''Sabe, você realmente deveria falar algo, acho que ele retribui seus sentimentos, Rose" — e lá estava Albus Potter mais uma vez, não sabia e não entendia sua mania quase que obsessiva de auto-sabotagem. Uma parte irracional do seu ser achava quase certo se rejeitar antes que alguém possa, igualzinho estava fazendo naquele momento.

Mesmo que duvidasse que Scorpius gostasse de Rose, achava que os dois combinavam o suficiente para seu melhor amigo pensar em dar uma chance a sua prima. Ok que ela era pessoa mais paz & amor do mundo e Scorpius Malfoy o maior niilista que existe, ok também que segundo a astrologia eles eram totais opostos por ele ser de capricórnio e ela de câncer, mas sério, eles iam se dar bem! Meio que tinham que dar porque isso evitava uma rejeição futura, quase como uma desculpa para não se declarar, seu melhor amigo e sua prima seriam um casal perfeito, claro que seriam! E, mesmo que não fossem, parando para pensar, isso não fazia diferença.

Não é como se fosse corajoso o suficiente para tomar qualquer atitude em partido de seus sentimentos e do fato de ser apaixonado pela mesma pessoa há quatro anos.

Na verdade, apaixonado seria um erro, porque uma vez leu na internet que a paixão dura no máximo quatro meses. Estaria em um estágio avançado de amor? Será que iria morrer com todas coisas entaladas que nunca disse? Bem, esperava que sim, porque não estava aguentando mais suas manias absurdas.

Não entendia porque sempre falava coisas que não tinha a intenção de dizer, mas, quando via, lá estava ele, oferecendo coisas que não queria, falando mentiras que com certeza o encrencariam muito no futuro. Era como se não tivesse nenhum controle de suas ações. Por que fazia aquilo? Será que se odiava tanto a ponto de foder a si mesmo? Provavelmente.

Tipo, ele era meio chato, sabia que sim, a unica serventia que tinha para as pessoas ao seu redor eram suas piadas e seu grande senso de humor, interpretava aquele personagem eusouapessoamaisfelizdomundo porque sabia que isso era uma garantia de amigos, e, com amigos, é meio difícil ficar sozinho.

Era raro não se ver com a companhia de alguém, fosse seus amigos ou sua grande quantidade de primos. Sentia como se fosse duas pessoas o tempo inteiro, por fora, aquele cara bacana das piadas, por dentro, ele mesmo, solitário e cheio de uma melancolia que parecia nunca ter fim.

As vezes até acreditava em seu personagem, fingir era algo que conseguia fazer com facilidade. Eu sou feliz desse jeito e não sou um personagem, não sou falso.

Eles se importam comigo.

Tinha um medo quase absurdo da solidão, por mais que existam duas delas: a física, que nunca o acompanhava, e a solidão interior, que fazia parte de todos os seus dias. Será que ter tantos amigos não era o suficiente? Será que eles se importam consigo ou apenas gostam do seu senso de humor exagerado ou do fato de que sempre podem ter a ele para conversar? Não fazia idéia, mas tinha um palpite, e não gostava nenhum pouco dele.

Meu deus! Estava apavorado, o que tinha que fazer para sair daquele buraco negro que se encontrava? Seria que teria que criar outro personagem para se satisfazer? Conseguiria mais amigos dessa forma?

Por que sua auto-estima tinha que ser tão baixa a ponto de ser outra pessoa para agradar os outros? Qual era o seu problema, Argh! Albus quer dar um tiro em si mesmo. Acha que não merece nada de bom em sua existência, e esse era o motivo de sua constante auto-sabotagem. se eu me foder primeiro, ninguém vai conseguir. se eu juntar Scorpius e Rose, não poderei me declarar, se eu fizer piadas depreciativas de mim mesmo, ninguém poderá fazer.

Era estranho sua forma de pensar, sabia disso, mas não havia nada que pudesse fazer para mudar.

Na verdade, deveria se auto-sabotar mais vezes.