Trabalho: Mamãe escrita por Owl KodS


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira história para o desafio desse mês e uma homenagem a todas as mães.
Espero que gostem.



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Dalilah passou aquele dia correndo para cima e para baixo. Havia começado em um novo emprego, mais perto de sua filha Amara. Era professora de português, mas fácil jornada quádrupla na escola, lecionando inglês, espanhol e artes além de sua formação, mas o salário compensava um pouco e estava perto da filha.
  Amara havia começado a escola há muito pouco tempo. Tinha então 5 anos e estava para entrar no primeiro ano e a jovem mãe não poderia estar mais feliz pela pequena que tivera tantas dificuldades a nascer.
  Ela olhou para a jovem, os cabelos cuidadosamente penteados em duas tranças que chegavam aos seus ombros, os olhinhos curiosos brilhando de excitação, voando de um coleguinha para o outro, buscando por todas as novidades.
  O sinal bateu, as outras crianças começaram a correr. Amara, se deu conta e um sorriso surgiu nos lábios de dentes muito brancos e com uma falta bem na frente, resultado da perda do primeiro dente-de-leite. Ela acenou e correu para alcançar a turma já adiantada.
  Dalilah apenas observou. Ainda tinha 2 minutos.

~~ o ~~

Fim do expediente. Dalilah estava cansada. Havia sido um dia exaustivo lidando com os jovens. Havia tido um caso especial que ia muito além do que estava acostumada com um ou outro desrespeito em sala, mas aquele havia passado dos limites.
  Era um garoto. Classe média. Dezesseis anos. Filho único. Chamara ela de empregada. Disse que nunca deveriam ter aberto as portas da senzala e que nunca respeitaria um escravo.
 Os pais foram chamados. Estavam no exterior. Garoto emancipado desde os 15 anos. Casa própria, paga com o dinheiro dos pais. Tudo era pago com o dinheiro dos país em verdade.
  A polícia foi chamada logo em seguida.
 Um transtorno sem fim. Vários copos da água para acalmar, mas nada parecia adiantar. Seus dedos tremiam quando ficou em frente a policia. Não encontrava a voz. Mesmo assim contou o que havia acontecido, com o auxilio das pessoas presentes que seguravam sua mão, e não apenas de forma figurativa.
  Tudo se resolvera de uma forma horrível, mas a única no momento. O rapaz havia sido preso, provavelmente por uns dias, no máximo um e não muito mais que isso. Ele pagaria algumas cestas básicas e mudaria de escola e aos 18 estaria limpo de novo, era o de praxe. Quem sabe um dia mudaria, quem sabe um dia não fosse necessário, mas agora era.

~~ O ~~

Após todo o problema com o aluno, finalmente Dalilah estava livre daquela situação embaraçosa. Recebera o carinho dos colegas, sem dúvida, mas ainda tremia quando foi buscar a filha na sala.
  Péssimas notícias. A professora não sabia como lidar com as dificuldades da menina. Dalilah soubera desde sempre que Amara precisaria de um cirurgia, mas o dinheiro era curto, principalmente após o sumiço do pai da menina.
  Comprar um pão, muitas vezes era a desculpa que os pais davam para fugir de casa, mas o seu fora mais claro.
  — Eu não posso viver com uma criança assim — ele disse no dia em que partira, sem se importar com a presença de Amara na sala — Eu não fiz nada para merecer isso.
  — Ela não pediu para nascer assim — respondeu a mulher seguindo o marido, tentando persuadi-lo a ficar ‘na alegria e na tristeza’ — Ela também não merece você partindo assim.
  — Eu não vou deixar nada faltar para vocês — disse ele, segurando a porta com o pés para fora — Mas eu não posso ficar aqui mais. Tenta entender.
Foi assim que seu marido partiu, deixando ela e Amara sozinhas e a promessa de não deixar nada lhes faltar foi a segunda coisa a partir.

~~ O ~~

Uma parada no banco antes de partir para casa com a menina pequena, cansada pelo dia exaustivo. Não era um banco propriamente dito. bancos nunca estavam abertos naquela hora e eram perigosos para crianças de cinco anos.
  Tirou um extrato, tirou um pouco de dinheiro e comprou algo para o jantar. Comprou também um doce para a pequena e quieta menina que se mantinha acordada a muito custo ao lado da mãe com os olhos piscando devagar, como se cada fechar fosse um sonho diferente. As mãozinhas pequenas segurando nas pernas grossas da mãe.
  De lá foram direto para casa. As contas estavam sobre a mesa. Amara fora para a cama e ficara sentada encarando a mãe fazendo contas em sua calculadora. O computador estava em sua frente, adicionando mais números naquela conta interminável.
  Não iria dar. Teria que fazer cortes mesmo de coisas importantes. Podia tentar ligar para o ex-marido, mas sabia bem no fundo que não poderia contar com ele.
  Olhou para Amara sentada na cama, com as costas apoiadas no travesseiro e um ursinho de pelúcia nos braços.
  “O que houve?” perguntou com alguns movimentos de mão.
  “Não sei se vamos poder pagar para a sua audição” respondeu a mãe.
  “Podemos procurar uma outra escola” respondeu com um sorriso simples que foi retribuído pela mãe.
  “Podemos!”


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Notas finais do capítulo

Então foi isso, espero não ter ficado muito superficial, mas é um tema que tenho tratado mais a fundo em outro projeto que vou divulgar para os próximos meses.

De qualquer forma, eu agradeço a presença e se puder deixar um comentário, serei muito feliz :)



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