A Dama de Ferro e a Garota de Aço escrita por Anne Espario


Capítulo 10
Capítulo 10 - Catriona


Notas iniciais do capítulo

Opa, vamos para um novo capítulo, boa leitura.



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                                                          — Lena —

O segredo para a felicidade? Bom, para mim a formula foi absolutamente simples, case-se com seu primeiro amor. Katherine era a única mulher em minha vida, desde que eu conseguia me lembrar estive apaixonada por ela. Tivemos momentos difíceis, isso era verdade, mas o fato era que sem ela por perto as coisas perdiam o sentido.

— Você está pronta para receber Lilian em National City? — Kate me interrogou enquanto penteava os cabelos de Zac, ele tinha muito dela. O peque e genioso Zachary relutava as investidas da escova.

— Nós acabamos de nos mudar para cá e já vamos lidar com a matriarca, Luthor. Honestamente, eu preferia os criminosos de Gotham. — Completei enquanto visava-me para a adega.

— Eu estou ansiosa para rever a vovó. — Violet apareceu vindo da cozinha para sala.

— Adolescentes e seus gostos excêntrico. — Kate implicou com nossa primogênita.

— Ela é um máximo. — A garota jogou-se no sofá despreocupada, era fácil entender porque ela admirava Lilian, mesmo para mim que sempre tive uma relação complicada com ela.

— Ela é o diabo. — Kate segurou Zac de frente para ela. — Repita comigo, Zac. Lilian é o diabo. — Violet ria no sofá.

— Lilian é o diabo. — O garoto repetiu empolgado.

— Kate! — Ela olhou para mim sorrindo. — É a avó dele, você não pode fazer isso. — Ela deu de ombros. O modo despreocupado como Katherine lidava com tudo da vida doméstica, certamente era uma compensação por sua vida militar e de vigilante em Gotham, mas esse era o lado que eu mais amava nela. Sua vida dupla nunca interferiu em nosso lar.

— Eu aposto que ela consegue fazer um ensopado com esse lindo garotinho. — Violet rastejou pelo chão até Kate e Zac e agarrou os pequenos pezinhos dele.

— Tudo bem vocês duas, já chega. — Atirei uma almofada em direção a elas. — Violet, escola nova amanhã, então, já para a cama e Kate reunião importante, lembra? — As duas reviraram os olhos quase que por reflexo. — Vamos, já para a cama e leve seu irmão. — Ela apenas me obedeceu e veio até mim me dar um beijo de boa noite.

Voltei para a cozinha enquanto Kate colocava as crianças na cama, geralmente aquela era minha tarefa, mas sempre que podia ela gostava de fazê-lo. Nós éramos dois tipos diferentes de mãe, ela sempre mais complacente e aberta a satisfazer os desejos das crianças, talvez por passar mais que a metade do mês longe de nós. E para mim restava o papel de regradora e de certa forma vilã por dizer não, na maioria das vezes.

— O que você está cozinhando? — Senti as mãos de Kate me envolverem.

— Espaguete. — Continuei a mexer a panela. 

— Eu estou voltando a Gotham amanhã. — Ela depositou um beijo em meu pescoço, como se aquilo fosse amenizar a má notícia.

— Você não pode passar mais que dois dias com a sua família? — Indaguei ainda sem me virar para ela, eu entendia a ausência de Kate, ela era necessária, mas muitas vezes me fazia sentir em segundo plano em sua vida, ela sempre seria mais vigilante do que minha esposa.

— Lena, nós já conversamos sobre isso, eu preciso.... — Me contigo o máximo, mas não foi possível segura.

— E sei, Katherine. Você precisa estar em Gotham, Londres, Brasil ou no quinto dos infernos batendo em demônios e batedores de carteiras, mas você não precisa estar com seus filhos? — Podia ser a tensão por ver minha mãe falando, podia ser a inauguração do novo centro de pesquisas da família. O fato é, eu não aguentava mais ser a esposa compreensiva. Eu não aguentava mais sentir saudades a maior parte do tempo.  

— Ei... — Ela aproximou-se de mim com seus olhos verdes compreensivos. — Você tem razão, eu tenho estado ausente e viajado demais, mas isso não anula o fato de que eu amo vocês. — Kate tinha a habilidade de sempre admitir que estava errada e isso me desarmava, ela podia ser durona fora de casa, mas entre nós ela era apenas um completa pacifista.

— Você vai ficar? — Indaguei em um misto de raiva e confusão.

— Eu não posso... — Ela respondeu com pesar.

