Segredos de Família escrita por G I Dallastra


Capítulo 16
As Cartas de Branca




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Catarina estava sentada naquele corredor longo, frio e quase sem iluminação, ela estava chocada pois havia acabado de fazer o reconhecimento do corpo de sua mãe que havia sido assassinada, ela estava sozinha, ela havia pedido para Paulo não ir com ela, o reconhecimento do corpo era algo que ela tinha que fazer sozinha.

Depois de todo o processo em que ela reconheceu o corpo de Branca, ela foi para casa. Quando lá chegou, ela ficou chocada com o quão era grande e vazio aquilo sem Branca. Primeiro ela havia perdido o pai, e agora Branca, que mesmo sendo o monstro que era, Catarina desejava que ela pagasse por seus crimes, e não que ela fosse assassinada. Catarina foia até seu quarto e notou algo diferente. Sobre sua cama havia uma carta, na hora sua espinha congelou, ela sabia que era de Branca, ninguém mais tinha acesso à casa.

 

Catarina, minha filha, me perdoe, mas eu sou fraca.

Eu fui fraca a minha vida toda e isso me levou a cometer vários erros. Eu conversei sobre tudo isso com Margot e agora eu falo a você o mesmo, eu sempre tive problemas só que fui negligenciada a vida toda por uma mãe que nunca me amou então eu nunca tive ajuda profissional.

Durante toda a minha vida eu ouvi vocês, vocês que me levaram a fazer coisas das quais eu nunca me orgulhei, mas ultimamente essas vozes têm me distanciado demais da realidade de uma maneira perigosa demais.

Eu confesso tudo o que fiz, eu troquei os bebês, eu atirei seu pai da escada enquanto discutíamos e eu matei Lívia quando descobri que ela havia entregado tudo a você. A pasta com os documentos da troca dos bebês eu queimei, porém imagino que você já tenha encontrado seu filho.

Eu fui um fardo a vida toda, tanto para seu pai quanto para você mas hoje eu vejo com clareza que sou um problema, mas como eu te jurei antes, a partir de amanhã eu serei uma mulher nova, porém eu ainda sou fraca. Eu vou procurar ajuda e me tratar, mas não posso mais ficar no Brasil. Elizabeth está me perseguindo, se eu quisesse eu poderia matá-la a me livrar das chantagens que ela me fez, mas eu não quero cometer mais nenhum crime, já devo demais.

Por eu ser fraca e para me livrar das chantagens de Elizabeth eu saquei uma enorme remeça de dinheiro, mas somente o que seria minha parte da herança de Carlos e estou amanhã embarcando para fora do país. Por hoje ficarei escondida a incomunicável, no dia em que eu puder me perdoar por tudo o que fiz, eu vou procurar novamente minhas filhas para tentar o perdão de vocês. Por hora o que me resta é fugir de Elizabeth antes que ela faça algo comigo.

Por mais que possa parecer que não, eu te amo minha filha, demorei para constatar isso, mas eu agora sei o quanto te amo, e sei também que descobri tarde demais.

Um dia voltaremos a nos falar.

Branca.”

 

Catarina ficou embasbacada com o que acabou de ler. Branca ia fugir, porém foi assassinada antes que conseguisse. Chantagens de Elizabeth, do que ela estava falando?

Catarina chegou na casa de Elizabeth e foi recebida por Paula.

— oi Catarina, tudo bem? - Paula perguntou por educação, pois ela conseguia ver no rosto de Catarina que não estava nada bem.

— onde está a sua mãe?

— pode entrar que eu vou chamá-la.

Quando Elizabeth chegou ao escritório onde Catarina a estava esperando, Catarina foi direta, ela deu a carta para Elizabeth, que a leu.

— ela ia fugir? Você já chegou as informações sobre esses saques? - Elizabeth não dava a mínima.

— sim, ela ia fugir, mas você matou ela antes que ela conseguisse! - Catariana foi dura.

— o que? - Elizabeth respondeu com espanto – você vem dentro da minha casa me acusar de ter assassinado ela? Seria uma honra livrar a terra de uma criatura desprezível como ela, mas esse mérito infelizmente não é meu.

— desprezível é você sua assassina, você é tão podre quanto ela. Estou indo agora mesmo à polícia mostrar essa carta para eles, mas antes queria ver se você ia confessar.

— não faça isso, você está cometendo um grande erro! Além de Branca ser uma criatura desprezível que não merecia justiça alguma, você está querendo condenar uma mulher inocente!

Quando Elizabeth terminou a frase, Catarina deu uma bofetada na cara dela.

— você é uma assassina, criminosa igual a ela, não tente se passar por superior.

Catarina fez exatamente o que disse que ia fazer, munida da carta, ela foi até a delegacia, o que junto com as fotos fizeram a promotoria montar um caso contra Elizabeth.

