Deadly Sin escrita por Clarice Reis, Zabalza


Capítulo 2
Bloody Rose


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas ♥
Aqui está o segundo capítulo e eu espero de verdade que vocês gostem! Também espero que vocês não queiram nos matar por conta do final, lembrem-se do quanto nós gostamos de vocês e do quanto não somos boazinhas (insira um emoji de anjinho). Beijos da pessoa que está prevendo ameaças de morte nos comentários.



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“Vou estar esperando você” 

  

Por mais que tentasse, Yuri não conseguia tirar aquela frase de sua mente. Trabalhar parecia impossível naquela noite, até Isabella percebeu o quanto estava distante. Ele tentou ignorar o que tinha acontecido e se concentrar no e-mail, mas Viktor não parava de invadir seus pensamentos, principalmente por conta dos ingressos que estavam jogados sobre sua mesa de cabeceira e pareciam encará-lo. Yuri sabia que tinha que se manter focado para conseguir enviar aquelas planilhas a tempo.  

— Yuri? — Isabella abriu a porta do quarto e lhe ofereceu a xícara de chá que trazia consigo — Achei que você precisava de uma pausa.  

Pausa? Ele ainda nem tinha começado. 

— Obrigado — tomou um gole do chá, Isabella sentou na sua cama e ele sabia bem o que isso significava. 

— E então, quer me contar o que aconteceu?  

— Não foi nada — Yuri sabia que era um péssimo mentiroso, mas tentou mesmo assim.  

— Você parece distante desde que chegou. 

— Eu só estou estressado — suspirou — Tenho coisas do trabalho para terminar ainda hoje e nem ao menos comecei — não era totalmente mentira, o trabalho realmente estava o preocupando, só ocultou a parte de que não conseguia se concentrar por causa do homem de olhos vermelhos que tinha conhecido no pub. 

— Vai dar certo, é só manter a calma — assim que terminou a frase, seu olhar recaiu sobre os ingressos — Você vai para algum show?  

Aquele era o momento certo para convidá-la. 

— Eu ganhei esses ingressos, nem sei ao certo que banda é essa, mas aparentemente eles são famosos. Você quer ir? Vai ser amanhã à noite, podíamos ir depois do trabalho. 

— Eu adoraria, mas vou cobrir o turno de uma colega amanhã, provavelmente só vou sair de lá de madrugada. 

— Tudo bem, eu nem estava com tanta vontade assim de ir — mentira, ele queria e muito, mas não conseguia se imaginar indo sozinho, e se tudo desse errado? E se Viktor não aparecesse? Seria melhor que ele estivesse com alguém. 

No mesmo instante, o celular de Yuri tocou.  

— Alô? 

— Yuri, querido — era a mãe de Yurio — Desculpe por estar telefonando tão tarde, mas eu queria saber se você podia vir para cá amanhã, eu e meu marido vamos para um jantar e seria bom se você pudesse vir ficar com o Yurio. 

— Claro, Sra. Plisetsky — Isabella revirou os olhos — Vou assim que sair do trabalho. 

— Obrigada, querido, até amanhã. 

— Até amanhã. — Ele encerrou a ligação.   

— Quando ela vai perceber que o filho dela não é mais uma criança? Sério, o garoto já tem dezoito anos e ainda precisa de uma babá? Isso é ridículo. 

Yuri começou a ser babá de Yurio com quinze anos de idade, o garoto ainda tinha oito, e no começo era um inferno, ele o prendia na dispensa, sujava a casa inteira de tinta e uma vez até incendiou a cozinha. Demorou algum tempo para que conseguisse conquistar a confiança do menino, mas desde então se tornaram bons amigos, apesar da diferença de idade.

O que ele percebeu ao longo dos anos, é que Yurio era muito solitário, seus pais eram ausentes e ele quase não tinha amigos por causa de seu temperamento. Depois de cinco anos como babá, Yuri conversou com a mãe dele e disse que ela não precisava mais pagar, bastava telefonar e ele viria, desde então, pelo menos uma vez por semana recebia uma ligação. Yurio sempre deixava claro que podia se virar sozinho, que já era adulto, e não precisava de alguém tomando conta dele, mas sabia que no fundo ele gostava da companhia.  

