The Wolf escrita por Nika Mikaelson


Capítulo 3
Primogênitos


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOOOOE !
desculpem a demora!

Nesse Cap tem altas revelações.



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Tinha certeza que já estava tarde, mas ainda eu não conseguia fechar os meus olhos. Não diante da confusão que estava a minha cabeça.

Billy insistiu que ficássemos essa noite, e que pela manhã, ele mesmo nos levaria para a casa da vovó. Bom, a vovó adorou a ideia e não seria eu, que iria acabar com sua alegria. Já bastava eu não saber nada sobre ela, e não visita-la a onze anos.

O quarto que eu estava era bem simples. Apenas uma cama encostada na parede, ao lado uma escrivaninha com um abajur antigo e um guarda-roupa de madeira velho. Era pequeno, mas o suficiente pra mim. Ao lado do guarda-roupa, tinha uma janela carregada com cortinas brancas, elas voavam levemente, enquanto uma corrente de ar-frio entrava. Puxei mais o edredom e senti o cheiro de sabão em pó, cheiro de coisa limpa e deixou tudo mais confortável.

Jacob quase não saia da minha cabeça, muito menos a conversa que eu espiei dele e do Billy. Para o que eu não estava pronta? O que tanto incomodava o Jacob em mim? Por que o Charlie não disse, que a vovó Swan estava cega?

Ouvi alguns passos, quebrando galhos e meu corpo ficou tenso. Agarrei com mais força o cobertor, e tampei a respiração amedrontada. E se fosse algum animal? Estávamos no meio de uma floresta. Algum invasor? Os passos se aproximavam, meu coração estava quase saltando do meu peito.

— Jake. – A pessoa chama baixo. Respirei aliviada sabendo que era algum amigo do Jacob.

Relaxei meu corpo, mas ainda prestava atenção.

— Jake! – Aumentou um pouco o tom da voz, e bateu algumas vezes na janela.

Logo um barulho da janela abrindo quebra o silêncio daquela noite fria.

— Está louco Sam? – Pude reconhecer a voz do Jacob.

—Precisa vir comigo.

— Está de brincadeira, não é? – Ele aumentou um pouco o tom da voz, mas ainda falavam baixo.

— Jake, é sério.  Eles começaram...

Os dois ficaram em silêncio, e eu me perguntava se Jacob havia ido com o amigo. Ficou um silêncio, que eu podia ouvir as folhas se moverem, e os barulhos dos grilos.

Escuto um barulho da janela rangendo, e depois alguma coisa caindo no chão. Presumi que Jacob havia pulado a janela. Sem pensar direito, corri até a janela e abri a cortina com força.

Pulei pra trás, e tropecei no meu sapato caindo sentada no chão.

Jacob estava com a cara inteira na janela. Meu coração batia tão forte, que eu poderia jurar que teria um infarto a qualquer momento.

— Espionar é feio, Isabella. – Falou dando um risinho.

— Eu sei. – Admiti relutante. – Só estava acordada.

— Sei.

Levantei envergonhada por ter sido pega em flagrante, mas aquilo parecia ser engraçado para o Jacob. Ele continuou ali. Vestia uma camiseta branca e os cabelos estavam para baixo.

— Não está um pouco velho pra isso?

— Para o que? – Perguntou. – Estar do lado de fora da minha casa? – Ele adicionou antes que eu respondesse.

— Pular janelas. – Corrigi. Ele sorriu de cabeça baixa.

— Boa noite, Swan. – E saiu, antes que eu pudesse dizer o mesmo.

Dessa vez, fechei a janela e prometi a mim mesma que não escutaria mais nenhuma conversa escondida.

Voltei para a minha cama, e me cobri. Fechei os olhos e deixei que o sono me levasse.

 Durante a manhã inteira, vovó contava suas aventuras quando ainda era jovem. Falou do meu pai, de Forks e quando chegou o assunto do vovô, as coisas ficaram um pouco desconfortáveis.

Billy estava em sua cadeira de rodas, ao lado da vovó. Sue, sentada ao meu lado de frente para a mesa, que tinha alguns biscoitos caseiros. Ficamos em silêncio.

— Que cheiro é esse? – Vovó perguntou.

Inspirei fundo, buscando algum cheiro diferente que não fosse os biscoitos saborosos da Sue. Confusa, olhei para o Billy, que tinha um olhar triste. Olhei pra Sue, e o mesmo olhar estava ali.

