A ambição de uma estrela escrita por Augusto Snicket


Capítulo 2
Capítulo 02 –Brilho


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores, eis o segundo de três capítulos, vamos acompanhar as manipulações e romances de Arthur Snow, o não herói dessa história.
Boa leitura.



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Arthur puxava sua mala de rodinhas pelos corredores de um hotel de luxo, abriu a fechadura eletrônica de seu novo quarto e entrou, agora não mais dividia uma beliche numa pousada de segunda, ao invés disso tinha um salário melhor, um quarto melhor e mais destaque na novela. Ele se jogou naquela cama enorme e reviu tudo que conquistou, havia sido escalado para ser um figurante da novela Cante-me uma canção, mas não tinha se conformado com esse papel e manipulou a opinião pública para obrigar os produtores a lhe dar mais destaque. Aproveitou ao máximo suas curtas falas usando de linguagem corporal para fazer com que shippassem seu personagem Cláudio com o Henrique. Arthur saiu várias vezes com Peter, o ator que faz Henrique, para induzir que pensassem que eram um casal. Essas e outras artimanhas o fizeram ser promovido para o elenco principal.

Naquele mesmo dia iria gravar o primeiro beijo entre Cláudio e Henrique, Arthur devia estar nervoso por beijar um garoto pela primeira vez, mas acontece que aquela não seria a primeira vez. Ele ficou de pé em frente a um enorme espelho e tirou toda a roupa, havia marcas roxas espalhadas por todo seu corpo. Alguns eram chupões, ele se viu na sala do diretor, lembrando da língua daquele homem mais velho percorrendo seu corpo. Ao se virar viu marcas de mãos em suas nádegas, lembrou-se da sensação de serem apertadas, mais ao lado marcas de golpes de cinto, lembrou-se de se debruçar sobre uma poltrona e ser golpeado com força. Sentiu sua pele se arrepiar, lembrou-se do beijo, do cheiro, dele abrindo suas pernas e finalmente da penetração. O jovem ator gemeu e percebeu que estava com uma ereção e correu para o banheiro, para tomar uma ducha fria.

—Eu posso fazer isso, vou usa-lo para alavancar minha carreira. Eu...

—Até onde você esta disposto a ir por sua fama?

—Não tenho limites –Arthur tocou entre as pernas do diretor que vacilou e olhou pra baixo surpreso, não pela atitude do garoto, mas sim por sua própria reação corporal, estava de pau duro.

—Você sabe o quanto isso é errado, garoto?

—Errado? Fala sério, senhor diretor. Vai se foder!

Aquele xingamento foi como jogar gasolina na fogueira, Castro puxou o rosto do jovem ator e o beijou. Aquela conversa tinha tomado um rumo completamente diferente do que os dois tinham imaginado. Era a primeira vez de ambos beijando alguém do mesmo sexo e foi realmente incrível. Arthur montou no diretor evoluindo o beijo para algo mais quente.

Arthur pensou em seduzir aquele homem, estava disposto a passar pela dor do sexo, estava disposto a se entregar em nome de sua fama. Teve flashes dos gemidos, do toque, dos tapas, aquele havia sido um sexo violento. Ele gemeu novamente, a água fria parecia não abaixar seu fogo.

—Quem você esta querendo enganar? Você gostou.

—Não sou gay.

—Será que não é? –Arthur tinha o costume de debater o que sentia consigo mesmo como se fosse duas pessoas e no final chegava a um consenso da coisa certa a se fazer ou sentir.

—Não tenho problemas com isso, só não me vejo dessa forma.

—Você não reclamou quando ele abriu suas pernas e o penetrou, você apenas gemeu, arranhou as costas dele e mordeu seu ombro.

—Era só atuação, sou um ator.

—Você não precisa mentir para si mesmo.

—Cala a boca!

Num outro hotel o diretor Castro tinha acordado, mas não havia se levantado da cama. Seus pensamentos reviviam a noite passada, a discursão com aquele ator manipulador, a batalha de egos, sua troca de palavras era como dançar tango, os olhares eram ameaçadores e provocantes, a entonação desafiadora. Sem que percebesse estava completamente envolvido pelo garoto, só quando ele o tocou se deu conta do quanto estava excitado e quando ele o xingou o fez perder o controle e se jogar naquele desejo estranho que chegara sem avisar.

