Segredos de Família escrita por G I Dallastra


Capítulo 1
Primeira Fase: O Passado de Branca.




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Branca acabara de acordar e não havia entendido muito bem o que tinha acontecido. Ela estava deitada em uma cama de hospital com agulhas e curativos por seu corpo, então ela começa a gritar por socorro, chamando alguém que possa ajudá-la.

— acalme-se – entrou uma enfermeira no quarto, foi em direção de Branca e colocou a mão sobre sua testa – você precisa parar de gritar se não o médico vai querer dopá-la.

— o que está acontecendo? - ela começou a chorar, pois uma memória ruim lhe vinha a cabeça.

— qual é a última coisa que você se lembra? - perguntou a enfermeira com sua voz suave.

— um caminhão… o Renato dirigindo e a Margot no banco de trás, então vem um caminhão – ela congela em pânico – onde está a Margot? Cadê o Renato? - as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

— Margot está bem. Como ela estava no carro com a cadeirinha presa ao cinto corretamente, ela sofreu apenas ferimentos leves, assim como você – a enfermeira então respirou fundo – o Renato, ele estava sem cinto, parece que ele tentou desviar mas acabou acontecendo uma colisão frontal entre o carro de vocês e o caminhão, atingindo só o lado do motorista e o Renato foi jogado para frente – ela fez uma pausa, enquanto o choro de Branca aumentava – o pessoal do resgate fez o possível, mas quando chegaram aqui, o Renato já estava sem vida.

O choro e os soluços de Branca ecoavam pelo corredor do hospital.

Dois dias depois, Branca e Margot receberam alta do hospital, ela foi atrás de informações sobre Renato, porém a família dele já havia feito o velório sem nem se preocupar com ela e com Margot, pois o relacionamento do dois era tão recente que eles achavam tratar-se de uma paixão passageira, embora os dois já morassem juntos.

Branca não tinha mais para onde ir, pois o apartamento que morava com Renato pertencia a mãe dele e logo após o acidente do filho ele foi colocado a venda, então Branca teve que ir pedir abrigo para sua mãe, Maria Lúcia, uma viúva conservadora que havia expulsado Branca de casa quando ela ficou grávida aos dezesseis, dois anos atrás.

— a boa filha a casa torna – disse Maria Lúcia ao abrir a porta.

— posso entrar? - Branca estava com uma sacola nas costas e Margot nos braços.

— espero que seja breve – Maria Lúcia abriu caminho para que Branca entrasse.

A casa estava muito diferente desde a última vez que Branca esteve ali pela última vez.

— tá tudo tão diferente mãe, você trocou tudo de lugar…

— desde que você saiu daqui, eu quis tudo diferente, nada que me lembrasse a minha filha que morreu – Maria Lúcia interrompeu Branca – essa aí no teu colo é o rebento? - ela baixou os olhos para a criança nos braços de Branca.

— é sua neta – ela disse radiante, achou que a mãe tinha interesse em conhecer a neta, porém ela enganou-se.

— hm – ela disse – então, , o que você quer?

— não quer conhecer a sua neta? - Branca tinha esperanças ainda.

— não. Quero que você vá direto ao assunto, pois eu tenho mais o que fazer – ela foi seca.

— eu preciso de um lugar para ficar mãe, eu não tenho para onde ir.

— isso não é problema meu Branca.

— mãe, você não pode me jogar na rua com sua neta nos braços!

— nem tente mocinha! Minha filha morreu faz dois anos quando ela engravidou de um qualquer sem ser casada, sem ter um teto para morar, sem ter como sustentar e me envergonhando pra todo mundo!

— pelo amor de Deus minha mãe, eu não tenho pra onde ir! Se você não se importa comigo como filha, se importe como um ser humano, eu estou te implorando, eu não tenho para onde ir!

— pare de me chamar de mãe! - Maria Lúcia foi até sua bolsa, pegou um maço de dinheiro e deu para a filha – não é muito, mas é tudo o que posso fazer por você no momento, pegue esse dinheiro e saia daqui.

