true. & LIE | FIRST & last. escrita por Mackernasey


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Uma fanfic curta, mas significativa, explorando um aspecto que eu raramente vejo ser retratado nos UAs de Undertale: a rota genocida. Boa leitura, batatas, espero que gostem.
Às batatas que desconhecem o fandom, meus pêsa-, quero dizer... aqui vão algumas explicações (SPOILER ALERT): Undertale é um jogo onde você é um humano que cai no subsolo onde toda a espécie monstro está presa desde uma guerra com os humanos. Há duas rotas principais e seis (?) rotas menores: Rota pacifista verdadeira: você poupa cada monstro que cruza seu caminho e acaba libertando os monstros, as rotas neutras, em que você mata pelo menos um monstro e, dependendo de quem você mata, um final diferente ocorre, e a terrível rota genocida, tendo esse nome auto-explicativo, onde você mata literalmente tudo e todos. Existe um universo alternativo criado pelo fandom onde as duplas de personagens têm suas personalidades invertidas, e essa história se passa nesse universo, retratando o Underswap!Sans (https://goo.gl/hkCltp) e o Underswap!Papyrus (https://goo.gl/wzwcBc), dois irmãos esqueletos, numa rota genocida. Na minha interpretação, Sans é o mais velho, mas Papyrus ainda é o mais responsável e mais ciente da situação. Como eles são esqueletos e o fandom não se contenta com abraços, há o headcannon de que eles podem criar "partes" de magia porque sim. Piedade e lutar estão em caixa alta porque se referem às opções de batalha do jogo (https://goo.gl/IqdKpL) e LOVE é como se fosse o clássico Level dos RPGs.
Desejo a todos uma boa leitura.



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— Sans! — Papyrus tirou o capuz, a mão estendida como se tentasse alcançar o irmão, que já segurava a maçaneta de sua casa em Snowdin — Deixe-me ir com você, eu posso te ajudar se as coisas ficarem complicadas, eu po-

— Papyrus, não — Sans o interrompeu — Capturar um humano é a minha missão, é o que eu preciso fazer para alcançar o meu sonho. Como seu irmão mais velho e responsável legal, eu ordeno que fique na cidade e ajude Muffet a evacuar todos para Hotland e eu vou enfrentar o humano.

— Você consegue chamar aquilo de humano?! — O sarcasmo ácido na voz do caçula era praticamente novidade para Sans, Papyrus estava desesperado, proteger seu irmão nunca fora tão importante — O LOVE daquela criatura já deve estar altíssimo, você deveria… — O mais velho o interrompeu novamente.

— Deveria o quê? Me esconder, com medo, porque só tenho um HP? É essa a sua preocupação, não é? — Sans finalmente encarou o irmão, que desviou o olhar, incapaz de negar a acusação — Eu sei de minhas limitações, Papyrus. No entanto, você me subestima tanto assim ao ponto de achar que sete anos de treinamento semanal intensivo com ninguém mais, ninguém menos que Alphys, a chefe da Guarda Real, não me ajudaram em nada?! — Ele soltou um suspiro — Papyrus, eu entendo sua preocupação, mas saiba que o Magnífico Sans é mais do que capaz de parar um humano que fez as escolhas erradas.

Papyrus sorriu, fingindo estar aliviado, sabendo que, na verdade, estaria à beira da loucura do instante que Sans saísse da sua vista até o momento que se reencontrassem. “Se se reencontrassem”, o esqueleto pensou, porém logo ignorou a ideia. A confiança do esqueleto que vestia azul o confortava um pouco, mas a forma como ele havia escolhido as palavras…

— Espera um pouco… “Escolhas erradas”?! “parar o humano”... — Sans, já de costas novamente, escolheu como se sentisse dor, tudo que ele menos queria é que chegassem naquele assunto — Você não está pensando em usar X PIEDADE, não é, Sans?!

— Eu farei o que tem que ser feito, não se preocupe!

— E o que tem que ser feito é…? — O fumante pressionava o irmão sem disfarçar, ele estava determinado a fazê-lo dizer exatamente o que pretendia.

— A coisa certa a se fazer!

— E a coisa certa a se fazer é qual?

— An… O que tem que ser feito…?

— Sans!

— Ok, ok, parei! — O mais velho fechou os olhos, soltou um suspiro pesado e finalmente encarou o irmão — O que exatamente você espera que eu faça, Pap?

Acabe com o humano, mas é claro! — Papyrus gritou, perdendo a paciência — Não se segure! Dê tudo de si, ataque a criatura com todo o seu poder!

Sans encarou Papyrus inexpressivamente por alguns segundos, o silêncio instaurado exceto pela respiração pesada do mais jovem, que não parara para respirar enquanto falava e agora recuperava o fôlego. Então, quando Papyrus já não sabia o que fazer com aquela longa pausa, o sorriso permanente de Sans se curvou para baixo e seus olhos azuis estrelados se encheram de magia azul se expressando como lágrimas. Antes que a primeira gota abandonasse as órbitas do mais velho, Papyrus, se ajoelhando, tomou-o nos braços, o abraço apertado sendo o máximo que tinha coragem de fazer, mesmo que desejasse muito mais, e lidava com o forte remorso: nunca havia explodido desse jeito com o irmão, o choro não o surpreendia, principalmente sabendo como Sans podia ser sensível.

— Hey, hey… Me desculpa, tá? Eu… não sei o que deu em mim, eu só ‘tô muito preocupado. Eu confio no seu poder, sei que o humano não é páreo para o Magnífico Sans, sei que consegue derrotá-lo em um ataque, e digo isso sem ter certeza se sei o limite do seu potencial… É que… — Papyrus desencaixou sua cabeça do ombro do irmão, encarando-o nos olhos marejados, seus rostos numa proximidade tentadora — Você tem que me prometer, Sans, tem que me prometer que vai priorizar você, que vai seguir as instruções de batalha que Alphys te ensinou, tem que prometer que vai LUTAR, que não vai poupar o humano se não for para capturá-lo vivo!

— Eu prometo — Sans mentiu pela primeira vez em seus vinte e sete anos, e, espantosamente, foi muito convincente — Eu mal considerei usar X PIEDADE, e agora decidi não usar mesmo.

— Eu te amo, Sans. Por favor, volte — Papyrus disse a verdade mais profunda de seu coração, desconfiando, mas sem ter a certeza, de que seria a última vez.

O esqueleto de moletom sentia sua magia querendo formar uma boca, aquela poderia ser a última oportunidade que teria. Com seu lábio alaranjado, ele puxou o crânio do irmão para mais perto. No entanto, na hora de rolar os dados no RPG da vida, a coragem que tirou foi abaixo de sete, e tudo que sua magia tocou foi o topo da caveira do Magnífico Sans. “Assim que ele voltar, eu conto pra ele” iludiu-se, como de costume, sempre protelando pela odiosa falta de coragem, pelo torturante medo da rejeição, por temer ser considerado uma aberração, pelo pavor de imaginar perder o pouco que tinha com o irmão.

— Eu preciso ir. Também te amo, Pap, cuide-se também. — Sans se soltou do abraço, caminhou até a porta e saiu, apesar da dor que ocupava seu peito esquelético.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse pequeno angst, eu amo esse shipp, mais do que fontcest clássico, porque a idade deles continuando a mesma faz a situação ser bem diferente.
Beijos e até a próxima, batatas!