Feliz Aniversário escrita por LizAAguiar


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas o/

Eis aqui o primeiro capítulo de uma ideia que não me larga de jeito nenhum =X

Tenham uma boa leitura ^^



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Ei, pode se sentar aqui, já estou de saída.

Aquele havia sido seu primeiro contato com Reyna Avila Ramirez-Arellano.

Era seu primeiro dia de aula na faculdade, as mesas do refeitório estavam tão cheias que Piper até pensou em mandar uma mensagem para o namorado marcando para se encontrarem em outro lugar.

A princípio ela não lhe dera brechas para uma conversa, apenas continuou a tomar o suco enquanto teclava no celular, não que esperasse algum diálogo, aliás em outro dia ela não teria vontade de puxar assunto, mas Annabeth não estava, Jason deveria estar no final de sua primeira aula e o campus de Léo era em outro prédio, depois de gastar um tempo fitando os outros alunos com tédio, seus olhos se focaram no desenho verde da camisa da mulher desconhecida a sua frente, tentando adivinhar qual era o curso e o ano, talvez tivesse encarado de forma descuidada, porque ela sanou suas dúvidas mudas e lhe perguntou se aquele era seu primeiro ano.

Piper nunca havia gostado de ter amizade com garotas e sempre fora retraída com elas, — todos os anos convivendo com bullying da parte delas sem qualquer motivo não foram em vão, — tanto que recusara o convite de suas veteranas para conhecer o prédio, — já havia caído naquele truque uma vez e era difícil confiar em uma pessoa que fazia artes cênicas de cara quando sabia pelos pais o quão horrível aquele meio poderia ser, — porém contrariando todas as expectativas a secundarista da turma de veterinária não lhe causava aquele tipo de insegurança, tanto que quinze minutos depois do primeiro contato o número do celular dela já estava gravado em sua agenda.

Seis meses depois fora com ela que desabafara sobre sua colega de quarto ter desistido do curso e deixado-a sozinha com as despesas, — Tristan lhe dava uma mesada todo mês, mas Piper se via incapaz de pedir mais sendo que ela própria brigara por um valor não astronômico, — em meio aos seus pensamentos conturbados sobre como prosseguir, Reyna comentara que a república que morava estava ficando cheia demais, o que resultou em dois anos e seis meses de uma convivência harmoniosa junto a uma amizade sólida que Piper nunca pensou que fosse possível.

Mesmo depois que descobrira que Jason e ela haviam namorado na adolescência, — e sempre que se encontravam o clima ficava pesado, — elas tinham dilemas parecidos, pais que não apoiavam 100% suas escolhas profissionais, nasceram em um ambiente de separação, até tinham irmãs, se entendiam tão bem mesmo sendo tão diferentes que até a Piper aquilo soava incrível.

Era justamente por isso que não conseguia acreditar nas palavras da loira.

— Qual é? A Reyna está estranha, Annabeth! — Sem se importar com o senhor a olhando com censura enquanto entrava no elevador, a estudante apertou o botão para o quinto andar.

— Ela não está estranha. — A amiga repetiu no telefone pela quarta vez, o tédio era tão aparente que não fazia nem sentido tentar esconde-lo.

— Ela não estava em casa segunda à noite. — Sua voz saiu acusadora sem que notasse, o senhor careca a olhou sem entender sua cólera.

Não que isso fosse importante.

— E o que tem? — A estudante de arquitetura indagou, já irritada.

— Ela sempre me avisa quando não vai estar. — Reyna era uma das pessoas mais responsáveis que conhecia, aquilo não fazia seu estilo. — É a nossa noite de filmes. — Murmurou incomodada, delineado a alça da bolsa com uma das mãos.

Às nove de todas as segundas-feiras eram sagradas, não haviam provas, amigos, faculdades ou namorados, era um compromisso para fugir dos compromissos, aquele ritual era quase tão antigo quanto a amizade delas, aliás: fora um marco.

Eu vou entender perfeitamente se você não me quiser como sua colega de apartamento, isso é meio estranho.

Piper havia ficado chocada em descobrir que seu namorado e sua mais nova melhor amiga tinham um passado, — que parecia não estar resolvido, — apenas a fala dela na manhã seguinte a fez despertar, gostava de Reyna e mesmo que não a conhecesse a milênios sabia que jamais faria algo contra seu relacionamento, além do mais achar outra pessoa disponível e de confiança não era tão simples.

