mas não conseguiu entrar. Ela nunca ia conseguir entrar. Não depois do que tinha acontecido. Não depois de ser estraçalhada daquela forma. Rose então, respirou fundo e caminhou até Adrian.

Esquecendo aquela droga de bloqueio que a deixava com o dobro da dor.

                                                           ***

POV ROSE

— Isso é tão confuso. – murmurei, enquanto enrolava o macarrão no garfo.

— Eu sei. – disse Dimitri, colocando a salada em seu prato. – O que vai fazer?

— Sei lá. – murmurei, largando meu garfo no prato. – Eu não quero que você se meta mais nessa história. Não sabemos com quem estamos lidando, sabe. Eu quero descobrir minha história, mas não prejudicar pessoas no caminho.

— Eu não estou sendo prejudicado, Rose. – disse ele. – Eu quero te ajudar. Vou pedir uma investigação. Nomes nos aeroportos nas últimas semanas e hospedagens de hotéis. Vamos acha-lo, Roza.

Eu assenti para Dimitri, enquanto mordia a boca.

Não sabia se queria acha-lo. Eu queria minhas respostas, mas tinha medo de cada uma delas. Talvez, eu não fosse o que ele queria.

Mas e aquela noite na boate? Ele me olhava como se tivesse achado algo que procurou por muito tempo. Ele tinha os mesmo olhos, o mesmo tom de pele e a mesa cor de cabelo. O que ele era?

Eu respirei fundo e voltei a remexer minha comida.

— Sem fome? – perguntou Dimitri, depois da primeira garfada. – Vamos encontra-los, Roza.

— Talvez nem precise de muito esforço, camarada. – falei, fitando-o. Tentando parecer segura de mim. – Ele vai vir até mim.

                                                         ***

Três batidas na porta me fizeram pular de mais um pesadelo.

Nesse, eu corria de alguém e não sabia para onde eu ia. Eu só queria correr e não olhar para trás. Seria a minha realidade me perseguindo?

Abri meus olhos, enquanto mais batidas delicadas sucediam à minha porta. Levantei devagar e coloquei meus chinelos. Assim que abri a porta, Lissa estava lá – com seu hobbie rosa e seus cabelos em um coque frouxo.

Ela sorriu.

Eu agradeci por ser ela – pelos shorts curtos e pela blusa regata de Mickey. Esse apartamento estava mais frequentado que o hospital no qual eu trabalhava. Eu sorri para Lissa, sem nem me importar com meus cabelos para o alto.

Como ela conseguia acordar tão plena?

— Bom dia. – disse, empolgada.

— Como consegue ser tão animada de manhã? – perguntei, indignada.

Ela sorriu.

— Eu cheguei agora. – disse, mexendo a cabeça para que eu a acompanhasse para a sala. – Tomei outro banho e tenho a agenda cheia.

— Sorte minha, que a minha cama é meu único compromisso. – murmurei, enquanto fechava a porta e ia em direção à sala com ela.

Lissa sorriu fraco e eu desviei para o banheiro – para fazer minha higiene matinal. Depois de prender os cabelos em um rabo de cavalo, eu finalmente fui até o sofá e me joguei como se não houvesse amanha.

Lissa estendeu uma xícara lilás com café para mim e sentou-se na banqueta, pegando sua xícara rosa. Ela parecia animada, enquanto eu estava totalmente cansada e louca para voltar para cama.

— Está animada com o que? – perguntei, bebericando o café.

— Com as nossas compras. – disse ela. – Eu preciso de lingeries novas para a lua de mel.

— O casamento é daqui a dois meses. – murmurei. – Pode comprar na semana do grande dia.

— Não. – assustou-se ela, como se o que eu falasse, fosse uma coisa horrível. – Eu preciso mesmo comprar algumas. Talvez testar a qualidade antes.

Eu sorri, quando ela sorriu maldosa.

— Boa sorte então. – falei.

— Você vai comigo. – disse ela. – Comprar umas também.

— Para seduzir meus pacientes com nove anos? – murmurei.

— Por quê, não?

Eu sorri.

— Me troco em meia hora. – murmurei, enquanto me levantava. – E fique a vontade para fazer mais café, vou precisar da jarra toda.

— Engraçadinha. – murmurou ela, enquanto eu sorria.

Caminhei até meu quarto e coloquei a xícara, já vazia, em cima da minha estante. Fui até o banheiro e me despi lentamente, para tomar um longo banho relaxante. Senti a água quente cair por minhas costas, depois por minha cabeça e então, eu quase voltei a dormir. Precisava tanto de boas e longas noites de sono, que não me importaria em começar pelo chuveiro.

Andei até meu quarto e escolhi uma calça jeans preta com uma blusa regata branca. Coloquei um cardigan longo e colorido por cima e logo em seguida, meus anéis e um cordão simples. Escolhi brincos pequenos e engatei em uma botinha marrom.

