Com um braço agora sobre os ombros de Sara e um braço dela em torno de minha cintura, a gente seguiu numa longa caminhada pela orla da praia enquanto conversávamos sobre a cidade, a praia que aquele horário estava com um movimento tranquilo de pessoas e sobre diversas outras coisas.

Era bom tá ao lado da minha namorada de novo. Eu tava imensamente feliz por estar ali com ela novamente. E podia ver e sentir nela a reciprocidade do sentimento. Ela também tava feliz com a minha presença ali. E mais que isso, ela estava empolgada, alegre e falante mais até do que seu normal!

Ao longo da nossa caminhada, paramos algumas vezes pra tirar algumas fotos juntos e depois paramos uma vez pra comprar um sorvete para Sara, que acabou dividindo comigo.

—Essa praia me parece bem tranquila.

—Dia de semana, porquê em fim de semana ela fica lotada e adeus tranquilidade. Amanhã que é sábado, vou te trazer na praia de novo e aí você vai ver como essa "praia tranquila" de hoje não vai nem existir. O que você vai encontrar aqui amanhã é muita criança correndo por toda parte, além de cachorros e diversas famílias que vêm fazer piquenique na praia. Ou seja, muito movimento! Fora que tem os surfistas que ficam se exibindo e tal.

A menção da palavra "surfista" já me arremeteu imediatamente, ao tal ficante de Sara que ela me contou em Vegas, o qual adorava vê-la só de biquíni e que achava as pernas dela lindas.

Eu não esqueci desse cara. Kylie! Esse nome ficou gravadinho na minha cabeça. Será que toparia com esse tal Kylie? Ah, acho que com certeza!

—Grissom!!

—Oi! - Olhei com certo susto pra Sara, que me chamou com certa altivez na voz. _Acontece alguma coisa?

—Aconteceu que você ficou mudo depois do que eu disse. E nem respondeu a minha pergunta. Que foi? Por acaso tá se distraindo vendo essas meninas circulando de biquíni perto de você, é?

Ela me socou de leve na barriga.

Ah, que saudade dessas cenas de ciúmes da minha namorada!

Sorri e abracei Sara no meio do calçadão.

—Tá rindo que nem pateta por quê?

Meu sorriso se alargou mais ainda ao notar sua zanga.

—Tinha esquecido o quão engraçada você ficava com ciúmes.

A cara de zanga dela se intensificou e mais engraçada Sara ficou.

—E eu tinha esquecido o quão palhaço sem graça você costuma ser.

Sorri de novo. Parece que sorrir seria a coisa que eu mais faria ali. E sem ao menos dizer nada ou dar tempo à Sara de fazer isso de novo, eu beijei demoradamente minha namorada e ela me correspondeu no mesmo instante em que minha boca tocou a dela.

—Quer saber de uma coisa? - Murmurei a Sara tão logo nosso beijo acabou. _Eu nem tô prestando atenção nessas garotas circulando de biquíni por aqui. Elas são tudo pra mim homens de sungas.

—Ah, claro! "Homens" bem bonitos que outros homens adoram ficar de olho. "Homens" que estão usando sungas fio dental e que ainda tem peitos salientes, corpo cheio de curvas e falam fino, né?

Seu tom irônico ao falar, fez com que eu pressionasse meus lábios um no outro pra conter a gargalhada que senti vontade de deixar escapar ao ouvir essas coisas e ver o escancarado ciúmes de Sara.

—Você não está conseguindo disfarçar esse ciúme todo, Sara Sidle. Mas ó... Esses "homens" podem até ser assim, que eu nem tô olhando pra eles. Juro! Agora, se fosse você circulando de biquíni, aí eu não tiraria os olhos de você.

Notei um sorriso escapar dos lábios de Sara por conta das minhas palavras.

—Você veio com biquíni por baixo desse short e dessa blusa que tá usando?

—Não!

—Poxa! Que pena! Eu queria te ver de biquíni.

—Grissom, você já me viu de calcinha e sutiã, o que é praticamente, o mesmo que estar de biquíni.

—É, vendo por esse lado, sim. Sem contar, que eu também já te vi sem nada. E eu tô louco pra te ver assim de novo. - Sussurrei essa última frase apertando Sara mais em meus braços e fazendo nossos corpos ficarem bem mais ainda em contato.

Meu desejo por ela era grande. Mal havia chego e esse mesmo desejo já tinha se multiplicado por mil, só pelo fato de tê-la comigo de novo.

Por noites e noites em Las Vegas, eu tive sonhos eróticos com Sara durante esses meses que passamos separados. Sonhava e lembrava do corpo dela nú, dos poucos mais intensos momentos de amor que tivemos durante os últimos dias dela na minha casa. E lembrar disso, na maioria das vezes, me levava à um banho frio.