Eram comidas gordurosas acompanhadas de um filme com péssimos efeitos especiais ou com uma direção de fotografia tão simétrica que a fazia babar, — Piper queria dirigir, impossível ter outra reação, — como sempre ela passara no mercado 24 horas próximo ao prédio delas para comprar os comes e bebes, chegar em casa e ver tudo apagado não era estranho, Reyna deveria estar para chegar.

As segundas a noite eram um pacto.

Um pacto que fora quebrado sem remorso.

"Ela não chegou e quando liguei deu uma desculpa esfarrapada."

Nenhuma biblioteca poderia ser tão barulhenta.

— Céus... — Sua amiga praguejou, audivelmente cansada da situação. — Deixa a garota viver um pouco, você tem mais ciúme dela do que do Jason.

— Jason não fura comigo sem nenhum motivo ou não retorna minhas ligações. — Respondeu de imediato, era verdade!

A porta do elevador se abriu no terceiro andar, o senhor saiu ainda a olhando com curiosidade e censura.

— Ok, pitbull... — Suspirou a resposta, Piper podia vê-la olhando para as unhas completamente entediada com a conversa.

"Espera..."

— Ei! — Até Annabeth com aquele apelido idiota?!

"Eu não sou ciumenta."

Não a ponto de arrancar braços.

— Ela deve estar dando aulas de box para o Nico na academia da Hylla. — Bom, a hipótese não era tão impossível, já que aquilo acontecia vez ou outra, talvez ela tivesse ido visitar seus cães na casa da irmã. Suspirou, sentindo o corpo relaxar, as portas do elevador se abriram novamente, ela passou a andar em busca do número 23.

— É, ela deve ter esquecido de me ligar e... — Tirou a chave da bolsa parando a frente de sua casa, o estalo veio antes de encaixa-la na fechadura. — Quem é Nico?

"E por que ela preferiu mentir a dizer que estava fazendo isso?"

Quem era Nico?!

— É o irmão da Hazel. — A loira informou pausadamente, como se assim pudesse colocar aquela informação em sua cabeça de forma mais fácil.

— E por que eu não conheço ele? — Indagou encarando a porta, sentindo a irritação voltar a povoa-la enquanto colocava a chave na fechadura.

— Porque você estava com sua família. — Não precisou buscar muito a fundo na memória para se recordar da última vez que estivera com Silena, Drew e...Afrodite. — Fomos no bar em que ele trabalhava, aquele no... — Por um momento Piper achou que fosse um problema com o sinal, mas descartou a ideia segundos depois, o sinal não seria capaz de fazer a voz da loira sumir aos poucos.

— Aquela o que? — Será que elas tinham ido para um club de strip?

"Não precisa esconder gogo boys de mim."

— Eu lembrei que tenho algo para fazer. — A desculpa foi tão esfarrapada que Piper se perguntou se a loira estava brincando.

— Annabeth...

— Até, pitbull. — O bico se formou sem que notasse, Léo iria pagar por aquele apelido. — Deixa a Reyna em paz um pouco, vai acabar sufocando a garota, qual é o problema dela estar saindo com alguém?

— Eu já disse para não me chamar de... — Apenas então toda a fala da amiga foi decodificada por seu cérebro. — O que...? — A pergunta foi murmurada, descrente, como se lhe dissessem que os deuses gregos realmente existissem, Annabeth apenas suspirou com cansaço aparente.

— Tchau, Piper. — Não soube ao certo quanto tempo ficou estática com o celular no ouvido, mas em determinado momento respirou fundo e guardou o aparelho no bolso traseiro da calça jeans.

"Mas...Ela não disse nada..."

Reyna não tinha tempo, como poderia estar namorando!?

"É coisa da sua cabeça, Annabeth. Sou a melhor amiga dela, como poderia não saber?"

Girou a maçaneta e afastou a porta com mais força do que o necessário, o corredor de entrada estava parcialmente iluminado, o que significava que Reyna estava em casa, mesmo que ainda estivesse irritada, o fato a acalmou, fazia dois dias que não conseguia falar com sua colega de apartamento direito devido aos trabalhos da faculdade e dela simplesmente não retornando suas mensagens.

Mas aquilo não importava no momento.

Parou na entrada da sala, pronta para brincar sobre o fato dela não estar no quarto estudando, — Reyna as vezes lhe preocupava com toda a sua dedicação ao estudo, — mas a cena que se desenrolava arrancou qualquer pensamento feliz de sua mente.

