Just a Friend escrita por Alesh


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Cá estou eu com mais uma One para (tentar) alegrar vocês. Dessa vez, estreando em uma Categoria nova! Aproveitando a inspiração que bateu ontem, escrevi essa pequena One Thalico para vocês.
Espero que gostem.



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Londres. Sábado à noite, 21 anos. Condição financeira relativamente confortável. Aparência em ótimo estado. Notas altas na faculdade. Solteiro... Isso tudo deveria render em uma noite memorável para qualquer outro jovem da face da terra, certo? Mas infelizmente, ou não, eu não sou como todos os outros.

O motivo? Simples, enquanto qualquer outro estaria curtindo a noite em uma das grandes boates ou em um aconchegante pub, eu, Nico Di Angelo, estou sentado em meu sofá na sala de estar do meu querido apartamento com uma cara completamente entediada enquanto seguro o celular contra o ouvido para ouvir a voz soluçante de minha melhor amiga.

Thalia Grace não era uma pessoa fácil de lidar. Com seus cabelos negros e olhos azuis elétricos, ela gostava de manter aquele estilo punk que teimava em diz que afastava todos os idiotas de perto dela. Sua personalidade era extremamente forte, o que eu gosto de chamar de cabeça dura. Ela é mais inteligente que eu quando se tratar de todos os assuntos do mundo... Bem, todos exceto aquele que causava o choro dela naquele momento.

Ele me traiu na frente de todos! — Ela lamentou. Sua voz que sempre carregava um tom sarcástico tinha se transformado em algo triste mergulhado em mágoa. – Ele começou com as provocações apenas para chamar minha atenção porque tínhamos discutido mais cedo, mas ai ele foi lá e beijou uma mulher qualquer bem na minha cara!

Eu suspirei, cansado. O namoro de Thalia com Luke sempre fora conturbado. Primeiro porque Thalia sempre fez questão de dizer que não era um namoro oficial, mesmo que ela quisesse que fosse. Luke nunca fez nada para oficializar o relacionamento que já durava três meses. Apesar disso, Thalia dizia que eles eram exclusivos um do outro e não ficaria com nenhum outro enquanto estivesse naquele “rolo” com Luke Castellan. O que era compartilhado pelo namorado até aquele acontecimento do qual sua amiga se lamentava pelo celular naquele momento. Mas, hey, todo relacionamento tem problemas certo? O que diabos eu teria a ver com isso tudo? Bem... Eu nunca quis estar na posição que ocupo agora.

Antes de tudo, eu não me arrependo da amizade que construí com Thalia nos últimos anos. Aliás, nossa amizade é uma das coisas que mais aprecio em minha vida. O problema é que eu cometi um erro grotesco quando nos conhecemos dois anos atrás, eu me apaixonei por aquela mulher.

Não foi minha culpa! Thalia é a mulher mais fácil de um homem se apaixonar do mundo... Bem, isso se você conseguir ignorar os foras e os xingamentos que ela dirigirá a você até que se tornem amigos. Mas depois disso, você vai notar a quão engraçada ela é, a maneira que ela muda o tom de voz para uma coisa tão doce quando se dirige a aqueles que ela realmente gosta. E quando ela falar com você daquela maneira e sorrir, encarando-o com aqueles olhos lindos azuis, acabou meu amigo, você estará apaixonado assim como eu.

O pior de tudo é que eu realmente gosto dele! Ah Nico, porque ele teve que fazer isso? — Ouvir ela falando daquela maneira me entristecia de uma maneira dolorosa. – Eu até esperava ter um futuro com ele...

Eu fui estúpido em achar que Thalia seria solteira para sempre, fui estúpido em hesitar em me declarar para ela, fui estúpido em achar que aquele sorriso de sedutor barato de Luke não conquistaria Thalia, fui estúpido em achar que aquilo não duraria mais de uma semana e eu logo a teria em meus braços. Agora estava ali, mergulhado na friendzone enquanto ouvia a mulher que tem meu coração chorando por causa de um suposto amor a outra pessoa... a pessoa errada!

— Você vai...deixar pro passado e seguir em frente?  – Perguntei com uma pontada de esperança. – Talvez não tenha sido pra acontecer mesmo, Lia...