Fiz uma maquiagem leve e um coque frouxo. Sabia que Lissa ia rodar todas as lojas possíveis.

Quando cheguei à sala, Lissa tinha um vestido azul clarinho de gup's jeans evasê Curto com Renda. Romântica, como sempre. –pensei.

Andamos até o carro, depois de sair do elevador e começamos uma saga para procurar lojas com lingeries decentes para uma lua de mel. Lissa, pela primeira vez, experimentou cores fortes e se pegou amando cada uma delas.

E depois de sete lojas, finalmente, eu me permiti sentar. Essa não era muito grande e não era em shopping. Foi até difícil de achar, apesar de ser bem no centro da cidade. Estacionamos o carro em frente à loja e por fim, eu me joguei no sofá perto dos provadores.

Tinha uma decoração rústica – as paredes com tijolos tinham luminárias pretas, com uma luz bem forte. Uma menina morena nos trouxe suco de laranja e eu fiz questão de aceitar, enquanto Lissa se embolava com mais e mais lingeries.

Acomodei-me ao sofá, pensando em quantas nós já tínhamos comprado e em quantas ela ainda poderia comprar. Lissa abriu a cortina vinho do provador e sorriu.

Ela estava com um conjunto sem bojo em Renda, com tiras e calcinha toda em renda. Eu sorri.

— Quente. – murmurei, ainda olhando-a. Lissa sorriu e em seguida, colocou as mãos à cintura.

— Acha que ele vai gostar? – perguntou, animada.

— Sim. – falei. Observei-a novamente e mordi a boca. – Acho que te falta algo?

— O que? – perguntou, parecendo nervosa.

— Meias. – falei. – Meias pretas, talvez. – levantei-me do sofázinho e sorri para ela. – Eu já volto.

Lissa fechou novamente o trocador e eu caminhei até a entrada da loja. Desci o pequeno degrau que separa a área que estávamos da frente da loja. Tinham paredes de vidro e a iluminação do dia.

Sorri para uma das atendentes loiras com roupa preta e caminhei até as partes de meias. Tinha que achar algo legal para uma lingerie tão elegante.

Senti o olhar quente de alguém sob aquela parede de vidro que dava para o lado de fora da loja. Por alguns segundos, eu me peguei curiosa e olhei para o lado. Os carros passavam de pressa e as pessoas caminhavam naturalmente.

Talvez nem fosse nada. Talvez fosse a minha consciência me dizendo que eu era uma virgem na casa dos vinte, que estava escolhendo a melhor meia para seduzir alguém.

Peguei a primeira meia que vi pela frente e andei em passos largos até o fundo da loja onde tinham os trocadores. Entreguei para Lissa e sentei-me novamente.

Será que tinha alguém me vigiando? Será que meu pai era essa pessoa?

                                                          ***

Joguei a prancheta em cima do balcão e Lizete sorriu para mim. Ela era a nova recepcionista e estava confusa com a quantidade absurda de exames e cirurgias para autorizar. Eu sorri novamente para ela e respirei fundo.

Meu plantão tinha começado há umas duas horas e a única coisa que eu fiz na minha folga foram comprar coisas do casamento com Lissa e pensar estar sendo vigiada.

— Tem mais dois pacientes para você, Rose. – disse a loira. Ela arregalou seus olhos castanhos, que contrastavam com seu terninho azul escuro. – Não parecem ser graves.

Eu respirei fundo, novamente.

— Eles nunca são. – falei, depois de dar-lhe uma piscadela. – Qual é o Box?

Lizete me estendeu uma folha e eu peguei para fixa-la na prancheta.

— Se eu não me engano, é o quarto.

Eu conferi mais uma vez, e ela estava certa. Sorri para a loira e comecei a me afastar, lenta e cansada, com saudade do gosto que a cafeína tinha e do que ela me proporcionava.

— Até! – falei para Lizete, em um tom mais alto, por estar a uma distancia considerável.

Comecei a caminhar pelo hospital, cumprimentando outros colegas. Pensei, pelo caminho, em falar com Alberta mais uma vez sobre meu pai e que ele poderia estar me seguindo. Que ele poderia ser perigoso.

Mas ela ainda parecia relutante em falar sobre o assunto, e admito que aquilo me irritava. Eu sabia que o segredo não era dela, mas agora, não era segredo. Poderia ser minha segurança ou meu futuro.

Eu precisava de uma verdade logo.

Abri a porta do quarto Box do corredor do segundo andar do hospital e sorri para o homem sentado em cima da maca fixa com balcão. Ele tinha olhos esverdeados e uma pele bronzeada, apesar de parecer um pouco pálido. Tinha olheiras e uma respiração cansada. Fitei-o com mais atenção.