—Pervertido! Você não era assim, quando eu te conheci, Grissom. Muito pelo contrário, era todo envergonhado. Seu agora sem vergonha!

Ambos sorrimos. E por mais uma vez, eu beijei Sara. Mas um esbarrão de um sem noção que passou perto da gente fez nosso beijo ter que ser interrompido.

Minha namorada que não é de ficar quieta, gritou para o sujeito que já ia mais adiante:

—Não sabe olhar por onde anda, não?!

—Ah, vai se beijar com o teu namorado em outro lugar, ô garota!

—Deixa esse cara pra lá, Sara. Vem, vamos voltar. - Segurei na mão da minha namorada.

—Mas vamos voltar caminhando pela praia.

Ela saiu me puxando em direção a beira do calçadão. Ali tiramos nossos chinelos e descemos os dois lances de degraus que havia separando o calçadão da areia da praia. Logo já estávamos pisando na areia macia e fofa. Caminhamos até chegar próximo a água e dali seguimos nosso caminho, sentindo a água fria da praia molhando nossos pés a cada passo nosso.

Caminhamos por alguns minutos sempre conversando. Depois demos uma parada e sentamos na areia, distante um pouco água pra não nos molharmos.

—Fazia um tempo bem considerável que eu não vinha à uma praia, sabia?

—Eu venho quase todo dia, mais pela parte da tarde, já que estudo de manhã, isso quando não tenho nada pra fazer na pousada. Às vezes até enjoo de vir à praia.

—Eu acho que não enjoaria. Lembro que a última vez que estive numa praia, foi há cinco anos com a minha turma da escola. Nós ganhamos um concurso de ciências e o prêmio era um piquenique na praia.

—Legal! E posso quase apostar, que você tímido como é nem tomou banho na praia para não ficar sem camisa na frente das garotas.

Seu olhar zombeteiro e o sorriso irônico, me fizeram concluir que ela estava debochando de mim. Mas, dessa vez, ela ia cair do cavalo.

—Aí, que você se engana, sua chata.

—Chato é você. - Sara bateu com seu ombro no meu e sorriu. _E então, quer dizer, que você deixou à mostra para as garotas verem, o seu corpitcho lindo?

Eu ouvi bem o que ela disse?

Sara acha meu corpo lindo?

Isso era bem revelador! Surpreendente na verdade, já que minha namorada não era dada a elogios assim.

—Não sabia que achava meu corpitcho lindo, garota insuportável.

Um sorriso estampou meus lábios ao final de minhas palavras enquanto uma das minhas sobrancelhas se encontravam arqueadas em pura surpresa. Juro pra vocês, que não imaginava que ela pudesse achar isso de mim.

—Pois eu retiro agora mesmo o que eu disse, só porque me chamou de: garota insuportável. Quatro olhos!

—Não uso mais óculos. - Com certo divertimento lembrei minha namorada disso.

—Nerd estranho e sem graça, então.

Sara me mostrou a língua feito uma garota birrenta e eu não pude me conter e, sorri dela. Depois, logo em seguida, a abracei e fiz Sara deitar na areia, ficando com metade do meu corpo em cima do dela.

—Grissom meu cabelo vai ficar só areia! - Sara protestou. _Sai de cima de mim, vai!

—Não sem antes ter sua confirmação de quê acha mesmo que tenho um corpo lindo.

—Se meu pai te visse assim, em cima de mim, você estaria ferrado.

O sorriso da minha namorada era largo e divertido.

—Tô vendo que seu pai não vai nos dar trégua. Ou melhor, ME dar trégua. Acho até que vou voltar pra Vegas sem ter tido a chance de passarmos dos beijos.

—Já te disse que vou dar um jeito nisso.

—Como??

—Isso por enquanto vai ser segredo. Você não tem um segredo guardado de mim? Esse então fica sendo o segredo que eu vou guardar de você, Grissom.

—Isso não vale!

—Vale sim!

—Esse seu segredo não vai demorar uma semana que nem o meu, vai? É que não sei se vou aguentar esperar uma semana pra gente fazer... Você sabe o quê.

Fazer amor com ela era o que eu queria o quanto antes que acontecesse. Cinco meses minha gente! Eu tava que não me aguentava!

—Não vai demorar tudo isso. Apenas uns dias. Agora, levanta.

—Ainda não. Você ainda não disse sobre o que te perguntei à respeito do meu corpo. Vamos lá. Quero ouvir, Sara.

Ah, mas eu tava louco pra ouvir aquilo de novo. E não ia sossegar enquanto não fizesse Sara confessar aquilo por mais uma vez.

—Tá bom!... Eu realmente acho que você tenha um corpo... Lindo! - Por fim, Sara admitiu-me em rendição. _Satisfeito agora?

Agora sim!

—Completamente! - Abri um sorriso.