Os Rejeitados escrita por Fabinho Palermo


Capítulo 6
Decepção




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Geist finalmente conclui seu trajeto chegando ao castelo. Logo em sua base ela o olha de cima a baixo procurando por entradas e até mesmo armadilhas.

Não consegue deixar de notar a imponência que a construção transmite. Por um instante ela imagina o castelo na época de sua conservação, uma verdadeira fortaleza, com seus muros altos feitos de pedras espessas que até mesmo um cavaleiro teria dificuldades para transpassá-las.

Hoje essa fortaleza é uma casca do que representava. Castigado pelo tempo os muros agora contém diversas rachaduras e buracos, provavelmente devido a batalhas.

As janelas estão quebradas, expondo salões tomados pela escuridão, que somente alguém mais treinado conseguira enxergar se há movimentação.

Suas poucas, mas estratégicas, torres, que outrora foram palco para canhões, estão quebradas, cheias de destroços. Contrastando com os telhados perfurados.

Após breve análise a amazona caminha a passos mais lentos pelo caminho de terra. Sua armadura vai rompendo os espinhos ao redor e quanto mais avança em direção a entrada ela percebe que a porta está aberta.

É apenas uma fresta mas suficiente para que consiga entrar.

— Obrigada por deixar a porta aberta, seria um desperdício ter que destruí-la. - Geist se expressa debochadamente.

E na verdade seria mesmo, de todo o castelo a porta era o único item em bom estado. Com uma entrada ampla, e portões que abrem em duas partes, de madeira maciça reforçada, já desbotada pelo tempo.

Imóvel próximo a porta, Geist mais uma vez analisa ao seu redor.

A antessala espelha o exterior do castelo. Um espaço considerável, provavelmente era onde pelejavam nos tempos de guerra, mas hoje com conotação sombria.

Sua paredes também desgastadas pelo tempo, com rachaduras, candelabros vazios e com teias de aranha.

Do teto apenas luz do luar pelos diversos buracos no telhado. Lustres quebrados balançando sinistramente devido ao vento.

No chão há um tapete da entrada até o salão principal, todo rasgado e desbotado. É o único caminho desobstruído. Pois as suas laterais há diversos móveis quebrados e alguns esqueletos em outras partes do salão.

Geist, guiada pela iluminação de tochas, cruza a antessala chegando ao salão principal.

— Olá Geist, estávamos te esperando, porque demorou tanto?

O anfitrião diz cordialmente sentado confortavelmente em um trono, ao fim do salão, segurando um cálice de vinho.

A amazona mantém sua guarda alta e tenta analisar a pessoa à sua frente, sem muito sucesso devido ao mesmo estar com um sobretudo de capuz, todo negro.

Antes de qualquer outra coisa Geist percebe um esqueleto caído aos pés de trono. Pela posição do esqueleto parece que a pessoa foi feria e caminhou agonizando até, escorou no trono, e caiu indo a óbito.

Porém não é qualquer esqueleto, as vestimentas que o cobrem se assemelham muito a de uma companheira de treino.

Geist tem flashs de memória e em um ato imprudente ataca a figura ao trono.

Recobrando a consciência Geist percebe que está caída e não conseguiu concluir o ataque e sua máscara contém sangue expelido pela sua boca.

A amazona cometeu um erro que não deveria ser cometido, um erro de principiante, um erro imperdoável para sua patente.

Ela gira a cabeça e percebe outro inimigo, em pé, ao lado do trono. Seu atacante. Trajando uma armadura negra.

Sua estatura é de aproximadamente 1,93 metros, pele branca, cabelos loiros e curtos, olhos castanhos. Sua aparência demonstra que ele é um pouco mais maduro que os demais. Há uma cicatriz na bochecha esquerda, fazendo contraste com seu cavanhaque de tom loiro.

— Ora, ora, ora, mas que descuido foi esse? Não perca a cabeça logo cedo. - Debocha a figura no trono.

— Você parece me conhecer bem demais, quem é você? - Geist indaga.

— Acalme-se, se você derrotar meu subordinado terá suas respostas, que tal? - Diz a a pessoa no trono.

— Vai se arrepender, diz Geist firmemente enquanto se levanta.

— Esplêndido, que comece o espetáculo! - Ordena a figura sentada ao trono.

O cavaleiro negro salta para perto de Geist e se curva, cumprimentando.

— Eu sou Houtman, o cavaleiro negro de Peixe Espada. - Se apresenta calmamente.

 Geist sem perder tempo ataca o oponente com suas garras mas Houtman se move rapidamente conseguindo evitar todos os ataques.

— Não vai escapar, GARRAS DE TROVÃO. - Geist ataca ferozmente

Geist ergue seu braço direito e de sua mão sai eletricidade, uma voltagem altíssima.