— Eu odeio seu trabalho. — Ela puxou-me para um abraço. — Você pensou no que eu propus? — Sussurrei em seu ouvido.

— Querida, nós não podemos ter outro bebê, não agora. — Eu nem mesmo sabia se queria outro filho para suprir a falta que sentia de Kate ou se realmente por ter outro herdeiro.

— Eu só quero você aqui por mais tempo. — Beijei sua bochecha. Muitas vezes eu sentia que ela não iria voltar para mim, bastava um movimento calculado de forma errada em uma luta e eu seria uma viúva.

— Eu prometo que nós vamos ter lindos bebês, além dos dois que já temos, mas não agora, tudo bem? — Kate colou nossas testas.

— De preferência rápido, eu não estou ficando mais jovem. — Ela sorriu com minha afirmação. Eu reconhecia aquela forma de sorrir, sua boca foi até meu ouvido.

— Não, você não está ficando mais jovem, mas você é ficando mais gostosa. — Meu corpo foi empurrado em direção a bancada.

— As crianças... — Bati em seu ombro.

— Elas estão dormindo. — Kate beijou-me de uma maneira que só ela era capaz de fazer. Agarrei seus cabelos ruivos e a trouxe para mais junto de mim.

Nós estávamos juntas desde meus 15 anos, entre meu tempo como militar e conversão a mulher de negócios o desejo que eu sentia por ela apenas aumentou, nunca tivemos uma crise de identidade em nosso relacionamento, eu acreditava que por isso ele era o mais próximo da perfeição que eu conhecia.

                                                            — Kara —

Uma noite completa no bordel de Moira me foi suficiente para perceber que aquele era um lugar mais de troca de informações, politicagem e fechamento de acordos do que um antro de prostituição.

— O que sua audição avantajada capta, Supergirl? — Por um momento me senti intimidada com ela chamando-me daquela forma, mas é claro que ela saberia.

— Conversas e mais conversas, algo que deveria não ser comum nesse tipo de lugar. — Ela sentou ao meu lado na cama e sorriu, mas sorriu como se já tivesse me ouvido falar disso.

— Nós podemos deixar ele barulhento. — A senti colocar a cabeça em meu ombro.

— Não, essa noite eu quero apenas conversar. — Seu suspiro foi imediato.

— É sua última noite aqui? — A ouvi indagar, procurei sua mão e a segurei.

— Não, mas... — Eu não sabia exatamente o que estava fazendo, perdida entre duas linhas de pensamento e dois corações. Um que ainda tinha sentimentos por Lena, mas foi corajoso o suficiente para abrir mão dela para vê-la feliz e outro que estava desabrochando para a misteriosa e doce Moira. — Eu não quero mais te encontrar aqui, eu quero um relacionamento real. Eu não me vejo anos após ano, vindo aqui. — Sua mão quase que por reflexo apertou a minha.

— Eu não consigo nem mesmo lembrar da última vez que tive um relacionamento, você é uma repórter com uma carreira promissora, você quer mesmo correr esse tipo de risco? — Moira virou-se para mim e me olhou fixamente. — Eu preciso saber, isso é uma crise de identidade? Um complexo de Messias? Porque eu não preciso ser salva, Cookie. Eu estou muito bem neste lugar, eu pertenço a ele. — Ela não tinha agressividade ou raiva no olhar, apenas queria saber o que eu realmente sentia.

— Eu só quero conhecer você, quem você é além dessas paredes. Estar com você. — Um sorriso formou-se em seu rosto.

— Tudo bem, Kara Danvers, me leve a um restaurante. — Ela aproximou-se e beijou minha bochecha. — Depois para ver uma comédia romântica de quinta. — Ela tinha um tom debochado, mas era sua reação para tudo.  

— Nós podemos fazer tudo isso hoje à noite, mas agora estou atrasada para uma reunião com Cat. — Beijei sua boca rapidamente e sai da cama.

— Tudo bem, eu estarei esperando com o jantar quando você voltar do trabalho, querida. — Moira tirava sarro das convenções comuns de toda forma.

— Por favor, eu não quero comer peixe pela terceira vez essa semana, mulher. Varie o cardápio. — Ela caiu na gargalhada. Sai do quarto ainda ponto meu casaco.

 Por mais difícil que fossem as coisas para mim naquele novo mundo estavam ganhando formas e novos horizontes, era difícil imaginar o outro “eu” naquela situação, mas eu sentia que isso havia me moldado para melhor. CATCO permanecia a mesma, Cat aterrorizava a todos e tinha a admiração de todos.