— Você sabe como ela é, a Sra. Plisetsky sempre foi muito... — não conseguiu terminar a frase, pois Isabella o interrompeu.  

— Neurótica. — Afirmou. — Bom, eu vou te deixar trabalhar e aproveitar para tomar um banho, estou exausta.  

— Boa noite. — Yuri voltou a se concentrar na tela do computador. 

— Tente dormir um pouco, ok?  

— Eu vou. 

Dormir foi algo impossível naquela noite. Tinha muito mais trabalho para fazer do que imaginava, e ele só terminou perto do amanhecer, o que fez com dormisse no máximo duas horas. Quando teve que acordar para ir trabalhar, estava parecendo um morto, tomou vários copos de café para ver se conseguia se manter acordado, mas não deu muito resultado.  A única coisa que o fez aguentar aquele dia, foi lembrar que amanhã entraria de recesso, o que significava que poderia dormir até tarde. 

 Saiu do escritório perto das 18:00, e enquanto andava até a casa de Yurio, ele se pegou pensando em Viktor. Não poderia ir encontrá-lo hoje, e por alguma razão, ele sentia um aperto no peito com a ideia de não o ver nunca mais. Era tão estranho, não lembrava a última vez que tinha sentido algo tão intenso por alguém que nem ao menos conhecia. Reprendeu-se por aquilo e decidiu simplesmente esquecer tudo. Era o melhor que podia fazer. 

 Assim que chegou ao seu destino, encontrou Yurio na entrada, parecia que ele estava chegando de algum lugar. 

— Oi. — Cumprimentou, chamando a atenção do garoto. 

— O que aconteceu com você? Parece que está morrendo. — Ele tinha uma expressão indiferente no rosto. 

— Trabalhei até tarde. — Yurio abriu a porta, eles entraram e largaram as mochilas no sofá da sala. — Ficou até mais tarde na escola? 

— Não, foi meu primeiro dia no trabalho. — Ele prendeu seus cabelos loiros em um rabo de cavalo e se jogou na poltrona. 

— Você está trabalhando? — Era difícil de acreditar que a mãe dele permitira, considerando que ela nem gostava de deixá-lo sozinho em casa. 

— Em uma livraria aqui perto, o dono é amigo da minha mãe.  

— Você gostou do seu primeiro dia?  

— Foi legal, eu descobri que tem um desconto para funcionários e já comprei três livros. — Ele parecia bem animado. — Tem uma seção só de terror, eles têm tudo que você pode imaginar sobre vampiros. 

Yurio sempre teve um interesse estranho pelo sobrenatural, histórias de terror com monstros sempre o atraíram e ele era obcecado por vampiros. Muitas vezes ele mostrara para Yuri relatos de pessoas que supostamente tinham sido mordidas, teorias de que alguns vampiros podiam sobreviver mesmo sendo expostos ao sol e de que alguns eram famosos ou ocupavam cargos importantes na política.  

— Falando em terror, eu trouxe aquele jogo que você me pediu.  

— O novo Silent Hill? — Yurio não conseguia esconder a sua empolgação. 

— Uhum. — Bocejou. — Está na minha mochila. 

— Eu vou só fazer pipoca e a gente pode jogar. — Ele foi em direção a cozinha, Yuri se acomodou no sofá e fez um enorme esforço para não dormir, ele falhou miseravelmente. 

Quando voltou a abrir os olhos, encontrou Yurio parado na sua frente, ele vestia um colete de couro, calça jeans e um par de coturnos, seu cabelo estava preso em um coque meio desajeitado. 

— Por que está vestido assim? — Perguntou ainda meio sonolento. 

— Nós vamos sair. — Ele afirmou.  

— Sair? Onde nós vamos? 