Estática, Piper viu sua irmã mais nova sentada no sofá menor da sala com uma caixa de chocolates no colo, tendo o logo que ela não conhecia na tampa, Drew levou um dos doces a boca, pareceu se surpreender com o gosto do bombom, Reyna estava sentada ao seu lado, apenas olhando, como se esperasse alguma reação. A única coisa que conseguiu fazer foi tombar a cabeça para o lado, sem entender o que ela estava fazendo em sua casa.

— Experimenta esse aqui. — Drew falou pegando outro da caixa, sua colega de apartamento levou a mão até o doce, porém não com a velocidade necessária para pega-lo antes que sua irmã o encostasse em seus lábios.

Seu cérebro resolveu descongelar nesse momento.

O que vocês estão fazendo? — Drew deu um sobressalto, largando o bombom e levando a mão ao peito, Reyna pescou o chocolate antes que ele caísse em seu colo em um reflexo, olhou para ela, surpresa com sua presença.

Devolveu seu olhar descrente com um questionador, sua amiga não lhe deu resposta alguma, apenas a fitou nervosa, deixando o doce na tampa disposta na mesinha de centro, por fim fitou o chão, sem saber ao certo como agir. Boquiaberta, Piper tentou formular uma frase, mas sua atenção foi chamada por Drew.

— Vai assustar seu pai! — Sua irmã deixou a caixa na mesa e a fitou aborrecida enquanto cruzava as pernas e braços. — Que ideia é essa de chegar de fininho assim?

— O que está fazendo aqui? — Era uma quarta-feira normal, nem a desculpa de estar passando pelas redondezas colava.

"Você nem mora nesse Estado!"

— Sim, eu estou bem, obrigada por perguntar. — Ela rolou os olhos, mas à expressão não mudou, Piper cruzou os braços para aplacar a tentação de esgana-la. — Afrodite me chamou para fazer compras. — Semicerrou os olhos sem que notasse.

— Pegaram um jatinho de Nova York até a Califórnia só para fazer compras?

— Sabe que nossa mamãezinha querida não hesita em gastar dinheiro para gastar dinheiro. — Suspirou, Drew estava certa, mas...

— E por que você não está com ela? — Sua irmã a encarou surpresa por alguns segundos antes do olhar entediado surgir.

— Porque meu pai descobriu que matei aula, cortou meus cartões e disse que se eu voltasse com alguma coisa me despacharia para o meu avô em uma fazenda no interior do Japão. — Ela fitou as unhas, parecia mais preocupada com qualquer lasca nelas do que com a ameaça, Reyna a encarou com espanto na face, finalmente deixando de se preocupar com o carpete. — Vim matar o tempo aqui.

— E onde está Afrodite? — Era muito a cara dela deixar suas filhas em qualquer lugar para encontrar a Prada mais próxima.

— As lojas fecham às dez, tenho mais três horas antes da mamãe cansar. — Ela pegou outro bombom da caixa e se recostou ao sofá. — Tem certeza que não tem leite nisso? Está muito bom. — Reyna apenas murmurou um sim, fitando o teto, Piper tinha total certeza de que aquilo era para evitar seu olhar.

O que apenas a deixava mais irritada.

"O que você fez dessa vez, Drew?"

Da última não fora nada agradável.

Sacou o celular jogando a bolsa no outro sofá, sua mãe não podia ser tão irresponsável com a única filha que ainda não poderia fugir de suas garras.

Mesmo que Drew nem tentasse.

"Elas são tão parecidas."

O que tornava seu pesadelo duas vezes pior.

— Nossa, já vai me despachar? — Não tirou seus olhos da tela do celular, sequer respondeu, concentrada em se livrar do problema.

— Atende, sua maluca. — Sussurrou a prece com toda a fé que possuía.

— Olá, amoreco! — Escutar a voz aguda a deixou com a ligeira impressão de que não deveria ter rezado.

— Você ao menos sabe onde a Drew está? — Se deslocou até a cozinha, preferindo que a discussão ficasse entre elas, se havia algo que sua mãe lhe ensinara bem era que barracos deveriam ser feitos às escondidas.

— Na sua casa? — Arriscou, fazendo-a rolar os olhos. — A sua amiga disse que a levaria para lá.

— Você falou com a Reyna? — Ok, não estava entendo mais nada.

— Ops... — Se Annabeth tinha lhe deixado com a pulga atrás da orelha, aquelas três letras a deixaram em um estado de alerta que até então desconhecia.

