—De novo? Desta vez eles passaram dos limites. Maria Flor, você vem morar comigo. Não quero mais você sofrendo nas mãos daqueles cretinos. –Disse Ana, indignada.

Ana era uma mulher de meia idade, mas muito bonita. Era alta, “cheinha”, possuía cabelos castanhos médios, com fios grisalhos e olhos mel. Era dois anos mais velha que Martha.

—Eu não posso titia Ana. Não posso deixar meu maninho. –Respondeu Maria Flor.

Victor, irmão de Maria Flor havia nascido dois dias após todo o caus.

—Traga ele com você. Fugiremos para um lugar bem distante, na qual nunca seremos encontrados.

—Mãe, o Dudu não para de chorar, não sei mais o que fazer. –Disse Mariana, filha mais velha de Ana.

Mariana era morena, com cabelos bem lisos na altura dos ombros. Tinha olhos mel, como os da mãe e era dois anos mais velha que Maria flor, e seu irmão, Eduardo, possuía apenas três meses.

—Olhou a fralda? Deve estar cheia, já troco. –Respondeu Ana.

—Sabe, vocês deviam vir com a gente para Eracklyon. É um planeta que fica em outra dimensão. Minha mãe vai trabalhar para o rei Erendor, que governa este lugar, e ele paga muito bem. Ela será babá do príncipe Sky, seu filho de dez anos. E meu pai será segurança. Ele já está lá, fazendo o treinamento exigido. –Falou Mariana, a sua prima Maria Flor.

—Dito e feito, era fralda suja mesmo. –Disse Ana, chegando com Dudu em seus braços. –Amanhã cedo a nave da família real de Eracklyon. Passamos na sua casa as seis para buscar vocês dois.

—Se é melhor para mim e para o Victor, eu aceito titia. Mamãe e papai chegaram para me buscar. Até logo.

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Quando chegou em casa, Maria Flor se deparou com uma cena que a chocou: Seu irmãozinho chorando muito, pois ficara sozinho por muito tempo. Ele estava com a fralda cheia, além de fome e cólicas. Maria Flor correu em direção ao berço velho e empoeirado na qual seu irmão estava e o pegou no colo. Teve que aprender a trocar uma fralda na hora, pois sua mãe se recusara. Ela trocou e entregou-o a sua mãe, que o alimentou a contra gosto.

—Ah Maria, como você é linda. Olha estes cabelos. –Disse Paulo, passando a mão nos cachos ruivos de Maria Flor.

—Me solta papai, me deixa brincar com as minhas bonecas hoje, por favor.

—Só depois de “conversarmos”. Vamos lá minha pequena.

—Maria, me ajude com o Victor. Faz ele arrotar para mim. –Disse Martha, entregando o pequeno a sua filha e indo para um canto falar com Paulo.

—Hoje não Paulo, deixa a menina um pouco. Ela é apenas uma criança.

—Agora vem querer bancar a boa mãe? E todas as surras que você deu nela?

—Isso é passado. O Victor precisa de alguém para cuidar dele, e eu que não serei.

—Ta bom. Entrega a boneca para ela. Está aqui. –Disse Paulo, pegando a boneca de cima de um armário

—Mamãe, ele dormiu. –Disse Maria Flor a sua mãe.

—Coloca ele no berço. Aqui está a sua boneca, brinca um pouco e vai dormir.

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Eram seis da manhã e Ana chegara com um carro as escondidas para buscar Maria Flor e Victor. Eles estavam prontos. Tudo o que Maria Flor levava consigo era sua boneca de pano e seu irmão.

—Vem logo Maria, antes que alguém acorde. –Disse Ana.

—Onde você pensa que vai levar meus “maninha”? –Disse Martha, com uma voz sonolenta.