Yurio mostrou um par de ingressos. Eram os que Viktor tinha dado a Yuri. Ele não planejava ir, mas quando estava arrumando a bolsa naquela manhã, não pôde afastar um sentimento de que poderia mudar de ideia, por isso, os colocou na mochila, só para garantir. 

— Não tem como. — Afirmou.  

— Esses ingressos são de outra pessoa?  

— Não. 

— Então qual é o problema? — Ele estava começando a ficar nervoso. 

— Sua mãe não vai deixar. 

— Por acaso ela está aqui agora? — Ele arqueou uma das sobrancelhas — Além do mais, você tem noção do quanto eu gosto dessa banda? Tentei comprar esses ingressos no dia que colocaram a venda, mas esgotaram em cinco minutos.  

— Essa banda é famosa?  

— Bloody rose é um dos grupos de rock mais famosos da atualidade, e eles tem o melhor baterista que eu já vi, sério, JJ é incrível. — Yurio agindo como uma fangirl era definitivamente algo inesperado, na verdade, era bem esquisito. — Por isso, levanta logo daí, se não formos agora vamos perder o show.  

— Eu não sei se isso é uma boa ideia, se a sua mãe descobrir que saímos... 

— O clube onde vai ser o show é aqui perto e minha mãe disse que só volta depois da meia noite, a gente consegue ir e voltar com tempo de sobra. 

— Yurio... — Yuri estava bastante receoso.  

— Escuta aqui, eu não me importo se você vai comigo ou não, eu tenho uma oportunidade única de ver esse show e não vou desperdiçar porque você está com medinho de ser descoberto. — Estava claro que ele não ia aceitar um não como resposta — Eu posso muito bem ir sozinho. 

Não tinha jeito, Yuri sabia melhor do que ninguém que não conseguiria convencer o outro a ficar, a melhor opção era ir com ele e garantir que estivesse em casa na hora certa. 

— Tudo bem. — Suspirou. — Mas, temos que estar de volta antes da meia noite. 

— Certo. — Yurio correu até seu quarto e voltou com uma jaqueta azul em mãos. — Toma, você não pode ir tão desarrumado para um show desses.  

Yuri vestiu a jaqueta e tentou ajeitar um pouco o cabelo. Eles pegaram um táxi e desceram no que parecia uma boate. A entrada do lugar estava lotada de pessoas, garotas com camisetas da banda gritavam histericamente e os seguranças tentavam garantir que todos formassem uma fila única. No meio de tudo aquilo, Yuri se perguntou se conseguiria encontrar Viktor, mas não podia criar tantas expectativas, talvez ele nem viesse. 

Estavam esperando na fila, quando um grupo de garotas passou com um cartaz imenso. Yuri congelou no lugar, aquilo era possível? Uma foto gigante de Viktor e outros dois homens estava no cartaz.  

— Tá tudo bem? — Yurio perguntou. 

— Aquele homem de cabelo platinado no cartaz... — Nem conseguiu terminar a frase, pois o outro o interrompeu.  

— Viktor Nikiforov? Ele é o vocalista.  

Aos olhos de Yuri, aquilo só podia ser algum tipo de brincadeira. Tinha que ser uma pegadinha daquelas dos programas de TV ou algo do tipo, afinal, quais eram as chances? Ele conhece um cara bonito e charmoso que convida ele para um show, mas acaba que esse cara é o vocalista da banda e ainda por cima é muito famoso. A ideia era absurda.  

Quando conseguiram entrar na boate, Yurio logo ficou fascinado pelo ambiente, nunca tinha estado em um local como aqueles antes e tudo parecia incrível. Ele arrastou Yuri, que ainda estava processando o que tinha descoberto, pela multidão e saiu empurrando todo mundo para que eles pudessem ficar o mais próximo possível do palco.  

Depois de alguns minutos, todas as luzes se apagaram e o palco foi iluminado por holofotes vermelhos. O grupo entrou, e quando Yuri avistou Viktor, ele sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo.  

Ele nem vai reparar que você está aqui, e mesmo que repare, o que ele pode fazer? Parar o show e descer para dizer oi? ” Esse pensamento o entristeceu. Por mais que tentasse se convencer de que não era nada demais, ele sabia que queria encontrá-lo de novo, queria conhecê-lo, mas também sabia que era quase impossível naquela situação.  