— O que aconteceu? — Exigiu, já tivera o bastante para um dia só.

— Diga para sua irmã que eu estou indo busca-la, bye-bye. — Pela segunda vez naquele dia sua desconfiança fora prosseguida por um telefone na cara, suspirou derrotada.

"Hoje realmente não é meu dia."

Voltou até a sala sem ânimo algum, encontrando apenas a irmã no recinto, ainda sentada no sofá, o barulho da TV expulsou o silêncio que Piper não sabia dizer se era incômodo ou não.

— Afrodite está vindo. — Disse sentando-se ao lado dela encarando o programa de fofocas da TV.

— Legal. — Ambas se calaram.

Não era como se não amasse a mãe e a irmã, mas Piper precisava se preparar psicologicamente para estar com elas sem enlouquecer.

"Por que você não podia ter avisado?"

Assistiu-a pegar mais um bombom da caixa.

"E por que tem isso aqui?"

Drew não teria comprado para ela, sequer tinha oferecido, era algum tipo de pedido de desculpas vindo de Reyna por ter furado com ela?

"Você está comendo meu pedido de desculpas."

Sua irritação estava subindo mais rápido do que poderia contar, ela dobrou de tamanho ao vê-la esticar a mão até o que estava repousado na tampa da caixa, deu um tapa nela, sem remorso algum.

— Chega, você não quer engordar. — Disse mordaz ao ver o olhar bravo em sua direção. Drew era irritante, mas nunca passava do grau de paciência que podia suportar, não até o momento. Se voltou para a TV novamente, acatando sua decisão.

"Pelo menos ela me respeita."

— Não sei o que a Reyna vê em você. — Resmungou segundos depois, chamando sua atenção, os braços da irmã estavam cruzados outra vez. — Ela é super legal e você não consegue nem me dizer um oi descente.

Piper respirou fundo, se preparando para despejar todos os momentos em que Drew fora horrível, das vezes em que transformara seus natais em um inferno, — os dias de ação de graças conseguiam ser ainda piores, — ou como ela sempre tentava mudar sua aparência ou ser melhor que ela e Silena.

Elas passavam um mês de férias com a mãe uma vez por ano, o único momento em que a viam de fato, já que nem a mais inocente das crianças seria capaz de achar Afrodite Olympus, — que era apenas um nome artístico ao qual eram obrigadas a chama-la, — apta para cuidar de crianças ou adolescentes. Seus primeiros dias com Afrodite eram divertidos, — só os primeiros, — ela e a irmã mais velha eram diferentes, mas conseguiam se entender bem, mas Drew?

"Além do fato de dar encima da minha melhor amiga descaradamente só para me provocar."

— Desculpe. — Estava cansada, não queria que ela tivesse vontade de se vingar cortando os lençóis da sua cama, ter suas roupas manchadas de óleo ou coisa parecida. — Trégua até a mamãe chegar? — Ela a fitou analisando sua proposta, por fim suspirou.

— Ok, o que você quer? — Foi sua vez de olha-la desconfiada, Drew era esperta demais.

— Você não fez nada com a Reyna, fez? — Sua irmã rolou os olhos, como se achasse a fala idiota. — Drew, será que você não entende que isso incomoda? — Reyna podia parecer segura e até um tanto indiferente à primeira vista, mas era apenas timidez, aquele tipo de comportamento espalhafatoso só a deixava sem graça.

"Dá última vez você disse que tinha fetiche por jaleco!"

Pelo amor de deus!

— Incomoda você. — Ela apontou o dedo de forma incisiva a centímetros de seu rosto, se aproveitando muito bem da trégua. — Não tem seu namorado para farejar envolta, pitbull? — Sua primeira reação foi nenhuma, a segunda foi um arfar de indignação.

"Você não pode bater nela, não pode..."

— A Reyna se incomoda com isso, ela não gosta dessas coisas. — Disse de forma pausada, para que ela entendesse bem.

Vê-la rir deixou um gosto amargo em sua boca.

— Aposto que gosta. — O tom saiu tão malicioso que Piper se viu com o estômago embrulhado.

— Você não faz o tipo dela, pirralha. — Sussurrou irritada além de seu limite, infelizmente isso não foi o suficiente para fazê-la calar a boca.

— Que coisa feia, diz que é a melhor amiga dela, mas não sabe nem do que ela gosta. — Drew se levantou antes que pudesse sequer ficar surpresa. — Vou esperar Afrodite lá embaixo, au revoir.

