Nunca me senti tão cansada e ao mesmo tempo tão assustada. Acabei de desembarcar no Aeroporto Internacional de Los Angeles, estou tão maravilhada por estar fora do Brasil, que eu nem acredito que seja verdade. Tudo é tão novo. Enquanto espero minha mala na esteira, fico com um sorriso que vejo a hora da minha boca rasgar. Observo os outros ao meu lado, pegando suas malas e indo embora sem darem a mínima as pessoas ao seu redor.

EU: “Essas pessoas devem ter viajado tanto que isso já é normal”.

Peguei minha mala e fui falar com uma das atendentes:

EU: Boa Noite. – Presumo que seja de noite, por todas as horas que fiquei viajando e por não terem tantas pessoas, o que acho estanho por ser uma cidade tão famosa.

Atendente: Boa Noite! Em que posso ajudar? – fala exibindo um sorriso acolhedor, ao qual retribuo de volta.

A atendente parece jovem, deve ter entre seus 28 a 30 anos. Alta, cabelos pretos e pele branca, parece aquelas atendentes de filme, não podia esperar menos da cidade dos sonhos.

EU: Poderia me dizer que horas sai o meu voo – entrego a ela minha passagem para Coreia do Sul e meu passaporte.

Atendente: Espere um minuto – ela se voltou para um pequeno computador que estava camuflado pelo o balcão de mármore preto – Seu voo parte daqui a 40 min. – Estende a mão devolvendo meus documentos.

EU: Obrigada. Poderia me informar a hora? Não sou muito boa com fuso horário. – Tento fazer as contas na cabeça, mas não consigo isso é muito complicado.

Atendente: Claro! É 01: 20 da manhã.

EU: Muito Obrigada. – Agora explica o porquê de não ter tantas pessoas – Vou indo, obrigada novamente. – Ajeito minha mochila no ombro.

Atendente: Ao seu dispor. Tenha uma boa viajem. – Abre outro sorriso, que retribuo e sigo arrastando minha mala de carrinho.

Ando pelo aeroporto atrás de uma lanchonete, preciso comer. Encontro uma que tem mesas, sento e peço um suco de maracujá e um sanduiche. Perco-me com a vista das luzes da cidade, eu gostaria muito de conhecer a cidade, seria divertido. Quem sabe numa próxima, meu destino agora é outro.

Ainda não acredito que eu esteja fazendo essa viajem. É tudo um sonho. Vem-me lembranças de horas atrás.

               ------------------------ Flashback – ON ---------------------------

Brasil 12:30 PM

EU: Estou tão empolgada, mãe. Nem acredito. – empolgada não era bem a palavra, porque o que estou sentindo não tem explicação.

Mãe: Calma minha filha! – ela sorria para mim, mas no fundo eu sabia que ela não queria que eu fosse. Ela é do tipo mãe protetora e carinhosa.

Eu tento respirar fundo para ver se me acalmo. Estamos no aeroporto de Fortaleza-Ceará, meu voo vai partir às 13 horas para sua primeira parada em Los Angeles. Eu comprei minha passagem para classe média. Será minha primeira vez em um avião, espero que eu viaje confortavelmente.

Pai, mãe e meu irmão estão juntos comigo para se despedirem. Vou sentir falta deles, sei que não vou passar muito tempo lá, no fim do ano estarei de volta. De Julho para Novembro num instante passa.

EU: Mãe. Pai. Vou sentir muita falta de vocês – dou um beijo e um abraço em cada um, me segurando para as lágrimas não caírem.

Mãe: Vai com Deus. E me ligue todos os dias – ela fala compassadamente, acho para que não comece a chorar também.

Pai: Tenha uma boa viajem. Se precisar de alguma coisa, me ligue – me dando um abraço apertado. Sinto-me muito confortável naqueles braços que sempre tiverem presentes na minha vida.

Viro-me para abraçar o meu irmão.

EU: Achou que eu me esqueci de você? Mesmo que briguemos muito, vou sentir sua falta. – lhe dou um abraço apertado.

Irmão: Conseguiu né irmã? Vai lá conhecer seu chineses. – até no momento de se despedir ele tira minha paciência.

EU: Coreanos – ele começa a rir enquanto faço uma cara feia para ele.

Irmão: Tudo a mesma coisa. – ele coloca os dedos no rosto e puxa os olhos.

EU: Voc... – mãe interrompe.

Mãe: Não acredito que vocês dois vão começar a brigar aqui no aeroporto.

Pai: Já está na hora de ir. Aqui seus documentos. Tenha uma boa viajem. – pegos os documentos da mão dele, levanto o aro da mala e começo arrastá-la.

EU: Até mais. Amo vocês. – entrego o passaporte para um dos funcionários que dá uma olhada e me devolve, abre a passagem e continuo meu caminho para o avião.