— Eu não sei se posso Nico. Eu achei que dessa vez daria certo, pensava que seria com ele que eu construiria uma família. – Ela disse tentando controlar um soluço, aquilo me assustou. – Eu nunca acreditei nessa imagem de casal feliz para sempre, mas com ele eu sentia isso... Não posso deixar acabar assim por causa de uma coisa assim.

Eu me levantei incrédulo. Aquilo não podia estar acontecendo, certo?!

— Thalia, ele te traiu na frente de todos os nossos amigos! Como você pode querer continuar com um cara assim? – Perguntei com a voz meio alterada, percebi que a tinha assustado quando a ouvir ficar em completo silêncio do outro lado da linha.

Passaram-se alguns segundos antes que ela me respondesse, dessa vez com uma súbita fúria em sua voz.

— Por que está falando assim?! Você sabe que ele me faz feliz, sabe o quanto eu gosto dele. Você deveria me apoiar a viver o que me faz bem. É o que eu espero do meu melhor amigo! – A voz dela estava carregada de fúria e mágoa, não sei qual das palavras me feriu mais. – Mas não! Você está fazendo justamente o contrário! Parece até que...

Então ela parou e meu coração quase parou junto. Eu tinha exagerado ali, deixado muito na cara o que eu realmente queria: O fim daquele relacionamento dela com Luke. “Meu melhor amigo”, essa frase martelava a minha cabeça. Era tudo isso que eu era, um amigo. Era Luke quem tinha o amor daquela mulher, não eu. Era algo que eu tinha que aceitar. Tudo porque eu fui covarde demais para agir antes.

— Vamos mudar de assunto, ok? Eu não quero brigar. – Eu sugeri com a voz calma, torcendo para ela aceitar. – Tudo que você precisa é se distrair para se acalmar um pouco...

— Eu concordo. – A resposta dela veio quase que imediatamente. O que mais me surpreendeu foi o tom de voz que ela usou, estava muito mais indiferente, quase que desconfiado. – Nada melhor do que conversar besteiras, nosso passatempo favorito.

Eu sorri com aquilo se senti que ela também sorria ao terminar a frase. Era algo nosso, passávamos horas e horas falando das mais variadas futilidades. Séries e livros que gostávamos, além de músicas e bandas que ouvíamos sempre e tantas outras coisas. E foi assim que o assunto ficou para trás. O tempo passou rápido e despercebido, até que Thalia interrompeu a gargalhada que dava de maneira súbita, o que me preocupou bastante.

— Thalia? Aconteceu alguma coisa? – Questionei aguardando ansioso a resposta.

— Ele está me chamando na porta Nico. Luke está aqui! O que devo fazer? – Ela parecia estar entrando em pânico, o que era o mais incomum possível para Thalia Grace. – Eu tenho que atender e conversar com ele! Mas e você...

— Vai lá, eu vou ficar bem. Você quer se resolver com ele não é? – Falei a contragosto, os deuses sabiam o quanto eu queria que ela ignorasse aquilo e continuasse a rir comigo. – Ainda está cedo, vou pegar o carro e andar um pouco pela cidade.

Thalia demorou a responder, eu quase verifiquei o celular para ver se ela tinha desligado quando ela finalmente respondeu.

— Tudo bem... Deseje-me sorte. – E se foi, simples assim. Sem nem ao menos se despedir. Esse era o efeito que Luke causava nela, eu odiava aquilo.

Peguei minha jaqueta e saí do prédio irritado. Uma vez no carro, liguei o sistema de som em uma playlist aleatória e dei a partida para as ruas de Londres, sem um destino fixo. Enquanto passeava pelas ruas bem iluminadas da capital inglesa, meus pensamentos estavam focados em uma só pessoa, a dona de toda minha atenção nos últimos tempos. O que será que estava acontecendo na casa dela? Será que eles se reconciliaram? Será que brigaram feio e terminaram de vez? Será que ela o perdoara e ele finalmente se comprometera a oficializar o namoro ou até algo mais? Deuses! Eu tinha que parar de pensar naquilo ou ficaria maluco.

