True King escrita por Bee


Capítulo 5
4 - Birds always come back to home


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥ Queria começar agradecendo pelo carinho, pelos comentários e tudo mais. Vocês são ótimos ♥

Alguém estava com saudade da Sansa? Agora ela está em Winterfell. Como será que ela ajudará Jon, além de vingar-se de Joff?

O título significa "Pássaros sempre voltam para casa".

Nos próximos capítulos o Jogo dos Tronos avança e ninguém está seguro. Vocês estão preparados?

Por agora, boa leitura ♥



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Sansa Stark estava tendo outro sonho com dragões. Dessa vez, o rapaz não olhava mais fixamente para o trono de ferro. Olhava para ela. Sansa imaginou que nunca veria um rosto tão marcante quanto àquele – Os cabelos eram escuros e revoltos, chegando a seus ombros, os olhos cinza cintilavam. Ele sorriu. Uma coroa brilhou em sua cabeça.

— Por favor, me ajude — Ela chorou. O rapaz a encarou em pânico, então estendeu a mão em sua direção. 

Sansa tentou pegá-la, mas tudo se desvaneceu em escuridão. Era o segundo sonho exatamente igual que tinha. O outro havia sido uns dias antes, mas ela desconfiava que ajuda nenhuma viria. 

Até que foi acordada aos trancos. Abriu os olhos, hesitante – Cersei já lhe assustara o suficiente com histórias de sequestros, resgates e estupros para que ela não estivesse temerosa.

Quando olhou ao redor deu de cara com Varys. Ele lhe lançava um meio sorriso gentil, porém brutal. Ela imaginou o que o mestre dos sussurros desejava.

― Lady Sansa ― Cumprimentou-a solene ― Sinto muito por ter acordado a senhora. Mas creio que gostará de minha peculiar visita.

Sansa assumiu uma expressão confusa. Joffrey teria o mandado lá, para atormentá-la?

― Não entendo porque está em meu quarto nesta altura da noite, Lorde Varys ― Tentou assumir a expressão cautelosa que sempre vira no rosto de seu pai ao tratar com quem não confiava, mas temia ter falhado miseravelmente.

O eunuco sorriu. Trajava uma túnica dourada e fina e Sansa facilmente, se não o conhecesse, o confundiria com apenas um mercador de Além do Mar Estreito.

― Tenho certas ordens, Lady Stark ― Começou ― De levá-la de volta para casa.

Sansa não pode se conter. Sorriu a ponto de seu rosto doer. Não devia confiar tão rápido, mas como evitar, se aquela ideia lhe enchia da mais doce esperança?

Levantou da cama rapidamente.

― Ordens? Ordens de Robb? ― Questionou ansiosa, já apanhando um robe de peles do armário.

― Não ― Ele respondeu simplesmente ― Creio que precise de alguns minutos para ajeitar algumas roupas e coisas que deseja levar. Esperarei no bosque sagrado. Não se demore.

Deixou-a sozinha. Sansa soltou um suspiro resignado e apressou-se para pegar algumas coisas. Pegou seus vestidos de frio e algumas joias trazidas de Winterfell. Havia uma pequena boneca, presente de seu pai, que ela apertou junto do coração antes de guardar também. A mala ficou pequena, todavia pesada. Por sorte Varys também pensara nisso e um guarda sem sigilo nenhum a esperava na porta, guiando-a por entre os corredores do castelo.

Já lá fora olhou uma última vez para trás. Chega de surras e de humilhação. Joffrey podia intimidá-la quando ela era uma loba acuada, mas nunca poderia lidar com sua matilha. Deixou lá todos seus medos e seu receios, sua afeição desmedida e suas canções.

Ali, às portas do Bosque Sagrado de Porto Real, matou a menina perante os deuses e deixou a mulher nascer.

♦♦♦

O balanço do oceano a deixava enjoada. Sansa inclinou-se, observando as ondas quebrantarem. Fazia muitos dias que estava no mar. Lorde Varys deixara-a num navio discreto e então, com um singelo aceno de cabeça, voltara para o castelo.

Mesmo ali sozinha, ela agradeceu pelo sacrifício. Sabia que se fosse pego ele seria executado. Porém também imaginava os motivos ocultos para ele ter arriscado seu pescoço.

Os outros tripulantes do navio a ignoravam, até evitavam, como se ela estivesse doente. Apenas uma pequena garota conversava com ela.