— Céus, Charlie! Você esqueceu o gás ligado de novo.  – Ela se exaltou. E eu já imaginava o que estava acontecendo.

— Vovó Swan. – Billy falou baixo, e calmo.

— Charlie! – Ela gritou desesperada. Saltei da cadeira, ficando de pé. – Cuidado Charlie, cuidado.

— Jacob. Seth! – Sue chamou depressa e levantou-se.

Eu me mantive parada. Imobilizada. Não conseguia mover nem um sequer músculo. Vovó movia a cabeça para os lados enquanto berrava. Seus berros me assustavam, eram desesperados. Parecia estar em um filme de terror.

Jacob e Seth entraram rapidamente pela porta, com os olhos atentos e preocupados. Jacob correu para a pia e pegou um copo d’ água, enquanto Seth abaixava na altura da vovó e tentava conversar com ela.

— Eles são monstros. – Gritou mais uma vez. Segurei a mesa com força, ás pontas dos meus dedos estava ficando brancos. – A Lua vai aparecer e ela irá retornar. A matilha ficará completa e ninguém mais irá nos assustar. Ninguém! – Berrava incansável.

— Jacob, tira a Bella daqui. – Jacob hesitou. – Agora! – Billy ordenou, e em seguida senti meu braço ser tomado pela sua mão e começar me arrastar.

— O- o que foi aquilo? – Gaguejei.

Já estávamos fora da casa, e eu ainda estava em estado de choque. Dei conta de que estávamos no meio da floresta. Puxei meu braço com força, fazendo com que Jacob parasse seus passos. Seus olhos pararam em mim, sua expressão era de nervoso.

— Isabella. – Rangeu os dentes.

— Que alucinações são essas que ela tem com meu pai? – Insisti decidida a sair dali só com respostas.

Ele hesitou, mas respondeu:

— Não é sobre o seu pai. É sobre seu avô. Agora podemos ir?

— Vamos aonde?

— Vou contar uma história a você. Para entender as alucinações da Vovó Swan.

Ele começou a caminhar na frente e eu não perdi tempo. Tentava acompanhar seus passos, mas era muito difícil. Eram longos e rápidos, suas pernas eram mais – bem mais- cumpridas do que as minhas, dificultando uma sincronia.

Caminhamos por alguns minutos, até começar ouvir o barulho do mar. Um pouco distante, pude ver as ondas quebrando e a espuma encontrando a areia escura. Não era convidativo aquele mar, pois estava frio demais. Só Jacob e sua família pareciam sentir calor, não me surpreenderia se ele entrasse nesse mar, que só em pensar, fechei minha blusa.

— La Push. – Ele começou. – É o nome da nossa reserva indígena, já ouviu falar sobre os Quileutes? – Neguei com a cabeça e ele continuou. - Todos os lugares têm lendas e aqui não é muito diferente. Eu cresci ouvindo sobre lobos e – Deu uma pausa e fez uma careta. – vampiros.

— Lobos e vampiros? – Murmurei olhando para o mar. – E vocês são descendentes de qual?

— Lobos, claro. – Respondeu óbvio. – Que nojo sugar sangue.

— E é totalmente normal estraçalhar as coisas. – Ele pareceu um pouco sério. – Continua.

— Nessa época, duas tribos tinham que dar a mão da primogênita ao primogênito. E o mais interessante é que eles já nasciam prometidos um ao outro, como se o destino traçasse o caminho deles assim que eles abriam os olhos pela primeira vez.

— Um amor á primeira vista?

— Não.  Mais forte do que isso. Os lobos não tinham amor á primeira, vista. Tinham amor ao primeiro suspiro até o último. Para ativar a maldição, como dizem eles, precisaria ter um sacrifício e só assim, os dois poderiam ficar juntos. Caso isso não ocorresse, um ficaria preso ao outro, e a matilha ficaria sem seu Alfa.

— E se o homem não ativasse isso? – Olhei pra ele ansiosa, despreocupada em mostrar toda a minha curiosidade.

— Isso só ocorreu uma vez. – Sua voz mudou. O olhar frio penetrou no meu e meu corpo se arrepiou – O pai quis esconder isso dele, mas em um acidente de carro, ele ativou a maldição sem saber. Transformou-se e fez uma bagunça.