— Kara Danvers sendo pontual, se eu fosse religiosa chamaria de milagre. — Ela não iria deixar por menos meus anos de ausência.

— Eu entreguei para você uma matéria sobre o tráfico de armas que vai render manchetes e prisões por meses. Qual o motivo da bronca que vou levar? — Sentei no sofá um tanto distante de mesa de Cat, ela foi até mim.

— Eu não estou aqui para bater na sua adorável carinha, eu estou aqui para te dar uma notícia. — Pude ver orgulho nos olhos de Cat, eu receberia uma boa notícia. — Você concorrerá ao prêmio pulitzer, talvez com chances reais de derrotar Lois Lane. — Aquela era uma surpresa de proporções incalculáveis.

— Mas eu só tenho 25 anos. — Aquela era a coisa mais estupida que eu poderia ter falado.

— Você vai dizer isso como agradecimento quando ganhar? — Cat deu um suspiro quase irritado. — Você é a jornalista mais brilhante da sua geração neste lugar, Kara. Pare de se limitar pela sua idade, gênero ou orientações. — Eu não percebia que limitava, mas minha chefe tinha um ponto.

— Eu tentarei seguir seu conselho da melhor forma possível, eu prometo. — Ela sorriu discretamente.

— Tudo bem, hoje à noite você marcará presença na festa de gala das senhoras Luthor e Kane. — Ela me jogou dois convites. — Faça alguns amigos e procure não se esquecer, jornalismo é sobre andar entre as víboras, arrancar seu veneno e fazê-las engasgar como ele. — Havia uma história lá para mim, ela não me enviaria a uma festa de gala pela diversão de me ver tropicando em saltos.

Peguei os convites e sai, era manhã de sábado.  O que a Kara dessa realidade faria em dias assim? Tentei pensar em algo, mas tudo que vinha a cabeça eram meus sábados com minha irmã. Vasculhei minha bolsa em busca do meu telefone, porque era tão difícil discar o número e Alex, nós estávamos afastadas há dois anos e eu nem ao menos lembrava o motivo, ou tinha consciência dele. Por fim tomei coragem, duas chamadas depois ela atendeu.

— Ei, eu sei que não costumo ligar com tanta frequência, mas você quer sair comigo hoje um cinema como antigamente? — Ouvi sua respiração do outro lado e nada além disso, foram longos minutos até que falei novamente. — Eu vou entender se você não... — Ela me interrompeu imediatamente.

— Me desculpe, eu só fiquei surpresa com a sua ligação. Eu adoraria, te pego na sua casa em uma hora? — Alex queria aquela reaproximação tanto quanto eu.

— Na verdade, eu já estou aqui. — Ela apresentou-se na varanda e fez sinal para que eu subisse. Desliguei o telefone e corri para dentro do prédio.

Entrar naquele elevador fez com que me estomago revirasse, era como se eu estivesse prestes a enfrentar as consequências por um ato de crueldade que cometi, com a certeza de que era uma gentileza. Alex me esperava com a porta aberta.  

— Porque você veio depois de tanto tempo? — Ela disparou a pergunta antes mesmo de fechar a porta depois que entrei.

— Eu quero reconquista a única boa relação que tive em minha vida. — Dei a resposta mais sincera que pude.

— Você não precisa algo que nunca perdeu, Kara. Eu sempre estive aqui, você que apenas se fechou depois do incidente. — Ela preferiu a palavra incidente, como se ela servisse para mascara algo pior.

— Foi minha culpa? — Ela olhou-se me relance enquanto senta-se.

— Não, não foi sua culpa, você sabe que não foi. — Ela olhou-se com compaixão e carinho de uma forma que só uma irmã mais velha consegue fazer.

— Então porque eu sinto que foi? Alex, eu sinto nos meus ossos que foi minha culpa, mas quando tento relembrar aquele dia especifico, eu apenas...tenho certeza que poderia ter feito mais. — Tudo que eu tinha eram sensações e memorias confusas, esperava que ela me desse as respostas.

— Ele é seu primo, você não podia mata-lo, eu sei que muitos dizem que se você tivesse o finalizado, aquelas pessoas não teriam morrido, mas você não podia. Ele é sua última lembrança de Krypton. — Quando ela falou repentinamente as memorias vieram à minha cabeça, Kal e eu lutando entre multidões levando prédios abaixo com pessoas dentro, ele não estava lucido. Apenas atacava e atava como um monstro descontrolado. Então, essa era a culpa que eu carregava? Escolher entre a vida de um a milhares?

