belonging escrita por SayakaHarume


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Okay, vocês vão notar que eu dei uma remexida no canon, já vou dizendo. Muita coisa foi adaptada, mas segue a maior parte dos fatos dos 4 primeiros livros. Sara, não me odeia, não sei se fiz do jeito que você queria, mas eu TENTEI



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Harry James Potter sabia que aquele encontro era inevitável. Mesmo com tantas pessoas dizendo que Lorde Voldemort estava morto, que pertencia ao passado e nunca voltaria, Harry sempre soube que um dia estaria diante de uma das pessoas mais temidas que já andou pelo mundo bruxo. Ou pelo menos, era assim que ele era visto. Harry não tinha certeza.

Se ele era mesmo tão poderoso, porque tinha sido derrotado tão facilmente por uma criança que mal sabia andar? Tantas perguntas, e ninguém disposto a lhe dar respostas satisfatórias.

Olhando para trás, era fácil ver como havia chegado até ali, embora a jornada não tivesse sido simples. Harry, por anos, tolerou a existência de seus inúteis tios e suas sutis — bem, às vezes nem tão sutis — agressões. A recusa de falar sobre seus pais era a pior delas, em sua opinião. Com o passar do tempo, se convencia cada vez mais da inutilidade dos Dursley, e, embora não houvesse um meio de fugir deles, Harry deixava bem claro que não os considerava nada mais que uma inconveniência, algo que eventualmente, ele se livraria. Nesses momentos, uma sombra de medo se passava pelo rosto de tia Petúnia, e o garoto saboreava a diversão que isso lhe trazia.

Como na vez que ele tinha pedido a jiboia que ele conhecera no zoológico para ajudá-lo a pregar uma peça em seu primo. “Oh, por favor” ele havia pedido, a voz suave e inocente “ele é sempre tão mal comigo. Não precisa machucá-lo, só assustá-lo um pouco.” Na época, Harry não sabia como estava fazendo aquilo. Em um momento, a jiboia estava seguramente presa atrás de um vidro, e no outro, estava rastejando para fora, arrastando-se ao redor de Duda e sibilando furiosamente. O grito que sua tia deu naquele dia fora incrivelmente recompensador.

Porém, houve consequências. Maravilhosas consequências. Petúnia estava farta de se sentir aterrorizada pelo sobrinho. Quando Harry entrou na sala de estar naquele dia após a aula e viu o velho de vestes estranhas de um roxo berrante, Harry sabia que era por causa dele. Petúnia então despejou a verdade sobre o mundo bruxo, e exigiu que Dumbledore — um nome de fato incomum, mas combinava com seu estranho portador — o levasse. Harry não se importava que Petúnia estava para expulsá-lo de casa. Sua euforia era tão devastadora, que não conteve sua própria voz.

— Eu sabia — se ouviu dizendo, a voz mal contendo sua emoção. — Eu sabia que eu era especial.

Quando o rosto calmo de Dumbledore desmoronou levemente, Harry soube que essa era a coisa errada a dizer, mas não importava naquele momento. Nada mais importava.

Depois daquele momento, sua vida começou a girar em torno de Lorde Voldemort.

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Harry não demorou a descobrir que era um herói de uma guerra que ele tinha sido pequeno demais para lutar nela. De alguma forma, apenas existir durante tinha sido o suficiente. E havia lhe custado seus pais.

No início, era uma espécie de rancor. Para alguém que nunca tinha tido mais que o mínimo para sobreviver e não ser um total embaraço diante dos vizinhos, Harry não estava satisfeito com o fato de Voldemort estar tão entrelaçado a sua vida. Não apenas no assassinato de James e Lily Potter. Voldemort também tinha deixado traços em Harry, naquela cicatriz. Até mesmo sua varinha, a coisa que deveria ser responsável por Harry se sentir seguro, que deveria ser a garantia que nunca mais iriam tocar nele, era ligada a Voldemort.

No fim, foi isso que o fez pedir para não ser posto na Sonserina. Harry estava farto de dividir tudo com um fantasma.