Houtman acaba sendo atingido ao ataque a curta distância e é arremessado para trás.

— Você é mais forte do que eu suspeitava. - Diz Houtman.

— Vou encerrar logo esse combate senão poderei ter problemas. Houtman pensa

— Experimente a NUVEM DE MAGALHÃES.

Houtman abre seus braços e no meio deles surge uma nuvem de cor avermelhada que avança até Geist, envolvendo-a.

A inimiga desaparece dentro da nuvem, pode-se ouvir Geist gritando enquanto a nuvem a bombardeia com vários objetos celestes juntamente com alguns raios.

Quando a nuvem cessa Geist está em pé imóvel muito machucada.

— Ainda em pé? Merece os parabéns por esse feito. - Diz Houtman em tom de surpresa.

— Vou acabar com você de uma vez, MORRA.

O Cavaleiro Negro de Peixe Espada dispara correndo em direção a Geist e a atravessa o coração com sua espada, localizada no braço direito.

Escorre sangue por baixo da máscara da amazona.

— Venci. Quando chegar ao outro mundo não se sinta envergonhada, você foi uma oponente digna. - Diz Houtman satisfeito.

— Argh. O peito de Houtman é transpassado por uma rajada de cosmo.

GARRAS DO INFERNO. Diz Geist com solenidade.

— Não entendo.... Houtman cospe sangue.

O já ajoelhado Cavaleiro Negro olha a imagem à sua frente se desfazer e com satisfeito sorriso cai inerte.

— Parabéns, é digna de aplausos (plat plat plat) - Ironiza o inimigo sentado ao trono

— Deixe esse teatro de lado e responda minhas perguntas agora mesmo. - Geist lança um raio de cosmo enquanto corre em direção ao oponente.

— Tsc tsc. Você foi muito habilidosa vencendo meu subordinado mas parece que a nuvem a feriu não é?

— Mas como? Geist indaga-se quando percebe que o inimigo se movimentou tão rápido a ponto de surpreende-la pelas costas.

Ambos sabem que chegou a hora da batalha decisiva. E com tranqüilidade o inimigo começa a tirar seu sobretudo.

Ao jogá-lo no chão o inimigo que se revela uma guerreira não pode deixar de notar que mesmo abaixo da máscara Geist tem um olhar de surpresa e descrença.

— O que foi, não está me reconhecendo?

Indaga a guerreira de estatura similar a amazona de Bronze de Serpente Menor.

Diferentemente do salão anterior este está bem mais conservado. Com o chão limpo ainda que o tapete seja o mesmo, todo desbotado. Há ótimas tapeçarias penduradas pelas paredes contrastando com alguns quadros.

Com boa iluminação, fruto de um majestoso lustre, Geist pode perceber não só estes detalhes mas não há como negar que a sua frente, a guerreira de pele clara, com cabelos até os ombros, lisos e castanhos, e seus olhos esverdeados é sua companheira desaparecida.

Só que diferentemente da última vez que se viram onde seus olhos eram cheios de alegria, agora só há ódio.

— Não é possível, pensei que você estivesse morta. Geist diz gesticulando com uma mistura de sentimentos.

— Não sou um fantasma.

— Mas naquela ocasião, quando ainda éramos crianças, nossa mestra nos levou para um treino especial no mar da Sicília, nós fomos atacadas por cavaleiros negros e sobrevivemos por pouco, mas você....

— Isso mesmo, diga! DIGA. A amazona grita de ódio.

— Vocês me largaram lá para morrer! - A guerreira cerra seus punhos enquanto se recorda.

— Não é verdade, nossa mestra lutou corajosamente contra os cavaleiros negros para nos proteger, mas eram muitos, quando eles nos atacaram te acertaram e você caiu do penhasco, no mar.

— Não havia nada que pudéssemos fazer naquele momento.

Geist tenta explicar.

— Mentira, vocês nem se preocuparam em irem me procurar, quando os reforços do Santuário chegaram vocês foram as escolhidas e eu fiquei a beira da morte presa a um rochedo, vi vocês me darem as costas e me largarem lá.

— Nós não sabíamos, nosso grupo estava muito ferido, precisávamos de cuidados urgentemente e pesávamos que tivesse morrido, ninguém sobreviveria a uma queda daquelas.

— Pois bem, eu sobrevivi, fui encontrada por um cavaleiro negro sobrevivente e ele me salvou, me treinou.

— Agora estou aqui, diante dos seus olhos, eu, Tiamat de Baleia Negra.

 

FIM DO CAPÍTULO


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Notas finais do capítulo

Imagem ilustrativa - Houtman de Peixe Espada

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Imagem ilustrativa - Tiamat de Baleia Negra

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