—O que foi que eu fiz? –Os flashes traziam ao presente os gemidos, mordidas, tapas, ele tirara o cinto, o garoto deixara ser golpeado. O sexo fora selvagem, os olhares desafiadores o excitavam à ir cada vez mais forte –Porra! –O diretor tocou suas partes intimas sentindo a dureza –É apenas ereção matinal –Lembrou-se de Arthur gemendo em seu ouvido e se arrepiou todo. Castro podia negar o quanto quisesse, mas aquela tinha sido a melhor foda da sua vida. 

Ele pegou o telefone e ligou para uma puta, antes de ir pro sete de filmagem, fodeu e gozou para saciar aquele desejo que se recusava a sessar.

—Você nunca me ligou tão cedo, sabe que vou cobrar mais caro por ser fora do meu horário de trabalho.

—Toma seu dinheiro e cala a boca.

Chegando ao sete de filmagem, Castro teve que ser gentil com todos, a primeira cena do dia seria o primeiro beijo do Henrique com o Cláudio. “Ótimo, vou ter que ver o Arthur!”, pensou sarcasticamente. Chegou em cogitar demiti-lo, mas os fãs iriam cair em cima dele com milhões de reclamações e ainda o garoto devia estar coberto de marcas e podia denunciá-lo.

—Vou fingir que nada aconteceu, cometi um erro. Isso não vai se repetir, vou continuar com a novela, as marcas dele vão sumir, ambos seguimos com nossas vidas, ambos ganhamos fama e dinheiro e todo mundo sai feliz.

—Bom dia “senhor” diretor –Cumprimentou Arthur. Castro derrubou o café que trazia nas mãos do susto que levou.

—Ai merda!

—O senhor gosta mesmo de palavrões –Disse Arthur sorrindo –É um homem bem mais violento do que demonstra.

—E você é muito mais venenoso do que qualquer um possa imaginar! Sua cobra criada!

—Não me xinga, por que assim acaba me excitando.

—Vá repassar o texto com o Peter! –Mandou furioso.

Quando ele deu as costas e partiu, Castro sorriu. “Que moleque insolente”.

Arthur caminhou sorrindo: “Tenho ele na palma de minha mão”. Ele parou de andar e fez uma careta. “Fiquei dolorido atrás”. Um faxineira o cumprimentou e ele esboçou um animado sorriso.

Cerca de meia hora depois começaram a filmar a cena, já era a sexta tentativa, todos os erros eram cometidos pelo Peter.

—Desculpe, Arthur, é que nunca beijei um cara antes. Estou nervoso.

—Pense como seu personagem, esqueça que você é o Peter e eu o Arthur. Imagine apenas que somos Henrique e Cláudio, que nos amamos e escondemos esse sentimento há um bom tempo, mas que não podemos mais segurar.

—Tem só mais uma coisinha –Peter olhou com vergonha pros lados e cochichou no ouvido dele –Não sou muito bom em fingir amor.

—Todo ator tem algum sentimento que tem dificuldade de interpretar. Pense em alguém que você goste, nos momentos felizes que passaram juntos, pense em alguém que você tem vontade de tocar, de estar junto –Arthur o olhou nos olhos –Faça da realidade sua atuação, é como pegar emprestado sentimentos que na verdade já são seus.

—Você é incrível –Disse Peter fascinado pelas palavras daquele cara.

—Vamos recomeçar –Anunciou Castro. A cena se passava na sala de música, em mais um aula de piano. Henrique cometia erros e Cláudio o indicava a forma certa.

—Você é tão bom nisso! –Exclamou Henrique o olhando fixamente –Como consegue ser assim tão bom?

—Eu poderia dizer que é talento ou dedicação, mas... –No texto original, ele devia realmente dizer que era isso, entretanto resolveu improvisar um pouco –O que me faz tocar tão bem, é o amor.