Hogwarts era um paraíso por princípio. Harry ali estava constantemente cercado por magia, por pessoas que arregalavam os olhos e ofegavam ao se verem diante do mítico Harry Potter, e também, era onde poderia descobrir mais sobre seus pais e quem os matou.

Neste ponto, Harry viu que sua decisão de ir ajudar a garota Granger naquele fatídico dia das bruxas, havia se tornado acertada. Hermione navegava a biblioteca com facilidade, e não fazia perguntas demais quando ele lhe pedia ajuda. Um simples “oh, eu nunca conheci meus pais, eu apenas queria que houvesse uma forma de saber mais sobre eles” se transformou em uma pilha de jornais onde havia pequenas notas sobre os Potter.

— A biblioteca guarda antigos Profeta Diário — Hermione explicou, estendendo o pacote. — Não é muita coisa, mas eles estavam nesse grupo de voluntários que combatiam você-sabem-quem, então eles aparecem em algumas notícias. Seus pais chegaram a batalhar diretamente contra ele. Eles eram muito corajosos. — E então ela sorriu de uma maneira que Harry sabia que outros interpretariam como consoladora, então ele imitou o sorriso.

Pessoalmente, ele não sabia se considerava seus pais corajosos ou imbecis. Compraram uma briga que havia levado a orfandade de seu único filho, e isso não parecia muito esperto. Porém, ao ver a quantidade de lutas que eles sobreviveram, algumas contra Voldemort em pessoa, Harry não podia negar o talento de seus progenitores.

Porém, não solucionava a pergunta que, desde que descobrira toda a verdade, o vinha incomodando. Como ele tinha derrotado Voldemort? Por mais que Lily e James fossem poderosos e Harry tivesse herdado aquele talento, ele não era mais que um bebê na época.

Foi nessa altura que o Professor Quirrel se revelou um seguidor de Voldemort.

Naquela noite, Harry se viu chocado. Como aquela criatura, que nem conseguia ter uma forma remotamente humana havia aterrorizado um país? Assassinado Lily e James Potter? Harry não conseguia por em palavras seu sentimento de traição. Voldemort deveria ser mais do que aquilo.

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Em seu segundo ano, se sentiu consumido pela obsessão em saber mais sobre Lorde Voldemort. Folheava as antigas edições do Profeta em cada momento livre que tinha, quando conseguia se livrar de Rony e Hermione. A lealdade deles era útil, mas podia ser sufocante algumas vezes.

E para completar, ainda tinha que lidar com Ginny Weasley, que visivelmente tinha adoração por ele. Harry tentava se manter educado, uma vez que era isso que era esperado dele, mas honestamente, não tinha muita paciência pela garota.

Ao mesmo tempo, a escola era aterrorizada pelo tal herdeiro de Slytherin, que muitos acreditavam ser Harry. Harry não tinha muito interesse no assunto. De fato, estava levemente curioso para saber quem era o verdadeiro culpado, mas não tinha tempo para refletir muito sobre o assunto.

A maior parte de sua mente estava focada em Voldemort.

Dumbledore havia lhe dito no ano anterior que o sacrifício de sua mãe o havia protegido, e também tinha sido o que havia tornado Harry capaz de ferir Quirrel daquela maneira. Claro que o diretor não havia dito com aquelas palavras. Ninguém sabia realmente o que Harry tinha feito ao antigo professor em sua raiva e frustração. Melhor assim. Dumbledore já parecia suficientemente desconfiado naturalmente, e não havia motivos para piorar isso e cultivar o antagonismo do velho.

Ainda era confuso para Harry que Lily poderia protegê-lo daquela maneira e ainda assim, morrer tão facilmente nas mãos de Voldemort. Não sabia se comprava aquela conversa sobre o amor ser a magia mais poderosa que Dumbledore havia dito. Parecia muito com algo que um adulto diria a uma criança por ser uma resposta com verdade o suficiente para não ser uma total mentira.

