Heaven escrita por Azrael Araújo


Capítulo 3
II


Notas iniciais do capítulo

Vocês não imaginam o prazer que é estar de volta.



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O homem de cabelos ruivos correu suavemente entre as árvores, tentando se esconder da pequena garota, mas ele sabia que ela era astuta — mais que isso; ela era especial.

Não demorou muito para que ela o encontrasse atrás de um espesso tronco coberto de musgo. Sua risada angelical ecoava por entre a vegetação e seus passos silenciosos contrastavam com as pesadas passadas de seu pai.

Isaac a segurou e a jogou delicadamente sob seu ombro, rindo dos protestos de sua filha.

— Opa, booboo.

Isaac a pousou em cima de uma grande pedra, onde a garota sentou e esticou as pernas, agarrando as pontos dos pés com as mãozinhas. Ela estava ofegante e corada pela corrida, mas, assim como seu pai, ela jamais abandonava o sorriso em seu rosto.

O homem riu da expressão da garotinha e se abaixou para amarrar o cadarço do tênis da garota.

Ali, ajoelhado, de costas para a escuridão, ele não viu que uma criatura os espreitava das sombras.

Isabella viu a bela mulher sair do meio das árvores e caminhar calmamente em direção ao dois. Ela era muito branca e tinha uma aparência desleixada com seu cabelo sujo, roupas surradas e pés descalços. Mesmo assim, ela era a coisa mais impressionante que a pequena garotinha já havia visto na vida. A moça bonita sorriu de forma angelical e tocou o ombro de Isaac, ainda ajoelhado, com a ponta dos dedos.

Segundos depois, ela cravou os dentes em sua jugular.

O homem abafou um grito, sufocando-se com o próprio sangue que jorrava de seu ferimento. A vampira encarava a garotinha com divertimento imaginando qual seria a sensação de provar um sangue tão jovem.

A pequena Isabella estava paralisada, de medo e horror, enquanto a vida de seu pai era sugada diante de seus olhos.

A vampira cravou os dentes com mais força, apertando-os em volta da carne e puxando para cima. O movimento decapitou a cabeça do homem e fez seu sangue jorrar na criança. Ela largou o corpo inerte do homem e deu um passo em direção a garotinha.

Isabella não conseguia respirar. Ela só conseguia sentir o gosto metálico do sangue, ainda quente, do próprio pai.

A vampira ainda sorria, coberta pelo líquido vermelho, mas foi impedida de atacar a criança.

Algo havia se lançado nela, atirado-a longe de sua próxima vítima.

Uma vampira ruiva, de olhos dourados, encarou Isabella por um segundo. Uma sensação ruim espalhava-se pelo seu peito ao ver a criança daquela forma — seu olhar, tão puro, dando lugar a algo sombrio e ela odiou vê-la assim. Vulnerável. Machucada.

A ruiva entrou em posição de ataque, pronta para matar o monstro a sua frente.

 

Tá tudo bem, querida  Quinn acariciou meu cabelo, sempre mantendo a voz suave.

Ainda me sentia um pouco culpada por tê-la preocupado tanto quando cheguei — eu estava transtornada. Eu havia saído da casa dos Cullen em total frenesi. Leah tentou me acalmar, mas depois de um tempo, apenas ficou sentada por perto, assistindo enquanto eu destruía tudo ao meu redor — me jogando contra árvores, cavando o chão, destruindo pedras e matando animais.

"Obrigada pelo jantar", ela disse.

Quando o meu lobo se cansou, eu apenas fiquei deitada no chão da floresta com o corpo úmido de suor e dolorido. Ela me deu um sermão, mas no fim me ajudou a me vestir e me trouxe para casa da minha namorada.

Quinn Ateara me deu banho, deu água e cuidou dos meus ferimentos até que cicatrizassem — sempre ouvindo atentamente e secando minhas lágrimas enquanto eu contava o que havia acontecido.

— Vai ficar tudo bem, nós vamos dar um jeito nisso. — ela afagou meu cabelo novamente e deixou um beijo singelo em minha testa.

— Eu não entendo, Q. — balancei a cabeça — Eu sempre soube que eles iam matá-la. Desde o início, eu sempre a avisei. E agora, ele fez essa coisa, essa abominação... Está acabando com ela aos poucos.

Quinn olha ao redor de seu quarto, procurando algo que pudesse me dizer. Eu sabia que não havia nada a dizer, nada faria eu me sentir melhor.

— O que você vai fazer? — ela suspirou.

A garota morena se inclinou em minha direção, usando as mãos para enxugar meu rosto e me beijando em seguida. Meus lábios quentes acariciaram os seus de forma carinhosa, porém rápida, e eu me afastei para sentar frente à ela.

— O que eu poderia fazer? Ela mesma disse que não pretende tirar aquela coisa.

Levantei da cama e andei um pouco ao redor do quarto, precisando me mexer um pouco. Eu ainda estava nua — Quinn me ofereceu uma roupa, mas preferiu me deixar assim para curar os ferimentos — e eu podia sentir seu olhar queimando minha pele pálida. Encarei-a novamente e a vi corar sob a pele bronzeada.

— O que Sam achou disso?

Dei de ombros.

— Não falei com ele ainda, mas já deve ter visto tudo na mente de Leah.

