—Não sabia que você era tão boa com crianças. —Ouço a voz divertida de Werner, ele está deitado na cama junto comigo. —Assim que vi Millie ela veio correndo me dizer o quanto você era ótima e me contar que ela viu o seu vestido para amanhã, mas, mesmo eu implorando, ela não me contou como era. —Sorrio e viro o rosto para observá-lo.

—Fico feliz que ela tenha gostado tanto de mim, embora admito que talvez tenha a comprado com vestidos e sorvete. —Ele ri e balança a cabeça negativamente.

—É, você tocou no ponto fraco dela. —Dou de ombros, cuidando para não encostar no garoto a cada movimento. Agradeço pela cama grande o suficiente para que possamos deitar sem necessariamente nos encostarmos.

—Mas seu irmão não parecia muito feliz. —Falo, tentando não parecer muito preocupada. Werner bufa.

—Darius não gosta de nada e nunca está feliz com nada. —Posso perceber como isso irrita o garoto. —É apenas o ignorar que ele acaba deixando um pouco de lado essa fachada.

—Mas ele não vai contar para ninguém sobre isso, não é? —Werner balança a cabeça negativamente.

—Ele é inofensivo. —Quando percebe que eu não estou muito segura, ele continua. —Alias, não é como se ele tivesse alguém para contar isso. Mas eu falo com ele, se isso a deixará mais segura de que o segredo está a salvo.

Balanço a cabeça positivamente, mas assim que vejo Werner se levantar, fico tentada a mudar de ideia.

—É melhor eu ir, não quero que minha mãe pense que eu ando fazendo coisas indecentes com a rainha antes do casamento. —Balanço a cabeça e tento continuar seria, mas falho. —Até amanhã, Naomi. —Ele beija a minha testa e se afasta, me olha uma última vez e vai embora.

Nunca havia me sentido tão nervosa, o braço de Darrel parece ser a única coisa que me impede de sair correndo.

—Não se preocupe, você está linda. —Faço uma careta e ouço a risada fraca dele ao meu lado, agora que estou me olhando no reflexo das grandes portas da igreja, questiono minhas escolhas.

—Minha mãe… —Ele dá um suspiro fraco e sorri.

—Ela estava quase escalando as paredes, mantê-la parada foi um desafio em tanto. —O observo atentamente e só então percebo o quanto ele é parecido com o filho, como se alguém houvesse decidido desenhar o mesmo desenho com uma paleta de cores totalmente diferente: Darrel com cabelos pretos e olhos castanhos escuros, a pele em um tom oliva; Werner com olhos azuis como o oceano e cabelos loiros escuros, a pele clara e com sardas. —Isso é normal para um casamento, querida. Mas acredite em mim quando eu digo que meu filho deve estar muito mais nervoso do que você nesse exato momento.

Respiro fundo mais uma vez e percebo que as palavras de Darrel me deixaram mais calmas.

—Obrigada por ter aceitado entrar comigo na igreja, é algo realmente importante para mim. —Vejo os olhos do homem se encherem de lágrimas que não ousam escorrer.

—Como eu poderia recusar, Naomi? —E sorri. —Eu faria qualquer coisa pela sua família.

—Nossa família. —Falo e ele pisca para mim, o sorriso ainda em seu rosto.

O caminho até Werner parece imenso, como se não importasse quantos passos, isso só nos deixasse mais distante. Olho ao redor a procura de meu avô, mas não o encontro em lugar algum, posso ver a mãe e o irmão de Werner sentados na primeira fileira. A senhora Sears e a sua família estão ali também, assim como alguns outros membros do conselho, a maioria desacompanhado. A última pessoa para quem eu olho é Werner, que está me olhando boquiaberto, o cabelo penteado para trás e o terno impecável. Meu coração bate mais rápido do que nunca e, quando a sua expressão se transforma em um sorriso, sinto que estamos sozinhos ali, e sorrio de volta.

Tudo em que me concentro são nos olhos do garoto, eles parecem refletir toda a beleza do lugar e roubar toda a atenção. Quando Millie entra na igreja com as alianças todos parecem suspirar. Ela está ainda mais linda do que eu seria capaz de imaginar, procuro por Jeanne na multidão, que parece prestes a chorar e balanço a cabeça em aprovação para ela.

Me pergunto como as bochechas de Werner não doem de tanto sorrir.

Quando Millie finalmente entrega as alianças prendo a respiração, elas são as joias mais lindas que já vi em minha vida e os votos se tornam difíceis de serem pronunciados. Minha voz nunca esteve tão fraca.

O resto da cerimonia é um borrão, algo que passa rápido e devagar demais, a única certeza que eu tenho é da mão de Werner segurando a minha com força, parecendo orgulhoso demais por estar ao meu lado.

Estamos no novo quarto dele e tento absorver todos os pequenos detalhes, mas nada parece fazer muito sentido com Werner parado na frente da porta, a respiração acelerada.

—A primeira vez que eu te vi você estava perto da floresta. —O olho confusa. —Você não me viu, mas eu a vi, primeiro eu não achei que você fosse real, achei que estivesse em um tipo de sonho. Mas não era um sonho. Por isso a aliança é assim. —Olho para o anel em meu dedo, observo o modo que parece dois galhos entrelaçados de ouro e sorrio com o significado, olho para a safira que está entrelaçada aos galhos. —A pedra é para que, cada vez que você a olhe, não importa o quão longe eu esteja, você se lembre dos meus olhos.

Seguro a mão esquerda do garoto e a puxo para perto de meu rosto, sua aliança é como a minha, mas é mais larga e há um único topázio marrom no anel, sorrio ao perceber o quanto a cor é semelhante a dos meus olhos e o puxo para mim, entrelaçando os meus dedos em seus cabelos e o beijando, ele não demora para reagir e me levantar em seus braços, meu coração está batendo mais rápido do que nunca.

Meu corpo parece esfriar consideravelmente quando Werner se afasta para me olhar, suas bochechas estão coradas e os olhos ainda brilham como a pedra em meu anel, o cabelo bagunçado dando uma aparência divertida para ele. Mas nada disso se compara aos seus lábios e a forma como ele os morde.

—Será que agora eu posso assinar o meu nome como Werner Benjamin Steele? —Reviro os olhos para ele, que agora está com um sorriso divertido no rosto. —Soa bem melhor assim, você não acha? —Não tenho tempo para responder antes que o garoto avance até mim e volte a me beijar, parecendo ainda mais intenso como se tivesse medo de me perder se não me segurasse forte o suficiente, minhas mãos estão sem controle, percorrendo pelo corpo dele, meus dedos tremem enquanto eu tateio pelos botões de sua camisa e começo a abri-los. Posso escutar a respiração de Werner vacilar quando finalmente consigo tirá-la. O fato de eu ainda estar vestida me irrita e acho que o garoto percebe isso, pois logo eu estou de costas para ele, seus lábios em meu pescoço e as mãos abrindo o meu vestido, deixando-o cair no chão mais silenciosamente do que eu esperaria.

—Você deve ser uma das coisas mais lindas nesse mundo. —Fala assim que eu me viro, minhas bochechas estão coradas e minha respiração acelerada. Tudo o que eu consigo pensar é em Werner, seu nome é um pedido em minha mente e eu só o quero mais perto de mim a cada minuto que se passa.

Seus beijos parecem deixar uma onda de calor a cada centímetro de meu corpo, tornando cada minuto melhor que o outro.

Nunca estive tão tranquila e tão agitada em toda a minha vida.