— Ele estava mentindo pra mim — Harry costumava sussurrar para si mesmo, enquanto caminhava pelos terrenos da escola, assistindo sua coruja voar em círculos. — Deve haver algo a mais por trás disso tudo.

Ele ainda não sabia que sua chance por reais respostas estava tão perto.

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Tudo começou com o sumiço de Ginny Weasley.

Ao ver o desespero de Rony, e diante da incapacitação de Hermione, Harry soube que era hora de fazer alguma coisa. Porém, quando entrou na Câmara Secreta e se deparou com Tom Riddle e o fantástico fato de sua verdadeira identidade, Harry sentiu como se o mundo finalmente se encaixasse no lugar. Com os joelhos trêmulos e o coração na boca, ele se deu conta do que estivera realmente procurando.

Aquele era o Lorde Voldemort que ele esperava.

Deixar Ginny Weasley morrer para que ele retornasse não era apenas certo. Era simples.

Ele nem pensou duas vezes antes de sair da Câmara e deixar que o mundo se consertasse.

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Dois anos. Dois anos de espera, para algo acontecer.

Harry estava mais inquieto do que nunca. Nem mesmo o reaparecimento do padrinho que ele não sabia que tinha havia lhe acalmado. Sirius e Lupin poderiam ter sido o link que Harry tanto queria com os pais que não conhecera, mas Sirius teve que sair em fuga, e Lupin fora demitido. Isso tudo, graças a Severo Snape.

Harry desprezava Snape e não sabia como alguém tão inepto a lidar com seres pensantes havia chegado a professor, mas isso era uma preocupação para outro momento.

Novamente, Harry havia sido deixado sem nada, mas dessa vez, ele sabia que alguma coisa estava acontecendo nas sombras, longe de seu alcance. Ele sabia pelos sorrisos irônicos e superiores de Draco Malfoy, tão estúpido que mal conseguia disfarçar que as coisas logo entrariam nos eixos para aqueles que realmente tem o direito de estar ali, ou pelo menos era o que ele dizia. Harry não tinha paciência para isso.

Ele estava cansado de esperar.

Por isso, o Torneio Tribuxo se tornou uma distração bem-vinda, e o Professor Moody não era tão intragável como outros. Intrigava Harry como Moody parecia estar analisando cada passo que ele dava, como se cada conversa fosse uma espécie de teste. Harry não sabia se estava passando. Manter a fachada de bom garoto órfão era cada dia mais difícil, ainda mais com Dumbledore o vigiando tão de perto desde a morte da garota Weasley.

Os primeiros meses foram exaustivos depois da morte de Ginny. Harry precisava parecer triste na frente de Rony, precisava fazer parecer que se sentia culpado na frente de todos. Talvez fosse esse o motivo de sua exaustão. Atender as expectativas que tinham para ele já era difícil, quando tinha que fingir que estava se sentir culpado por não conseguir era pior, porque Harry não se importava.

Então, o que ele estava esperando, finalmente aconteceu.

Quando Krum e Diggory estavam ocupados duelando, Harry colocou as mãos no Cálice de Fogo, e se sentiu sugado pelo portal. Quando sentiu o solo outra vez, caindo de forma nada graciosa, não havia como negar, em o que parecia um antigo e abandonado cemitério.

Nele, estava Alastor Moody.

— Professor — Harry foi até ele, confuso. — O que aconteceu? O que estamos fazendo aqui?

— Você — Moody apontou na direção de Harry — tem me deixado intrigado, Harry Potter. Você não é o que eu esperava, e nem o que outras pessoas pensam.

Oh, então Moody havia descoberto seu segredo.

— O que você vai fazer então? — Harry perguntou, cada gota de seu desinteresse em suas palavras. — Eu sei o que falam de você. Não acho que sua opinião tenha muito crédito, Olho-tonto Moody.

— Você é bastante insolente para alguém da sua idade. — Porém, Moody sorriu, e Harry percebeu a pele de seu rosto começar a ondular, se alterando levemente. — Nunca lhe ensinaram a respeitar os seus mestres?

