Um ato de coragem escrita por Jude Melody


Capítulo 1
Capítulo único




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Ele escutava a alegria dos outros. Poderia estar ali, em meio a todos aqueles sorrisos, mas as sombras eram mais acolhedoras. De longe, fitou a silhueta de Koizumi, tão bela contra o azul escuro do céu e o brilho dos fogos de artifício. Ela estava à distância de uma palavra. Um simples nome. O nome dela. Mas, se Otani chamasse Risa, todos saberiam que ele estava ali. E seu orgulho não permitiria que se entregasse assim.

Durante meses, sentira-se injustiçado. Não sabia lidar com os próprios sentimentos, e todos os seus amigos pintavam-no como um vilão. A censura por não corresponder ao amor de Koizumi. As provocações para que se declarasse a ela. As ofensas, as punições físicas. Tudo aquilo machucava. Machucava, poxa! Mas o que realmente doía eram as lágrimas de Koizumi. A cada vez que ela chorava, Otani sentia-se um garoto mau.

Elas nunca entenderiam como um homem se sente ao magoar uma mulher. Uma culpa inexplicável os domina, e o nervosismo e a vergonha unem-se em um golpe implacável. Otani não se sentia bem quando Risa chorava diante dele. Seu coração batia mais forte, a respiração perdia o compasso. E ele desejava virar o rosto, mas o som era forte demais. E Otani sentia culpa.

No final das contas, as lágrimas permitiram que ele visse. Koizumi era uma garota. Sua amiga. Sua melhor amiga. Mas uma garota. Uma garota mais alta. Uma garota escandalosa. Mas uma garota. E ele estava apaixonado por ela. De um jeito que não tinha mais volta. De um jeito que o fazia engolir o próprio orgulho.

Por isso ele mandou a mensagem. Por isso ele fez um gesto quando ela olhou para trás. Por isso ele desviou o rosto quando Risa agachou-se ao seu lado. Ela estava feliz. Ela estava feliz. A felicidade estampava-se em seu rosto. E Otani sentiu-se um garoto mau. Entregou a ela o presente, o nervosismo falando por ele, a vergonha guiando seus movimentos. Otani queria permanecer nas sombras. Queria permanecer agachado. Assim, talvez, tudo fosse um pouco mais simples.

Koizumi gostou do presente. Dava para ver em seu rosto. Ela gostava de qualquer coisa de coelho. E Otani ficou feliz. Aqueles minutos de estresse na loja de bijuterias valeram a pena. Depois de todas aquelas lágrimas, ele podia fazer Koizumi sorrir. Koizumi. A garota de quem ele gostava.

Na penumbra, Otani finalmente teve coragem. Ele chamou o nome dela. Segurou seu pulso. E beijou seus lábios. Era gostoso. Uma sensação boa. Os lábios de Koizumi eram macios, um contraste e tanto com as palavras duras que ela sempre lhe dirigia. Otani afastou-se, envergonhado. Sentia-se bem. No fundo, no fundo, ele estava contente por ter se decidido. Não fora fácil. Havia tantos medos a superar, tanto a admitir para si mesmo.

E, quando eles se beijaram pela segunda vez, sob o abrigo das sombras e do silêncio, Otani imaginou que talvez, apenas talvez, ele estivesse apaixonado por Risa há meses, mas precisasse da coragem dela para compreender os próprios sentimentos.


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