AVIÃO 13:00

Já estou bem sentada no meu lugar, poltrona 10 ao lado da janela. Do meu lado está sentada uma senhora em seus 60 anos e sua neta adolescente. A senhora aparenta ser muito simpática.

Senhora: Minha querida está bem? Primeira vez que viaja de avião? – “Será que está tão na cara? Pensei que conseguira parecer calma.”.

EU: Está tão na cara? – a senhora ri docemente.

Senhora: Um pouco. – da outra risadinha. - Você me lembra da primeira vez que viajei de avião. Não se preocupe vai ser uma viaje tranquila.

EU: Deus te ouça. – Eu nunca fui uma pessoa muito corajosa, principalmente com minha vida em risco.

O interfone interrompeu a conversa. A aeromoça começou a passar as instruções aos passageiros, eu ouvi atentamente, acredito que nunca prestei tanta atenção na minha vida.

“Caros passageiros, coloquem os cintos...”.

 Eu já tinha era colocado, foi à primeira coisa que eu fiz a sentar.

“... em cima nos compartimentos temos as máscaras de oxigênio... desliguem os aparelhos eletrônicos... Espero que aproveitem a viajem.”

 Mesmo com todas essas instruções eu ainda me sentia apavorada. O avião começou a se mover, eu segurei com toda força nos apoios de braços. Quando começou a subir, tinha certeza que meu coração ia sair pela minha boca.

EU: Ave Maria cheia de graças... Pai nosso... Jesus! – eu não conseguia fazer uma oração decente, não conseguia raciocinar. A única coisa que conseguia era pedir a Deus era que eu vivesse, por isso que se diz que não existe ateu com o avião caindo, apresar que está subindo.

Depois de alguns minutos o avião se estabilizou, a aeromoça avisou que poderiam se mover pelo espaço, mas eu ainda continuava imóvel. A senhora parecia ter se divertido com o meu show, mas fez como se não tivesse notado, sua neta nem olhou para mim, ela tinha um estilo bastante roqueiro e antissocial.

Senhora: Está indo a passeio ou vai morar lá em LA? – “ela deve estar puxando assunto para ver se eu me acalmo.”.

EU: Nem um dos dois, LA é a primeira parada, meu destino é Coreia do Sul. – quando falei isso à neta dela demonstrou certo interesse, mas não disse nada.

Senhora: Que interessante. No meu caso estou indo visitar minha filha. Ainda não me apresentei meu nome é Abbe, e esta é minha neta Maria, ela tenha 14 anos. – Ela parecia muito orgulhos a cerca de sua família, isso era muito bonito.

Maria: Mary. – diz bem alto, olhando para avó. - Meu nome é Mary. – “Acho que ela não gosta muito do próprio nome”. Foi a primeira vez que eu a ouvi falar.

 EU: Prazer, meu nome é Anne. – falei fazendo um leve aceno com a cabeça.

Abbe: Maria! – a neta não gostou nada da vó chama-la por esse nome de novo – Desculpe-a, ela esta chateada. Não conseguimos passagem para mais cedo, ela queria estar em um show de uns japoneses que vai ter por lá.

Mary: Coreanos Vó!!! – eu dei uma risada. “Pelo visto não sou a única que sofre com isso”- Vó é o Kcon, meus grupos favoritos estarão se apresentando.

EU: Então você também gosta de Kpop. – falei para Mary. – Eu também queria poder ter ido, queria poder ver o BTS.

Mary: Você falou “BTS”. – Seus olhos brilharam, parecia que ela me conhecia ha vários anos.

Passamos a viajem conversando contando um pouco das nossas vidas e um pouco de Kpop (é claro). Eu me esqueci completamente que estávamos no avião, graças a Deus que a viajem ocorreu tudo bem.

Quando chegamos a LA. Despedimo-nos, trocamos número e prometemos que nos veríamos novamente.

       -------------------------- Flashback –OFF-------------------------

Perdida em meus devaneios nem percebi o tempo passar. Quando olhei no relógio da lanchonete faltavam 15 minutos para o meu voo. Paguei a conta e corri para o banheiro e me limpei, estava até decente para quem passou tanto tempo em um avião, estava de calça jeans, uma regata preta com um blusão listrado vermelho e um all star vermelho. 

Corri para o avião.  Sentei-me no meu lugar, o clima estava calmo, dessa vez o avião tinha poucas pessoas. Não tinha ninguém sentado do meu lado. Todos os procedimentos aconteceram e levantamos voo, dessa vez eu estava mais calma, com o tempo irei me acostumar.

“Agora Coreia me aguarde, estarei chegando em breve. Sinto que será uma aventura e tanto.”