Harry ficou quieto, assistindo o cabelo do professor mudar de cor e diminuir de tamanho, se ondulando levemente. As feições brutas darem lugar a elegantes. Harry notou que a mão calejada havia dado lugar a uma mais jovem, e a maneira que ele agora portava a varinha era mais graciosa, como a de um maestro.

— Lorde Voldemort — Harry se ouviu dizer.

— Você finalmente juntou dois e dois. — Voldemort começou a andar na direção de Harry. — Porém, devo dizer, esperava que você se surpreendesse mais.

— Eu estava esperando por isso. — Novamente Harry sentiu aquele tremor de excitamento. — Não sou estúpido. Eu sabia, quando deixei a garota Weasley morrer que você viria atrás de mim.

— Essa foi uma atitude que certamente atraiu minha curiosidade. — Voldemort olhou Harry de cima a baixo. — Eu tenho observado você. O mundo bruxo pensa que você é seu anjo salvador, seu messias. Ainda assim, quando chegou a hora, você recuou.

— O que eles querem e o que eu quero são coisas diferentes. — Harry deu de ombros. — O mundo bruxo me exilou. Eu fui criado por trouxas, sem ter ideia de quem eu realmente era. Mesmo quando eu derrotei o bruxo mais temido do país. — Ele não perdeu a forma como a mão de Voldemort se apertou mais ao redor da varinha. — Não me olhe desse jeito. — Harry sorriu de lado. — Nós dois sabemos que é a verdade. Ou ao menos, parte dela. Eu não devo nada a ninguém.

— Então, o que você quer, Harry Potter? — A voz de Voldemort não era mais que um sussurro, mas naquele momento, estavam tão próximos que não fez diferença.

— Eu quero saber o que aconteceu naquela noite — Harry respondeu no mesmo tom, olhando nos olhos do homem que anos antes tentou lhe matar. — Eu quero saber como alguém como você pode ter sido derrotado. Não parece… — Se interrompeu, incerto de suas palavras.

— O que?

— Certo. — Harry mordeu o lábio, sem ter certeza se essa era a palavra. — Não me entenda mal, gosto do fato de eu ter sobrevivido, mas não faz sentido.

Voldemort o olhou por alguns instantes, em um silêncio contemplativo.

— Você é mais do que os olhos veem — concluiu, seu rosto inclinando levemente para o lado.

— Talvez. — Harry deu de ombros. — Eu apenas acredito que você é quem pode me dar respostas.

— Eu matei seus pais. — Não havia peso ou calor nas palavras de Voldemort. Ele poderia estar falando que o céu era azul. Era apenas um fato.

— Estou ciente. Eles estavam tentando me proteger. — Harry também não se alterou. — Por que você tentou me matar? Dumbledore nunca realmente me explicou.

Voldemort riu discretamente, deliciado.

— Eu imagino se ele sabia que estava mandando você direto pra mim. — Voldemort não ocultou o sorriso, e Harry deixou seus olhos passearem pelos lábios dele alguns segundos mais do que o necessário. — Um dos meus seguidores me alertou que você poderia ser uma ameaça, no futuro.

— Como ele sabia disso?

— Ora, Harry, você não espera que eu entregue meus segredos assim tão fácil. — Voldemort riu e se afastou. — Você quer saber onde estamos?

Harry deu de ombros.

— Parece um cemitério antigo.

— É o cemitério da família do meu pai. A casa deles fica logo ali — Voldemort apontou o enorme casarão. — Na época do meu sexto ano eu vim aqui.

— Oh, então eu suponho que você é o motivo para a casa estar vazia.

— Você não está errado. Porém, o único responsável pelo que aconteceu naquela casa foram os Riddle. Você não pode zombar de uma casa antiga e de nobre ascendência e não sofrer com as consequências. — Voldemort novamente se virou para Harry. — Eu posso lhe dar isso. O poder para punir aqueles que erraram com você. Justiça chega a todos.

Harry pensou nos Durley, pensou nos bruxos que escolheram lhe deixar no escuro, no mundo trouxa.

— Talvez. Mas eu imagino que você requer algo em troca. — Harry foi cauteloso.