A pequena Alyss Cavia era filha do capitão do navio, chamado apenas de Grande Dragão. Vinha com sua família de algum lugar além do Mar Estreito. Era pequena, tímida e Sansa às vezes a achava meio tola, mas era agradecida pelo seu constante falatório. Fazia com que Sansa se sentisse menos sozinha.

― Ouvi meu pai conversando com seu imediato ― Ela sorriu travessa. Os cabelos loiros balançavam por causa da brisa ― Vão levar você para um homem chamado Rei Jon. Dizem que ele tem dragões.

Sansa pensou no homem de seus sonhos e no dragão ao seu lado.

― Você não devia ficar ouvindo atrás da porta ― Ralhou com ela ― Você ainda vai ter muitos problemas. E ele com certeza não se chama “rei”, Alyss. Rei é um titulo e... Ah, não sei por que me importo.

Alyss riu, se balançando para trás e para frente.

― Que seja. Parece que ele é um Targaryen ― Deu um gritinho animado ― Papai estava dizendo que planeja oferecer seu navio pra ele. Melhor do que morrer queimado dentro dele quando chegarem os dragões ― Olhou para Sansa metodicamente ― Você é tão sortuda por ele querer resgatar você, como nas canções. Será que ele quer que você seja a rainha dele?

Sansa corou.

― Não seja ridícula ― Gaguejou suavemente.

Alyss abriu a boca para falar (mais), porém foi interrompida por um grito alto de seu pai ―Grenrel Cavia era o único que tinha poder de fazer a filha se calar.

― Lady Sansa ― Fez uma reverência suave para ela. Seu tamanho assombroso e sua semelhança constrangedora com a jovem Alyss era desconcertante ― Estamos chegando ao Porto Branco.

Sansa percebeu que tinha distraído. Porto Branco quase brilhava para ela agora, o primeiro pedaço de tudo que ela sentia falta. Ela evitava pensar em seu pai, mas naquele momento ela podia ver que o Norte era um pedaço dele.

Alyss soltou um muxoxo. Sabia o que significava estar chegando – Sansa voltaria para Winterfell e Alyss e seu pai ficariam ancorados no porto.

Abaixou-se até ficar na altura dela – pouco mais do quadril de Sansa, que era alta e esguia e sussurrou.

― Você pode ser minha dama de companhia, em Winterfell, se assim desejar.

Alyss deu um sorriso animado.

― Mas primeiro ― Sansa começou e o sorriso de Alyss diminuiu ― Peça para seu pai.

A garota desapareceu entre os outros tripulantes a procura de seu pai e Sansa sorriu. Ela daria qualquer coisa para ter aquela inocência e alegria de volta.

O navio atracou e Alyss andou atrás de Sansa, solene. Lorde Manderly a recebeu junto com alguns dos membros de sua pequena corte. Ela não tinha nada contra Manderly, então ficou feliz por ele recebe-la com tanto carinho.

― Creio que também só está de passagem, senhora ― Ele disse, enganchando seu braço no dela.

― Sim senhor ― Confirmou antes de indagar, com uma expressão confusa ― Como assim “também”?

― Sua tia Lyanna passou por aqui cerca de uma volta de lua atrás ― Informou-a.

Sansa quase bateu no próprio rosto, tamanha sua idiotice. Só havia um Jon que ela imaginava como rei. O primo Jon! Claro. Era ridículo ela ter demorado tanto para associar. Só desconhecia o fato de ele ter dragões.

― Creio que sim, milorde. Mas prometo que comparecei a um banquete com agrado se o senhor oferecê-lo ― Bajulou com um sorriso doce no rosto.

Despediu-se de lorde Manderly e buscou por Alyss. Esta já lhe esperava com uma mala, os olhos azuis brilhando em felicidade.

― Sansa, Sansa! Papai deixou. Ele disse que vai atracar o navio e que vai me visitar e que é uma honra ser dama de uma senhora e...

― Calma ― Sansa riu ― Dê sua mala para um dos guardas.

Alyss a obedeceu e despediu-se do pai. Sansa também se despediu de Grenrel e agradeceu pelo bom serviço. Partiram de Porto Branco.

Sansa estava cada vez mais perto de casa. 

♦♦♦

 Começou a chorar quando apenas avistava o topo de Winterfell. Chorou ainda mais quando chegou. Lá estava a Vila do Inverno, onde no terno verão a mãe trançava seus cabelos enquanto Arya e seus irmãos brincavam.

― É tão bonito... ― Alyss sussurrou. Sansa outrora achara Winterfell escura em sem graça, mas agora tinha de admitir que até as pedras cinzentas e as ameias tinham sua própria beleza.