 

***


Após passar algumas semanas em Ibiza, Regina retornou ao Brasil. Ela ainda sofria com o que havia acontecido, mas agora ela entendia melhor tudo o que havia acontecido. Ela não havia perdoado Rafael nem Pedro, mas ela havia aprendido a conviver com aquilo. Assim que ela chegou, Rafael havia convidado ele para um almoço para que os dois conversassem alguns detalhes básicos sobre a divisão dos bens.

— bom Regina, eu acho justo a gente dividir tudo o que foi construído desde que casamos, pois você me ajudou muito a vida toda sabe – dizia Rafael.

— eu acho justo também, e é só isso que eu quero, o justo – Regina estava sendo específica, ela não queria dar muita intimidade para Rafael – mas e o Pedro, como ele está?

— a, ele está ótimo, está todo feliz na faculdade, chegando nos finalmente, uma correria atrás de TCC e… - ele parou de falar – me empolguei um pouco né?

— pois é, eu nem lembro quando foi a última vez que você falou sobre mim com tanta paixão.

— toda vez Regina, toda vez que me pedem sobre você. Você sabe que te amo tanto quanto eu amo ele.

— e se eu te pedisse pra escolher, você escolheria quem de nós dois Rafael?

— você pensa em me perdoar Regina, mas não me aceitar de volta ou me desejar, eu digo perdoar.

— quem você escolheria?

— por que me fazer ter uma felicidade pela metade Regina?

— e se eu arrumasse alguém, você aceitaria me dividir?

— mas Regina, não se trata de dividir, e sim de somar! Quem foi que colocou na sua cabeça que precisamos ser monogâmicos?

— eu só sei amar assim Refael, eu invejo quem sabe amar abertamente como vocês e eu não condeno isso, que bom que vocês são felizes assim, mas eu só sei amar se for por inteiro, eu me dando inteira para alguém e quero que esse alguém se dê por inteiro pra mim – Regina termino9u a frase, limpou a boca com o guardanapo de pano e largou-o sobre a mesa – espero do fundo do meu coração que vocês dois sejam felizes, mas pra mim já deu, é demais pra mim – ela foi na direção de Rafael, deu um beijo na boca dele, um beijo de adeus – por hora eu te amo, mas eu vou me curar disso pra eu poder ser feliz.

Regina virou-se e saiu, deixando Rafael ali sozinho, chorando.

 

***

Havia finalmente chegado o dia em que Catarina conheceria sua filha. Ela e Paulo estavam esperando na saída da escola de Carla quando o sinal bateu e do meio daquela multidão enorme de criança surgiu Solange de mãos dadas com Carla, Solange agachou-se e disse algo no ouvido da criança, o que a fez abrir um sorriso imenso e ir correndo em direção a Catarina com os braços abertos, Catarina diante daquela cena abaixou-se para esperar ela de braços abertos, as duas olharam-se após um longo e apertado abraço e então Catarina falou:

— oi, eu sou Catarina e esse é Paulo, nós somos… - a fala dela foi interrompida.

— minha outra mãe e meu pai – completou ela sorrindo – eu estava esperando a bastante tempo pra conhecer vocês, desde que minha mãe me falou que eu sou a criança mais sortuda do mundo e tenho duas mães.

Catarina começou a chorar de alegria, Carla secou suas lágrimas com suas pequenas mãos.

— vamos tomar sorvete? Eu sempre todo sorvete quando estou chorando e sempre passa, é mágico! - disse ela sorrindo.

Catarina e Paulo concordaram. Carla correu de volta ao encontro de Solange para avisar que os três tomariam sorvete e assim o fizeram, era aquele o começo do sonho de Catarina tornando-se realidade, ela tinha sua filha e o amor de sua vida ao seu lado.

 

Nove Meses Depois.

— pelas provas inegáveis aqui apresentadas senhoras e senhores do júri, eu suplico a vocês que ajam pelo que acham correto, Elizabeth tinha todos os motivos do mundo para matar a vítima, além de um histórico de as duas seres inimigas de longa data pois o marido da ré pediu o divórcio dela para casar-se com a vítima, além disso ela nunca fez questão de esconder seus desafeto pela vítima […] - continuava falando a promotora.

Elizabeth havia contratado o melhor advogado criminalista do país para defendê-la, porém todos os jornais já davam a causa como perdida para ela.

Depois de quase seis horas, o veredito foi dado pelo júri e acatado pelo juiz: culpada. Foi estipulada uma pena de 12 anos de prisão, tanto pelo assassinato de Branca quanto pelas chantagens que a promotoria havia conseguido provar que Branca vinha sofrendo de Elizabeth, embora em todos os momentos, até mesmo para a filha e para os advogados, Elizabeth sempre se disse inocente e o que a deixava com mais raiva era que seu advogado ia recorrer a sentença, então as provas que ela tinha contra o enriquecimento de Douglas não poderiam ser usadas, pois iria ser uma prova a mais que ela havia de fato chantageado Branca.

 

***

— ela ainda não chegou? - disse Catarina. Todas as costureiras estavam ao redor dela fazendo os últimos reparos na barra do vestido. Antes que algumas delas respondesse, Margot entrou pela porta, andando de vagar e com uma mobilidade um pouco limitada ainda.