— Hoje, o mundo saberá que eu retornei, porque você irá dizer a eles — Voldemort anunciou. — Irá dizer que eu o atrai para esse cemitério, que duelamos, que você escapou. Você consegue, eu vi você sustentar a fachada de irrepreensível herói durante todo o ano. E então, você vai voltar aqui, e quando você voltar, eu saberei que você decidiu.

— Decidi o que? — Harry perguntou, o cenário se desenrolando à sua frente. Ele sabia a resposta, mas queria ouvi-la mesmo assim.

— Ficar — Voldemort concluiu com um sorriso. — Você e eu, juntos, ninguém poderá nos parar. — E então ele lhe estendeu um pequeno relógio de mão. — Para quando estiver pronto para seu destino.

Harry estendeu a mão para o relógio, mas não o retirou de Voldemort, não imediatamente.

— Como sabe que eu vou aceitar? — sussurrou a pergunta.

— Porque você é como eu, Harry. Você logo irá descobrir. — E com um aceno da varinha de Voldemort, Harry retornou para a escola.

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Cornélio Fudge se negou veementemente a acreditar nas palavras de Harry, ao contrário de Dumbledore, que parecia estar esperando por isso. Harry não sabia se era isso que Voldemort esperava, mas seguiu cumprindo seu papel. A atitude de Dumbledore mudou levemente em relação a Harry. Aparentemente, retornar, trêmulo e a beira de um ataque de pânico, falando que Voldemort estava de volta e quase o matado havia aliviado as suspeitas do diretor. Harry ainda não sabia como havia conseguido fingir tudo aquilo, mas não estava disposto a ficar pensando muito naquilo. Ele queria voltar, mas estava sempre cercado de pessoas. Depois do desaparecimento do Professor Moody, ninguém parecia a vontade com a ideia de deixar Harry Potter desprotegido. Harry pensou em simplesmente se trancar em um banheiro para poder usar o relógio, mas depois pensou que o melhor seria preservar o melhor que podia o seu disfarce. Ele poderia precisar, futuramente.

A solução de seus problemas veio na forma de Molly Weasley. Quando ela se ofereceu para recebê-lo n’A Toca, Harry pulou na oportunidade. Unido aos Weasley, conseguiu convencer Dumbledore a deixá-lo ir por alguns dias.

— Apenas até que se recupere totalmente, Harry — o diretor salientou, frisando a importância. — A proteção que sua mãe lhe deu apenas continuará enquanto puder chamar a casa onde vive alguém do sangue dela de lar.

— Aquela casa nunca foi meu lar — Harry rebateu, incapaz de se segurar, porém, se apressou a concluir —, mas eu entendo, Professor.

Os primeiros dias n’A Toca, Harry se comportou perfeitamente bem.

No último dia de sua estada, ele saiu para fazer trilha com os gêmeos e Rony e não retornou.

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Voldemort o recebeu em uma das casas de um dos comensais no interior do país. Harry não sabia quem era o proprietário, mas não se interessava realmente. Os dois caminhavam pela propriedade, e Harry se ouviu debatendo a questão dos trouxas com Voldemort.

— Nem todo sangue ruim é escória. — O termo era um pouco estrangeiro em sua língua, mas Harry seguiu em frente. — Granger é de longe a mais brilhante na nossa turma. Provavelmente da escola inteira, atualmente.

— Algumas exceções não fazem as regras mudarem — Voldemort rebateu friamente, mas não havia ameaça velada, então Harry continuou.

— Veja Fudge. Um completo desperdício de espaço, e até onde eu sei ele é sangue-puro, não é? — Harry esperou para ver se seria corrigido, mas quando não foi, continuou. — Alguém como ele não faria diferença se estivesse morto. Mas alguém como Granger é capaz de grandes coisas. Sangue apenas não é garantia de grandeza. Veja você. Você é mestiço.

Voldemort não demonstrou que estava impressionado pelos argumentos de Harry.

— Ainda muito cedo para ter acesso a seus segredos? — Harry perguntou, enfim.