A mãe e seus irmãos a esperavam em frente ao castelo principal. Sansa praticamente saltou do cavalo em que montava e seu jogou nos braços de Catelyn. Sentira tanta falta dela que seu coração doía.

― Me desculpe, me desculpe ― Murmurou entre os cabelos da mãe ― Me desculpe por fazer o papai ir comigo pra Porto Real.

Catelyn Stark sempre fora uma mulher forte, mas chorou junto com a filha a perda de alguém amado.

Robb ainda tinha o mesmo abraço quentinho e Sansa abraçou ambos – Bran e Hodor. Até mesmo Rickon grudou na aba de sua túnica e sorriu-lhe, com alguns dentinhos faltando.

Mesmo não desejando, ela procurou pelo rosto dos seus sonhos, o rosto de Jon. Ficou decepcionada quando não o encontrou, mas manteve a expressão vazia.

O resto do dia lhe transcorreu como um sonho de verão. Recobrou a saudade da mãe e da família e reviu sua tia Lyanna, que lhe lançou um sorriso enigmático que Sansa não soube interpretar.

Quando foi a hora de se recolher para dormir, ela não conseguiu. Virou e revirou-se na cama sem sucesso algum. Isso a levou a vestir uma capa quente e sair. De inicio seus passos não a levavam para lugar nenhum, mas reconheceu o caminho para o bosque sagrado.

Chega de sete deuses, ela prometeu a si mesma. Os deuses de Winterfell a protegeriam ali. Deuses sem nome e sem rosto, habitando um bosque escuro.

Não estava sozinha lá. Ela reconheceu-o sem precisar olhar duas vezes. De costas ele era o homem do sonho e o lobo, que era só um filhote selvagem quando ela partiu, repousava ao seu lado.

― Não sabia que alguém tinha conseguido domar o Fantasma ― Falou alto.

Jon se virou e ela soube que era com ele que ela vinha sonhando, para quem pedira socorro e a salvara. Sansa sorriu.

Jon pareceu confuso nos primeiros instantes, mas a reconheceu, fazendo uma reverência para ela.

― Sinto muito por não ter podido recebê-la, Lady Sansa. Estive conversando com Lorde Bolton esta tarde ― Desculpou-se. Sansa deu de ombros.

 ― Sem problemas, Vossa Graça ― Sua voz assumiu um tom zombeteiro ― Quem diria que o franzino primo Jon só voltaria para Winterfell como rei?

Jon sorriu, porém permaneceu em silêncio. Sansa observou a Árvore-Coração.

― Meu pai costumava se sentar aqui depois de uma sentença de morte que cumpria. Ele apenas nos olhava com pesar e se refugiava na tranquilidade do Bosque Sagrado. Eu sempre o achei mórbido e escuro ― Contou com a voz tranquila ― Mas então eu entendi que o sul não é para nós Stark. Deixe-os com seus costumes e seus deuses. Os velhos deuses que moram aqui foram os únicos a sempre escutar minhas orações, mas eles não têm poder no sul ― Olhou nos olhos profundos de Jon ― Obrigado por me trazer de volta para casa.

Jon anuiu. Não queria pressioná-la nem tocar no assunto dos sonhos, mas com ela ali aquilo tudo parecia tão surreal. Sansa não se parecia em nada com a garotinha que ele conhecera anos atrás ― estava mais bonita e mais forte. Sua mãe certa vez lhe dissera que os ruivos são chamados pelos povos livre de beijados pelo fogo. Jon podia imaginar que o fogo devia gostar muito de Sansa Stark.

― Você também...

― Sim ― Ela interrompeu ― Eu também os tenho.

O vento frio assobiou entre eles. Sansa tremeu, mas não quebrou o contato visual que tinham estabelecido. Ela não sabia por que ela e ele tinham aquela estranha ligação, mas estava satisfeita que o tivessem.

― Devo me recolher, Vossa Graça. Está muito tarde ― Anunciou. Jon lhe estendeu o braço e ela engatou, sem saber direito o que ele faria.

― Que tipo de rei seria eu se deixasse que, tão tarde da noite, uma donzela como você andasse por ai sozinha?

Sansa sorriu. Repetiu a si mesma que Jon Targaryen não era Joffrey. Então sorriu ainda mais quando ele se despediu beijando sua mão. Só então Sansa caiu na cama e adormeceu, na primeira noite desde muito tempo sem sonho algum.


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Notas finais do capítulo

Erros e sugestões nos comentários ♥ Muito obrigado por lerem!
Até sábado que vem ♥



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