— Ele não vai ficar satisfeito.

Apenas naguei com a cabeça. Eu me sentia impotente.

— Porquê você não procura os anciãos? — Quinn propôs, ficando de joelhos na cama e balançando-se animada — Talvez eles nunca tenham visto algo assim antes, mas podem te dizer o que fazer.

Eu pensei por um segundo, considerando ser uma boa ideia. Pelo menos era um começo. Talvez os anciãos conseguissem ser mais sensatos que o Uley.

— Não se preocupe. Você vai dar um jeito, você sempre dá. — Quinn se esticou e me puxou em sua direção, agarrando meu corpo e colando-se a mim. — Deixe-me fazer você esquecer isso um pouco. — ela começa a beijar meu queixo e parte para o meu pescoço, agora mordendo com força.

Meu corpo reagiu automaticamente, pele se arrepiando, aquecendo, tremendo, desejando mais. Mas minha mente estava em outro lugar.

— Acho que não é uma boa hora. — eu disse enquanto a segurava pelos ombros, mas ela me ignorou e passou a língua no lóbulo da minha orelha. Sua mão escorrega em direção a um dos meus seios, acariciando da forma que sabia que me deixava louca.

Em qualquer outro momento, eu me jogaria sob ela e faríamos loucuras nessa cama, mas eu tinha outra coisa em mente.

Precisava ajudar minha mãe, precisava resolver isso.

— Sempre é uma boa hora pra nós. Lembra quando fizemos no carro da sua Sue? — ela sussurra e leva minhas mãos em direção a sua roupa, mas eu me afasto.

— Eu não quero, Quinn, que droga. — ela me solta, frustrada, e eu grunhi em irritação. Ando em direção a seu armário, tirando um short jeans qualquer e uma camiseta fina.

A garota atrás de mim se joga na cama e suspira, talvez chateada, mas ainda consigo ouvir sua respiração acelerada. Destrancei a janela e lancei-lhe um último olhar — que ela ignorou — e me jogo para fora da casa, ainda descalça.

Eu aterrissei no chão com um baque surdo e me afastei da casa, ignorando a sensação de estar sendo observada pela janela do segundo andar. Baguncei os fios de cabelo, ainda úmidos, enquanto tentava me controlar — é por isso que eu sempre odiara brigar com Quinn; essa irritação me acompanhava por horas a fio.

Minutos depois, atravessei a porta da casa de Embry feito um furacão, e ele — que estava pelado na cozinha — quase deu meia volta.

— Meus Deus, Bella, você não tem a droga da sua casa? — ele pegou um pano de prato que estava jogado na mesa e tentou enrolar ao redor da cintura.

Bati a porta e parti em direção à geladeira, tirando uma caixa de leite. Arrancei a tampa com os dentes e dei uma grande golada.

— Ei, calma, garotona. Que bicho te mordeu?

— Você já deve imaginar. Sabe o que aconteceu com a Renée. — eu suspirei.

Ele deixou seus ombros caírem.

— É, Leah mostrou tudo.

— Isso é ainda pior do que transformá-la numa deles. O desgraçado plantou aquela coisa nela e agora vai ficar assistindo enquanto ela morre, dia após dia.

Embry fechou os olhos. Eu sabia o que ele estava sentindo.

Antes de tudo isso, antes da matilha, nós já éramos irmãos. Mamãe é como uma mãe pra ele também.

Virei o conteúdo da caixa novamente. Era em momentos assim que eu desejava mais do que nunca poder ser uma pessoa normal e enfiar uma bala na cabeça.

— Além disso, aconteceu algo? Você está com uma cara de quem fodeu e não gozou. — ele riu e eu lancei-lhe a primeira coisa que vi na minha frente.

O  garfo acertou seu pulso em cheio, mas ele limpou o arranhão no pano que cobria suas partes masculinas e jogou o garfo pela janela.

— Cuidado com a boca, idiota.

Ele riu.

— Então é isso? A Quinn não dá conta?

Eu ri minimamente e lancei-lhe um olhar de agradecimento por ele se esforçar para me distrair um pouco de toda essa confusão.

Suspirei.

— A Quinn só... Ela acha que pode resolver tudo com sexo.

— E isso é ruim? — ele moveu as sobrancelhas de forma sugestiva.

— Não consigo transar enquanto estou pensando na minha mãe, seu boca suja. Eu tenho sentimentos.

Embry riu, mas eu sabia que ele me entendia. Era disso que eu precisava no momento: desabafar, me recompor; não da droga de um orgasmo.

— Então, o que vamos fazer?

Eu encarei a pequena janela, apenas sentindo a brisa por um instante. Balancei a cabeça e dei de ombros, com a mesma sensação de impotência.

— Não sei. Falar com os anciãos, talvez?

— Acha que eles podem ter uma solução?

— Com sorte, vão me deixar matar o Cullen.

Embry riu.

— Você adoraria isso.

Nesse momento a porta dos fundos foi aberta e uma Sra. Call encarou Embry de forma furiosa, observando o pano que ele usava pra cobrir sua intimidade.

— Ai, droga.


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Notas finais do capítulo

Quem shippa Quinn e Bella?
Quem quer ver as partes masculinas do Embry?

TT: @pittymeequaliza



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