— Confiança é algo adquirido, meu jovem Potter.

Harry assentiu, mas permaneceu quieto pelo resto da caminhada. No final do dia, ele descobriria que os testes de Voldemort não haviam terminado.

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Foi com leve surpresa que Harry entrou no salão principal e se deparou com Severo Snape. Harry sabia que Snape estava agindo como espião, mas não tinha certeza para quem ele realmente trabalhava. Porém, era óbvio que Voldemort estava determinado a solucionar aquele mistério.

— Potter! — Snape não ocultou seu espanto. — Todos estão procurando por você. O que está fazendo aqui?

— Eu não tenho certeza — Harry respondeu honestamente. — Eu fui convidado, mas não faço ideia do motivo.

— Convidado?

— Sim, Severo. — A voz de Voldemort soou, e os dois se viraram na direção do Lorde das Trevas. — Eu o convidei. Eu estava curioso sobre alguns assuntos. — Voldemort caminhou até perto deles. — Ele sabe, Severo? Algum de vocês contou a ele?

Severo empalideceu, e isso fez os sentidos de Harry ficarem alertas.

— Você foi o seguidor que disse sobre mim. — Harry quase não reconheceu a própria voz, envolta em profunda frieza. — Você é a razão dos meus pais estarem mortos.

Severo olhou entre Harry e Voldemort, antes de falar:

— Eu não sabia que era Lily.

— Ele pediu pela vida dela — Voldemort comentou, claramente se divertindo com a situação. — Mas não se importava muito com você ou seu pai. Acho que ele queria algumas noites de diversão.

— Isso não é… — E então Snape se deu conta de seu escorregão, e Harry sabia que ele estava morte.

— Você se lembra, Harry, da aula sobre as Imperdoáveis? — Voldemort falou suavemente. — Creio que é hora da aula prática.

Harry sacou sua varinha.

Ela nunca tinha parecido tão leve.

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Era madrugada quando Harry entrou nos aposentos reservados para ele, com Voldemort o acompanhando. Harry ainda estava trêmulo com a energia, com o poder pulsando em suas veias. Ele finalmente estava entendendo o apelo.

— O que você quer de mim? — Harry perguntou, se virando para seu acompanhante. — Por que me trouxe aqui?

— Por que você veio? — Voldemort devolveu a pergunta.

Harry demorou alguns instantes para responder, organizando sua mente.

— Você é a única coisa que eu sempre tive. Não importasse o que, meu nome sempre estaria entrelaçado com o seu. Eu odiei isso no começo. Eu queria algo que fosse meu, mas eu ainda não cheguei lá. É por isso que eu vim. Você vai me ajudar a conseguir.

— Oh, eu vou? — Voldemort pareceu se divertir com a resposta. — Você me intriga. E treinado da maneira certa, você pode chegar a ser meu braço direito. Você não seria o primeiro a encontrar sentido na causa.

Harry queria dizer que não se importava com pureza do sangue ou qualquer que fosse a cruzada de Voldemort. Ele queria pertencimento. Ele queria o que ele perdeu naquela noite em Godric’s Hollow e Voldemort era o único resquício que havia restado.

E Harry não sabia como conseguir isso.

— Apenas se entregue, Potter. — Voldemort se aproximou, colocando suas mãos no rosto de Harry, que não podia deixar de notar a maneira como o cabelo escuro de Voldemort caia-lhe sobre os olhos. — Confie em mim.

— Confiança é algo adquirido — Harry repetiu as palavras que lhe foram ditas mais cedo.

— É justo o suficiente. — E ele sorriu de tal maneira que Harry se lembrou das lembranças mostradas pelo diário, de quando ele não era o temido bruxo das trevas, mas o jovem estudante carismático.

Tom Riddle.

Então, quando Tom fechou a distância entre eles lhe roubando um beijo, Harry fechou os olhos. Ele não era estúpido, sabia que aquilo era apenas uma tática para tê-lo submisso, mas não importava.

Harry se entregou.


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Notas finais do capítulo

gente, nao sei fazer romance desses dois