O diretor revirou os olhos, mas não interrompeu a cena, pois ainda que estivesse um pouco fora do texto, estava bom.

—Eu coloco meus sentimentos mais profundos em cada pressionar de tecla –Cláudio tocou um trecho belíssimo e difícil de uma música clássica.

—Ele esta aproveitando a cena pra mostrar que é ainda mais talentoso que pensamos –Cochicha o diretor pra si mesmo.

Cláudio tocou mais um pouco, resolveu não exagerar para não abusar da sorte e voltou para linha original do roteiro:

—Veja, Henrique, toque com seus dedos aqui, coloque todo o seu sentimento, deixe escapar todos seus desejos, sonhos, anseios e...

Henrique o interrompeu no meio da frase, o beijando, Arthur ficou com raiva, pois tinha planejado uma ótima frase de impacto, entretanto aquele beijo arrancou seu fôlego e o de todos do set de filmagem. Os dois se separaram se encarando.

—Acho que encontrei a forma de canalizar meus sentimentos –Disse Henrique –Cláudio, você quer tocar comigo? –Ele perguntou segurando sua mão. Arthur fingiu surpresa, como o personagem pedia, e depois sorriu aceitando o convite e juntos eles voltaram a tocar piano com os ombros encostados, muitas vezes suas mãos se encontravam e a cena termina mostrando outro beijo do casal.

—Ficou fantástico! –Exclamaram loucamente os produtores aplaudindo.

Os garotos foram almoçar juntos novamente naquela tarde, Arthur percebeu que embora o Peter sorrisse muito, ele estava nervoso.

—Você esta constrangido por que nos beijamos? –Eles estavam almoçando num lugar discreto, mas ainda havia uma certa quantidade de pessoas.

—Não! Claro que não! –Ele tentou disfarçar, mas então suspirou –Sim, desculpe. É que nunca tinha beijado um cara antes, na verdade também não beijei muito, esse foi tipo meu segundo beijo. O primeiro foi com uma garota da aula de dança chamada Betty.

—Meu primeiro beijo foi com uma namorada que tinha na minha escola, Clarice, mas terminei com ela quando fui escalado pro papel.

—Que triste.

—Nem tanto, eu gostava sim dela, mas não era nada arrebatador, minha carreira é muito mais importante –Aquela frase deixou o Peter com uma cara confusa e Arthur se tocou que tinha vacilado e deu uma risada tentando disfarçar –A quem estou tentando enganar? Na verdade eu só não queria magoa-la. Preferia perder minha carreira do que ver alguém sofrer.

—Você é tão gentil, pensa mais nos outros que em si mesmo, é por isso que gosto tanto de você –Assim que terminou a frase ele ficou vermelho e olhou pros lados. Arthur gostou de ouvir aquilo e pensou: “Ele esta gostando mesmo de mim, que conveniente”.

—Muito obrigado por gostar assim de mim –Ele colocou a mão sobre a dele –Fico muito feliz por ter feito um amigo tão especial como você no ambiente de trabalho.

Discretamente Arthur deslizou seus dedos até o pulso do garoto e viu que estava acelerado: “Ele esta nervoso, quase posso ouvir seu coração batendo, esse é o momento de fisga-lo de uma vez”.

—Sabe, de agora em diante provavelmente vamos ter muitas cenas de beijos e carinhos, espero que as coisas não fiquem estranhas entre a gente, odiaria que se afastasse de mim.

—Nunca! –Peter segurou as mãos dele e puxou pra perto –Nunca vou me afastar de você! E não tenho nenhum problema em te beijar quantas vezes forem!

Houve um silêncio quase clichê e os dois foram se aproximando, Arthur teve vontade de rir de tão bem que as coisas iam, mas manteve a expressão de adolescente confuso com seus sentimentos e assim beijou o Peter na vida real.

Eles não conversaram a respeito, só continuaram seu passeio e voltaram para o set de filmagens. Peter teve muito mais cenas para filmar, mas sempre que tinha um tempo livre mandava uma mensagem para Arthur, que por sua vez pegava o celular animado e depois suspirava.

