Órion escrita por Makemecry


Capítulo 3
Supermarket Flowers


Notas iniciais do capítulo

Criticas(não ofensas)e dicas são sempre aceitas.



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 —Recebemos noticias da Nova Itália, eles abriram o porto e estão permitindo refugiados em seu país, asim como a senhorita falou. —Concordo com a cabeça e ordeno que prossigam, é estranho ter Adley ao meu lado, e não Werner, mas tento relaxar e não pensar muito nisso. —Astrus e Obria estão em guerra outra vez, mas, por enquanto, nada que afete diretamente o nosso país, nenhum dos dois são nossos aliados e estão distantes demais para que a guerra chegue aqui tão cedo. —Passo a mão em minha testa tentando aliviar a dor de cabeça, já deve ser a terceira vez em quinze anos que os países entram em guerra. —Trulia mandou mensageiros nos agradecerem, a aliança está sendo ótima, talvez uma das nossas melhores e com mais resultado até agora, o acordo que a senhorita propôs não poderia ter sido melhor, a exportação de grãos já tirou muitos moradores de Trulia da pobreza extrema. E, o mais importante, os rebeldes de Etros estão sendo detidos na Nova Itália graças a nossa ajuda.

—Alguma noticia realmente preocupante? —Pergunto e percebo que os membros do conselho trocam olhares preocupados. —Vamos, falem.

—O rei de Aslaria exigiu uma reunião com a senhorita. —Lembro-me da última reunião e como o rei ficou estressado quando não aceitei as suas novas propostas para a aliança, propostas que envolviam um grande massacre de pessoas inoscentes. —Parecia algo urgente, há boatos de que eles estão tentando uma aliança com o lider de Etros.

—Mande o vir aqui então, se ele quer essa reunião, ele a terá. —Falo perdendo a paciência.

—Senhorita, ele exigiu que a reunião fosse em Aslaria. —Bato na mesa com força e logo me arrependo, o conselho inteiro me olha, assustado e confuso.

—Ele acha que eu sou algum tipo de garota ingênua? Ele está fazendo uma aliança com Etros e pensa que eu simplesmente entrarei em seu castelo? Isso seria praticamente um sacrificio!

—Mas senhorita… —Posso ouvir os protestos, alguns me apoiam e outros discordam.

—Ele quer uma reunião, e eu estarei feliz em me reunir a ele, mas só se for em meu castelo, com os meus guardas. —Me levanto para que entendam que não haverá discussões. —Se for algo tão urgente assim, eu tenho certeza que ele virá aqui para falar. —Respiro fundo e me dirijo para a porta, tento controlar ao maximo a raiva que sinto no momento. —A reunião acabou.

Olho para Adley e me esforço para não gritar com ele também, então, apenas continuo andando normalmente, tentando fingir que ele não está ali. Posso ver em seu rosto o quanto ele está confuso assim que chegamos a grande sala de treinamento do palacio.

—Em que tipo de combate você é bom? —Minha voz sai mais autoritária do que eu gostaria.

—Eu sou bom em luta corpo a corpo, ou bastões. —O observo atentamente. —Também sou bom com arremesso de facas e arco e flecha.

—Pegue um bastão. —Adley não me questiona, apenas faz o que eu mandei. Escolho o meu próprio bastão e espero que ele se prepare. —Me ataque.

—Mas, senhorita… —Quando vejo que ele não vai fazer nada, decido me movimentar primeiro.

O garoto consegue se defender, mas não ousa atacar de volta, parece surpreso demais. Ataco mais uma vez, e, dessa vez, consigo acertá-lo no joelho, ele vacila um pouco, mas, mais rapido do que eu imaginei, consegue se recuperar e, me deixando surpresa, resolve me atacar. Mas seu ataque é vacilante demais, fraco de mais. Me abaixo para desviar de seu ataque e aproveito para dar uma rasteira nele. Assim que seu corpo cai no chão, me levanto e coloco a ponta do bastão em seu pescoço.

—Mais cuidado defendendo as suas pernas. —Falo enquanto dou meu braço para ajudá-lo a se levantar. —E seja mais preciso com seus golpes, nunca tenha medo de golpear o seu adversário. —O guarda parece envergonhado agora. —Tente, também, não dar tantas dicas do que fará, qualquer um conseguiria prever o seu ataque e então, matá-lo. —Vejo-o assentir com a cabeça.—Descansarei um pouco agora, você não precisa me acompanhar até o meu quarto.

Jogo o meu bastão para ele e dou umas batidinhas em minhas roupas, agradecendo por poder usar calças na frente do conselho e não os vestidos longos e desconfortaveis de sempre.

Assim que chego ao meu quarto, sinto vontade de dar meia volta e sair correndo dali, enquanto Werner está de folga, eu sou obrigada a escolher a nova decoração do quarto e alguns detalhes da cerimônia, coisas que eu preferia adiar para sempre.

—Vossa Majestade desejará que a decoração seja a mesma desse quarto ou prefere uma diferente? —Olho ao redor, o quarto é simples mas aconchegante e não é como se eu realmente quisesse mudar alguma coisa ali.