— A maldição é...

— Matar alguém. – Completou. – Sim. E sem um Alfa, meio que – buscava palavra para explicar – imunes.

— Não era mais fácil alguém se impor a ser alfa?

— Lobos são fiéis. Se o lugar do Alfa é aquele, é lá que ele tem que estar. Ninguém toma o seu lugar. O alfa precisa da esposa, ela são os olhos e ouvidos. Ele é as garras e as presas.

— Ah claro. – Ri garbosa. – O que um homem faz sem a mulher, não é?

— Isabella. – Virou os olhos com um risinho.

— E aonde os vampiros entram?

— Eles descobriram isso. E atacaram. Depois disso, começou uma guerra. A tribo cercou toda a cidade e eles nunca mais foram vistos.

— São como nas histórias? Inimigos naturais?

— Exatamente. Mas somos mais fortes. – Valorizou o passe.

— E o que isso tem a ver com alucinação?

— Vovó Swan é dessa época. Acho que algumas coisas bagunçaram na cabeça dela, ela deve ter criado um mundo no seu subconsciente e agora, está vivendo ele.

— É triste. Sabe, papai não visita ela há algum tempo.

— Há onze anos. – Falou inocentemente.

Meus passos pararam e eu senti uma onda de confusão. Minhas mãos fecharam dentro do meu bolso da jaqueta, e meus olhos, miravam ao chão, completamente irritada.

Onze anos, não poderia ser possível. Uma vez por mês, papai ia visita-la. Ele jurava isso a mim e a minha mãe, ele não poderia estar mentindo todos esses anos. E se fosse mentira, o que eu estaria fazendo aqui?

— Bella? – Jacob estalou os dedos na frente do meu rosto. – Tudo bem?

— Onze anos? – Meu tom de voz aumentou e ele deu um passo pra trás. – Onze anos, Jacob?

— Pensei que soubesse. – Levantou as mãos, rendendo-se com um ar assustado.

— Jacob. – Segurei a gola da sua blusa com força. – Pode me contando tudo o que está acontecendo aqui. Agora! – Ordenei nervosa e ele sorriu.

— Ou vai estapear minha cara como há onze anos, nesse mesmo lugar?

— Pode ser muito pior. – Tentei usar o meu tom mais ameaçador. Sua gargalhada me fez entender que não adiantou.

Fiquei frustrada por isso. Perto dele, eu parecia inofensiva e uma anã de jardim. Era frustrante não ter voz. Era como uma criança querer ordenar algo aos pais.

— O que você está sentindo Bella? – Perguntou. A mesma pergunta que fez mais cedo.

— Isso é algum tipo de piada? – Empurrei seu peito pra trás, mas ele nem ao menos saiu do lugar. Eu usei toda a minha força.

— Responde.

— Estou sentindo raiva. Estou furiosa! – Tentei empurra-lo de novo. Dessa vez, ele segurou meus dois pulsos.

Puxou meus braços com força, e nossos corpos se chocaram. Eu pude sentir o calor do seu corpo ser transferido para o meu, e fiquei aquecida. Seu cheiro novamente tirou a minha concentração. Os olhos penetrantes do Jacob analisava todo o meu rosto, cada detalhe não passava despercebido.

Senti-me atraída por ele, e percebi que ele sentia o mesmo.

— Por favor, Bella. Fala o que está sentindo. – Suplicou de um jeito sedutor.

— Eu não sei. – Murmurei. – Você...

— Está perto. – Encorajou, deslizando suas mãos até a minha cintura. – Todas as respostas estão com você. Só precisa juntar.

De repente, meu coração apertou. Meu corpo amoleceu e arrepiou-se por completo. Tive a sensação que desmaiaria quando os meus ouvidos ficaram apitando. Jacob segurou firmemente na minha cintura e seus olhos estavam presos a mim. Eu queria beija-lo. Eu queria dizer a ele, que eu estava apaixonada.

Minha suposição era ridícula. Mas talvez, se eu a palpitasse...

— Você é o Alfa. – As palavras saíram rápidas e inseguras.

— E você, é a primogênita. É filha do filho desavisado.

Tudo ficou embaçado, minhas pernas perderam a força e eu não conseguia dizer mais nada.

A escuridão cobriu meus olhos, a última coisa que senti foi os braços do Jacob envolvendo-se na minha cintura.


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