— desculpa a demora, é que hoje e fisioterapia demorou mais que o esperado – ela disse sorrindo.

— ai que bom, estava ficando preocupada já, ia mandar alguém te buscar.

Margot foi até a irmã e deu nela um beijo na bochecha.

— estou progredindo de vagar, mas logo logo eu andarei como antes do acidente – disse ela otimista para a irmã.

Era a hora, Catarina tinha que ir ao altar encontrar o amor de sua vida, depois de tantos encontros e desencontros, distância e maldades, o amor prevaleceu.

Quando ela chegou na porta da igreja, a cena era linda. Todos os familiares estavam lá, Margot, Regina com seu novo namorado inglês, Rafael e Pedro, Solange, Carla que havia sido aia e no altar estava Paulo, Catarina finalmente estava vivendo a cena que a mais de dez anos o destino havia tentado impedi lá.

O casamento havia sido dos sonhos de Catarina, a festa durou horas e todos divertiram-se muito. Ao fim da cerimônia, Catarina e Paulo foram para o apartamento de Paulo passar a noite pois na manhã seguinte eles viajariam a Roma para a lua de mel.

No outro dia, Margot havia ido com Catarina, Paulo e Carla para o embarque deles para Roma, despediu-se e voltou para casa.

Quando ela chegou, a empregada entregou a ela uma carta. A carta não tinha remetente, apenas o destinatário, dentro do envelope havia uma carta escrita a mão dentro de um saquinho plástico.

 

Margot meu amor,

Você não faz ideia da alegria que é saber que a minha garotinha voltou a andar!

Primeiro, vou te dizer que nem adianta levar essa carta para a polícia, pois ela foi escrita com uma caneta de tinta especial que em contato com o ar, depois de 40 minutos, tudo o que está escrito aqui se apagará, por isso seja rápida.

Minha querida Margot, você merece algumas explicações, não, você não está louca, eu estou viva.

Elizabeth havia me chantageado com provas que ela tinha contra mim para me fazer desistir da minha parte da herança e eu não podia aceitar aquilo, então eu comprei o médico legista para que liberasse para o enterro o corpo de um indigente qualquer no meu lugar, eu saquei dinheiro o suficiente para passar o resto de minha vida bem e nunca mais perturbar vocês. Acontece que Elizabeth não é a mulher que todos pensam. Carlos ficou comigo porque nunca amou ela por ela ser uma criatura abusiva exatamente igual à antiga eu. Ninguém sabe, mas ela fez três abortos de Carlos, ela só decidiu ficar com Paula porque ela sabia que um dia poderia usar contra mim, enfim minha filha, isso não justifica nada, mas explica o motivo da minha vingança contra ela.

Eu estava usando um colete a prova de balas e a faca foi cravada nele, o paramédico que me levou até o legista também foi comprado, até eu fiquei espantada com o que alguns contatos e dinheiro podem fazer sabe, pensei em tudo isso em um dia, além do mais é incrível como todo mundo nesse país tem um valor, chega a ser assustador, coisa que aqui na Europa, pouco se encontra, infelizmente no Brasil tudo se compra e quem tem dinheiro se safa de tudo.

Mas isso tudo faz parte da antiga eu, Branca agora é uma pacata cidadã de uma cidadezinha na Itália dona de uma pequena vinícola.

Eu quero que você saiba que eu mudei minha filha, não vou ser hipócrita de pedir perdão sabendo que não paguei pelos meus crimes, mas eu não aceitaria ir para a cadeia, simples assim.

Eu te amo Margot, sempre te amarei mais do que a mim mesma, mas o melhor que posso fazer por nós duas é continuar desaparecida no mundo.

 

Te amo,

Branca.”

 

Margot ficou chocada, ela conhecia as habilidades da mãe, mas por essa nem ela poderia esperar, forjar a própria morte foi além de tudo o que ela poderia imaginar, porém agora Margot estava em um dilema: ela ia deixar Catarina odiando Elizabeth mesmo sabendo que ela estava, mais uma vez sendo manipulada a odiar alguém por culpa a mãe ou ela deixaria Catarina feliz do modo como ela estava?

Ela sabia da sede por justiça que a irmã tinha e que ela iria querer exumar o cadáver que estava na cova intitulada como sendo a de Branca e tirar Elizabeth da cadeia por um crime que ela não havia cometido, aliás, um crime que nem sequer havia acontecido.

Margot estava entre a cruz e a espada, entra a irmã que ela estava se aproximando agora depois de anos de injustiças ou a mãe que havia protegido e mimado ela a vida toda.

O que Margot ia fazer?

Bom, Margot ia fazer uma xícara de chá e sentar assistir teve, o que ela faria a respeito de Branca e Catarina seria decidido daqui à três semanas quando Catarina voltasse de sua lua de mel, afinal por hora Catarina merecia um descanso.


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