—Mantenha a decoração o mais semelhante possível, principalmente a parte de meu escritório.

—E o que o senhor desejará?

—As senhoritas terão que perguntar para ele, assim que ele chegar. —Vejo as concordar com a cabeça rapidamente.

—E como será a decoração do casamento?

—Simples, por favor, serão no máximo cinquenta convidados. —Elas trocam olhares decepcionados. —E deverá ser mantida em segredo, por isso, algo simples.

O time de decoradoras continuam conversando sobre suas ideias, tenho que me esforçar para conseguir dispensá-las com calma, sabendo que não seria justo descontar tudo nelas.

Chamo minhas criadas para preparar um banho quente e me trazer algo para a dor de cabeça. Tento me manter estável sabendo que Werner voltará daqui a dois dias e que o casamento será em apenas uma semana, mas nada que eu possa fazer é capaz de me acalmar. Dormir se torna uma tarefa mais complicada ainda.

 

Adley parece querer se encolher quando me vê, tento sorrir e parecer o mais amigavel possível, mas isso só o faz se retrair mais ainda.

—Já está tudo pronto? —O guarda confirma e me acompanha até o lado de fora do castelo, sinto meus nervos a flor da pele e seguro as minhas mãos, tentando mantê-las paradas. Entro no carro e espero que ele finalmente feche a porta para desabar no banco. O vestido parece inadequado demais para a situação e o cabelo solto me deixa muito desleixada. Bufo e então me encolho, sinto meu corpo tremer e as tentativas para me recompor são todas em vão.

—Vossa Majestade, chegamos. —A voz me traz de volta para a realidade, passo a mão pelo vestido longo e ajeito as joias em meu cabelo. —A senhorita precisa de algo? —Balanço a cabeça negativamente e saio do carro.

Encaro a grande casa a minha frente, ela é ainda maior do que eu me lembrava, assim como a quantidade de arvores ao seu redor parece ter aumentado, deixando-a ainda mais isolada de todos. Olho ao redor e tento ignorar o frio que envolve o meu corpo. As portas de madeira estão fechadas e, perto delas, eu pareço minúscula. Não preciso bater na porta para ser atendida, a velha criada abre a porta e faz uma reverência sem jeito. Ao esticar o pescoço para observar o interios da casa, vejo minha vó sentada na grande poltrona, o cabelo cada vez mais branco e a pele com ainda mais rugas. Ela parece magra demais.

—Senhora Crawford, sua neta está aqui. —Posso notar o desgosto na expressão de minha vó, mas ela apenas continua sentada, me observando.

—O que você está fazendo aqui? —Mantenho minha expressão estável e tento me controlar enquanto peço para que nos deixem sozinhas.

—Onde está meu avô? —Ela faz uma careta e grita o nome dele, em questões de segundos ele aparece na sala, um sorriso surge em seu rosto quando me vê, mas logo desaparece.

—Alguma coisa aconteceu? —Balanço a cabeça positivamente e coloco as mãos para trás, escondendo-as.

—Eu irei me casar no sábado. —Minha avó deixa escapar uma risada, o que faz com que eu me encolha. —E eu gostaria da presença de vocês dois em meu casamento. Será algo pequeno e…

—Ah querida, nos poupe disso. —Ela fala, com uma expressão de deboche em seu rosto. —Você acha mesmo que, depois de tudo o que aconteceu, eu voltaria para aquele castelo?

—O que aconteceu não foi minha culpa…

—Por causa de sua mãe miserável, meu único filho está morto! —A voz dele faz com que eu perca o equilíbrio de minhas pernas, me encosto na parece mais próxima e tento controlar a minha respiração. —Se ela nunca o tivesse tirado de mim, ele ainda estaria vivo! —A senhora se levanta rapidamente e anda em minha direção. —Mas agora me responda uma coisa: quem será o pobre coitado que acabará morto antes dos vinte e cinco anos? —Cubro a minha boca com a mão, impedindo um soluço.

—Eu só peço que o casamento seja mantido em segredo. —Digo com a voz  mais firme do que eu pensava ser possível. —Obrigada. —Me dirijo até a saida e sou impedida por meu avô, que segura o meu braço.

—Sinto muito por isso. —A sua voz é baixa. —Peço que você não a odeie, sua avó nem sempre foi assim, mas perder um filho… —Vejo-o respirar fundo e segurar as lágrimas. —Eu espero que você nunca descubra como é a dor. —Meu avô segura a minha mão, os dedos magros, mas fortes. —E eu não estou dizendo que o que ela está fazendo é certo, só… tente não odiá-la. —Balanço a cabeça positivamente. —E eu farei o possível para levá-la ao seu casamento.

—Obrigada. —Ele apenas dá de ombros e solta a minha mão.

 

Quando chego ao meu quarto eu simplesmente desabo em minha cadeira e deixo que as criadas tirem as joias, a maquiagem e o vestido. Sinto que assim que me livrar de tudo poderei deixar o dia para trás. Mas nem um banho quente é capaz de levar embora a expressão de minha avó ao me dizer cada palavra.

 


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