— Eu poderia ter matado ele de mil maneiras diferentes aquela noite, mas ainda sim escolhi tentar salva-lo. — As lembranças que me vinham eram um fardo pesado, Kal estava sobre o domínio psíquico de alguém que eu ainda não conseguia vislumbrar. A mulher nas sombras, ela era poderosa o suficiente para tomar a mente dele e a minha, mas não o quis, ela apenas queria se divertir vendo os dois seres mais poderosos da terra trocarem socos até a morte.

— Caso você fizesse o que diz, muitos teriam sido salvos, mas você teria se perdido para sempre. Você escolheu salvar seu primo, hoje ele vive feliz, alegre-se com isso. — Ela tentou confortar-me.

— Mas a terra perdeu seus dois maiores heróis aquele dia. — Suspirei pesadamente. Eu conseguia me ver puxando o corpo de vários civis de escombros, passei semanas sem dormir ou comer, até que a última vítima fosse resgatada.

— Não, você ainda está aqui. — O olhar de Alex era quase como uma promessa de um futuro, ser a Supergirl novamente não estava nos meus planos, apenas Kara bastava.

Seguimos o restante do dia como fazíamos antes tudo que aconteceu, entre minha tentativa de reescrever a realidade e criar uma nova com tantas tragédias quanto à antiga, aparentemente eu estava feliz novamente. A noite foi minha hora de estar a bordo de um vestido elegante e saltos que me fazia andar desengonçadamente, eu estava em direção ao bar quando vislumbrei Lena na varanda, ela conversava com sua mãe, meu coração acelerou e de repente, estava voltando a ser apenas aquela garota assustava que era quando a vi pela primeira vez. Eu deveria continuar em direção ao bar, não o fiz, pelo contrário andei em direção a Lena, eu precisava ouvir sua voz novamente.

— Senhorita Luthor, creio que você me deve uma exclusiva. — Julguei por sua expressão de descontentamento ao lado que Lilian que ela precisava ser salva.

— De fato. — Ela olhou para a mãe e a deixou para trás rapidamente.  — Danvers, não é? — Assenti. — Devo dizer que já me sinto uma amiga intima de sua, leio suas matérias assiduamente. — Ela realmente era uma fã do meu trabalho. — Mas eu devo dizer que é estranhamente surpreendente, saber que você é tão jovem. — Andamos em direção a sacada, sem nem ao menos perceber que nos afastávamos dos convidados.

— Talvez eu não seja tão jovem quanto aparento. — Ela sorriu e em seguida deu um suspiro quase descontente, eu conhecia Lena, ela não estava satisfeita ali. — Essa festa é verdadeiramente entediante, o que você acha de nós fugirmos um pouco? — Ela poderia de alguma forma recusar, mas não o fez. Só apontou para uma sala ao lado, eu a segui. — Uma sala completamente branca com um piano? Que tipo de ricaça excêntrica você é? — Indaguei logo que entrei no local. Lena deixou a porta entreaberta para que possamos ainda ouvir o que se passava na festa.

— O tipo com problemas para conviver socialmente e busca refúgio na música. — Olhei do piano para ela.

— Toque algo para mim. — Pedi quase como se a desafiasse, quando ela estava se dirigindo ao piano foi trazida de volta por uma voz familiar.

— Eu vou pedir uma única vez delicadamente, deixe-me passar. — Era a voz de Kate, Lena andou rapidamente até a sacada.

— Você não vai entrar nesse baile com essa roupa, Kane. Tenha consideração por seus filhos e sua esposa. — Lilian advertia a nora que usava apenas uma camiseta e calça jeans.

— Ou você me eixa entrar ou eu chuto seu traseiro magricelo daqui até o salão central. — Lena revirou os olhos.

— Senhoras e senhores, minha adorável esposa e minha diabólica mãe. — Ela quase resmungou. — Eu devo ir, mas posso ligar para você, talvez para um café? — Balancei a cabeça em afirmativo e ela se foi, logo eu estava sozinha na sacada.

— Ouh, isso é tão tocante, você abriu mão de tudo para salva-la, abriu mão da sua pureza e alma bondosa. Eu admiro isso. — O sotaque britânico que atingiu meus ouvidos me fez arrepiar. Eu não conseguia mexer um único dedo, só pude o perfume da mulher me deixou embriagada, ela tinha o cheiro doce de uma morte desejada. — Mas não há ato de heroísmo sem consequências. — ela finalmente saiu das sombras. Seus cabelos eram longos, ondulados e negros, seus olhos tinham uma escuridão tão vasta que quase me perdi só por mira-los por alguns segundos, sua pele tinha um tom bronzeado leve, quase como se visitasse praias frequentemente. Ela deu posicionou-se atrás de mim, a festa silenciou-se como se o tempo tivesse parado, eu ia descobrir mais tarde que ele realmente tinha.