Quando o som de Love Hurts preencheu o espaço do carro, eu quase soquei tudo ao meu alcance dentro daquele maldito carro. Quem diabos havia colocado aquela música na playlist? Eu odiava aquela música por motivos óbvios. Aquilo só podia ser uma pegadinha dos deuses comigo, não tinha outra explicação possível. Desliguei o maldito som antes que eu perdesse minha cabeça.

Guiei o carro até um antigo parquinho na zona oeste de Londres, eu costumava ir muito ali com Bianca, minha irmã mais velha, quando éramos crianças. Naquele horário, o lugar estava deserto, com exceção de alguns seguranças que rondavam o local. Deixei o carro estacionado e sai caminhando pelo parque por alguns minutos sentindo o clima frio da noite londrina. Sentei-me em um dos bancos de concreto e passei a encarar o céu. Estava limpo e dava para ver várias estrelas e a bela lua cheia que iluminava aquela bela noite, coisa rara naquela época do ano.

Talvez eu devesse seguir o mesmo conselho que dei a Thalia e seguir em frente, esquecê-la talvez fosse a melhor coisa a se fazer. Não seria fácil, mas o que tinha eu a perder? Ela nunca me veria como mais que um amigo e confidente, ela amava Luke e nem toda a intensidade dos meus sentimentos por ela seriam capazes de mudar aquilo. Era isso. Amar Thalia Grace doía muito em mim, uma mulher inalcançável que era apaixonada por outro. Eu não podia ficar parado e perder a vida toda a espera dela, embora meu coração estivesse certo que isso deveria ser feito. Eu tinha que me afastar, tinha que permitir que ela fosse feliz e buscar a minha própria felicidade em outro lugar, em outros braços... Eu não queria aquilo, mas era o certo a se fazer.

Levantei-me e caminhei decidido até o carro, estava na hora de voltar pra casa e descansar, para então começar algo novo.  Quando o celular vibrou em meu bolso e eu o peguei para visualizar o nome da autora da chamada, os ventos gélidos pareceram soprar mais fortes contra minhas roupas. Era hora de começar algo novo... não é?

Os minutos que sucederam aquele momento são apenas um borrão em minha memória, quando me dei por mim, estava batendo na porta do pequeno e aconchegante apartamento que era tão bem conhecido por mim, em uma mão estava uma sacola cheia de sorvete e chocolate, como era nossa tradição. Quando ela abriu a porta, não tive tempo de cumprimentar com uma frase elaborada para animá-la, Thalia voou e abraçou-me fortemente. Senti as lágrimas molhando o tecido fino da minha camisa preta.

— Não acredito que você realmente veio... Obrigada. – A voz saiu como um sussurro, mas fez meu coração se aquecer.  Quando ela se afastou eu pude ver os olhos vermelhos por conta do choro.

— Não precisa agradecer, uma noite de series com sorvete e chocolate é o necessário para superar um término. – Sorri erguendo a sacola. Consegui ao menos arrancar uma risada curta dela. – Você escolhe o cardápio da noite, só não pode conter milhos e pipocas no meio.

Thalia riu e me puxou pela mão para dentro do apartamento. Deuses... A mão dela fora sempre tão gentil e quente assim?

— Eu nunca vou entender o seu problema com milho! – Ela disse e virou-se para mim, sorrindo daquela mesma maneira que me fez ficar completamente apaixonado por ela anos trás. – Um dia você vai me contar?

Apenas sorri como resposta. Eu não conseguiria deixar aquilo para trás nunca. Não importava a decisão que eu tomasse, eu sempre seria atraído de volta para Thalia Grace, não adiantava fugir. Aquele seria meu novo começo, eu não a perderia para ninguém nunca mais e garantiria que ela soubesse o quão apaixonado eu sou por ela.

Mas essa é uma história para outra noite, depois de muitos chocolates, risadas, séries e abraços aconchegantes na pessoa que eu mais amava no mundo.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Espero que sim, estou um pouco nervoso em postar minha primeira One nesse universo que tanto gosto desde minha adolescência, mas não acho que ficou tão ruim.
Comentem e tirem essa dúvida cruel do coração do autor :)