—Não é ele –Se lamentou se referindo ao diretor, do qual esperava pelo menos uma mensagem depois deles terem feito aquilo. Ainda assim respondeu com animação a mensagem.  

Arthur se escondeu no banheiro e depois que todos foram embora, seguiu para a sala do diretor, um sentimento estranho o fazia querer vê-lo.

—O que você pretende? –Perguntou pra si mesmo.

—Não sei, só quero olhar na cara dele, talvez provoca-lo um pouco.

—Você quer chantageá-lo?

—Não preciso de chantagem, manipulação é mais sutil e tem melhores resultados.

Ele entrou no escritório do diretor, mas estava vazio. Curioso foi bisbilhotar sua mesa. “Será que vou encontrar pornografia numa gaveta trancada?”, ele tentou abrir e conseguiu, já que todas estavam abertas e não continham nada de diferente.

—Que chato! –Nessa hora a porta se abriu e o diretor entrou se deparando com o garoto sentado em sua cadeira.

—O que esta fazendo na minha sala? –Arthur sorriu, se inclinou pra trás e pôs os pés sobre a mesa.

—Só passando pra dar um oi, Castro.

Sem dizer uma palavra, ele fechou a porta, cruzou a distância entre eles, puxou o garoto com força e o jogou contra parede apertando seu pescoço.

—Não se ache demais! Você não passa de um garotinho, enquanto eu sou um diretor de sucesso, um homem feito na vida!

—Pode até ser –Arthur disse com dificuldade –Mas ainda assim, você fodeu esse garotinho, ainda assim você gemeu loucamente enquanto me comia e me beijava.

—Seu viado de merda! –Castro socou a parede próximo ao rosto de Arthur, mas este nem piscou.

—Você esta me sufocando. Quer mesmo deixar marcar em meu pescoço? –Ele o soltou furioso, mas não recuou, de modo que seus corpos estavam quase encostados –Eu gostaria de sugerir uma cena em que eu canto e toco uma música para o Henrique.

—Vai à merda, garoto! Acha que pode me manipular? Entrar no meu escritório e me dizer o que fazer? Quem você acha que é?

—Sou aquele que faz sua cabeça girar, sou quem atormenta seus pensamentos noite e dia, sou quem te faz ficar aceso à ponto de não se controlar –Arthur tocou novamente entre as pernas do diretor o encontrando duro –Você me deseja e não pode negar! –E dessa vez foi Castro quem o surpreendeu ao imitar seu gesto.

—Sou apenas eu? Pra mim você esta bastante duro também –Arthur deixou escapar um gemido e se arrependeu, pois deu o poder à ele –Você vem até aqui tentando me seduzir? É isso que tem em mente? Para mim é você quem esta seduzido, é você quem pensa em mim o dia inteiro! Arrisco em dizer que checa o celular de instante em instante esperando receber uma mensagem minha.

—Eu... –Ele vacilou, seu coração estava acelerado. Tentou se acalmar, não podia se expor daquela maneira, tinha que voltar à atuação! –Não quero nenhuma mensagem sua!

—Eu sei, você quer é isso –Castro o beijou e o corpo inteiro do garoto tremeu. Arthur pensava: “Tenho que fingir que estou gostando, tenho que...”

—Oooor! –Ele gemeu quando Castro o agarrou apertando-o. O beijo era selvagem, eles se jogaram sobre a mesa derrubando tudo sem se preocupar.

“Tenho que fingir, eu... Oooor... Manipulá-lo para... Aaaar... Que tesão!” Os pensamentos do garoto se perderam e ele se entregou completamente, as peças de roupa voaram em diferentes direções, seus corpos nus se encontraram novamente, pareciam se reconhecer, sentir saudades um do outro, se atraírem! Dessa vez foram com menos sede ao pódio, dessa vez teve mais toque, dessa vez teve mais primeiras vezes. Arthur sentiu o gosto do membro do outro em sua boca e para sua surpresa sentiu a boca quente dele engolir o seu, chupando-o e levando-o à loucura. Eles se conectaram por completo, transaram pela segunda vez.