Ele tinha suas mãos em cima das pernas e uma postura perfeita. Estava com um suéter azul marinho e uma calça de linho preta. Tinha um relógio, aparentemente caro em um dos pulsos e os cabelos pretos e espetados, brilhosos e macios.

Por um momento, ele me olhou como alguém que eu conhecia muito bem. Alguém que sempre virava o rosto quando tinha que me contar algo difícil. Engoli a seco, piscando para afastar lágrimas quentes.

— Eu... – comecei, ainda sem conseguir ter uma voz firme. Eu pigarreei. – A não ser que você seja considerado criança, eu não poderei atender você.

O garoto moreno sorriu, ainda que fraco. Ele tinha os olhos esverdeados brilhando. Pude ver um franzido rápido em seu nariz, assim como eu costumava fazer quando ficava sem-graça.

— Isso não é uma consulta... – disse, com sua voz calma. – Apensar de precisar de uma.

Arregalei meus olhos por um momento breve e voltei-me novamente para a ficha dele. Lá estava escrito seu nome, endereço, telefone e todos os dados. Inclusive o nome do pai. Fechei meus olhos, enfim. Absorvi toda a informação dada em um curto período de tempo e agarrei-me àquela prancheta como se fosse um escudo.

Voltei para o garoto novamente e senti aquela sala ficar quente, apesar de todos sempre congelarem com o frio deste hospital. Senti-me sem ar também, mas fui boa em esconder isso. O garoto sorriu ainda mais.

E eu pigarrei novamente.

— Ethan... - murmurei. – Ethan Mazur.

O menino tinha um porte forte e provavelmente uma vida esportiva ativa. Ele me olhou e se levantou da maca, com um pouco de dificuldade. Parecendo mesmo fraco.

— Olá, Rose. – falou. Eu senti minhas pernas falharem, mas me mantive firme.

— Ethan... – repeti seu nome, tentando me acostumar com o som ou com o nível de familiaridade que teria em minha vida de agora em diante.

— Sim. – disse, com um semblante divertido.

O garoto respirou fundo como se fosse um sacrifício e caminhou até uma cadeira de madeira que ficava próxima a minha. Ele sentou-se novamente e assentiu para que eu fizesse o mesmo, mas eu fingi não perceber.

— Não vai sentar? – perguntou.
— Não... – respondi, ainda fitando-o. Mordi a boca. – Quer dizer... Eu... – pigarreei, escorando-me à porta. – Eu gosto desse lado do consultório. – gaguejei. 

— Eu sei que é estranho. – disse ele. Ele sorriu, parecendo surpreso. – É mais esperta do que eu pensava. – ele sorriu. – Achei que fosse ter que me explicar bem mais do que estou fazendo.

Eu respirei fundo, fechando meus olhos.

— Você tem os olhos dela. – murmurei, sentindo aquelas palavras queimarem minha garganta. 

Ele sorriu, parecendo feliz.

— Como me achou? – perguntei. – Vocês me vigiam?

— Sim. Mas não tenho orgulho disso. – disse ele. – Na verdade, não me orgulho de estar conversando com minha irmã pela primeira vez e de, ela estar com medo de mim.

— Medo não é necessariamente a palavra. – retruquei.

Ele sorriu fraco. O mesmo sorriso que o da mamãe.
Eu me vi petrificada por alguns segundos. Ele tinha o sorriso dela, o que fazia com que sua covinha aparecesse no processo. A mesma covinha que a dela.
Senti os olhos de Ethan em mim e eu me desencostei lentamente da porta. Caminhei até ele e puxei minha cadeira. Sentei-me nela, como se fosse uma criança prestes a levar bronca e mordi a boca.

— Você é mesmo meu irmão, não é?

Ethan assentiu e seus olhos eram mais dela, do que eu pensei. 

— Espero não ter perdido todas as brigas para preservar sua virtude? - perguntou.

Eu sorri, sentindo lagrimas queimarem meus olhos.

— Acredite em mim, minha virtude ainda está bem, obrigada! – brinquei, enquanto puxava ele para um abraço.

Ethan retribuiu e ficamos ali. Não sei por quanto tempo. Mas apesar de qualquer outra coisa, eu teria minhas repostas e alguém com quem compartilhar minha vida familiar.

Eu não era mais uma garota solitária. Eu tinha encontrado o que tanto procurava sem saber como encontrar. Finalmente, eu me sentia segura.
Aquele vazio não me doía mais.


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Notas finais do capítulo

Acham que a perseguição acabou?
Então votem com a gente!

NOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS:
1 - Rose apresenta seu irmão para Dimitri
2 - Rose descobre sobre a doença de seu irmão
3 - Rose conhece seu pai
4 - Rose descobre algo chocante