Quando a música começou, o ambiente pareceu pegar fogo. A voz de Viktor ecoou pelo local, e Yuri simplesmente não conseguia desviar o olhar. A música estava quase no fim, quando aqueles olhos vermelhos encontraram os seus e Viktor sorriu.  

Depois de algumas músicas, os holofotes focaram em uma cadeira, estrategicamente posicionada no meio do palco, nesse momento todas as fãs foram a loucura. Era perceptível a animação de todos na plateia, o que era estranho para Yuri. "Por que diabos tem uma cadeira no palco?" Foi a única coisa que passou pela sua cabeça. 

Viktor segurou o microfone pelo fio e o girou em sua mão como se fosse uma espécie de brinquedo. Seus olhos aventuraram-se pelas centenas de pessoas ali dentro, mesmo tentando transparecer que procurava alguém, já sabia quem era seu alvo. 

Apontou para Yuri, e todos os olhares foram para o rapaz. Um silêncio tomou conta do lugar enquanto os seguranças facilitavam a passagem dele até o palco.  

As mãos se entrelaçaram e com um impulso, Viktor conseguiu trazer o outro para si. Eles se encararam por um momento e foi como se tudo tivesse desaparecido, Yuri estava ruborizado e ficou mais ainda quando aquela voz suave sussurrou em seu ouvido. 

— Estou feliz que aceitou meu convite. 

Aquela pequena interação foi o suficiente para todo o lugar cair em gritos e aplausos, o público estava eufórico, era possível escutar várias frases de apoio: "Eu preciso de fotos disso" "Eles já são meu novo casal favorito" "Eu preciso criar um tumblr para eles"

"Casal" A palavra ecoou na mente de Yuri e ele tinha certeza de que estava muito vermelho. As coisas estavam acontecendo muito rápido, por que ele estava naquele palco? Por que as pessoas gritavam tanto? Seu coração parecia que ia pular para fora da boca a qualquer momento. 

Não pôde evitar olhar para o público, todos o encaravam com uma animação assustadora. Pensou em sair correndo dali, mas os olhos vermelhos adentraram seu campo de visão novamente, e ele estava enfeitiçado. Viktor o empurrou até a cadeira, sentando em seu colo rapidamente. Em um ato rápido, ameaçou a beijá-lo, porém logo recuou o rosto, começando uma nova música.  

Vê-lo tão próximo, e o olhando tão fixamente, o fazia perder o foco. Por um momento, Yuri esqueceu que estava em um show e entregou-se totalmente ao momento. 

Para o seu azar, ele veio ao show acompanhado por Yurio, que já havia puxado o celular e tirava fotos de tudo para mandar para Isabella. 

" Você não vai acreditar" Enviou a mensagem, seguida de uma foto de Viktor sentado no colo de Yuri. 

"Isso é o Yuri?  

Onde vcs estão???? 

Yuri tá com alguém sentando no colo???? 

PERA ISSO É AQUELE CANTOR FAMOSO?" 

 Isabella parecia estar em choque, mandava mensagens sem parar. 

"Ele chamou o Yuri no palco para aquele momento que ele canta uma música para um fã! LOL QUEM DIRIA!"  

Yurio respondeu com outra foto, agora o cantor estava de joelhos de frente para cadeira, com uma de suas mãos na coxa de Yuri. 

"EU PRECISO DE UM RELÁTORIO DA NOITE! 

Pera, esse é aquele festival que tá tendo? 

Vc é menor de idade pq ta ai?" 

"Yuri está aqui, supostamente tomando conta de mim" 

 Dessa fez tirou uma selfie com os rapazes no palco de fundo, levantando dois dedos para câmera. 

"LOL PARA QUE TINDER QUANDO SE PODE IR PARA UM SHOW! 

Eu vou mandar isso para o Pichit"  

"Pobre do Yuri, não vai ter mais sossego" A garota respondeu ficando offline, ela provavelmente foi gritar para o mundo sobre o que havia acontecido.  