Quando terminaram não se vestiram e partiram às pressas, dessa vez ficaram deitados pelados no chão do escritório. Arthur estranhava a si mesmo por estar deitado com a cabeça no peito daquele homem mais velho. Por que ele estava ali mesmo? O que era mesmo que ele queria fazer?

—Vai me dizer que tudo isso foi fingimento? Que cada gemido, cada toque foi friamente calculado como seus sorrisos e cumprimentos para as outras pessoas?

—Não –Disse Arthur que se viu falando livremente –Com você não preciso fingir, eu... –O que ele estava fazendo? –Sabe, as pessoas são um porre! As vezes fico com as bochechas doendo de tanto sorrir, as vezes tenho vontade de tocar fogo nesse lugar! –Castro riu alto.

—Eu também tenho vontade disso às vezes, mas continue.

—Não é querendo ser bossal, e nós dois sabemos que eu sou mesmo, mas se os outros atores tivessem metade do talento que tenho não precisaremos refilmar as cenas dezenas de vezes!

—Eu sei, você é realmente o melhor ator, nunca vi ninguém acertar suas falas cem por cento das vezes como você. Principalmente aquele Peter, fico olhando a cara que você faz toda vez que ele erra.

—Tenho vontade de dar na cara dele. Mas por favor não me diga que dá pra perceber!

—Não dá não, você primeiro faz uma cara inexpressiva e depois rir e o apoia. Sempre que dá essas pausas eu fico imaginando sua mente funcionando à mil para agir da maneira certa. Deve ser muito difícil.

—E é mesmo! Você tinha que ter visto minha cara quando ligaram dizendo que eu tinha sido escalado para um figurante, toda a minha família gritando loucamente e eu querendo morrer, mas disfarçando muito bem me fingindo da pessoa mais feliz do mundo e... –Ele deu um suspiro profundo –Acho que fazem meses que não sou eu mesmo.

—Você é a pessoa mais falsa que conheci na vida –Confessou Castro –Parabéns.

—Obrigado –Agradeceu Arthur realmente levando aquilo como um elogio e realmente tinha sido essa a intenção do diretor.

Eles continuaram ali por quase uma hora, Arthur sentindo que tinha tirado o peso das costas e Castro rindo e se divertindo interessado como nunca antes. Quando finalmente se despediram o diretor disse:

—Sempre que precisar ser um pouco você mesmo, pode me procurar –Aquilo fez o coração do jovem saltar –Eu meio que te odeio e tenho vontade de te matar, mas não posso negar que minha novela é um sucesso e que você faz parte dela, então irei relevar suas mentiras, afinal consigo ver através delas mesmo.

—Obrigado, eu... Com certeza voltarei.

Quando deitou em seu quarto no hotel de luxo Arthur não conseguia parar de sorrir. Ele fechou os olhos e reviveu cada momento.

—Consegui manipula-lo direitinho.

—Sério? Quando estavam trepando acho que nem em seu próprio nome estava pensando.

—Foi tudo atuação!

—Vai querer enganar à si mesmo agora? Você podia sair assim que terminasse, mas ficou deitado por mais de uma hora no peito dele.

—É que estava tão... Bom.

Arthur sacudiu a cabeça e deu um grito, mas voltou a sorrir. Fechou os olhos e começou a se alisar, por onde seus dedos passavam ele tinha um flashback dos toques de Castro, da brutalidade excitante de seus movimentos, do...

—Ooooor! –Sem planejar o garoto começara a se tocar, estava se masturbando imaginando aquele homem que fazia sua cabeça girar.

Castro já tinha fumado um maço de cigarro inteiro, claro que eles não chegavam nem a metade do cigarro quando ele os descartava. Naquela noite ele não procurara nenhuma prostituta, nem pensara no roteiro, seus pensamentos eram reservados apenas para aquele garoto.

—Arthur Snow –Se pegou dizendo em voz alta –Não consigo acreditar que transei mesmo com um garoto, duas vezes! E... –Dias se passaram e aquele número aumentou –Nove vezes?! É, acho que não posso mais me enganar.

