Tempo escrita por Lostanny


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Spoilers do ep 9, não custa avisar. q



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Diferente do que os irmãos Matsuno poderiam pensar, Homura e Jyushimatsu se conheciam há bem mais tempo. Homura atendia a mesma escola que todos eles quando, um dia, desapareceu sem dar qualquer explicação. Jyushimatsu, como amigo dela, não poderia deixar as coisas ficarem daquela maneira.

Então, recorreu ao diretor da escola que, depois de uma breve intimidação por parte do garoto, lhe contou sobre os problemas financeiros que a impediam de continuar estudando.

Desse modo, o quinto irmão entendeu que, mesmo que soubesse antes por meio da garota, não poderia ajuda-la como gostaria. Sorrisos não pagavam aluguéis ou mensalidades. Tentou permanecer otimista até que de fato se convenceu de que nem tudo estava tão mal assim. Um dia, eles iriam se reencontrar. E, quando isso acontecesse, jurou para si que dessa vez faria diferente. Não deixaria o sorriso no rosto dela sumir de qualquer maneira.

Logo, segurou o choro que ameaçava se apoderar dele na menor das lembranças, por todo aquele tempo. Sorria mais e mais para esmagar o seu sufoco. Foi difícil, mas, felizmente, ele não tinha se enganado, porque a viu. A voz, o olhar, o caminhar, tudo aquilo a tinha entregado, ainda que tivesse uma aparência distinta de quando era estudante.

Foi ali que Jyushi soube que realmente a amava, uma vez que, ao invés de se preocupar com a beleza de sua nova aparência, Jyushi só se importou que ela estivesse bem e que enfim poderia abraça-la como antes. Tentou, de fato, envolve-la em seus braços com afeição, mas ela se assustou.

— Que m*rda você está fazendo? — Homura disse com aborrecimento, medo, e mais sentimentos negativos.

Jyushi se sobressaltou de imediato. Entendia que havia sido muito repentino, ela nem deveria se lembrar mais dele àquela altura...

—... Jyushimatsu-kun...? — Homura disse, muito espantada, quando soube quem era a pessoa a sua frente.

Sem esperar que ele respondesse, ela correu.

 

Veio o momento do penhasco. Homura estava bem decidida quanto a sua escolha, ainda que Jyushi tivesse se aproximado do local para treinar algumas rebatidas. De certa forma, estava impressionada com a insistência dele. Quer dizer, ela esperava aquele tipo de atitude por parte do outro, porque quando o amigo colocava algo na cabeça não havia quem tirasse a ideia.

Mas havia tantas pessoas naquele mundo, naquela cidade, por que perder tempo com alguém que não valia a pena? Porque ela não valia... desde o tempo da escola, era uma pessoa triste, sem mérito algum. Entretanto, Jyushi ainda havia lhe dito, na primeira vez que se falaram:

“Quero te fazer sorrir mais! Você fica muito linda, uma modelo!”

O que será que a havia feito rir daquela vez? Não fazia mais a mínima ideia, mas o que Jyushi lhe havia dito foi uma das poucas coisas gentis que ouviu de alguém desde que havia colocado os pés naquela terra. Com apenas aquilo, a tinha motivado a trabalhar melhor como assistente da enfermeira até que não pudesse mais.

Eles, com o tempo, tinham ficado tão próximos... “Por que tinha que acabar?” Homura se perguntava, enquanto se afundava mais e mais no emprego que detestava para que conseguisse alguma água e pão.

Queria acabar com a sua vida de merda, mas também não queria acabar com as ilusões que seu sol querido tinha de sua pessoa. Então, acabou por se sentar no penhasco, com algum fio de esperança que Jyushi desistisse, mas ela não viria a saber a real conclusão, pois o garoto terminou por ser pego em uma das ondas do mar agitado.

Ao ver aquilo em primeira mão, seu corpo se moveu por conta própria, para longe de seu próprio fim. Não poderia deixar algo como aquilo acontecer àquela pessoa, pois tinha certeza de que ainda havia pessoas que seu sol poderia salvar.

Dessa forma, diferente de tudo o que poderia ter imaginado enquanto se aprontava para ir até aquele lugar, ela se viu sorrindo outra vez, rindo até, enquanto tirava a água dos pulmões de seu amigo. Como não rir quando algo tão simples como uma expressão divertida estava espantando todos os demônios que abrigavam em si?

 

Uma pena, pois mesmo que entendesse bem que amava aquele garoto, aquela cidade havia lhe causado tanto mal que, mesmo que vivesse, não poderia mais permanecer ali. E ao ouvir como Jyushi falava de sua família, tanto na época da escola como depois que o tinha salvado, não poderia pedir para que ele fosse embora junto com ela.

Não queria, principalmente, que seu amado acabasse por sentir o mesmo que ela quando passou a viver em Tóquio: perdido e desamparado em um lugar que não lhe era conhecido.

Portanto, Homura iria embora e quebraria o coração dele, mesmo que o dela se quebrasse tanto quanto o de sua vítima. Pelo menos, Jyushi tinha as pessoas que amava para ajudá-lo no que precisasse. Ela não teve a mesma sorte quando as desilusões lhe bateram seguidas vezes. Então, de certa forma, também sentia um pouco de inveja do sol que a iluminava. Não lhe diria nada disso, claro.

 

Qual foi sua surpresa quando viu Jyushi na estação depois que ela tinha lhe dado um fora?

O “vamos nos encontrar outra vez” fez com que algumas lágrimas chegassem aos seus olhos, lágrimas que não demoraram em vir com mais força para não quererem mais parar...

Até que um sorriso espontâneo se expressasse em seu rosto. As memórias de um mês e as memórias de antes de um mês, tudo, haviam sido um preço muito alto. Todavia, ela provavelmente estava muito mais perto da felicidade que tinha desejado para si quando pegou o trem para fora de sua cidade natal pela primeira e última vez.

Homura só precisava de mais um tempo. E ela sabia que teria um lugar para voltar que a protegeria de tudo: seu santuário, seu catorze.


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Notas finais do capítulo

Nos vemos!