As luzes se apagaram, o que chamou atenção de Yurio.  Desviou seu olhar do aparelho e observou o palco. Conseguiu ver a banda agradecendo e saindo. Um pequeno detalhe chamou sua atenção, a sua "babá" foi junto com Viktor para os bastidores. 

Ótimo, ele estava só até o outro resolver sair de lá. Provavelmente ele conseguiria autógrafos da SUA banda favorita. O seu rosto assumiu uma tonalidade de vermelho e bufou de leve. 

Um pensamento passou por sua cabeça: estava  sem ninguém no festival. Isso significa que pela primeira vez em muito tempo não precisava seguir regras de alguém, ou não fazer as coisas porque "você é muito novo". 

Um sorriso involuntário surgiu em seu rosto, ele já sabia o que iria fazer. Tirou uma nota de dez de sua carteira e foi até o bar. 

Não demorou muito, estava se sentindo agitado e meio tonto em seu segundo copo. O drink especial que serviam na noite provavelmente não era para iniciantes no álcool. 

Sua personalidade se transformou, estava rodeado de "colegas" curtindo o ritmo de uma banda que se apresentava. Até arriscava alguns passos na pista de dança, atraindo muitos olhares, mesmo não praticando com frequência, era um bom dançarino. 

Seu copo vazio foi o termômetro para ir mais uma vez pegar bebida. O especial da noite foi mais uma vez seu escolhido, fez o pedido e ficou perto de umas cadeiras redondas esperando ser preparado. 

O garçom o entregou a bebida sem muita demora, já começou com um longo gole, que deixou a mostra um adesivo vermelho no fundo do copo. 

— Garçom, olha, tem uma coisa no meu copo.— Questionou, curvando-se um pouco para mostrar o objeto. 

— Parece que temos um vencedor! 

— Hã? 

— Robert, traz o crachá.— fez um sinal para um homem perto da saída do bar. 

— Você pode me explicar? 

—  A promoção, garoto, quem achar esse adesivo ganha acesso a entrada VIP.— os olhos de Yurio brilharam com a revelação, mesmo ele estando um pouco bêbado para entender o que aquilo realmente significava. 

— O acesso é pela escada principal, faça bom uso.— O garçom o entregou, logo ajeitando-se.— Mas antes, sorria para foto. 

O garoto rapidamente soltou o seu cabelo e forçou um sorriso para selfie, mostrando que ele havia vencido o prêmio. 

Ainda não entendia muito bem o que iria mudar, provavelmente só a posição no festival. Espremeu-se entre as pessoas, locomovendo-se devagar até a escada  e sentiu algo caindo de sua mão, era o seu prendedor. Não iria abaixar-se para procurar, acabaria machucando-se, então decidiu só seguir até a área VIP. 

Mesmo com sua visão um tanto turva, conseguia perceber que o lugar era enorme. Logo na entrada, dois seguranças fiscalizavam se as pessoas tinham permissão para subir. Checaram as credenciais do garoto e  permitiram sua entrada no salão. 

Poltronas, mesas e drinks a vontade. Era bem diferente do aperto que estava lá em baixo, as pessoas se reunia em grupos, precisaria escolher um para juntar-se, logo optou por algumas garotas que estavam dançando no centro da pista. 

Elas encontravam-se no mesmo estado que Yurio, por isso se deram bem logo de cara. As garotas o puxaram e começaram a dançar e interagir como se fossem amigos de longa data. Ele estava tão distraído com a dança e suas novas amizades, que nem reparou  quando os membros de sua banda favorita adentraram o local. 

Viktor estava ali só para fazer uma média, tinha algo definitivamente mais interessante o esperando. Falou com os fãs rapidamente, tirou fotos, deu autógrafos e assim que atendeu a ultima pessoa, disparou em direção ao camarim.  