Um mês se passou e o sucesso da novela “Cante-me uma canção” só fazia aumentar. Arthur estava namorando secretamente com Peter, eles trocavam beijinhos doces. Mas a melhor parte do dia era quando se encontrava com o diretor, era ali onde descarregava toda a falsidade do dia e gemia gostoso. Como podiam chamar aquele relacionamento? Nenhum deles nunca deu um rótulo.

Naquela manhã, Arthur havia recebido um mensagem de sua ex namorada, Clarice:

“Olá Arthur, todos sentimos muita a sua falta na escola, você é o orgulho da cidade, claro que algumas pessoas preconceituosas dizem o contrário, mas você é um artista, imagino como deve ser difícil ter que ficar com um garoto sem ser gay, mas você é um ator tão fantástico que tudo parece real! Sei que terminamos, mas ainda tenho um carinho muito grande por você. Mas tem um garoto novo na escola, posso até te ver revirando os olhos e dizendo: “Já vi tudo, que clichê”, e sim, estou apaixonada pelo garoto novo, ele é tailandês. Eu vou seguir minha vida como você me aconselhou e espero que você também encontre alguém que te faça feliz, alguém a quem você possa contar tudo, sei que pra mim não contava, sempre te achei meio distante, ai desculpa, acho que fui rude, acho que devia apagar essa parte... Vou deixar. Onde eu estava? Sim, te desejo tudo de bom, mas como agora você já tem praticamente tudo, então te desejo um amor verdadeiro. Beijos de sua eterna amiga, Clarice”.

Arthur terminou de ler e olhou pra parede pensativo.

—Merda! Acho que estou apaixonado pelo Castro.

—Só percebeu isso agora? Tem mais de um mês que vocês se pegam!

—Sim, mas depois de ler o que a Clarice considera como amor, foi que percebi.

Nesse momento alguém bateu na porta, Arthur se levantou num pulo e foi abrir com um enorme sorriso no rosto, será que era ele?

—Olá!

—Peter? –O seu namorado lhe beijou na boca.

—Desculpe aparecer assim sem avisar, mas não conseguia parar de pensar em você.

—Oh! Eu... –Entre no personagem! –Pra falar a verdade também estava pensando em você. Entre.

—Obrigado –Aquela era a primeira vez que ele entrava ali. Observou a decoração simples, praticamente só as coisas do hotel, a não ser por alguns quadros e pôsteres da novela –Esperava encontrar fotos antigas suas.

—Gosto mais do meu tempo atual –Disse Arthur lembrando de sua pobreza antes da fama e Peter sorriu.

—Que romântico! Também sou mais feliz depois que te conheci!

—O quê? Oh! Claro, foi exatamente o que quis dizer.

Os dois ficaram conversando, Peter rindo animado e Arthur odiando cada momento daquilo e ficava toda hora olhando para o celular: “Por que ele não me mandou nenhuma mensagem? Será que esta pensando em mim? Talvez esteja nos imaginando transando”. Ele sorriu em seu devaneio: “Aposto que deve estar se tocando imaginando meu corpo”. Esses pensamentos fizeram seu corpo reagir sem que se desse conta, Peter olhou pra baixo e viu a evidente ereção do outro e abriu a boca. Ele se inclinou e o beijou pegando-o de surpresa.

—Você esta animado –Ele disse lhe tocando e só então Arthur se deu conta da própria ereção.

—É... Sua forma de falar me deixa assim –Mentiu descaradamente.

—Nunca falamos sobre isso antes, mas... –Peter não precisava explicar, voltou a beija-lo e toca-lo e Arthur sabia bem onde aquilo ia parar.