Piper não conseguiu leva-la até a porta ou se levantar do sofá.

"O que aconteceu enquanto eu não estava?"

Suspirou quando ouviu a porta bater, deitou-se e fechou os olhos com uma vontade enorme de dormir e esquecer aquele dia.

Aliás, o que diabos estava acontecendo?

Primeiro Reyna começava a agir estranho, Annabeth lhe escondendo algo, sua mãe fazendo o mesmo e por fim Drew caindo de paraquedas em sua casa?

Os passos leves que eram de fácil reconhecimento a fizeram parar de questionar.

— Você está bem? — Piper poderia dizer que Reyna estava a observando próxima ao braço do sofá.

— Não. — Murmurou em um tom infantil, fazendo-a rir levemente.

— Quanto drama. — Ouviu mais passos e sentiu o espaço entre elas diminuir.

— Asiáticas fazem seu tipo? — Por mais que o silêncio que se seguiu não fosse bem-vindo, sabia que sua amiga estava apenas pensando em um modo de não deixá-la preocupada.

— Sabe que eu jamais faria algo com sua irmã, não sabe? — O estofado afundou na ponta, ao lado de suas pernas.

"Estou mais preocupada no que a Drew pode fazer com você."

Ela podia ter só dezesseis anos, mas era uma praga.

— Não foi isso que eu perguntei. — Sua colega de apartamento era reservada, isso era possível notar a longa distância, por esse motivo Piper nunca tentava arrancar informações que ela não queria compartilhar, ferindo seu espaço pessoal, mas em alguns momentos não conseguia se conter. Cruzou os braços acima dos olhos, em uma tentativa de chantagem emocional.

— Abra a boca. — O pedido aleatório teria a feito se levantar, mas irrita-la era mais importante, seu único movimento foi crispar os lábios, o que acabou por faze-la escutar um riso abafado. — Vamos, não vai se arrepender.

Algo foi encostado suavemente em seus lábios, a temperatura poucos graus mais baixo que seu corpo, mas que rapidamente se adequava a sua boca, derretendo levemente, se não fosse pelo aroma inconfundível provavelmente não teria adivinhado.

— É de leite de coco. — A voz de Reyna estava baixa, como se a informação fosse apenas mais um motivo para degustar do doce.

Foi o que fez.

Deixou que ele fosse gentilmente empurrado por entre seus lábios, a língua provou um sabor suave, doce na medida certa, rompendo a primeira camada de chocolate o cítrico do licor de morango tomou seu paladar, a combinação única a fez esquecer o porquê de seu cansaço, não havia roteiros para serem revisados ou questões pessoais em pauta. Deixou que o bombom de licor derretesse em sua boca, aproveitando o que devia ser o gosto do paraíso, sua língua fluiu por entre o formato arruinado do doce, procurando por mais dele, até encontrar algo com uma textura diferente, mais firme e, que se mexia.

Os dedos de Reyna findaram o contato que tinha com sua boca de forma tão abrupta que Piper se assustou, deixou que os braços escorressem para o sofá, encarando-a sem entender a atitude e o porquê da expressão de horror em seu rosto.

"Qual é? Você enfiou a mão naquele lugar da vaca e tem nojinho de um pouquinho de baba?"

Ou será que o problema era a saliva ser sua?

Engoliu a guloseima e fitou o teto, emburrada com o clima estranho e com o silêncio de sua colega de apartamento, Reyna não era tagarela, mas também não era antissocial.

— Está acontecendo alguma coisa? — Indagou com sinceridade, cansada do sentimento de exclusão que se fazia maior a cada vez que as pessoas a olhavam como se ela não soubesse algo óbvio.

"Como eu vou saber se ninguém me conta?!"

Nem sua melhor amiga...

— As minhas provas finais estão chegando. — A fala tentava ser causal e ignorava o teor de sua pergunta.

E aquela sensação de que Reyna estava se afastando de si apenas se tornava maior.

— É, as minhas também. Boa noite. — Levantou-se indo em direção ao quarto sem olha-la para que a mágoa que sentia não fosse evidenciada.

Reyna não fez questão nem de lhe devolver o cumprimento.


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Notas finais do capítulo

Bem.........É isso por enquanto XD

Críticas, sugestões, dicas, opiniões(e todos os outros sinônimos que você puder encontrar) são sempre bem-vindo.

Próximo cap provavelmente vai ser postado na semana que vem.

Até lá! o/



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