Margot começou a chorar nos braços de Branca que também entrou em desespero e começou a chorar.

— por favor, saia – disse Maria Lúcia indo em direção a porta, ela abriu a porta – eu não gosto do choro de criança.

— pelo amor de Deus, eu estou implorando, não me coloque na rua – Branca chegou em frente a mãe e olhou-a fixamente nos olhos.

Maria Lúcia colocou nas mãos de Branca o pequeno maço de dinheiro e fez sinal para que ela saísse, Branca então assim o fez, então, já do lado de fora da casa, Branca virou-se para Maria Lúcia e disse Você vai se arrepender amargamente o dia que me jogou na rua”.

Completamente desesperada, Branca chegou na rodoviária da cidade, era uma cidade pequena e não tinha muito movimento. Havia apenas um dos 6 guichês abertos e o atendente estava dormindo, então Branca sentou-se no banco que ficava em frente ao ponto de táxi da rodoviária e começou a chorar. Margot chorava desde a hora em que saíram da casa da mãe, seu peito estava seco e ela sabia que a filha tinha fome. Um senhor de cabelos grisalhos saiu de dentro do único táxi que havia ali e foi em direção a Branca.

— está tudo bem? Você precisa de ajuda? - ele estava preocupado ao ver as duas chorando.

— minha filha está com fome, eu preciso dar leite para ela, mas meu peito secou. Junto a todas as tragédias que aconteceram, meu peito secou.

— mas minha querida, se acalme, vamos resolver isso agora – ele deu um sorriso tentando acalmar Branca – fica aqui e me dá dois minutinhos!

Aquele simpático homem entrou no táxi e voltou em poucos minutos depois com uma mamadeira pronta em mãos e deu para Branca alimentar a filha.

Branca contou sua história para aquele homem e aquele taxista se chamava Antenor, ele ficou comovido com a história de Branca e ofereceu a ela que fosse morar no porão de sua casa até que ela arrumasse um emprego, pois sua casa tinha um porão vago. Disse a ela que morava sozinho e que não teria problema que ela fosse morar lá, e Branca aceitou, ela aceitaria qualquer coisa para que a filha não precisasse morar na rua, ela estava preocupada demais com a filha.

Assim que chegaram na casa de Antenor, ela se acomodou e ficou olhando para sua filha. Aquela criança angelical ali dormindo era a única razão que ela tinha para continuar vivendo. Ela ajoelhou-se ao lado da cama e pegou as mãos do bebê, aquele bebê que era a única coisa boa que aquele amor trágico havia lhe dado, era o resultado da união que ela havia tido com o amor de sua vida, então ela projetava toda a felicidade que poderia ter tido ao lado de Renato e então ela cheira as mãos do bebê e beija aquela pequena mão.

— eu prometo aqui e agora minha filha, não importa o que vá me custar, eu prometo aqui e agora que eu vou garantir que esse será o último dia de tristeza da sua vida – ela olhou para frente – não importa se eu precisar roubar, matar, mentir ou enganar, eu prometo que você será feliz minha filha, você vai ser feliz!

Branca dormiu naquela noite como uma pessoa completamente mudada, houve algo dentro de Branca que morreu. A bondade que havia dentro de Branca morreu.

Branca tinha uma ótima aparência e uma dicção maravilhosa, logo arrumou emprego, ela conseguiu emprego como secretária em uma firma de advogados muito grande, ela trabalhava com Carlos, um dos advogados da firma que era filho do dono da empresa, obviamente herdeiro de tudo aquilo. Um homem educado, simpático e muito introvertido, então Branca sabia que precisava dar um golpe naquele homem, pois ela achava que o primeiro passo para fazer a filha feliz era conseguir dinheiro, porém Carlos era casado, com uma mulher educada, culta e bonita, os dois formavam um casal perfeito, porém Branca estava sondando cada vez mais Carlos e percebeu que seria fácil conseguir dar um golpe nele.


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