Castro entrou no hotel de óculos escuros e boina para não ser reconhecido. “O que estou fazendo? Será de mais vir ao apartamento dele?”. Castro não conseguia parar de pensar em Arthur, já tinham estado juntos várias vezes e a emoção era sempre a mesma. Ele lhe contara sobre seus amores falhos, sobre suas noitadas com prostitutas, sobre seus vícios, medos, anseios. O homem tinha se aberto completamente com o jovem. “Eu estava com medo de admitir, mas já faz um tempo que percebi, realmente gosto dele! Realmente quero estar com ele o tempo inteiro, toca-lo, beija-lo, ama-lo!”. Mas como ia continuar aquele relacionamento? O que aconteceria quando a novela chegasse ao final? Os dois iriam se separar? Castro não queria aquilo de forma alguma! “Eu sou bastante rico, estou ganhando uma fortuna, acho que já posso me aposentar! Vou chama-lo para morar comigo fora do país! Assim podemos ficar juntos sem nos preocupar com escândalos na mídia”. Ele levava consigo um embrulho, era um bolo de glacê para dar parabéns ao Arthur pelo sucesso.

Ele saiu do elevador no corredor do oitavo andar “Eu vou lhe dizer aquela frase vergonhosa, mas verdadeira, assim que ele abrir a porta vou dizer! Vou dizer mesmo! Vou dizer, ‘Ei, eu te amo, sua cobra criada!’. Talvez eu até me ajoelhe”. Castro parou enfrente a porta, ia bater, mas parou: “Talvez...”. Ele tentou a maçaneta: “Esta aberta! Vou entrar e lhe pegar desprevenido”.

Castro só não esperava pega-lo tão desprevenido assim, ao entrar se deparou com dois garotos se agarrando só de cueca.

—Que porra é essa?! –Ele gritou furioso. Os dois garotos se levantaram no susto.

—Diretor? –Perguntou Peter assustado e surpreso.

—Castro? –O coração de Arthur quase saiu pela boca. Merda! –Não é o que você esta pensando.

A cabeça do homem girou, ele sempre fora bruto e durão, mas tinha ido ali disposto a se humilhar, a confessar seus sentimentos. E ao invés disso o encontrara daquele jeito!

—Então é isso?! Você realmente me enganou! –Ele berrou –Como pude ser tão idiota?

—Não é assim, Castro.

—Eu perdi alguma coisa? –Perguntou Peter sem entender aquele diálogo.

—Não, mas vai perder! –Castro avançou pra cima dele.

—Castro, não! –O diretor deu um soco na cara do rapaz abrindo uma ferida em sua bochecha. Arthur tentou segura-lo, mas ele era forte demais. Outro soco que fez um dente voar e cair dentro de uma jarra d’água a tingindo de vermelho. Outro soco no pé do estomago com tamanha brutalidade que o tirou do chão o fazendo babar, outro soco o derrubando no chão desacordado –Castro, pare! Você vai matar ele!

—Eu devia matar os dois! –O diretor o agarrou pelos ombros o jogando no chão –Você brincou comigo! Sua cobra maldita! Manipulador! Você me enganou direitinho não foi?! Aposto que ficava rindo por minhas costas!

—Não, eu juro!

—Não acredito em nada que você diga! Você só sabe mentir! Quem é você Arthur Snow? Tudo que você quer é brilhar! Agora você já brilha! Já é um dos protagonistas! Então por que continua me visitando?! Por que continua mexendo com minha cabeça?

—Por que eu te amo! –Arthur gritou o calando –Juro que te amo! –Lágrimas escorreram de seus olhos –Eu te amo, Castro.

Aquela frase fazia o coração do diretor derreter, nunca ninguém lhe disse aquilo, nem mesmo seus pais, afinal sua mãe morrera muito cedo, seu pai bêbado vivia o espancando, principalmente quando escolheu aquela carreira de “bichinha”, homem de verdade não ia ao teatro.

—Arthur... –Ele disse docemente.

—Sim, isso, vamos dar um jeito em tudo, tudo vai ficar bem.

—Você é um ator incrível!

—Castro, não.

Ele lhe deu um soco no queixo o nocauteando. Castro começou a chorar: “Eu sou tão ridículo! Tão patético que me deixei ser manipulado por um adolescente!”. Arthur Snow estava desacordado nos braços do homem que amava, mas a jovem estrela não fazia ideia do que poderia acontecer a seguir. Será que voltaria a brilhar na TV ou aquele seria o dia que sua luz se apagaria para sempre?


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Notas finais do capítulo

Um final não esperado! O capítulo final será postado semana que vem, estejam preparados!



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