— Quem caralhos é você? — Indaguei tentando me mexer, mas meu corpo não respondia ao meu comando.

— Você sente falta, não sente? — Ela moveu meus cabelos, pude sentir sua boca tocar meu pescoço, aquela sensação de impotência era horrível, eu estava me sentindo violada de várias maneiras possíveis.

— Pare com isso, por favor... — Seu cheiro continuava a embriagar-me.

— Shhh... — Senti suas mãos descerem por meus braços, gritar naquela situação seria humilhante e ninguém viria por mim, algo me dizia isso. — Agora eu imagino o que nós poderíamos ter conquistado, se você tivesse permanecido ao lado dela. — Um beijo foi plantado em meu pescoço. — Você pode achar que não me conhece e que estou violando você, mas você me conhece, Kara. — Tentei lembrar-me dela, mas aquele sotaque britânico e aquela presença me eram totalmente estranhos. — A minha respiração costumava ofegar em seus ouvidos por horas e minhas mãos... — Ela desceu com elas até minha barriga, pelo fino tecido do vestido senti sua pele fria. — Minhas mãos costumavam passear por todo seu corpo. Meus lábios ficavam por horas grudados na sua pele, você se contorcia como uma virgem em sua primeira vez todas as vezes que estava comigo. — Ela finalmente desfez fosse qual fosse seu feitiço e pude me mexer. A empurrei contra a parede.

— Que você pensa que é? — Minhas mãos estavam em seu pescoço, mas ela sorria como se estivesse gostando.

— Você podia até pensar que estava dormindo nos braços de um anjo, mas era nos dedos de um demônio que você gozava todas as noites, meu amor. — Ela juntou seu dedo indicador e o do meio levando-os a boca e os lambendo.

— Pare com isso, sua vadia doente. — A soltei e respirei fundo. — Quem é você? — Indaguei.

— Você é realmente lenta para uma jornalista investigativa, meu nome é Nix, mas no mundo dos homens sou conhecida como Catriona Ives. — Ela me estendeu a mão, eu não conseguia acreditar naquilo, eu tinha que parar de acrescentar mulheres a minha lista. — Eu diria que é um prazer conhecer você, mas nós já fodemos de tantas maneiras diferentes, que não tem uma única marca em seu corpo que eu não reconheça. — Como aquilo era possível.

— Como? — Foi a única coisa que consegui falar.

— É simples criatura insignificante, deuses são imunes ao tempo, quando você mexeu com forças que desconhece me separou de Lena, nossa história inteira foi mudada. — Ela andou em direção a mim um tanto furiosa. — Você fez dela uma mortal insignificante frágil como uma folha de papel e de mim a escuridão encarnada. — Seu vestido move-se ao vento. — Agora, tudo que eu quero é voltar para o corpo quente e confortável de Lena, me tornar uma só como nós éramos antes, mas isso não é possível graças a você. — Logo quando eu achava que tinha tudo sobre controle aquilo me acontecia. — Como vingança, eu poderia foder você de tantas formas diferente que você esqueceria seu próprio nome, mas eu não vou fazer isso. Pelo contrário, eu quero que você me ajude a compreender esse mundo. Me ajude a ser humana. — Aquilo era um pedido ou uma intimação ?

— Primeiro comece não assediando pessoas em festa e segundo contrate uma professora de etiqueta, ela vai ajudar você. — Tentei sair, mas ela impediu-me.

— Escuta bem, eu tentei ser gentil, mas não foi possível. Então serie direta, você me ajuda nessa adaptação ou eu escreverei um novo filme chamado “50 tons de me ferrei” estrelando Kara Danvers. — Engoli a seco, ela realmente me assustava. — Estamos entendidas? — Balancei a cabeça e ela se foi como num passe de mágica.

Porque coisas daquele tipo continuavam me acontecendo, qual era o problema do universo comigo? Catriona ou Nix, era o desequilíbrio em pessoa, eu a fiz em essência sombras, sem uma única parcela da luz que Lena dava a deusa que habitava em seu corpo, agora cabia a mim lidar com isso.


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Notas finais do capítulo

Acabamos por aqui, não esqueçam daquele belo comentário e até a próxima.



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