Otabek estava dando autógrafos para um grupo de meninas, seu olhar percorreu o espaço e se fixou em uma figura na pista de dança. Era uma garota loira e muito bonita, ela dançava junto as amigas e tinha um sorriso adorável no rosto. Chegou a cogitar se era uma boa ideia se aproximar, acabou optando por ir, afinal, o que tinha a perder? A medida que foi chegando mais perto, um cheiro entorpecente o atingiu. Nunca tinha sentido algo como aquilo antes, desde quando sangue humano causava essa reação nele?  Precisava saber de onde estava vindo.  

Seu olhar voltou para a pista de dança, ele entrou naquela área e percebeu que o aroma estava mais forte ali. Foi seguindo o rastro até chegar na menina que vinha observando antes. Mas, tinha algo estranho, olhando de perto, não parecia tanto assim com uma garota.  

Yurio sentiu um par de olhos o observando e notou que havia um homem parado ao seu lado. Aquele era o guitarrista da Bloody rose? Otabek era ainda mais bonito pessoalmente e aparentava estar de olho nele. Provavelmente foi o álcool que lhe deu confiança para fazer o que fez em seguida, ele piscou para o rapaz e estendeu a mão como em um convite para dançar.  

Otabek encarou, o que era definitivamente um garoto, e foi inevitável não se aproximar um pouco. O cheiro do sangue dele o deixou sedento, era algo extremamente tentador.  

— Por que não dança comigo? Eu prometo que não mordo.  — Ele tinha um copo colorido na mão que parecia um coquetel.  

— Você por acaso tem idade para estar aqui? — Foi a primeira pergunta que surgiu em sua cabeça.  

— Por acaso você é o meu pai? — A atitude do garoto tinha mudado totalmente em questão de segundos. 

— Não, mas garanto que seu pai não ia gostar de saber que o filho está em um lugar como esse e ainda por cima bêbado.  

— Pra sua informação, eu não sou uma criança, ok? Eu já tenho dezoito anos.  

— Claro, você já é um adulto responsável. — A ironia só fez com que Yurio ficasse ainda mais furioso.  

— Você se acha demais, não é? Só porque é famoso pensa que... — Sua fala foi interrompida. 

— Arrumou um sugar baby, Otabek?  

Yurio estava pronto para socar a cara do idiota que tinha falado aquilo, mas assim que virou e viu seu ídolo, ele parou. Aquele era mesmo JJ?  

— Nossa, ele parece uma garota. — Ok, a admiração e o carinho de fã tinham acabado naquele momento.  

— Seu...  

Quando ia responder, uma sensação de tontura o atingiu, teve que segurar no braço de Otabek para conseguir se manter de pé .  

— Está tudo bem?  

Sua visão estava turva e seu estômago começava a  revirar.  

— JJ, me ajude a levá-lo até o camarim. 

— Sabe que tem que se livrar dele depois, não é? — Otabek nem se deu ao trabalho de responder.  

Aquela frase deixou Yurio confuso, mas ele não conseguia pensar sobre isso naquele momento. Foi carregado pelos dois homens e eles o levaram para um corredor onde não se ouvia a agitação do clube, entraram em uma sala e o colocaram em um pequeno sofá. 

— Aproveite. — JJ disse antes de se retirar do ambiente.  

Otabek revirou os olhos e foi pegar água para o garoto.  

— Não devia ter bebido tanto. — Comentou. Ele estendeu o copo e Yurio tomou um gole. — Quer que eu ligue para alguém? 

— Não, só preciso descansar um pouco. — Murmurou de forma quase inaudível. 

— Fique à vontade.  

Yurio se acomodou no sofá, ele tentou se manter acordado, mas logo seus olhos foram fechando e ele caiu no sono.  

Que irresponsável, Otabek pensou, dormindo em um local estranho e com um desconhecido ao lado.  

O cheiro de sangue o atingiu de novo. Não conseguia entender o que estava acontecendo, o que esse menino tinha de tão especial? Quando percebeu, estava ajoelhado ao lado de Yurio, aproximou o rosto de seu pescoço e sentiu suas presas surgirem.  

Não sabia mais se poderia se controlar. 


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